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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Quem será o filósofo?

Filósofo é um amigo do saber, amante do conhecimento. Nada lhe é inútil ou indigno de ser conhecido. Todo filósofo é uma criança, não no sentido da pureza ou da ingenuidade, até porque os filósofos não são nada puros ou ingênuos, pelo contrário, são indivíduos que questionam a pureza e buscam fugir da ingenuidade, mas que conservam o espírito curioso da criança, que tudo quer conhecer, de tudo quer saber o porquê. A curiosidade, a dúvida em relação às coisas e ao mundo é então o que ambos têm em comum, filósofos e crianças. Alguns sentimentos são companheiros fiéis de todo filósofo: admiração, espanto, dúvida, angústia, alegria, tristeza, solidão. O filósofo admira-se diante do mundo, se espanta com as coisas à sua volta, duvida de suas certezas, se angústia com sua própria existência, se alegra com a tristeza, fica triste com a alegria, é um ser contraditório, solitário, pois muitas vezes é incompreendido. Não é um sábio, nem dono do saber, mas é alguém extremamente preocupado com o conhecimento e a verdade sobre as coisas, mas não aceita as respostas facilmente, busca sempre a razão ou as razões de tudo. Já o sábio é aquele que acredita saber tudo, ter todas as respostas, e por isso quer ditar os rumos da história, das pessoas. O filósofo discorda do sábio e de seu pretenso saber, geralmente baseado na religião ou nas revelações religiosas.

Quem será o filósofo?

Quem faz história é historiador, quem faz geografia é geógrafo, quem faz teologia é teólogo, quem faz filosofia é... Se enganou quem pensou que a lógica seria a mesma para a filosofia. Como disciplina questionadora, até quando o assunto é quem será o filósofo, temos dúvidas e questões a pensar e responder. Para os filósofos, que fazem filosofia, só pode ser considerado filósofo aquele que é reconhecido como tal pela sociedade ou comunidade filosófica. Então isso quer dizer que aquele que forma ou faz faculdade de filosofia não se tornará exatamente um filósofo, mas um professor ou pesquisador de filosofia. Só será reconhecido ou admitido entre o seleto clube de filósofos aquele que criar uma teoria ou um conceito original, diferente de todos os que o antecederam ou precederam. Ser filósofo então não é algo tão simples, mas coisa pra poucos. Isso se tomarmos como referência a filosofia tradicional, européia, dominadora, excludente. Essa filosofia é uma filosofia de elite, pra elite e com a elite. Não liberta o homem, mas o domina, o coloca sob o jugo do pensamento europeu e suas teorias da dominação. Inclusive tal elite ainda não reconhece o pensamento e filosofia produzida na periferia do mundo. A tem como ingênua produção de idéias primitivas. Mas um novo movimento filosófico gestado na periferia do mundo está tentando democratizar a filosofia e torná-la acessível para as pessoas comuns. Esse movimento é denominado filosofia da libertação, que visa libertar-nos da dominação filosófica euro-norte-americana e produzir um pensamento, teorias e conceitos próprios da periferia e dos povos marginalizados. O filósofo segundo a tradição elitista é um ser anacrônico, solitário, prolixo. Mas o novo modelo que se quer propor é mais acessível, dedicado às questões do nosso tempo, aos nossos problemas, com forte sentido de comunidade, que visa falar a língua e a linguagem do povo, popular, para tratar das questões da população, preferencialmente os excluídos e marginalizados, condenados à pobreza, à miséria, à falta de moradia, educação e saúde. Este novo ideal de filósofo é o que se faz urgente para a nossa realidade. Ele busca o reconhecimento de sua alteridade para debater e decidir os rumos do planeta, pois é também dele habitante.

Filosofia, o que é isso afinal?

