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terça-feira, 26 de julho de 2016

FILOSOFIA MEDIEVAL: SÃO TOMÁS DE AQUINO



FILOSOFIA MEDIEVAL: SÃO TOMÁS DE AQUINO

MÓDULO 3

#PARA COMEÇAR

Questões filosóficas:

A vida surgiu ao acaso ou faz parte de um plano maior? Deus existe?


ESCOLÁSTICA

O termo ESCOLÁSTICA se originou a partir da criação das primeiras escolas (protótipo das modernas instituições de educação) no período medieval por CARLOS MAGNO e a RENASCENÇA CAROLÍNGIA que, como o RENASCIMENTO MODERNO, buscou inspiração da cultura clássica (GRECO-ROMANA) para o aprimoramento cultural. Outra origem etimológica possível é a derivação do grego SCHOLÉ, que se assemelha ao ócio latino (lembrando que tanto para gregos e quanto para romanos o trabalho manual, braçal, era visto com desprezo e só o ócio era digno de um homem livre, e dessa liberdade é que nascia o pensamento racional segundo ARISTÓTELES). A ESCOLÁSTICA foi um período da história da filosofia e teologia medieval de suma importância para fundamentação racional da fé cristã.

A MATRIZ ARISTOTÉLICA ATÉ DEUS

A inspiração para a filosofia e teologia escolástica vem do pensamento do filósofo grego ARISTÓTELES. TOMÁS DE AQUINO, principalmente, será o teólogo cristão por excelência da cristianização do pensamento aristotélico.

OS FILÓSOFOS ÁRABES

Os principais responsáveis pela introdução da filosofia aristotélica na cultura europeia medieval foram os árabes AVICENA (980-1037) e AVERRÓIS (1126-1198). Depois da ascensão do CRISTIANISMO e sua tentativa de conversão da EUROPA e sua cultura, considerada pagã, os escritos do ESTAGIRITA desapareceram das bibliotecas europeias. Foram os pensadores árabes que preservaram o trabalho intelectual de ARISTÓTELES e o transmitiram para os filósofos e teólogos cristãos europeus. Com a conquista por parte dos muçulmanos, depois da expansão islâmica de MAOMÉ e seus seguidores rumo ao oeste europeu, da PENÍNSULA IBÉRICA, tal contato e difusão foram facilitados. 

RELAÇÃO ENTRE FÉ E RAZÃO

A relação entre fé e razão na ESCOLÁSTICA pode ser dividida, para fins didáticos, em 3 fases: 1ª – Do século IX-XII – marca a confiança na harmonia entre fé e razão; 2ª – Do século XIII-XIV – tem como destaque o grande sistema filosófico-teológico de SÃO TOMÁS DE AQUINO e sua parcial harmonia entre fé e razão, sendo a primeira preponderante; 3ª – Do século XIV-XVI – tem como característica o declínio da ESCOLÁSTICA e as disputas ferrenhas entre fideístas e racionalistas.

SANTO TOMÁS DE AQUINO

TOMÁS DE AQUINO (1226-1274) nasceu em ROCCASSECA e seu “sobrenome” é uma referência ao condado de AQUINO, que era uma propriedade de sua família abastada. É considerado o maior filósofo e teólogo cristão de todos os tempos pela envergadura de seus escritos. Seu pensamento ficou conhecido como TOMISMO e sua influência estende-se até os dias de hoje (tivemos no século XX um grande expoente do pensamento NEOTOMISTA que foi JACQUES MARITAIN). Defende que o trabalho da razão humana é compatível com as crenças religiosas e a fé cristã. Filosofia e teologia são ciências complementares e não excludentes. Cristianiza Aristóteles com finalidades religiosas, mas mantém a superioridade da fé sobre a razão. 

PRINCÍPIOS BÁSICOS

Assim como ARISTÓTELES, e fundamentado no grande filósofo grego, valorizou sobremaneira o conhecimento empírico (dos sentidos). A lógica aristotélica também foi uma ferramenta na construção de seu legado filosófico-teológico com o princípio da NÃO-CONTRADIÇÃO. Herdou também os conceitos de SUBSTÂNCIA e ACIDENTE, sendo o primeiro o elemento essencial de um ser (sem o qual deixaria de ser o que é) e o segundo apenas uma característica aparente e mutável. Adotou o princípio da CAUSA EFICIENTE e distinguiu seres contingentes (que podem ser e não ser) e ser necessário (que existe em si e por si desde sempre). O princípio da FINALIDADE afirma que tudo o que existe tem uma causa final, um fim para o qual existe. Já o princípio do ATO e POTÊNCIA trata do movimento e da existência atual e potencial de todos os seres (em ato é o que um ser é agora, potência é tudo o que um ser pode vir a ser). DEUS é ATO PURO segundo TOMÁS DE AQUINO, ou seja, pleno de ser e sem nenhuma potência, pois tudo NELE é atual.

SER E ESSÊNCIA

Todo ser (tudo o que existe) possui uma essência (característica fundamental e distintiva). Há também dois tipos de seres, o ser em geral, que se aplica às criaturas e o SER PLENO, que é DEUS. DEUS é o sumo SER, enquanto as coisas criadas são seres por participação no ser primordial divino.

A TEORIA DA ABSTRAÇÃO

Segundo o AQUINATE nós conhecemos abstraindo dos objetos, por meio de nossos sentidos, a sua forma e matéria. O intelecto, portanto, tira das coisas aquilo que elas são. A verdade nada mais é do que a adequação da mente aos objetos do conhecimento. Abstrai do particular o universal, a espécie inteligível dos entes a partir das imagens singulares. Sua concepção aristotelizante do conhecimento aproxima-se do que depois foi denominado empirismo (conhecimento originado dos sentidos).

PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

Com base na teoria das causas ARISTOTÉLICA, TOMÁS DE AQUINO elaborou 5 PROVAS DA EXISTÊNCIA de DEUS:

1ª PROVA: O PRIMEIRO MOTOR – Tudo que se move é movido por algo e por alguém e para não regredir ao infinito devemos admitir um PRIMEIRO MOTOR que seria DEUS.
2ª PROVA: A CAUSA EFICIENTE – Tudo o que existe possui uma causa eficiente, ou seja, foi produzido por algo ou por alguém, no caso do UNIVERSO, sua causa é DEUS.
3ª PROVA: SER NECESSÁRIO E SER CONTINGENTE – Todo ser contingente é um ser que pode tanto existir quanto deixar de existir e se levarmos esse princípio às últimas consequências chegaríamos a um momento onde nada existiria. Portanto, é necessário um ser necessário, que sempre existiu, como origem eterna de tudo o que existe enquanto seres contingentes e limitados temporalmente.
4ª PROVA: OS GRAUS DE PERFEIÇÃO – Na natureza podemos perceber graus de perfeição que existem de forma hierárquica, começando pelos minerais (menos perfeitos), passando por vegetais, animais, seres humanos, anjos, até DEUS (suma perfeição e origem da perfectibilidade dos seres).
5ª PROVA: A FINALIDADE DO SER – Tudo quanto existe possui um fim, um télos (NÃO CONFUNDIR COM MICHEL TELÓ) como diriam os gregos, e a finalidade do universo é glorificar ao seu CRIADOR, ser um sinal da ação poderosa de DEUS e uma realidade guiada por seu MENTOR INTELECTUAL.

