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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O CONHECIMENTO FILOSÓFICO E A LÓGICA

A lógica (do grego logos, que significa palavra, pensamento, ideia, argumento, relato, razão lógica ou princípio lógico), é uma ciência de índole matemática e fortemente ligada à filosofia. O conhecimento filosófico é importante para nos fazer refletir, pensar, questionar. Mas para realizar essa tarefa é necessário lógica, uma maneira correta de raciocinar e pensar as coisas. Lógica é uma disciplina filosófica que significa a ciência do correto raciocinar. No pensamento muitas vezes o homem voa e até viaja na maionese. Por isso é necessário rigor para pensar de forma correta e coerente. O senso comum forma as nossas opiniões cotidianas, que são feitas a partir de nossas experiências diárias e sem base filosófica ou científica, e por isso, muitas vezes nos levam ao erro, aos enganos. Daí a necessidade do bom senso, a capacidade de julgar e refletir, para não aceitar como verdade algo que não possui sustentabilidade e coerência. A ideologia é a ciência que estuda as idéias. Existem idéias que são transmitidas e incutidas na mente das pessoas pelos meios de comunicação, que são propriedades dos detentores do poder econômico, formando assim um modo de pensar coletivo e mais ou menos uniforme. Essas idéias foram denominadas por Marx como ideologias, ou seja, idéias veiculadas para manter a estrutura vigente e solapar as aspirações por um mundo diferente, pois elas defendem a permanência do mundo tal como é. Por isso é importante o conhecimento discursivo, a capacidade de diálogo e discussão para derrubarmos tais ideologias. Precisamos conhecer para satisfazer a nossa curiosidade e também para mudar o mundo à nossa volta, torná-lo melhor. Os elementos que fundamentam um conhecimento verdadeiro são lançados pela lógica, para que possamos discernir o certo do errado, o verdadeiro do falso. Sem a lógica nossas idéias e argumentos não passariam de palavras ao vento, sem sentido e sem poder algum de mudar e transformar a realidade.

FILOSOFIA: DO CAOS À UNIDADE DAS COISAS

Em praticamente todas as religiões no princípio de tudo havia o caos, a desordem no universo. Daí veio Deus, ou os deuses e ordenaram o mundo e suscitaram nele a vida e tudo o mais que existe. Nos primórdios da filosofia não foi diferente. Os filósofos também acreditavam que no princípio o mundo era um caos que cedeu lugar ao cosmos (mundo ordenado) e que algum elemento foi responsável por essa façanha. Então se passou do caos à unidade das coisas, à ordem universal. Segundo Pitágoras e os pitagóricos, seus seguidores, o número foi o responsável por ordenar o mundo, dar regularidade às coisas. Eles disseram isso ao perceber que a natureza funcionava de forma regular, aritmética, e então defenderam tal tese. O uno e o múltiplo ordenaram todo o universo. Já para Heráclito, o fogo é o princípio de todas as coisas e na natureza tudo está em constante mudança, nada permanece o mesmo, e por isso é impossível entrar duas vezes no mesmo rio, porque na segunda vez nem você nem o rio será mais o mesmo, tudo mudou. O universo é um devir (movimento) constante. Heráclito defendeu essa tese ao perceber que tudo muda, que a natureza é inconstante como o fogo. Tudo passa. Já para Parmênides o que não existe é o movimento. Só o ser existe. O ser é e o não-ser não é. Tudo o que existe sempre existiu, pois o ser é único, eterno e imutável. O que percebemos como movimento não passa de mera ilusão dos nossos sentidos, que nos enganam. Não podemos confiar nos sentidos, pois estes volta e meia nos pregam peças. Acreditamos ouvir coisas que não foram ditas, vemos coisas que não eram tais como as vimos. O que existe é o ser, imutável e eterno, que não muda, permanece sempre o mesmo, pois se mudasse deixaria de ser o que é e conseqüentemente daria lugar ao não-ser, ao nada, que é impensável e logo inexistente. O não-ser não existe e, portanto, sequer pode ser pensado. O não-ser é o nada e o nada não existe nem no pensamento. Segundo Empédocles, o princípio de tudo são os quatro elementos: água, terra, ar e fogo. Da união e separação desses elementos surgem e desaparecem todas as coisas. O amor é o responsável pela união e geração dos elementos, enquanto o ódio é o culpado pela morte e destruição de tudo o que deixa de existir. O amor é então, junto com os quatro elementos, quem mantém o cosmos e a unidade das coisas. Demócrito defende o atomismo. É famoso por criar o conceito de átomo (aquilo que não pode ser dividido). Segundo esse filósofo grego, o princípio de tudo são os átomos, partículas invisíveis, minúsculas e indivisíveis, que estruturam e dão forma a toda realidade. Tudo é composto de átomos, da união e desagregação dos átomos surgem e são destruídas todas as coisas. De certa forma é assim que os filósofos tentam ordenar o mundo conforme seus respectivos pensamentos. Do caos incompreensível eles criam um cosmos capaz de ser compreendido pelo homem.

