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sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

ESCLARECIMENTO

O nome do blog é professor caná e o link e professorcanah não por causa da cana, que muitos podem associar à bebida alcóolica e a seu consumo. Apesar de gostar muito de tomar as minhas cangibrinas, tudo com moderação, ou não, o blog possui esse nome, mas não com essa conotação. Explicar-me-ei: Quando criança eu adquiri, não sei de que forma nem por qual razão, apesar de já ter lido algo sobre, verrugas por todo o corpo. Uma delas se destacava no meu dedo médio. Era grande e redonda bem no meio superior do dedo, na junta mesmo. Um belo dia, quando brincávamos na rua, coisa comum naquela época e rara em nossos dias, um de meus amigos encontrou uma formiga Tanajura, cuja característica principal era a bunda grande e arredondada, por isso ainda hoje muitas mulheres são apelidadas de mulher tanajura quando possuem um traseiro avantajado, e engraçadinho como era o meu amigo, o mais corneteiro do bairro, associou a semelhança entre a bunda da formiga e a minha verruga, me apelidando assim de Canajura. Canajura porque erámos muito crianças ainda, e como toda criança não sabíamos pronunciar corretamente vários nomes. Inclusive verruga não era verruga pra nós e sim berruga. Daí pegou o apelido como canajura. Como todo apelido, este deveria ser menor e de mais fácil pronúncia. Abreviaram então meu apelido, que de canajura passou a ser caná. Engraçado foi que esse apelido passou a ser profético em minha vida, pois quando cresci fiquei conhecido entre a meninas como Tanajura, por ter um traseiro, segundo elas, avantajado para os padrões masculinos. Logo depois do apelido, ou sua abreviação, também se tornaram profecia em minha vida quando de meu ingresso no seminário. Passaram a associar caná, de canajura (Tanajura), à Caná da Galiléia, cidade onde Jesus teria feito o seu primeiro milagre, o da transformação da água em vinho. O que também demonstra outra coincidência ou profecia, pois este milagre trata justamente de bebida alcoólica, néctar que muito aprecio e que em nosso país é apelidado de cana, por ser aqui famosa a cachaça extraída da cana-de-açúcar, que desde cedo passou a ser cultivada em nosso país não só para a extração do açúcar tão apreciado pelos europeus, mas também pela bebida que dela se produzia. Taí a explicação para o nome do Blog. Este apelido me acompanha desde a mais tenra idade e meus amigos mais próximos sempre me tratam dessa forma. E eu continuo no aguardo para ver os desdobramentos deste apelido que tanto me acompanha em cada passo de minha existência. Obrigado a todos e espero ter esclarecido os curiosos.

Negros

Negros
Adriana Calcanhotto
Composição: Adriana Calcanhotto

O sol desbota as cores
O sol dá cor aos negros
O sol bate nos cheiros
O sol faz se deslocarem as sombras
A chuva cai sobre os telhados
Sobre as telhas
E dá sentido as goteiras
A chuva faz viverem as poças
E os negros recolhem as roupas
A música dos brancos é negra
A pele dos negros é negra
Os dentes dos negros são brancos
Os brancos são só brancos
Os negros são retintos
Os brancos têm culpa e castigo
E os negros têm os santos
Os negros na cozinha
Os brancos na sala
A valsa na camarinha
A salsa na senzala
A música dos brancos é negra
A pele dos negros é negra
Os dentes dos negros são brancos
Os brancos são só brancos
Os negros são azuis
Os brancos ficam vermelhos
E os negros não
Os negros ficam brancos de medo
Os negros são só negros
Os brancos são troianos
Os negros não são gregos
Os negros não são brancos
Os olhos dos negros são negros
Os olhos dos brancos podem ser negros
Os olhos, os zíperes, os pêlos
Os brancos, os negros e o desejo
A música dos brancos é negra
A pele dos negros é negra
Os dentes dos negros são brancos
A música dos brancos
A música dos pretos
A música da fala
A dança das ancas
O andar das mulatas
"O essa dona caminhando"
A música dos brancos é negra
Os dentes dos negros são brancos
A pele dos negros é negra
Lanço o meu olhar sobre o Brasil e não entendo nada

