Pesquisar este blog

sexta-feira, 19 de junho de 2015

FILOSOFIA MEDIEVAL: Querela dos Universais (Abelardo, Champeaux, Ockham e Roscelino)
MÓDULO 3

#PARA COMEÇAR

Questões filosóficas:

Qual é a relação entre as palavras e as coisas?

ESTUDO DA LÓGICA

A lógica é um campo da filosofia que se preocupa com a forma correta de raciocinar. Segundo ARISTÓTELES, ela é um instrumento da razão para o desenvolvimento do conhecimento filosófico. A ESCOLÁSTICA vai se voltar não só para as questões teológicas, onde ela cristianiza a filosofia ARISTOTÉLICA, mas vai também se interessar pela lógica como instrumento que torna os discursos corretos. Um dos grandes expoentes do estudo lógico medieval é BOÉCIO, que inclusive aperfeiçoou o famoso quadrado lógico abaixo:



Se deve também a BOÉCIO a introdução sobre a QUESTÃO DOS UNIVERSAIS (IDEIAS GERAIS) que marcará as discussões do período ESCOLÁSTICO. As IDEIAS GERAIS são reais, existem independentemente das coisas, são somente nomes arbitrários criados para diferenciar as coisas, ou são conceitos mentais, abstraídos pelo sujeito das coisas e usado pelo indivíduo para identificar as mesmas?

QUESTÃO DOS UNIVERSAIS

O método ESCOLÁSTICO de investigação privilegiava o estudo da linguagem (trivium) como pré-requisito para o estudo das coisas propriamente ditas e dadas (quadrivium). Daí surgiu a questão: Qual é a relação entre as palavras e as coisas? A rosa é um conceito universal real, que existe mesmo que todas as rosas se extingam, é um nome para distinguir uma flor de outros seres, ou é um conceito mental, que existe na mente como intermediário entre o sujeito e o mundo? Outro filósofo a quem é atribuído a inspiração para a questão é PORFÍRIO, filósofo NEOPLATÔNICO que viveu entre 234-305 d. C. A QUESTÃO DOS UNIVERAIS, ou QUERELA DOS UNIVERSAIS, tratará sobre e a existência ou não das IDEIAS OU CONCEITOS GERAIS de forma autônoma, independente das coisas.

REALISMO EXAGERADO

O REALISMO EXAGERADO defende que os UNIVERSAIS existem de fato, as IDEIAS GERAIS ocorrem independentemente das próprias coisas, são entes reais com estatuto ontológico. Segundo SANTO ANSELMO (1035-1109), as IDEIAS UNIVERSAIS existem na mente de DEUS, e mesmo que as coisas um dia cheguem a seu ocaso, continuarão a existir na mente do CRIADOR. Já segundo GUILHERME DE CHAMPEAUX (1070-1121) a relação entre as palavras e as coisas é tão íntima que se pode dizer que a palavra, o conceito, o UNIVERSAL é a própria coisa e quanto mais UNIVERSAL, mais perfeito e adequado é a IDEIA GERAL. Por exemplo: o substantivo BRANCURA é mais perfeito do que qualquer coisa BRANCA, qualquer adjetivo BRANCO. O UNIVERSAL BRANCURA é mais perfeito que qualquer objeto BRANCO existente.

REALISMO MODERADO

Foi a tese de TOMÁS DE AQUINO: OS UNIVERSAIS existem antes das coisas na mente de DEUS, nas coisas como forma das mesmas e depois das coisas como conceito mental. Na verdade é uma salada de frutas entre REALISMO EXAGERADO, PLATONISMO, ARISTÓTELES e CONCEITUALISMO.