#CONEXÕES

Haveria uma inteligência, consciência ou intencionalidade por detrás de tudo o que existe?

#CONECTADO

Olavo de Carvalho fala do sistema de Santo Tomás de Aquino

EXERCÍCIOS

QUESTÃO 1 (Habilidade: Inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)                                                                
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                                        Assunto: Filosofia medieval.
(...) Aos domingos, o toque dos sinos não chamava o morador para o trabalho. Antes, lhe recordava que era tempo de parar com a labuta de todos os dias e dirigir o pensamento para Deus. Talvez não percebesse o significado profundo do ritual, apesar do esforço dos eclesiásticos para adaptá-lo às novas realidades urbanas. Nem o texto, que era recitado numa língua já esquecida. Mas não deixava de ser sensível às cores brilhantes do vestuário dos oficiantes, à riqueza das alfaias, à solenidade dos gestos e até à sonoridade dos cânticos. Julgava-se,  então, mais próximo da divindade e tinha quase a certeza de que as orações ditas em local e momento tão belos seriam mais facilmente atendidas.

ANDRADE, Amélia A. Um processo através da paisagem urbana medieval. In: Povos e Culturas, n. 2. Estudos de História e Arte  Homenagem a Artur Nobre de Gusmão, Edições Vega, 1995.


Podemos citar, como característica do pensamento medieval,

(A) a autonomia da razão suplanta a fé.
(B) a crença é o único acesso à verdade.
(C) a fé torna-se obstáculo para a razão.
(D) a verdade se afirma como revelação.
(E) o confronto entre a filosofia e o mito.
GABARITO: D
Comentário: Para a filosofia medieval, o conhecimento não é uma construção humana, mas uma revelação divina àqueles que possuem fé, aos escolhidos por Deus.
QUESTÃO 2 (Habilidade: Inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)                                                                       
Nível de dificuldade: Difícil.                                                                                                                                                        Assunto: São Tomás de Aquino.

A Filosofia Medieval, a partir do século IX, é chamada escolástica. Ensinada nas escolas ou nas universidades próximas das catedrais, a filosofia escolástica tinha como  problema fundamental

(A) compreender a verdade revelada pelo exercício da fé.
(B) conciliar o pensamento platônico às doutrinas cristãs.
(C) contestar a teologia através de argumentos filosóficos.
(D) demonstrar racionalmente a existência de Deus.
(E) orientar os caminhos da fé através do uso da razão.


GABARITO: D
Comentário: Assim como na Patrística, vai existir na Escolástica, a preocupação com a questão da conciliação entre a fé e a razão, mas acrescenta-se no debate, um aprofundamento da teologia e a demonstração racional da existência de Deus, que foram elaboradas por Santo Anselmo e, posteriormente, por São Tomás de Aquino, inspirado pelas teorias de Aristóteles.
QUESTÃO 3 (Habilidade: Ler textos filosóficos de modo significativo e elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo.)                                                                                                                                                            
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                                        Assunto: São Tomás de Aquino.
Fique claro que Tomás não aristoteliza o cristianismo, mas cristianiza Aristóteles. Fique claro que ele nunca pensou que, com a razão se pudesse entender tudo; não, ele continuou acreditando que tudo se compreende pela fé: só quis dizer que a fé não estava em desacordo com a razão, e que, portanto, era possível dar-se ao luxo de raciocinar, saindo do universo da alucinação.

Eco, Umberto. Elogio de Santo Tomás de Aquino. In: Viagem na irrealidade cotidiana, p. 339.
Podemos afirmar, de acordo com o texto, que
A)    Tomás de Aquino aristoteliza o cristianismo.
B)    Tomás de Aquino cristianiza Aristóteles.
C)    Tomás de Aquino platoniza o cristianismo.
D)    Tomás de Aquino aristoteliza Platão.
E)    Tomás de Aquino cristianiza Platão.
RESPOSTA: B
QUESTÃO 4

Habilidade: Analisar um argumento a partir de uma teoria filosófica.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Filosofia Medieval

“Tampouco é inevitável que, se afirmarmos que Deus é exclusivamente ser ou existência, caiamos no erro daqueles que disseram que Deus é aquele ser universal, em virtude do qual todas as coisas existem formalmente. Com efeito, este ser que é Deus é de tal condição, que nada se lhe pode adicionar. (...) Por este motivo afirma-se no comentário à nona proposição do livro Sobre as Causas, que a individuação da causa primeira, a qual é puro ser, ocorre por causa da sua bondade. Assim como o ser comum em seu intelecto não inclui nenhuma adição, da mesma forma não inclui no seu intelecto qualquer precisão de adição, pois, se isto acontecesse, nada poderia ser compreendido como ser, se nele algo pudesse ser acrescentado."


AQUINO, Tomás. O ente e a essência. Trad. de Luiz João Baraúna.
São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 15. Coleção. Os Pensadores.

Dizer que Deus é ser, é dizer que ele é absoluto. Só Deus é necessário, os outros entes são

A)   Contingentes.
B)   Particulares.
C)   Essenciais.
D)   Existentes.
E)   Eficientes.

REPOSTA: A

QUESTÃO 5 (Descritor: relacionar conceitos entre si, a fim de compreender os fenômenos e suas relações no nível teórico.)
Nível de dificuldade: Difícil.
Assunto: Filosofia Medieval Epistemologia
“O fim último do homem e de toda substância intelectual se chama felicidade (felicitas) ou “bem-aventurança beatitude” (beatitude); pois isto é o que se deseja como fim último toda substância intelectual, e deseja por si mesma. Em consequência, bem-aventurança e a felicidade última é o conhecimento de Deus.”
AQUINO, São Tomás de. Suma contra os gentios. Trad. Odilão Moura. Porto Alegre: EST/ Sulina/ UCS, 1990. (Fragmento).
O princípio da obra tomista inspirado em Aristóteles usado no trecho acima é

A)   Princípio da não-contradição
B)   Princípio da substância.
C)   Princípio da causa eficiente.
D)   Princípio da finalidade.
E)   Princípio do ato e potência.