Filosofia é amor à sabedoria, amizade pelo conhecimento. Filosofia é fazer perguntas, filosofar é questionar, não aceitar as coisas como são ou como estão, mas inquiri-las para descobrir suas razões. A filosofia nasceu do espanto, da admiração diante do desconhecido. O filósofo se admira com as coisas, mesmo aquelas comuns, profanadas pelo dia-a-dia. Ser filósofo é espantar-se com o mundo a sua volta, não deixar nada passar batido, não tomar nada como já conhecido ou sem inspiração para se conhecer. Tudo vale a pena ser pesquisado, estudado, conhecido, e nada é tal como vemos, sentimos e escutamos, é sempre mais, muito mais. Você e a filosofia possuem muitas coisas em comum, mas infelizmente vivemos num mundo que amortece e adormece nosso espírito filosófico. A curiosidade, sentimento comum a todos nós seres humanos, vai aos poucos sendo escamoteada, deixada de lado, em troca de certezas incertas, verdades mentirosas e realidades irreais. A criança vive perguntando o porque de tudo, mas sempre ouve dos adultos que tudo é assim porque tem que ser assim e sempre será assim. Isso não é verdade! O mundo não tem que ser assim e nem será sempre assim. Aprendemos isso com a filosofia, que desmonta os mitos antigos e modernos, que escondem do homem seu espírito inquisidor. Quem é você? Pergunta tão simples, que as vezes parece óbvia, mas a obviedade é criação dos sem criatividade que preferem viver num mundo de coisas certas e claras. Mas responder a essa questão não nos dará certeza nem clareza sobre quem somos, ou quem eu sou, ou que é o outro. Há muito de nós, do mundo, do outro que desconhecemos e isso dificulta demais uma resposta cabal ou satisfatória para essa questão. Quem sou eu? Por que eu existo? Para que eu existo? Quem é você, que lê este texto? O que é este blog? Qual a finalidade de tudo isto? Responda se puder!!!

Filosofia, o que é isso afinal?

Definir a filosofia é uma tarefa árdua, quase impossível podemos dizer. Vários filósofos tentaram dar uma definição, mas nenhum deles conseguiu dar conta de toda a complexidade da matéria em questão. O máximo que conseguiram foram apontar direções e definições incompletas sobre tal disciplina. A palavra filosofia é de origem grega, quer dizer amor à sabedoria, e segundo a tradição foi usada pela primeira vez pelo filósofo e matemático Pitágoras. Segundo esse pensador, aqueles que cultivavam o novo saber não eram como os antigos, que se consideravam sábios, detentores de toda sabedoria e de todas as respostas, como se fossem deuses. Os filósofos tinham uma postura diferente em relação ao conhecimento, eram amantes do saber, mas não donos da verdade. Viviam em busca do conhecimento, mas jamais em posse dele. A filosofia nasce na Grécia antiga, por volta do século VI a.c, e procura lidar com as questões humanas de forma diferente da religião, começa a buscar as respostas não mais nas reveleções divinas, mas na própria razão humana. É considerado o primeiro filósofo Tales de Mileto que também foi matemático e dizem ter previsto com exatidão um eclipse através de suas pesquisas astronômicas e sua destreza com os números. O que o diferencia de seus predecessores e o faz fundador da nova disciplina é sua atitude em relação ao princípio de todas as coisas. Para os antigos e suas religiões Deus ou os deuses eram o(s) princípio(s) de tudo quanto existia e isso havia sido revelado pela(s) própria(s) divindade (s). Tales é então o primeiro a questionar os mitos religiosos e bancar um outro princípío, natural e obtido por meio racional. Para Tales o princípio de todas as coisas era a água e tudo quanto existe dela deriva ou dela depende. Ele disse isso ao perceber que as coisas possuem água em sua composição, que o líquido está disseminado na natureza. Portanto, nada mais racional do que a água para ser o princípio de tudo. Filosofia é a ciência que estuda as causas primeiras, a origem, e últimas, a finalidade, de todas as coisas. É um saber racional, que busca por meio da razão conhecer a verdade sobre tudo.