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

PENSANDO SOBRE A PLURALIDADE CULTURAL

É importante refletirmos sobre a pluralidade cultural. A variedade de culturas existentes entre os povos humanos é espantosa. É tão rica e marcante no homem que muitos nos definem como seres culturais, produtores de cultura. Cultura é tudo aquilo que nós produzimos enquanto humanos: costumes, tradições, religiões, utensílios etc... Toda cultura possui suas regras sociais e seus valores. Geralmente as regras são criadas para defender aquilo que é valorizado por determinada cultura. Valor é tudo aquilo que é importante e valorizado para algum povo ou cultura. Em nossa cultura a igualdade é um valor dos mais importantes. Todos somos iguais perante a lei, mas nem sempre essa igualdade é real, nem sempre ela sai do papel. A desigualdade social presente no mundo reflete a ambigüidade humana. Valorizamos a igualdade de direitos e deveres, mas aceitamos uma sociedade dividida em classes, desigual e injusta. As pessoas são diferentes, mas isso não justifica que uns tenham acesso a tudo de bom enquanto outros passam necessidades, não tendo sequer condições para sobreviver dignamente. A convivência social deve se dar num ambiente de respeito às diferenças e que busque garantir pelo menos o básico, senão o melhor, para todos. O ser humano só será plenamente humano quando aprender a conviver com a diversidade e encarar o outro não como um inimigo, concorrente, mas como um parceiro na construção de um mundo melhor e mais digno de se viver. A diferença enriquece, enobrece, e a intolerância empobrece e emburrece o homem. Não existe cultura superior ou inferior, existem culturas diferentes, que juntas enriquecem a experiência de ser humano.

O HOMEM É A MEDIDA DE TODAS AS COISAS

O homem é um ser que dá sentido ao mundo à sua volta, e por isso, mede todas as coisas segundo sua própria maneira de ver. A frase do título é atribuída a Protágoras, filósofo sofista grego, acusado de ser um relativista por defender essa posição. Mas o que ele queria dizer é que o homem é responsável por aquilo que cria e inventa. Não podemos dizer que aquilo que damos sentido é natural ou promulgado por Deus. O sentido está em quem dá sentido às coisas. O homem é um ser que pensa, deseja e se comunica de forma muito mais sofisticada do que qualquer outro animal ou ser conhecido. Com o advento dos computadores e o progresso científico o homem passou a ser considerado uma máquina que pensa. Os seres vivos são máquinas extremamente sofisticadas que o homem vive tentando imitar em seus ensaios e pesquisas científicas. Mas o cérebro humano supera em tudo os outros seres da natureza, pois consegue ser de uma complexidade ainda maior. O homem é chamado de animal racional por ser o único que consegue se manifestar e expressar de forma tão variada e rica. O pensamento, qualidade por excelência humana, é ainda um grande mistério para a ciência. Somos coisas pensantes, que pensam o seu próprio pensar. Somos medida de todas as coisas porque medimos todas as coisas segundo nossa próprias medidas.

PENSANDO SOBRE O PENSAR

O que é pensar? O que é o pensamento? O pensar e o pensamento são atividades cerebrais humanas que envolvem o aspecto físico e psíquico. O ser humano além de pensar, coisa que o distingue de todos os outros animais, pensa sobre seu próprio pensamento, busca definir a própria definição. Nós não nos contentamos com nossos pensamentos, mas queremos saber até porque pensamos. Somos intrinsecamente insatisfeitos. Nada nem ninguém consegue preencher nossos vazios, nossa incompletude. Daí a dificuldade para nos realizarmos. A filosofia tenta ser um alento para o desespero humano proveniente da falta de sentido encontrada pelo homem ao analisar sua própria existência. A filosofia é um pensar sobre o pensar. Segundo Aristóteles a filosofia é pensamento de pensamento. Vivemos pensando, sobre coisas conhecidas, desconhecidas, sonhamos, mas o mais importante é pensar por si mesmo. Esse é o início da liberdade, ser capaz de pensar livremente, de não ir pela cabeça dos outros, mas formar o próprio conhecimento e a própria opinião. Conhecer a si mesmo é outra coisa que a filosofia nos ensina. Saber seus limites e suas capacidades, além de procurar a sabedoria que habita dentro de nós, como dizia Sócrates. É bom lembrar também que a filosofia é um pensamento aberto, dinâmico, feito por pensadores e que ensina a ser crítico e questionador. Pensar sobre o pensar é libertar-se de preconceitos que diminuem o humano, é ser contra a exclusão, a dominação, exploração e buscar justiça, igualdade e dignidade para todos.