RESPOSTA: D
QUESTÃO 1 (Descritor: Perante situações que envolvem o entendimento, saber raciocinar e distinguir proposições universais, gerais e particulares, compreendendo a totalidade de um fenômeno e reconhecendo visões parciais e fragmentadas)

Nível de dificuldade: Fácil

Assunto: O milagre grego

A Antiguidade Grega usualmente é dividida em três períodos. São eles os

(A) períodos Antropológico, Helenístico e Greco-romano.
(B) períodos Homérico, Clássico e Helenístico.
(C) períodos Cosmológico, Antropológico e Clássico.
(D) períodos Arcaico, Alexandrino e Cosmológico.
(E) períodos Socrático, Platônico e Alexandrino.

RESPOSTA: B

QUESTÃO 2 (Descritor: Submeter as informações e os conhecimentos a uma análise argumentativa, vislumbrando a estrutura dos argumentos que poderiam corroborar para uma ordenação sistemática de tais informações) 

Nível de dificuldade: Fácil

Assunto: O milagre grego

Leia o seguinte trecho:

“Um fator decisivo para a conquista dessa dimensão universal da religião na Grécia foi o caráter antropomórfico dos deuses da natureza física. Não se sabe se o antropomorfismo religioso foi herdado junto com os deuses mais antigos que aparecem na tradição grega ou se foi uma inovação da cultura que os sistematizou. Sabe-se que predominava, entre os remotos aqueus, um politeísmo naturalista, onde já apareciam os nomes de Zeus, Hera, Ares, etc. Esse politeísmo se enriqueceu com novos deuses, provenientes das religiões da Creta minóica, da Ásia anterior à civilização grega, do Egito, das divindades subterrâneas pelasgas, ligadas aos cultos agrários. Um historiador da Grécia antiga, Maurice Croiset, considera duvidoso que, nessa época remota, já fossem os deuses gregos tão nitidamente antropomórficos como mais tarde se revelariam.”
(Sônia Viegas, ‘Escritos: filosofia viva’, Tessitura, 2009)

Por “antropomorfismo religioso”, a autora entende que

(A) atribuem-se aos deuses formas de animais ou elementos naturais.
(B) atribuem-se aos homens os poderes divinos.
(C) atribuem-se aspectos humanos aos deuses.
(D) reconhece-se o papel central do homem no entendimento do universo.
(E) reconhecem-se os problemas humanos das religiões.

RESPOSTA: C

QUESTÃO 3 (Descritor: Perante um texto discursivo e conceitual, de natureza filosófica, identificar as principais teses do texto) 

Nível de dificuldade: Média

Assunto: O milagre grego

Leia o texto a seguir:

“A vida humana é o ponto de encontro e de contradição entre a esfera universal dos valores, a que o grego chamará éthos, e a esfera particular da existência, confinada na vida familiar, onde germina o páthos. Ao contrário do éthos, que implica uma ação de valor moral universal, o páthos implica uma ação mergulhada na contingência. Páthos significa sentimento, paixão, sofrimento. Através da linguagem universal da razão, o homem dialoga com todos os homens. Através de seu páthos, permanece incomunicável, mesmo que, a nível familiar, consiga normatizar sua afetividade.”
(Sônia Viegas, ‘Escritos: filosofia viva’, Tessitura, 2009)

A polis (a cidade grega) torna-se – para o homem grego – palco para a conciliação entre páthos e éthos, universal e particular. O trânsito entre estas duas esferas no âmbito da cidade deverá conjugar, portanto:

(A) Filosofia x Sofística.
(B) Nobreza x Povo.
(C) Leis x Desejos.
(D) Religião x Ciência.
(E) Virtude x Vício.

RESPOSTA: C

QUESTÃO 4 (Descritor: Saber identificar teorias filosóficas e científicas como interpretações do mundo e avaliá-las quanto ao grau de argumentação por meio da qual são expostas) 

Nível de dificuldade: Fácil

Assunto: Os filósofos da natureza

Leia o trecho:

“A maior parte dos primeiros filósofos consideravam como os únicos princípios de todas as coisas os que são da natureza da matéria. Aquilo de que todos os seres são constituídos, e de que primeiro são gerados e em que por fim de dissolvem, enquanto a substância subsiste mudando-se apenas as afecções, tal é, para eles, o elemento (stokheinon), tal é o princípio dos seres; e por isso julgam que nada se gera nem se destrói, como se tal natureza subsistisse sempre... Pois deve haver uma natureza qualquer, ou mais do que uma, donde as outras coisas se engendram, mas continuando ela a mesma. Quanto ao número e à natureza destes princípios, nem todos dizem o mesmo. ________, o fundador de tal filosofia, diz ser a água [o princípio] (...)”.
(“Os Pré-Socráticos”, Editora Nova Cultural, 1999)

A passagem destacada é de “Metafísica”, de Aristóteles, e a lacuna pode ser preenchida pelo nome daquele que foi o fundador da tradição filosófica. Assinale a alternativa correta:

(A) Anaxágoras de Clazômenas.
(B) Empédocles de Agrigento.
(C) Heráclito de Éfeso.
(D) Parmênides de Eléia.
(E) Tales de Mileto.

RESPOSTA: E

QUESTÃO 5 (Descritor: Submeter as informações e os conhecimentos a uma análise argumentativa, vislumbrando a estrutura dos argumentos que poderiam corroborar para uma ordenação sistemática de tais informações) 

Nível de dificuldade: Média

Assunto: Os filósofos da natureza

Leia o seguinte texto:

“As primeiras cosmogonias filosóficas, propostas pelos milesianos e pelos pitagóricos, podem ser vistas como variações do monismo corporalista: a diversidade das coisas existentes provindo de uma única physis corpórea (seja água, ou ar, ou unidade numérica). Todavia, a própria divergência entre os pensadores – cada qual apontando um tipo de arché e um tipo de processo capaz de transformá-la em tantas e tão diferenciadas coisas – suscitou a necessidade de se investigarem os recursos humanos de conhecimento, buscando-se um caminho de certeza que superasse as opiniões múltiplas e discrepantes. Assim, o binômio unidade/pluralidade deslocou-se da esfera cosmológica para reaparecer sob a forma de oposição entre verdade única e multiplicidade de opiniões.”

(José Américo Motta Pessanha, Introdução ao livro “Os Pré-Socráticos” da Editora Nova Cultural, 1999)

A physis comumente é traduzida por natureza (daí os primeiros filósofos serem identificados por “filósofos da natureza”). A arché, por seu turno, pode ser traduzida como

(A) alma.
(B) destino.
(C) origem.
(D) substância.
(E) virtude.

RESPOSTA: C

QUESTÃO 6 (Descritor: Perante um texto discursivo e conceitual, de natureza filosófica, identificar as principais teses do texto) 

Nível de dificuldade: Média

Assunto: Os filósofos da natureza

Leia os seguintes fragmentos:

“É de louvar-se o homem que, bebendo, revela atos nobres
como a memória que tem e o desejo de virtude,
sem nada falar de titãs, nem de gigantes,
nem de centauros, ficções criadas pelos antigos,
ou de lutas civis violentas, nas quais nada há de útil.”

“Mas se mãos tivessem os bois, os cavalos e os leões
e pudessem com as mãos desenhar e criar obras como os homens,
os cavalos semelhantes aos cavalos, os bois semelhantes aos bois,
desenhariam as formas dos deuses e os corpos fariam
tais quais eles próprios têm.”
(Xenófanes, Fragmentos, em: “Os Pré-Socráticos” da Editora Nova Cultural, 1999)

Os fragmentos foram escritos pelo filósofo pré-socrático Xenófanes. Sua leitura deixa antever uma importante revisão conceitual. Assinale-a:

(A) Transição da filosofia para o mito.
(B) Transição das teogonias para as cosmogonias.
(C) Transição da sofística para a filosofia.
(D) Transição do hedonismo para o estoicismo.
(E) Transição do período clássico para o helenístico.

RESPOSTA: B

QUESTÃO 7 (Descritor: Perante teorias filosóficas ou de cunho científico, construir e reconstruir análises conceituais; relacionar conceitos entre si, a fim de compreender os fenômenos e suas relações no nível teórico) 

Nível de dificuldade: Média

Assunto: O teatro grego e a filosofia

Leia o seguinte trecho:

“A tragédia é a representação de uma ação elevada, de alguma extensão e completa, em linguagem adornada, distribuídos os adornos por todas as partes, com atores atuando e não narrando; e que, despertando a piedade e temor, tem por resultado a catarse dessas emoções.”

(“Aristóteles”, editora Nova Cultural, 1999)
A catarse aristotélica pode ser definida como

(A) introspecção contemplativa provocada pelo entendimento do drama.
(B) liberação das pulsões sexuais vinculadas ao sentimento de prazer trágico.
(C) purgação das emoções mediante descarga emocional provocada pelo drama.
(D) sublimação de forças pulsionais sexuais mediante provocação dramática.
(E) recalque pulsional incentivado pelo sentimento de desprazer trágico.

RESPOSTA: C

QUESTÃO 8 (Descritor: Perante um texto discursivo e conceitual, de natureza filosófica, identificar as principais teses do texto) 

Nível de dificuldade: Difícil

Assunto: O teatro grego e a filosofia

Leia o trecho da obra de Nietzsche:

“Dionísio, o efetivo herói cênico e ponto central da visão, não está, segundo esse conhecimento e segundo a tradição, verdadeiramente presente, a princípio, no período mais antigo da tragédia, mas é apenas representado como estando presente: quer dizer, originalmente a tragédia é só ‘coro’ e não ‘drama’. Mais tarde se faz a tentativa de mostrar o deus como real e de apresentar em cena [darstellen], como visível aos olhos de cada um, a figura da visão junto com a moldura transfiguradora: com isso começa o ‘drama’ no sentido mais estrito.”                           (NIETZSCHE, “O Nascimento da Tragédia”, Editora Cia das Letras, 1992)

O trecho do filósofo alemão Friedrich Nietzsche procura reconstituir as origens da tragédia na Grécia.
De acordo com o trecho citado, pode-se dizer que

(A) a tragédia alimenta-se das manifestações de Dionísio e tem sempre o deus por tema. 
(B) a tragédia, em seu período mais antigo, garante a personificação de Dionísio no papel do ator.
(C) a tragédia procura afirmar a divindade de Dionísio como personalidade real.
(D) a tragédia surge como desenvolvimento dos cultos religiosos ao deus Dionísio.
(E) a tragédia, tardiamente, procura abstrair a representação de Dionísio da cena trágica.

RESPOSTA: D

QUESTÃO 9 (Descritor: Compreender a importância das questões acerca do sentido e da significação da própria existência e das produções culturais) 

Nível de dificuldade: Média

Assunto: O teatro grego e a filosofia

Leia o trecho da peça escrita por Sófocles:

“[...] entrou Édipo aos gritos, e vós, vendo-os
ir de um lado para outro, não chegamos
a observar a rainha até o fim.
Ele pedia a espada e bradava:
- ‘Onde está minha esposa, que não é
esposa alguma, é um útero danado
que me pariu e pariu filhos meus?’
- Nessa alucinação, algum poder
(humano não, não foi nenhum de nós)
guiou-lhe os passos: num gemido horrível,
como se algo o empurrasse, atirou-se
contra as portas, rompendo as dobradiças,
e num relance entrou, e deparou
com a mulher enforcada,
um laço corredio no pescoço...
Ao vê-la, num gemido sufocado
desamarrou a corda, e, quando o corpo
desmoronou no chão, o que se viu
foi mais um espetáculo de horror:
ele arrancou os alfinetes de ouro
da roupa da rainha, levantou-os
e os enterrou nos olhos, imprecando:
‘Olhos meus, não vereis mais esta culpa
e esta vergonha, nunca mais vereis
quem não deveríeis ter visto nunca,
e para todo o sempre só vereis
as trevas!’”
(Sófocles, “Édipo Rei”)

A peça de Sófocles – “Édipo Rei” – é considerara por Aristóteles (na “Poética”) como perfeito exemplar de tragédia grega. A passagem acima relata o momento ápice da tragédia edipiana: Édipo se descobre filho da própria esposa.
Em vista do exemplo citado, pode-se afirmar, a respeito da tragédia grega, que ela lida com

(A) acontecimentos cômicos numa ambivalência entre pathos e ethos.
(B) acontecimentos exclusivamente reais reproduzidos num relato dramático.
(C) acontecimentos terríveis numa ambivalência entre ethos e destino.
(D) aspectos da existência humana que participam comumente da vida de todos.
(E) narrativas exclusivas da vida de deuses e heróis.
RESPOSTA: C

QUESTÃO 10 (Descritor: Na construção do conhecimento filosófico, reconhecer sua relação com o mundo da vida cotidiana, não separando a posição filosófica defendida e compreendendo as relações aí existentes)

Nível de dificuldade: Fácil

Assunto: Mito e Razão

Leia o trecho do livro “convite à Filosofia” de Marilena Chauí:

“Hoje, porém, sabe-se que a concepção evolutiva está equivocada e que o pensamento conceitual e o pensamento mítico podem coexistir numa mesma sociedade. Estudos de antropologia social, que estuda os mitos das sociedades ditas selvagens e também as mitologias de nossas sociedades, ditas civilizadas, mostraram que, no caso de nossas sociedades, a presença simultânea do pensamento conceitual e do pensamento mítico decorre do modo como a imaginação social transforma em mito aquilo que o pensamento conceitual elabora nas ciências e na filosofia.”
(Marilena Chauí, “Convite à Filosofia”, editora Ática, 2010)

Identifique o termo que ilustra o conteúdo afirmado pela sentença citada:

(A) Astrofísica.
(B) Cientologia.
(C) Genética.
(D) Geologia.
(E) Semiótica.