NOMINALISMO

Para o NOMINALISMO os UNIVERSAIS, as IDEIAS GERAIS, não passam de palavras ao vento (flatus vocis, na expressão em latim), sem existência independente das coisas. O UNIVERSAL não passa de um nome, uma convenção social para diferenciar as coisas e objetos. Segundo ROSCELINO (1050-1120) não há UNIVERSALIDADE, mas apenas INDIVIDUALIDADE. Os CONCEITOS UNIVERSAIS são arbitrárias formas de designar indivíduos. O nome não é a coisa, mas é útil para distingui-la. Para OCKHAM (1280-1349), os UNVERSAIS são NOMES úteis, ficções práticas, que nos permitem uma compreensão da realidade, mas que não nos dão a certeza do que o real é realmente, de fato. Para os OCKHAMISTAS, a razão não deveria ser serva da TEOLOGIA como foi durante todo o período medieval. A TEOLOGIA sequer poderia ser ciência, pois suas proposições não possuem coerência racional, mas são artigos de fé. GUILHERME DE OCKHAM é um precursor do EMPIRISMO (o conhecimento vem dos sentidos) e um NOMINALISTA intransigente. Seu conceito de NAVALHA (a famosa NAVALHA DE OCKHAM) foi fundamental para o desenvolvimento posterior da filosofia rumo a novos horizontes. Segundo OCKHAM, para conhecer as coisas não é necessário generalizá-las, pois toda generalização corrompe o saber. Para conhecer basta nos atermos aos indivíduos e nada além dos seres individuais.

CONCEITUALISMO

Uma terceira vertente surge com PEDRO ABELARDO para tentar resolver a QUESTÃO DOS UNIVERSAIS. Para o francês, através da abstração, podemos abstrair das coisas individuais sua UNIVERSALIDADE, que passaria a ser um CONCEITO MENTAL (por isso também chamado CONCEITUALISMO) existente na mente do indivíduo cognoscente.  Os UNIVERSAIS não existem independentemente das coisas, não são realidades separadas das coisas, mas abstrações mentais dos sujeitos. As IDEIAS GERAIS também não são somente NOMES (como queria o NOMINALISMO), pois existem de forma generalizada na mente humana. Portanto, segundo PEDRO ABELARDO, os UNIVERSAIS são CONCEITOS MENTAIS (CONCEITUALISMO), abstrações intelectuais dos indivíduos a partir de objetos individuais, fazendo com que possamos distinguir e associar as coisas. A palavra é um CONCEITO MENTAL, uma abstração da coisa na mente humana.

#ANÁLISE E ENTENDIMENTO

Qual posição você adotaria na DISCUSSÃO DOS UNIVERSAIS?

#SUGESTÕES DE FILMES

EM NOME DE DEUS (1988, INGLATERRA/IUGOSLÁVIA, DIREÇÃO DE CLIVE DONNER)
Filme que se passa no século XII e enfoca o romance de ABELARDO e HELOÍSA. Retrata o clima das discussões filosóficas e mostra o ambiente universitário na UNIVERSIDADE DE PARIS, entre 1114 e 1118, época em que ABELARDO lecionou nessa instituição e viveu o célebre e dramático romance com HELOÍSA.

O NOME DA ROSA (1986, ITÁLIA/FRANÇA/ALEMANHA, DIREÇÃO DE JEAN-JACQUES ANNAUD)
Adaptação para o cinema da obra homônima do pensador italiano UMBERTO ECO. Trata-se de uma trama ambientada no século XIII, que traz à tona algumas da questões centrais que caracterizam a IDADE MÉDIA: a relação entre a doutrina cristã, a filosofia e a ciência; a atitude intolerante da ala mais ortodoxa da IGREJA diante das divergências dentro do próprio credo; a questão das heresias; as diferenças entre as diversas orientações no seio do cristianismo; o processo da INQUISIÇÃO.

#CONECTADO

O NOME DA ROSA PARTE 1 DE 4 (DUBLADO)

EXERCÍCIOS

QUESTÃO 1

“Os estudos ‘gramaticais’ foram particularmente cultivados nos séculos IX-XII. Permitindo ingressar progressivamente no mundo dos sinais linguísticos, o desenvolvimento desses estudos, que tiveram impulso notável na escola CHARTRES, resultou em madura consciência da relação entre voces e res, que era preciso estudar e explicitar de quando em vez. Por essa razão, João de Salisbury, discípulo de BERNARDO DE CHARTRES, afirmava que ‘a gramática é o berço de toda filosofia’.”
REALE, GIOVANNI. HISTÓRIA DA FILOSOFIA: PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA, V.2 / GIOVANNI REALE, DARIO ANTISERI ; [TRADUÇÃO IVO STORNIOLO]. – SÃO PAULO : PAULUS, 2003 PÁG. 166
Voces e res se referem a palavras e coisas respectivamente. O texto acima faz referência aos estudos gramaticais no medievo, que deu origem a