FILOSOFIA: O PRINCÍPIO DE TUDO

A filosofia, quando do seu nascimento, pensava sobre o princípio de todas as coisas. A pergunta mais feita pelos primeiros filósofos foi: Qual é o princípio de todas as coisas? Os gregos denominavam esse princípio como arché. Na mitologia grega, Cronos, o deus do tempo, era considerado um dos deuses primordiais. Mas os primeiros filósofos recusavam as explicações míticas e desejavam formular uma nova forma de saber, agora racional, crítica e independente da mitologia ou da religião. Os primeiros filósofos foram chamados de cosmólogos, pois pensavam sobre o universo e seu princípio, estudavam a origem da ordenação de todas as coisas. Eram chamados também de naturalistas, uma vez que buscavam na natureza o princípio de todas as coisas. Tales foi o primeiro filósofo segundo a tradição. Para ele o princípio de todas as coisas era a água. Disse isso por perceber que todas as coisas dependiam de alguma forma da água. Já para Anaximandro o princípio era o ápeiron ou o infinito. Segundo ele o princípio não poderia ser algo finito e material como queria Tales, mas algo infinito e ilimitado. Daí veio Anaxímenes e discordou de seus mestres e predecessores defendendo que o princípio era o ar, por acreditar que de alguma forma tudo dependia do ar. Esses foram os três filósofos de Mileto, que buscaram não mais na religião as respostas para o princípio de tudo, mas na própria razão. O princípio de tudo não era mais produto dos deuses, mas obra da natureza passível de conhecimento por parte do homem.

A QUESTÃO DOS HERÓIS

Herói é uma figura arquetípica que reúne em si os atributos necessários para superar de forma excepcional um determinado problema de dimensão épica. Do latim heros, o termo herói designa originalmente o protagonista de uma obra narrativa ou dramática.A questão dos heróis é algo que intriga o homem. Por que criamos heróis? Qual o sentido e a função da figura heróica? Desde tempos remotos o homem elege seres que ele mesmo trata com certa idolatria, vendo neles seres mágicos, dotados de poderes que os homens comuns não possuem. O que é ser um super-herói? Nos desenhos e estórias em quadrinhos os super-heróis geralmente possuem super-poderes, fazem coisas que os humanos comuns são incapazes de fazer. O super-herói é uma projeção do homem, que cria um ser capaz de fazer aquilo que ele não pode, para assim se realizar no ser idolatrado. Os heróis mudam com o passar do tempo. Na Grécia antiga Zeus, Aquiles e Ulisses eram os grandes heróis, que concretizaram os desejos e anseios do povo grego, extremamente ligado ao mito e suas narrações. Na Idade média os heróis eram outros, religiosos, seguidores do ideal cristão, que com seus milagres e sua capacidade de imitar o Cristo tornavam-se exemplos para o restante da cristandade. Na modernidade surge um novo tipo ou ideal de herói, o cientista, ser capaz de perscrutar os segredos da natureza. Mas em todos os tempos e lugares nossos heróis ainda são os mesmos. Não os mesmos personagens, nem as mesmas figuras, mas a mesma representatividade. Elegemos heróis que nos fazem acreditar que aquilo que confiamos e acreditamos é possível, desde que os imitemos ou neles nos espelhemos. Por que os super-heróis usam máscaras? Na antiguidade o uso de máscaras revelava um certo mistério. Aquele que da máscara se apossava ou dela se utilizava tornava-se como um Deus, um ser extraordinário. Isso é possível porque sua identidade se tornava velada, fazendo do usuário da máscara um ser desconhecido, dotado de uma misteriosidade instigante e fascinante. Daí para a atribuições de super poderes era uma questão de tempo. Esconder a identidade faz de nós seres incompreensíveis, inomináveis. Quem não nos reconhece, de nada pode nos acusar. A máscara, ao mesmo tempo que esconde a identidade, fornece poderes àquele que a utiliza. Essa é a função da máscara. No fundo todos temos um pouco de heróis, por conseguirmos diariamente vencer os desafios da existência sem desistir. Mas somos ao mesmo tempo vilões de nossa própria sorte, criando obstáculos para a nossa auto-realização. Nossos heróis dizem muito sobre quem somos. Aqueles que elegemos como nossos heróis e os idolatramos, representam, de certa forma, tudo aquilo que desejamos ser ou somos. O herói além de ser uma figura idolatrada é também sempre uma figura marginal, que precisa se esconder, ou que muitas vezes não consegue lidar com problemas pequenos da existência. Todo herói portanto, possui poderes especiais, mas também defeitos e problemas hilários. O herói não pode transitar livremente, por isso esconde sua identidade. Vive à margem da sociedade assim como a grande maioria da população que é obrigada diariamente a se virar nos 30 para sobreviver. Heróis não são somente as figuras fictícias que criamos, mas todos e cada um de nós. Principalmente aqueles que menos recursos possuem e que mesmo assim conseguem levar uma vida digna e lutar por um mundo melhor. A questão dos heróis revela muito de nós.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O DESTINO TRÁGICO DE TRISTÃO E ISOLDA

Os mitos e lendas antigas quase sempre retratam uma visão trágica que sempre cercou o mais nobre dos sentimentos humanos: o amor. Édipo, Tristão e Isolda, Romeu e Julieta. Será que estamos fadados à tragédia quando o assunto é amor? Ser feliz no amor será um mito, uma utopia? Ser feliz para sempre é coisa somente de contos de fadas? O destino trágico das estórias clássicas de amor revela uma visão pessimista em relação a este sentimento. Foram provavelmente escritos por pessoas que viveram desilusões amorosas. O caráter trágico é cercado por uma visão determinista, que vê no amor uma certeza de fracasso. Para resolvermos o problema levantado por essa questão é necessário começar fazendo uma distinção: amor é diferente de paixão. A paixão geralmente é sofrimento, um sentimento arrebatador, forte, intenso, que consome aquele que dela se enamora. Já o amor é doação, entrega e um sentimento mais tranquilo, pacífico, duradouro. É possível sentir os dois por uma mesma pessoa. Mas com o tempo a paixão irá perder a intensidade, pois esta é fogo e fogo consome, rapidamente se desvanece. O que tende a ficar é o amor, com a sua capacidade de entrega e doação, sua vontade de tornar o outro feliz. A paixão busca a própria satisfação, é como um brinquedo novo, que de tanto brincar enjoa. O amor permanece firme e intalterado, mesmo diante da não correspondência ou traição do ser amado, pois se satisfaz com a felicidade alheia e não com a própria. É importante cultivar ambos os sentimentos, pois ambos proporcionam prazer, sendo a paixão mais carnal, de satisfação mais sensível, enquanto o amor é mais espiritual e de satisfação mais consciente. A tragicidade do amor tanto escrita e narrada nos mitos, lendas e estórias e tão apreciadas por nós revela um lado nada agradável do ser humano, seu lado sado-masoquista. Sem ter consciência disso, provocamos a dor alheia, assim como buscamos o nosso próprio sofrimento. Quando tudo vai bem começamos a procurar chifres em cabeça de cavalos. É aí que começamos a estragar coisas lindas e que poderiam continuar lindas se não fôssemos tão ruins conosco mesmo. Para darmos fim às nossas tragédias amorosas é necessário disposição e consciência. Consciência que problemas existem para ser resolvidos. Disposição para superar obstáculos, porque tudo na vida é feito de obstáculos e barreiras que dependem de nossa disposição ou não para superá-los, para vencê-los, e poder dizer um dia que nossa história de amor não foi uma tragédia e sim, no mínimo, uma comédia romântica.

MITO, TRAGÉDIA E FILOSOFIA

Mito é toda narrativa que fala sobre as origens, o princípio de algo. Encontramos mitos em praticamente todas as religiões. É uma palavra de origem grega que quer dizer narração, conto. Os mitos gregos em sua grande maioria apresentam um caráter trágico, de um fatalismo fiel ao destino, é só recordarmos alguns como o mito de Édipo, Narciso e Sísifo. A tragédia é um conceito e uma concepção bastante presente na Grécia antiga. Os gregos acreditavam que a vida seguia um destino trágico determinado pelos deuses que teciam nossa existência. Nisto consistia a tragédia grega, na impossibilidade humana de determinar ou decidir sobre seu próprio destino, sua própria história. Nasce a filosofia e com ela a tentativa de superação dos mitos e da visão trágica da vida concebida pelos gregos. A filosofia como amor à sabedoria, buscava superar a visão mitológica do mundo que acreditava que tudo quanto existia era originado e determinado pelos deuses. A razão passou a ser o padrão usado para analisar o mundo à nossa volta e não mais a revelação divina. O mito ainda está presente em nossos dias, no mundo atual. Criamos e aceitamos diariamente mitos sem saber que se tratam na verdade de visões falseadas e maqueadas da realidade. O mito tem uma função, criar um interdito e manter a coesão social. Mas nem sempre é benéfico, podendo gerar preconceitos e intolerância. Ainda hoje encontramos visões mitológicas do mundo que muito prejudicam o desenvolvimento pleno do homem enquanto ser humano dotado de racionalidade e capacidade crítica. O mito no mundo de hoje serve para manter a situação vigente, o sistema mundo imperante, as regalias dos grandes e as penúrias dos pequenos. A consciência trágica que cerca o imaginário da humanidade deve ser superada por uma filosofia que busque trabalhar na perspectiva da superação das injustiças e desigualdades sustentadas pelos mitos de hoje. Não existe um destino cego ou ditado por divindades que faz o mundo ser tal qual é e sem probabilidades de mudanças. O homem é senhor de sua história e se o mundo é tal como é, isso se deve ao próprio homem, artífice de sua própria sorte. Se há tanto mal no mundo é porque a humanidade tem optado pelo mal. Cabe-nos escolher um caminho diferente, pois somos livres. Imaginação e fantasia, ambas utilizadas na produção dos mitos que muitas vezes escravizam o homem, devem ser usadas para reconstruir a história humana e fazer do mundo cada vez mais um lugar melhor de se viver, onde as injustiças e desigualdades não tenham voz e o amor e a fraternidade imperem nas relações tanto entre os homens quanto do homem para com a natureza. Em vez do mito a utopia, um lugar que ainda não existe, mas que poderá existir. Só depende de nós.