RESPOSTA: B

QUESTÃO 11 (Descritor: Perante situações que envolvem o entendimento, saber raciocinar e distinguir proposições universais, gerais e particulares, compreendendo a totalidade de um fenômeno e reconhecendo visões parciais e fragmentadas) 

Nível de dificuldade: Difícil

Assunto: Mito e Razão

Leia a seguinte passagem da obra de Foscolo:

“Ao contrário da poesia antiga, a poesia moderna é fragmentada – ‘nada’, diz Schlegel, ‘pode melhor explicar e confirmar a artificialidade do desenvolvimento [Bildung] estético moderno do que a destacada predominância do individual, do característico e filosófico através de toda a massa da poesia moderna’; ou ainda: ‘as obras aí produzidas são deficientes de um princípio interno que as dê vida; elas são apenas peças individuais que só se ligam umas às outras por meio de uma força exterior, sem qualquer interrelação verdadeira. Elas não compõem um todo’. O caos fragmentário característico da poesia moderna parece fazer troça da organização natural da poesia antiga: como todo, assume a roupagem de um verdadeiro Frankenstein.”
(Foscolo, “Filosofia e Poesia: da unidade entre estética e gnosiologia em Friedrich Schlegel”, disponível em: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-8G2SZ6. Acesso em 08 de nov. 2011)

O texto aponta para a palavra ‘poesia’ em dois contextos diferentes: o antigo, referente às produções da Antiguidade Grega; e a moderna, referente às produções posteriores – marcadamente, àquelas realizadas após o Renascimento.
Considerando a proximidade da poesia antiga com o registro do mito, e o afastamento em relação ao mito provocado pela intervenção da razão característico da poesia moderna, qual das oposições abaixo representa, respectivamente, o registro mítico da poesia antiga e o racional da poesia moderna?

(A) Artificial x Natural.
(B) Autonomia x Religião.
(C) Imagem x Conceito.
(D) Parte x Todo.
(E) Pluralidade x Unidade.

RESPOSTA: C

QUESTÃO 12 (Descritor: Perante um texto discursivo e conceitual, de natureza filosófica, identificar as principais teses do texto) 

Nível de dificuldade: Média

Assunto: Mito e Razão

Leia o trecho da obra de Nietzsche:

“Se se tem necessidade de fazer da razão um tirano, como Sócrates o fez, então o risco de que outra coisa faça-se tirano não deve ser irrisório. A racionalidade foi outrora desvendada enquanto Salvadora; nem Sócrates, nem seus ‘doentes’ estavam livres para serem racionais. Ser racional foi de rigueur, foi seu último remédio. O fanatismo, com o qual toda reflexão grega se lança para a racionalidade, trai uma situação desesperadora. Estava-se em risco, só se tinha uma escolha: ou perecer, ou ser absurdamente racional... O moralismo dos filósofos gregos desde Platão está condicionado patologicamente; do mesmo modo que sua avaliação da dialética. A equação Razão = Virtude = Felicidade diz meramente o seguinte: é preciso imitar Sócrates e estabelecer permanentemente uma luz diurna contra os apetites obscuros – a luz diurna da razão.”
(Nietzsche, “Crepúsculo dos Ídolos”, Ed. Relume Dumará)

A passagem do filósofo alemão Friedrich Nietzsche permite-nos concluir que a razão

(A) afigura-se na Antiguidade como ponta de lança no combate ao dionisíaco que se desvela no mito.
(B) surge na Antiguidade como mecanismo que possibilita a satisfação de apetites obscuros.
(C) caso seja desvelada meramente como uma das várias faces do registro mítico, nunca foi, de fato, razão.
(D) perde-se em meio a seu próprio impulso esclarecedor e acaba por tornar-se, ela também, mito.
(E) substitui o mito no período clássico da Antiguidade, aprisionando o homem em uma outra estrutura.

RESPOSTA: A

QUESTÃO 13 (Descritor: Submeter as informações e os conhecimentos a uma análise argumentativa, vislumbrando a estrutura dos argumentos que poderiam corroborar para uma ordenação sistemática de tais informações) 

Nível de dificuldade: Média

Assunto: Sócrates: o homem que perguntava
Leia o trecho a seguir:

“No seio dessa agitação que produz, num mesmo movimento, tolices e obras primas, Sócrates passeia e fala. À primeira vista, ele é como um sofista, já que fala de tudo e de não importa o quê. Mas não abre escola. Não ensina; o que diz, é ao capricho das conversações que o enuncia, sem pedir que o paguem, sem mesmo exigir que o escutem. É um ‘tagarela’: fala por falar.”

(Retirado de: Châtelet, “A Filosofia Pagã”, Ed. Jorge Zahar, 1973)

Aristófanes, comediante do tempo de Sócrates, registra a confusão de sua época: Sócrates passa por sofista em sua obra “As Nuvens”. É sabido que o esforço platônico na separação da atividade do sofista da do filósofo provém de tal confusão – e Platão coloca em destaque, dentre as características apontadas no trecho selecionado, uma que se põe à frente das demais. Assinale a alternativa que indica essa característica.

(A) Sócrates, como filósofo, se distingue por afirmar que a verdade é cognoscível e inata.
(B) Sócrates, como filósofo, se distingue por assumir que tudo o que temos acesso é a opinião.
(C) Sócrates, como filósofo, se distingue por fazer valer, ao sabor das circunstâncias, a verdade mais fraca.
(D) Sócrates, como filósofo, se distingue por negar aos deuses e corromper a juventude.
(E) Sócrates, como filósofo, se distingue por pressupor que o conhecimento da verdade leva à infelicidade.

RESPOSTA: A

QUESTÃO 14 (Descritor: Perante teorias filosóficas ou de cunho científico, construir e reconstruir análises conceituais; relacionar conceitos entre si, a fim de compreender os fenômenos e suas relações no nível teórico)

Nível de dificuldade: Fácil

Assunto: Sócrates: o homem que perguntava

O método desenvolvido por Sócrates para interceder na investigação da verdade é análogo, segundo o próprio Sócrates, àquele das parteiras: a este método, damos o nome de maiêutica.
A maiêutica (ou parto das idéias) serve-se de uma estratégia filosófica que ficou conhecida como

A) Analítica.
B) Dialética.
C) Lógica.
D) Gnosiologia.
E) Metafísica.

RESPOSTA: B

QUESTÃO 15 (Descritor: Saber identificar teorias filosóficas como interpretações do mundo e avaliá-las quanto ao grau de argumentação por meio do qual são expostas) 

Nível de dificuldade: Média

Assunto: Sócrates: o homem que perguntava

Leia o trecho a seguir:

“Para testemunhar a minha ciência, se é uma ciência, e qual é ela, vos trareis o deus de Delfos. Conheceste Querofonte, com certeza. Era meu amigo de infância e também amigo do partido do povo e seu companheiro naquele exílio que de que voltou conosco. Conheceis o temperamento de Querofonte, tão tenaz em seus empreendimentos. Ora, certa vez, havendo ido a Delfos, arriscou esta consulta ao oráculo, repito aos senhores, não vos revolteis, ele perguntou se havia alguém mais sábio do que eu; respondeu a Pítia que não existia ninguém mais sábio.”
(“Apologia”, em “Sócrates”, editora Nova Cultural, 1999)

Sócrates interpretou a mensagem do oráculo de Delfos como uma missão. A missão socrática realiza-se como inquisição: diante da investigação de Sócrates, revelado o não-saber de seus interlocutores, estes deveriam voltar os olhos para si mesmos de modo a investigar a própria natureza. Para Sócrates, esta investigação era pessoal e não poderia ser ensinada – mas ao mesmo tempo, o futuro da cidade dependeria inteiramente dela. E dependeria porque

(A) a cidade é incapaz de se governar sem alguém para indicar o caminho.
(B) a ciência de Sócrates seria a política.
(C) o conhecimento só existe como opinião.
(D) o mal só é praticado por desconhecimento do Bem.
(E) o saber só seria verdadeiro se ensinado por Sócrates.

RESPOSTA: D

QUESTÃO 1 (Descritor: interpretar um texto filosófico.)
Nível de dificuldade: Fácil
Assunto: Filosofia Antiga Ética

Analise o trecho que aborda a compreensão do filósofo Epicuro sobre a importância da filosofia.

Que ninguém hesite em se dedicar à filosofia enquanto jovem, nem se canse de fazê-lo depois de velho, porque ninguém jamais é demasiado jovem ou demasiado velho para alcançar a saúde do espírito. Quem afirma que a hora de dedicar-se à filosofia ainda não chegou, ou que ela já passou, é como se dissesse que ainda não chegou ou que já passou a hora de ser feliz. Desse modo, a filosofia é útil tanto ao jovem quanto ao velho: para quem está envelhecendo sentir-se rejuvenescer através da grata recordação das coisas que já se foram, e para o jovem poder envelhecer sem sentir medo das coisas que estão por vir; é necessário, portanto, cuidar das coisas que trazem a felicidade, já que, estando esta presente, tudo temos, e, sem ela, tudo fazemos para alcançá-la.
Disponível em: http://ateus.net/artigos/filosofia/carta-sobre-a-felicidade/. Acesso em: 03 jul. 2012.

Segundo Epicuro, para alcançar a felicidade o homem precisa

(A)   abdicar-se da tarefa de pensar em busca dos prazeres imediatos.
(B)   dedicar-se à filosofia para pensar e viver melhor.
(C)   dedicar-se à filosofia para recordar das coisas que estão por vir.
(D)  ser reconhecido por suas habilidades intelectuais.
(E)   trabalhar muito para ter sucesso profissional e econômico.
Resposta B
QUESTÃO 2 (Descritor: interpretar uma imagem a partir do conceito Pirrônico de ataraxia.)

Nível de dificuldade: Fácil.
Assunto: Filosofia Antiga – Epistemologia
Leia o texto sobre o ceticismo Pirrônico relacionando-o com a imagem que segue.
“O autentico sábio, portanto, deve praticar a suspensão de juízo (epokhe) estado de repouso mental em que predomina a insensibilidade (apathia), em que nada se afirma e nada se nega (aphasia), de modo a atingir a felicidade pelo equilíbrio e pela tranquilidade (ataraxia).”
Disponível em: HTTP://encfil.goldeye.info/ceticismo.htm. Acesso em: 4 fev. 2009.
Disponível em: ideporcristo.blogspot.com. Acesso em: 10 jul. 2012.
Diante da multiplicidade de caminhos e possibilidades, a atitude mais sábia para o cético pirrônico seria
(A)   deixar de lado os caminhos propostos e empenhar-se por construir um caminho próprio.
(B)   escolher o melhor caminho a partir de referências confiáveis.
(C)   experimentar os caminhos possíveis para saber qual é o melhor.
(D)  pensar sobre qual o melhor caminho e qual a melhor maneira de caminhar.
(E)    suspender o juízo e tranquilizar-se, sem tomar partido sobre qual caminho a seguir.
Resposta:E
QUESTÃO 3 ( Descritor:interpretar, em uma atitude particular, um conceito ou ideia universal sobre determinado tema filosófico.)

Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Filosofia Antiga – Filosofia Política
Existe um episódio famoso na história da filosofia sobre o encontro de Alexandre e Diógenes.
[...]
Certa vez, quando Diógenes tomava sol, aproximou-se o grande Alexandre, o homem mais poderoso da Terra, que lhe disse: “Pede-me o que quiseres”; ao que Diógenes respondeu: “Afasta-te do meu sol”. Diógenes não sabia o que fazer com enorme poder de Alexandre; bastava-lhe, para estar contente, o Sol, que é a coisa mais natural, à disposição de todos, ou melhor, bastava-lhe a profunda convicção da inutilidade de tal poder, já que a felicidade vem de dentro e não de fora do homem.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia. São Paulo: Ed. Paulus, 1991. (Fragmento).
Esse trecho narra o espírito da corrente filosófica denominada cinismo.  De acordo com o trecho lido, a atitude cínica é caracterizada
(A)   pela busca do crescimento através das atividades que o homem realiza.
(B)   pela capacidade de buscar a felicidade nas coisas simples, despojadas de poder.
(C)   pela dependência do homem em relação à pólis, a felicidade depende do que está fora do homem.
(D)  pela escolha da vida simples como forma de fugir da responsabilidade de ser feliz.
(E)   pelo apego à simplicidade, ao modo de viver despreocupado e irrefletido.
Resposta: B
QUESTÃO 4 (Descritor: reconhecer a relação entre duas ideias aparentemente divergentes no pensamento filosófico medieval.)

Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Filosofia Medieval– Epistemologia
Em 1998 o Papa João Paulo II expediu a sua Carta Encíclica, denominada “Fé e Razão”, dirigida aos bispos da Igreja Católica, da qual extraímos o seguinte trecho:
“A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de conhecer a ele, para que, conhecendo-o e amando-o, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio.”
Disponível em: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/mundo-espirita/a-fe-e-a-razao.html. Acesso em: 10 jul. 2012.
A partir da análise deste fragmento é possível inferir que a fé e a razão são elementos
A)    antagônicos, pois a fé se estrutura a partir de elementos irracionais, e a razão pela demonstração.
B)    conciliáveis, pois ambos têm como finalidade o conhecimento científico sobre a natureza das coisas.
C)    correspondentes, pois ambos têm como finalidade levar o homem até o conhecimento verdadeiro.
D)    desiguais, sendo a fé superior à razão por levar o homem até Deus.
E)    irreconciliáveis, pois a razão se estabelece por princípios lógicos, e a fé por crenças infundadas.
Resposta C
QUESTÃO 5 (Descritor: identificar a ideia principal em um texto filosófico.)

Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Filosofia Antiga Epistemologia
Analise o trecho das confissões em que Santo Agostinho faz indagações relevantes sobre o amor.
“Que amo eu, quando Vos amo? Não amo a formosura corporal, nem a glória temporal, nem a claridade da luz, tão amiga destes meus olhos, nem as doces melodias das canções de todo gênero, nem o suave cheiro das flores, dos perfumes ou os aromas, nem o maná ou o mel, nem os membros tão flexíveis aos abraços da carne. Nada disto amo, quando amo meu Deus. E, contudo, amo uma luz, uma voz, um perfume, um alimento e um abraço, quando amo meu Deus, luz, voz, perfume e abraço do homem interior, onde brilha para a minha alma uma luz que nenhum espaço contém, onde ressoa uma voz que o tempo não arrebata, onde se exala um perfume que o vento não esparge, onde se saboreia uma comida que a sofreguidão não diminui, onde se sente um contacto que a saciedade não desfaz. Eis o que amo, quando amo meu Deus.”
(Confissões, I, II, 4).
Podemos inferir que o acesso do homem a Deus se dá quando o homem procura na
(A)   bíblia o conhecimento de seu desejo.
(B)   fé respostas para suas dúvidas.
(C)   igreja elementos de autoridade divina.
(D)  natureza a resposta para suas indagações.
(E)   interioridade elementos atemporais.
RESPOSTA: E
QUESTÃO 7( Descritor:  compreender a arte como expressão e criação do homem.)

Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Filosofia Antiga – Estética e Filosofia da Arte
Analise o poema a seguir.
O meu olhar é nítido como o girassol
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda
E de vez em quando olhando pra trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo
PESSOA, Fernando. Poemas completos de Alberto Caiero.
O olhar do artista ultrapassa o olhar do senso comum, acostumado a ver as coisas sempre da mesma forma. A origem da filosofia na história e na vida de quem a descobre possui como causa esse olhar artístico. Aristóteles afirma que a filosofia nasce com o espanto e com a admiração.
De acordo com este poema, podemos inferir que, do ponto de vista artístico-filosófico, o homem
(A)   enxerga o mundo por um único prisma.
(B)   diviniza o exato momento do nascimento de uma criança.
(C)   observa o mundo, de forma desinteressada e sem preocupação.
(D)  percebe as mudanças, mas continua a ser e a agir da mesma forma.
(E)   renasce e se espanta com a irrefreável mudança do mundo.    
Resposta:E
QUESTÃO 8 (Descritor:  relacionar conceitos, a fim de compreender os fenômenos e suas relações.)

Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Filosofia Antiga Epistemologia
Leia uma citação da filósofa Marilena de Chauí sobre as razões que propiciaram o surgimento da filosofia
“A filosofia surgiu quando alguns gregos, admirados e espantados com a realidade, insatisfeitos com as explicações que a tradição lhes dera, começaram a fazer perguntas e buscar respostas para elas, demonstrando que o mundo e os seres humanos, os acontecimentos naturais e as coisas da natureza podem ser conhecidos pela razão humana, e que a própria razão humana é capaz de conhecer-se a sim mesma.”
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2010. p. 29.
 Marilena de Chauí explica que a filosofia nasce por causa de alguns elementos essenciais. Esses elementos essenciais são:
(A)   admiração e encantamento com a realidade, insatisfação com a tradição e crença na capacidade da razão.
(B)   desencanto com o mundo, fidelidade à tradição, admiração e espanto com a natureza e suas mudanças (Devir).
(C)   espanto com a realidade, admiração com a capacidade do homem de conhecer a natureza (physis) e a si mesmo.
(D)  espanto e admiração, ruptura com a tradição e crença na capacidade da razão de conhecer todas as coisas.
(E)   insatisfação com as explicações tradicionais, busca racional para conhecer os deuses geradores da natureza.
Resposta: D
QUESTÃO 9 (Descritor: confrontar a compreensão do homem e da política na pólis grega com a inércia política da sociedade contemporânea.)
                                           
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Filosofia Antiga – Estética e Filosofia da Arte
Atente para a letra da música Comida do grupo musical Titãs.
Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de quê?
Você tem fome de quê?...
A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte...
A gente não quer só comida
A gente quer bebida
Diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida
Como a vida quer...
Disponível em: http://letras.mus.br/titas/91453/. Acesso em: 23 jun. 2012.
Os gregos respiravam política. O espaço público era o espaço pedagógico da liberdade. Os cidadãos gregos eram ativos na construção e reivindicação dos seus direitos.
A importância da política para os gregos possui um elemento em comum com o apelo que a música Comida faz em sua letra. Tal elemento em comum diz respeito 
(A)   à arte, instrumento político para denunciar as desigualdades existentes.
(B)   à importância da alimentação para o desenvolvimento cultural do ser humano.
(C)   à importância da política como elemento pedagógico para a formação do ser humano.
(D)  à maneira como o homem prioriza, desde a Grécia, a formação artística e cultural.
(E)   à redução do homem a um ser que vive para satisfazer suas funções biológicas.
Resposta: C
QUESTÃO 10 (Descritor: aplicar um conceito filosófico a um exemplo cotidiano.)
Nível de dificuldade: Difícil.
Assunto: Filosofia Antiga Metafísica


Analise a imagem a seguir.


Disponível em: uluhiperbole.blogspot.com. Acesso em: 24 jun. 2012.

Para Aristóteles, o ato é a essência da coisa tal como é aqui e agora; e a potência é a capacidade de algo tornar-se alguma coisa, ou seja, é aquilo que a coisa poderá vir a ser.
Explica a relação entre ato e potência dos elementos “ovo” e “galinha”:

A)    A galinha é o ovo em ato. O ovo é galinha em potência.
B)    A galinha é o ovo em potência. O ovo é a galinha em ato.
C)    O ovo é a atualização da galinha. A galinha é a atualização do ovo.
D)    O ovo é a galinha em ato. A galinha é o ovo em potencial.
E)    O ovo é a galinha em potência. A galinha é a atualização do ovo. 

Resposta: E

QUESTÃO 11 (Descritor: reconhecer a identidade na diferença, assumindo uma postura ética condizente com o conhecimento filosófico.)
Nível de dificuldade: Difícil
Assunto: Filsofia Antiga Política

Analise a charge que retrata a conversa entre a personagem Mafalda e a mãe dela.

Aristóteles afirma que o homem é um animal político. Ele só se torna plenamente humano quando se insere na pólis, quando participa da vida social do seu povo. Em outras palavras, o cidadão só se realiza plenamente quando a cidade está plenamente realizada.
A resposta de Mafalda à mãe dela revela que ela acredita

(A) na ação das pessoas em prol da coletividade para tornar o mundo melhor.
(B) na capacidade do ser humano de amar ao próximo para tornar o mundo melhor.
(C) na capacidade do ser humano, de trabalhar pensando no bem da coletividade.
(D) na ingenuidade da visão de sua mãe e por isso ironiza o ponto de vista dela.
(E) no senso de humor de sua mãe ao ironizar a razão pelo qual o homem está no mundo.
Resposta:D
QUESTÃO 12 (Descritor: relacionar o modo como os gregos compreendiam a existência como o modo que o homem contemporâneo compreende a vida.)
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Filosofia antiga Ética

Analise a charge a seguir.



Para os gregos, o sentido da vida estava ligado à realização do homem enquanto cidadão da pólis (cidade), enquanto animal político. A charge mostra a maneira como o homem contemporâneo busca respostas para o sentido da vida. Essa diferença está no fato de que o grego buscava

(A)   a vida pública como diretriz para o sentido de sua existência, o homem contemporâneo vive individualmente seus dramas.
(B)   o script preestabelecido dos padrões sociais de sua época, o homem contemporâneo busca novas possibilidades de viver.
(C)   o sentido da vida individualmente, o homem contemporâneo busca nos especialistas a resposta para responder esta questão.
(D)  o sentido da vida isoladamente, o homem contemporâneo busca fórmulas prontas, imediatas e fáceis para tal questão.
(E)   o sentido da vida nos oráculos, o homem contemporâneo discute tais questões com os seus familiares, com as pessoas a sua volta.
Resposta: A

QUESTÃO 13 (Descritor: reconhecer a identidade na diferença, assumindo uma postura ética condizente com o conhecimento filosófico.)
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Filosofia antiga Epistemologia

Analise o fragmento que segue

“O que faz a marca específica do homem é o pensamento e a razão que o segue. É a atividade intelectual. Nesta, encontra-se a fonte principal das alegrias do homem, ou seja, a fonte donde provém a verdadeira felicidade. Com efeito, a felicidade do homem consiste no aperfeiçoamento da atividade que lhe é própria, ou seja, na atividade segunda a razão. A subordinação da atividade sensível a atividade racional se impõe. É o preço da felicidade humana é a condição da moral humana.”
NODARI, Paulo César. A ética aristotélica.In:_____.I Síntese. Nova Fase. Belo Horizonte: UFMG, 1997. (Fragmento.)

Para Aristóteles, os bens materiais, por si mesmos, ajudam, mas não garantem ao homem a felicidade. A felicidade se realiza quando o homem age segundo a justiça e a razão, ou seja, ela é construída quando o homem se torna capaz de

(A)   abrir mão de sua razão para viver sem preocupação.
(B)   aumentar o rendimento dos seus bens materiais.
(C)   buscar a felicidade fora dele mesmo.
(D)  controlar as qualidades que lhes são próprias.
(E)   subordinar a atividade sensível à razão aperfeiçoada.
Resposta: E

QUESTÃO 14 (Descritor: aplicar um conceito filosófico a um exemplo cotidiano .)
Nível de dificuldade: Difícil
Assunto: Filosofia Antiga Lógica

Chamamos de indutivo o raciocínio que, após considerar um suficiente número de casos particulares, conclui uma ideia ou sentença geral.
O raciocínio indutivo é expresso em:
(A) “João é sofredor, por que todo cruzeirense é sofredor e eu sou cruzeirense.”
Disponível em: www.paralerepensar.com.br/silogismos.htm. Acesso em: 03 jul. 2012.
(B) “Eu não gosto de poder, pois toda forma de poder é uma forma de morrer por nada.”
Disponível em: letras.mus.br › Pop Rock › Engenheiros do Hawaii. Acesso em: 03 jul. 2012.
(C) “Sabe por que a mulher chora? É da natureza de toda mulher ser mais sensível que o homem.”
Disponível em: www.paralerepensar.com.br/silogismos.htm. Acesso em: 03 jul. 2012.

(D) “Todo torcedor do Galo é fanático, pois todos que eu conheço são.”
Disponível em: www.paralerepensar.com.br/silogismos.htm. Acesso em: 03 jul. 2012.
(E) “Todo biscoito é água e sal, o maior é água e sal, logo o mar é um biscoitão”
Disponível em: www.paralerepensar.com.br/silogismos.htm. Acesso em: 03 jul. 2012.
RESPOSTA: D
QUESTÃO 15 (Descritor: identificar em teorias filosóficas e científicas interpretações do mundo.)
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Filosofia Antiga Ética
Atente para o parágrafo em que Epicuro reflete sobre o tema da morte.

“O mais terrível de todos os males, a morte, não significa nada para nós, justamente porque quando estamos vivos, é a morte que não está presente; ao contrário, quando a morte está presente, nós é que não estamos. O sábio, porém, nem desdenha viver, nem teme deixar de viver; para ele, viver não é um fardo e não viver não é um mal.”
EPICURO. Carta sobre a felicidade (a Meneceu). Tradução: Álvoro Lorencini e Enzo Del Carratore. São Paulo: Editora UNESP, 2002. p. 29.

Epicuro compreende que a morte

(A)   coexiste simultaneamente com a vida, deve ser aceita sem temor.
(B)   deve ser temida, pois a vida é uma realidade muito frágil.
(C)   incentiva o homem a valorizar intensamente o curto espaço da vida.
(D)  significa nada, por que o homem sempre estará em lugar diferente dela.
(E)   significa uma realidade objetiva que deve ser respeitada.
Resposta: D

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magdalenaoakey disse...

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