A) controvérsia dos universais.
B) querela idealista.
C) disputa realista.
D) questão dialética.
E) controvérsia conceitualista.
RESPOSTA: A

QUESTÃO 2

“Trata-se da posição platônica levada às extremas consequências. Os universais seriam entes reais, subsistentes em si, IDEIAS eternas e transcendentes que têm função de arquétipo e paradigma em relação aos indivíduos concretos.”
REALE, GIOVANNI. HISTÓRIA DA FILOSOFIA: PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA, V.2 / GIOVANNI REALE, DARIO ANTISERI ; [TRADUÇÃO IVO STORNIOLO]. – SÃO PAULO : PAULUS, 2003 PÁG. 168

O texto acima é referente à QUERELA DOS UNIVERSAIS, discussão que teve seu auge no período medieval. Sobre a posição adotada no texto podemos dizer que trata-se da concepção

A)     Do realismo exagerado.
B)      Do nominalismo.
C)      Do conceitualismo.
D)     Do idealismo.
E)      De Pedro Abelardo.
RESPOSTA: A

QUESTÃO 3

“Trata-se de uma posição ceticizante que rejeita completamente toda forma de platonismo. O universal seria simples nome que indica uma multiplicidade de indivíduos e nada mais. Não apenas não tem um status ontológico, mas também não tem um status lógico fundativo da palavra.”
REALE, GIOVANNI. HISTÓRIA DA FILOSOFIA: PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA, V.2 / GIOVANNI REALE, DARIO ANTISERI ; [TRADUÇÃO IVO STORNIOLO]. – SÃO PAULO : PAULUS, 2003 PÁG. 169

O texto acima é referente à QUERELA DOS UNIVERSAIS, discussão que teve seu auge no período medieval. Sobre a posição adotada no texto podemos dizer que trata-se da concepção

A)     Do realismo exagerado.
B)      Do nominalismo.
C)      Do conceitualismo.
D)     Do idealismo.
E)      De Pedro Abelardo
RESPOSTA: B

QUESTÃO 4

“Trata-se de uma forma de aristotelismo reelaborado sobretudo por ABELARDO: o universal, embora não sendo um arquétipo ideal, é um conceito significativo obtido por abstração.”
REALE, GIOVANNI. HISTÓRIA DA FILOSOFIA: PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA, V.2 / GIOVANNI REALE, DARIO ANTISERI ; [TRADUÇÃO IVO STORNIOLO]. – SÃO PAULO : PAULUS, 2003 PÁG. 169

O texto acima é referente à QUERELA DOS UNIVERSAIS, discussão que teve seu auge no período medieval. Sobre a posição adotada no texto podemos dizer que trata-se da concepção

A)     Do realismo exagerado.
B)      Do nominalismo.
C)      Do conceitualismo.
D)     Do idealismo.
E)      Do realismo moderado.
RESPOSTA: C

QUESTÃO 5

“Trata-se de uma posição mediana entre a concepção platônica e a aristotélica. Os universais têm tríplice valência: 1) se considerados como transcendentes e anteriores às coisas (na mente de DEUS) correspondem às ideias platônicas; 2) se considerados como imanentes e presentes nas coisas (nos corpos individuais) correspondem às formas aristotélicas; 3) se considerados como abstratos e posteriores às coisas (na mente humana) correspondem aos conceitos lógicos.”
REALE, GIOVANNI. HISTÓRIA DA FILOSOFIA: PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA, V.2 / GIOVANNI REALE, DARIO ANTISERI ; [TRADUÇÃO IVO STORNIOLO]. – SÃO PAULO : PAULUS, 2003 PÁG. 170

O texto acima é referente à QUERELA DOS UNIVERSAIS, discussão que teve seu auge no período medieval. Sobre a posição adotada no texto podemos dizer que trata-se da concepção

A)     Do realismo exagerado.
B)      Do nominalismo.
C)      Do conceitualismo.
D)     Do idealismo.
E)      Do realismo moderado.

RESPOSTA: E

Nenhum comentário: