FILOSOFIA MODERNA: René Descartes: o
Racionalismo, o Método e as Ideias Inatas
MÓDULO 2
Bloco 01
#PARA COMEÇAR
#QUESTÕES FILOSÓFICAS
Qual é a realidade fundamental
das coisas? Qual é o lugar do ser humano no universo? Quais são as bases de um
conhecimento seguro? Deus é imanente ou transcendente?
NOVA CIÊNCIA E RACIONALISMO
A partir da modernidade uma NOVA
CIÊNCIA emerge dos escombros do medievo. Um conhecimento agora que se
fundamenta não mais na fé, e sim na razão e que não é só contemplativo, mas
prático e empírico. É nesse contexto que se desenvolverá o RACIONALISMO (o
conhecimento vem da razão) moderno.
IDADE MODERNA
Na IDADE MODERNA ocorreu A
REVALORIZAÇÃO DO SER HUMANO E DA NATUREZA, que haviam sido deixados à parte na
IDADE MÉDIA, que privilegiou o conhecimento de DEUS e da realidade espiritual.
Em tal contexto se desenvolve também a transição do FEUDALISMO (regime
econômico predominantemente rural) para o CAPITALISMO (regime econômico
predominantemente urbano), com o despertar do COMÉRCIO, a descoberta de novas
ROTAS COMERCIAIS, a preponderância do CAPITAL COMERCIAL e a ascensão da
BURGUESIA (classe subserviente durante o FEUDALISMO). A nobreza começa a tomar
as rédeas do poder, através dos reis, antes pertencente à IGREJA e ao clero, e
começa a se formar os primeiros ESTADOS NACIONAIS MODERNOS, fruto da unificação
de antigos e pequenos reinos feudais. O ABSOLUTISMO (poder absoluto concentrado
nas mãos dos reis) é a forma característica deste primeiro momento, com o
MERCANTILISMO (prática mercantil de controle sobre o comércio por parte das
famílias reais), as GRANDES NAVEGAÇÕES e a EXPANSÃO COMERCIAL-MARÍTIMA, após a
descoberta do NOVO MUNDO e a colonização das AMÉRICAS. A religião também sofre
transformações e o predomínio medieval da IGREJA CATÓLICA começa a se arrefecer
diante da REFORMA PROTESTANTE. O HUMANISMO (antropocentrismo=antropo+centrismo=ser humano no centro) emerge como ideologia que substitui
o teocentrismo (Téo=DEUS+centrismo=centro)
medieval. Uma nova CIÊNCIA NATURAL será moldada a partir das descobertas
astronômicas. O desenvolvimento da IMPRENSA, com GUTEMBERG, proporcionou a
popularização de obras escritas antes monopolizadas pela IGREJA, e trancada nos
mosteiros (onde os monges copistas reproduziam à mão as grandes obras da
antiguidade clássica e do período medieval). O RACIONALISMO acentuará a
transição da visão TEOCÊNTRICA para a ANTROPOCÊNTRICA e a ascensão de uma
FILOSOFIA LAICA (desvinculada da religião).
RENASCIMENTO
Foi o renascer da cultura
clássica (Greco-romana) durante o início da modernidade. Influenciou e foi
influenciado pelo HUMANISMO e exaltou a RAZÃO e a LIBERDADE humana. Ao
incentivar uma MENTALIDADE RACIONALISTA, acabou favorecendo o espírito
científico no século XVII. O grande lema era: PREVER para PROVER.
AMEAÇAS À NOVA MENTALIDADE
A IGREJA, instituição mais
prejudicada com todo este movimento, não se aquartelou, mas partiu para cima
daqueles que ousavam questionar seus dogmas. A INQUISIÇÃO (tribunal criado na
IDADE MÉDIA para perseguir hereges) continuou a agir com o intuito de reprimir
toda e qualquer manifestação contrária aos interesses de ROMA.
TEORIA HELIOCÊNTRICA
O GEOCENTRISMO (geo=terra+centrismo=centro) se tornou cada dia mais difícil de ser
referendado pelas novas descobertas da astronomia, principalmente a partir de
NICOLAU COPÉRNICO (1473-1543), que desenvolveu o que depois foi denominado de
revolução copernicana, que veio, através da TEORIA HELIOCÊNTRICA
(hélio=sol+cêntrica=centro), substituir o GEOCENTRISMO antigo de PTOLOMEU e
fundamentado em passagens da BÍBLIA. GIORDANO BRUNO foi outro grande pensador deste
período a ser perseguido pela IGREJA (assim como GALILEU, mas com destino
diferente). Acusado de PANTEÍSMO (pan=tudo+teísmo=DEUS) e de defender a visão
HELIOCÊNTRICA, além de afirmar que o universo era infinito e o nosso sol era só
um entre inúmeros sóis no espaço, acabou morto na fogueira (espetáculo comum e
público na IDADE MÉDIA, onde bruxas, homossexuais e hereges eram supliciados
aos domingos, antes da MISSA sagrada). A TERRA como antigo centro referencial
da criação bíblica deixou seu status com a PERDA DO PONTO FIXO universal.
RAZÃO E EXPERIÊNCIA
RAZÃO E EXPERIÊNCIA passam a
formar AS BASES DA CIÊNCIA MODERNA, fundamentada num saber racional, que havia
sido inaugurado pelos gregos na antiguidade, através do conceito de COSMO
(universo ordenado), mas que perdeu força diante do FIDEÍSMO (a fé como fonte
de saber, conhecimento e salvação) medieval. O ser humano, obra prima da
criação divina segundo a BÍBLIA, perde seu lugar e status no universo. Tal
contexto propiciará a emergência de PROBLEMAS E CONCEITOS FUNDAMENTAIS para a
filosofia moderna.
A BUSCA DE UM PONTO FIXO
Depois que a TERRA deixou de ser
o centro do universo, com as descobertas científicas, a noção de espaço
HIERARQUIZADO aristotélico (a progressão da hierarquia ia dos minerais – mais
inferiores-, passando pelos vegetais, seres humanos, esferas celestes, até o
primeiro motor imóvel – entidade suprema) também caiu em desuso, dando origem à
visão do espaço HOMOGÊNO (todo igual e importante em qualquer de suas partes).
Não há PONTO FIXO de onde se possa extrair uma hierarquização. O ser humano
encontra então EM SI MESMO, na sua RAZÃO, sua própria razão de ser (visão
ANTROPOCÊNTRICA).
O MUNDO COMO REPRESENTAÇÃO
A visão realista (o mundo se
apresenta tal como é à mente humana), predominante da IDADE MÉDIA, cede lugar
para a visão de que a realidade é REPRESENTADA pela mente, ou seja, o que
chamamos de real, nada mais é que REPRESENTAÇÃO da consciência humana, uma
IMAGEM, um OUTRO mundo, uma outra realidade elucubrada pelo homem. É através
desta visão representativa do real que a ciência moderna privilegiará as
RELAÇÕES MATEMÁTICO-GEOMÉTRICAS para explicar a natureza.
GRANDE RACIONALISMO
Para o GRANDE RACIONALISMO O
CONHECIMENTO PARTE DA RAZÃO, ou seja, tudo que conhecemos, só o conhecemos
graças à racionalidade.
RENÉ DESCARTES (1596-1650)
Francês de LA HAYE e filho de uma
próspera família burguesa.
DÚVIDA METÓDICA
Segundo a teoria cartesiana, a
DÚVIDA é o caminho certo (método) para se chegar a um conhecimento seguro. É
uma dúvida HIPERBÓLICA (exagerada), pois chega a duvidar da própria existência,
começando pelos sentidos, passando pelos conhecimentos e saberes adquiridos
desde a mais tenra infância, por familiares, amigos e professores, até o
postulado da existência como um sonho ou ilusão produzido por um deus ou
demônio. É também uma dúvida PROVISÓRIA, pois não é o objetivo final do método.
Até que chega a uma intuição indubitável (firme, certa e segura): COGITO, ERGO
SUM (ou: penso, logo sou, existo). Tal é o PRINCÍPIO BÁSICO de sua filosofia,
pois a única coisa impossível de se duvidar é o pensamento, pois duvidando já
se está pensando. O PENSAMENTO é, portanto, a garantia da própria existência e
a coisa mais real que podemos perceber. Tudo mais é duvidoso.
DUALISMO
No mundo se destaca duas SUBSTÂNCIAS
que podem ser percebidas pelo ser humano: a SUBSTÂNCIA PENSANTE (res cogitans = coisa pensante) e a
SUBSTÂNCIA EXTENSA (res extensa =
coisa material, corpórea). Postulou também a existência de uma SUBSTÂNCIA
INFINITA (res infinita = coisa sem
fim), que seria DEUS, fundamento de toda e qualquer substância existente. O
DEUS cartesiano é TRANSCENDENTE (está fora do mundo e não atua sobre o mesmo,
apesar de ser o seu CRIADOR).
IDEALISMO
Sua concepção IDEALISTA refere-se
tanto à sua ontologia (ontos=ser+logia=estudo) quanto à sua epistemologia
(episteme=ciência+logia=estudo). Tudo que percebemos são
idéias, ou seja, o pensamento é a coisa mais real que há.
RACIONALISMO
Era um RACIONALISTA ortodoxo. A
fonte e a origem do conhecimento para DESCARTES era a razão. A matemática e a
geometria são as mais altas expressões da razão humana. Foi o inventor da
GEOMETRIA ANALÍTICA e das COORDENADAS CARTESIANAS.
MÉTODO CARTESIANO
Todo conhecimento deve passar
pelo crivo do MÉTODO CARTESIANO, que funciona segundo as seguintes REGRAS:
REGRA DA EVIDÊNCIA – Só admitir como objeto do conhecimento algo evidente, que
possui como característica a CLAREZA e DISTINÇÃO. Postulou a existência de
IDEIAS INATAS (com as quais nascemos); REGRA DA ANÁLISE – Dividir o objeto de
estudo em quantas PARTES forem possíveis e necessárias para se conhecer cada
minúcia; REGRA DA SÍNTESE – Juntar todas as partes divididas pela análise e
observar como elas funcionam no todo, juntas; REGRA DA ENUMERAÇÃO (REVISÃO) –
Verificar e enumerar todos os dados obtidos nos processos anteriores e rever
todos os processos com o intuito de analisar se não houve falhas ou lapsos
durantes os procedimentos.
A TEORIA DAS IDEIAS: ADVENTÍCIAS,
FICTÍCIAS E INATAS
Há três tipos de idéias:
adventícias (que tem como origem os sentidos, pois são nossas percepções
sensoriais de visão, audição, olfato, paladar e tato, como a idéia de cavalo e
de pássaro); fictícias (inventadas pela mente através das idéias adventícias,
como a idéia de pégaso, o mitológico cavalo alado, que é fruto da junção de
duas idéias adventícias – a de cavalo e a de asas); inatas (que nascemos com
elas, pois não advieram dos sentidos, nem muito menos são ficcionais ou
inventadas através da junção de ideias sensoriais e adventícias, como as ideias
de DEUS, INFINITO, PERFEIÇÃO, e a própria matemática e a geometria com suas
formas lógicas presentes na alma humana desde o nascimento). As ideias mais
elevadas são as inatas, pois foram colocadas na alma humana desde o início pelo
próprio DEUS com a finalidade de nos ajudar a chegar à verdade e ao
conhecimento verdadeiro sobre a realidade que nos cerca. As ideias mais
inferiores são as que surgem a partir dos sentidos, que são fontes extremamente
suspeitas e enganosas de conhecimento. As fictícias como ideias de imaginação,
devem ser reconhecidas como tal, inventadas, e jamais serem tomadas como ideias
reais.
HERANÇA CARTESIANA
O pensamento de DESCARTES
influenciou toda uma geração posterior de pensadores, que com ele ou contra ele
se posicionaram.
BARUCH ESPINOSA (1632-1677)
Desenvolveu um RACIONALISMO
RADICAL, com uma forte CRÍTICA ÀS SUPERSTIÇÕES religiosas, políticas e
filosóficas. Seu pensamento tendeu para um PANTEÍSMO, visão que via na
realidade a manifestação e expressão de DEUS. Toda superstição é fruto da
IMAGINAÇÃO que nos faz acreditar num DEUS TRANSCENDENTE E VOLUNTARIOSO. Sua
principal obra é a ÉTICA, uma DEMONSTRAÇÃO GEOMÉTRICA da natureza racional de
DEUS. DEUS SIVE NATURA (ou seja, DEUS é a natureza). DEUS e natureza se
confundem e são uma única e mesma realidade. DEUS é IMANENTE (está no mundo e
se resume no mesmo).
MONISMO ESPINOSANO
Assim como DESCARTES trabalhou
com o conceito de SUBSTÂNCIA, mas numa vertente diferente, vendo na realidade a
existência de um único substrato para o universo. SUBSTÂNCIA é AQUILO QUE NÃO
PRECISA DE NADA FORA DE SI MESMO PARA EXISTIR. Somente a TOTALIDADE DAS COISAS
pode ser causa de si e independente de tudo o mais, enquanto as partes são
modos e atributos da SUBSTÂNCIA ÚNICA. A TOTALIDADE DE TUDO É UMA ÚNICA
SUBSTÂNCIA, daí sua concepção MONISTA (do grego mono=um). DEUS É INFINITO, portanto a natureza também. INFINITUDE é
um atributo DIVINO. DEUS É como a versão bíblica no tetragrama YHWH (JEOVÁ,
JAVÉ OU IAVÉ, dependendo da tradução, que significa: EU SOU AQUELE QUE SOU, ou
simplesmente EU SOU).
DEUS IMANENTE
Tudo que existe são EFEITOS da
potência criadora infinita de DEUS (ou melhor, MODOS DA SUBSTÂNCIA, que é
DEUS). Podemos compreender DEUS ou a NATUREZA sob dois aspectos: NATUREZA
NATURANTE, que são os atributos do poder infinito causador da realidade e;
NATUREZA NATURADA, que são os modos, ou efeitos, de como DEUS se manifesta no
universo. DEUS = NATUREZA seria a IDEIA ADEQUADA de DEUS. Tudo o que existe é
NECESSÁRIO, ou seja, é assim e não pode ser de outra maneira, porque faz parte
do plano racional de DEUS que é a natureza. Não há espaço para acaso ou
liberdade no pensamento. Liberdade, neste contexto, seria a consciência da
necessidade universal.
UNIÃO CORPO E ALMA
O corpo e alma são dois MODOS
DISTINTOS de uma única e mesma substância que é DEUS ou a natureza. NÃO há uma
RELAÇÃO HIERÁRQUICA (onde um teria supremacia sobre o outro) entre corpo e
alma. Rompe assim com longa tradição cultivada desde PLATÃO, que considerava a
alma a parte superior e mais nobre do ser humano.
PASCAL: UM PENSADOR CONTRA A
CORRENTE
BLAISE PASCAL (1623-1662) foi um
filósofo original. Nascido numa cultura racionalista, mas ao mesmo tempo
atormentada pela derrocada da religião, acabou sendo influenciado por tal
contexto. Foi um racionalista em matéria de ciência, mas apontou para os
limites da razão. Uma frase sua ilustra bem sua descrença com o poder da razão
de tudo explicar: “O coração tem razões que a própria razão desconhece.” A
razão humana também é impotente para conhecer ou provar a existência de DEUS,
sendo necessária a concorrência da FÉ. A ESSÊNCIA DO SER HUMANO não é sua razão
exclusivamente. O homem, miserável e excelso ao mesmo tempo, frágil e poderoso,
é um poço de contradições e um ser que não se resume à racionalidade, mas que
também é composto de sentimentos, em especial o mais nobre dos sentimentos que
é a fé. Criticou o DEUS DOS FILÓSOFOS, estritamente racional e que não fala a
língua sentimental do coração, que segundo PASCAL seria a verdadeira linguagem
DIVINA.
#ANÁLISE E ENTENDIMENTO
Quais eram os valores dominantes
na IDADE MÉDIA? Quais eram os valores, atitudes e características da
mentalidade da IDADE MODERNA? Como se expressou a revalorização do ser humano e
da natureza no campo do pensamento durante o RENASCIMENTO? Qual foi a novidade
trazida pelo modelo cosmológico de NICOLAU COPÉRNICO? Que descontentamento
causou entre a comunidade eclesiástica? O que a concepção de espaço infinito
provocou nos pensadores modernos? Em que consistiu a dúvida metódica de
DESCARTES? Qual era o seu objetivo ao aplicá-la? O que foi o cogito e qual foi
o seu corolário (conseqüência lógica, necessária) mais imediato? Que regras
propõe DESCARTES para dirigir o espírito na busca da verdade? O que diferencia
as superstições religiosas da ideia correta de DEUS, segundo a concepção de
ESPINOSA? Como ESPINOSA entende a SUBSTÂNCIA? Quais são os dois aspectos pelos
quais DEUS pode ser compreendido? Como ESPINOSA entende o ser humano no
contexto da sua ontologia? Qual DEUS é mais verossímil para você: o de ESPINOSA
ou o de PASCAL? Por que se diz que PASCAL foi um filósofo contra a corrente?
#CONVERSA FILOSÓFICA
O ser humano é essencialmente
razão? Como você a vê a si mesmo e às pessoas que conhece? São mais razão ou
emoção? O que quer dizer a expressão DEUS DOS FILÓSOFOS? Por que PASCAL critica
o DEUS DOS FILÓSOFOS?
#CONECTADO
O Racionalismo Descartes
Aula 17 - Filosofia - René Descartes
01 - Filosofia (René Descartes) - aula 01
Filosofia - Aula 13 - Conceitos Cartesianos (René Descartes)
Descartes
Descartes - Filme Completo
#EXERCÍCIOS
QUESTÃO 1 (Habilidade: Inferir
o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Fácil.
Assunto: Uma nova visão de
mundo.
A
passagem da ciência medieval para a modernidade ocorreu com o Renascimento.
Esse movimento, que teve início na Itália no século XV, trouxe uma nova
concepção para as artes e a ciência, gerando uma nova compreensão sobre o
Universo e o papel do homem. Vários pensadores, como Nicolau Copérnico, falavam
de suas teorias como hipóteses, para fugir da rejeição e perseguição da Igreja
Católica através da Inquisição.
AMORIM, Maria de Fátima. Filosofia. Ensino Médio. v. 2. Belo Horizonte:
Educacional, 2013.
Assim,
Copérnico simplifica o sistema astronômico medieval baseado na teoria de
(A)
Aristóteles.
(B) Galileu.
(C) Giordano Bruno.
(D) Kepler.
(E) Ptolomeu.
GABARITO: E
Comentário:
A teoria do Heliocentrismo, de
Copérnico, que colocou o Sol como o
centro do Sistema Solar, contrariou a Teoria Geocêntrica vigente à época (que considerava a Terra como o centro), é considerada como uma das
mais importantes hipóteses científicas de todos os tempos, tendo constituído o
ponto de partida da astronomia moderna.
QUESTÃO 2 (Habilidade:.Articular conhecimentos filosóficos e diferentes
conteúdos nas artes.)
Nível de
dificuldade: Médio.
Assunto: A
dessacralização dos corpos.
Feto no útero, 1492 Da Vinci, Homem
vitruviano, 1490, Da Vinci Lições de anatomia, 1632, Rembrandt
O Renascimento, marcado como o período de renovação da ciência,
reativou a busca pelo conhecimento e engrenou os estudos da anatomia humana,
centralizando o interesse nos métodos e técnicas de dissecação em lugar de
avançar no conhecimento do corpo humano.
AMORIM, Maria de Fátima. Filosofia. Ensino Médio. v.
2. Belo Horizonte: Educacional, 2013.
Esse interesse pelos estudos de
anatomia no período nos mostra que, ao estudar o corpo, percebe-se sua plasticidade ao
ser referente em diferentes contextos e produções discursivas como a religião,
a arte, a política. Essa constatação nos leva a concluir
(A) a impossibilidade de
uma explicação totalizante do corpo.
(B) a metáfora para
delimitar o que é normal e o que está fora do padrão nas sociedades.
(C) a pressão da Igreja Cristã como estagnadora das atividades
médicas no período.
(D) a visão naturalizada
do corpo humano visto apenas como objeto.
(E) o corpo como um objeto histórico pensado e construído socialmente.
GABARITO: E
Comentário: O corpo humano não é um dado
eterno e imutável. Cada época lhe atribui um significado, constrói e o
reconstrói, o decora e o desvela. Mas, também, o destrói, o deforma e o mutila.
Isso significa que os modos de utilizar e de dispor do corpo refletem as normas
e os valores da dinâmica cultural da sociedade em questão; e isso de estudar o
corpo não pode ser feito sem levar em conta os códigos sociais, as concepções
de higiene, a arte, a poesia. Ou seja, o corpo possui também uma dimensão
política, como bem o mostra Foucault em sua História da sexualidade.
QUESTÃO 3 (Habilidade: Articular conhecimentos
filosóficos e diferentes formas de linguagem.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: A Revolução Científica.
Do ponto de vista da ciência, as imagens expressam uma mudança na
concepção de mundo no período renascentista, determinante na eclosão da Revolução
Científica do século XVII, simbolizando a passagem
(A) do geocentrismo ao
antropocentrismo.
(B) do geocentrismo ao
heliocentrismo.
(C) do geocentrismo ao
humanismo.
(D) do heliocentrismo ao
geocentrismo.
(E) do heliocentrismo ao
humanismo.
GABARITO: B
Comentário: A primeira imagem mostra o
geocentrismo (a terra no centro) e a segunda representa o heliocentrisno (o sol
no centro).
QUESTÃO 4 (Habilidade: Articular conhecimentos filosóficos e diferentes
formas de linguagem.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: A Revolução
Científica.
No decurso do tempo, a humanidade teve de agüentar, das mãos da ciência,
duas grandes ofensas a seu ingênuo amor-próprio. A primeira foi quando percebeu
que a terra não era o centro do universo, mas apenas um pontinho num sistema de
magnitude dificilmente compreensível. A segunda, foi quando a pesquisa
biológica roubou-lhe o privilégio de ter sido criado especialmente, e relegou o
homem a um descendente do mundo animal.
FREUD, Sigmund. O mal estar na civilização.
Tradução de J. Abreu. São Paulo:
Abril Cultural, 1978.
Para Freud,
o movimento que vai do teocentrismo ao antropocentrismo se dá através de um
tipo de
(A) animalização do
homem.
(B) biologização do
homem.
(C) centramento do homem.
(D) descentramento do
homem.
(E) objetivação do homem.
GABARITO: D
Comentário: O texto fala do
antropocentrismo e do consequente descentramento do homem, devido à perda de status como centro do conhecimento.
Tanto o heliocentrismo, retirando a terra do centro, quanto a pesquisa
biológica contribuíram para esse descentramento, pois diminuem a importância do
homem perante o universo.
QUESTÃO 5 (Habilidade: Ler textos filosóficos de modo
significativo e inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Revolução Científica.
[...] ao pensar comigo mesmo, como aqueles
que afirmam ser confirmada pelo julgamento de muitos séculos, a opinião de que
a terra está imóvel no meio do céu e aí está colocada servindo-lhe de centro,
haviam de considerar uma cantilena absurda defender eu, pelo contrário, que é a
terra que se move; hesitei comigo durante muito tempo se havia de dar lume a meus
comentários escritos para a demonstração desse movimento.
COPÉRNICO,
Nicolau. As Revoluções dos Orbes Celestes. p. 5.
O texto se refere à
seguinte teoria:
(A) Androcentrismo.
(B) Antropocentrismo.
(C) Geocentrismo.
(D) Heliocentrismo.
(E) Teocentrismo.
GABARITO: D
Comentário: O texto é uma definição de
heliocentrismo.
QUESTÃO 6 (Habilidade: Ler textos filosóficos de modo
significativo e inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: O racionalismo de
René Descartes.
[...] Enquanto queria pensar
que tudo era falso, era preciso, necessariamente, que eu, que tinha tal
pensamento, fosse alguma coisa; e, observando que essa verdade “Penso, logo
existo” (Cogito ergo sum) era tão
sólida e tão certa, que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não
eram capazes de derrubá-la, considerei que podia recebê-la sem escrúpulo como
primeiro princípio da filosofia que eu procurava.
DESCARTES, René. Meditações metafísicas. São Paulo: Abril
Cultural, 1973. (Os pensadores)
Em
relação ao conhecimento, podemos atribuir a Descartes o seguinte argumento:(A) A essência do homem consiste na experiência humana sensível justificada pela razão.
(B) A hegemonia da razão sobre os instintos e as paixões, é fundamento da moral cartesiana.
(C) A ideia de que Deus não existe; se existisse, teríamos a ideia de perfeição que existe nele.
(D) A objetividade e seus recursos são os fundamentos que alicerçam o conhecimento humano.
(E) O único conhecimento válido é o que se encontra inato na alma e não provém dos sentidos.
GABARITO: E
Comentário: Para Descartes, o único
conhecimento válido é o que se encontra intacto na alma e não provém dos
sentidos, contrariando todas as outras alternativas.
QUESTÃO 7 (Habilidade: Inferir o que foi apropriado de modo
reflexivo.)
Nível de dificuldade: Fácil.
Assunto: Racionalismo.
O ato de
conhecer resulta de uma operação racional, estando a realidade no universo das
idéias, de modo que o conhecimento é criação do ser pensante e nele se esgota,
e nada existe fora do pensamento, sendo o conhecimento regido por princípios
universais, necessários e imutáveis, válidos para todos os homens em todo tempo
e lugar.
AMORIM,
Maria de Fátima. Filosofia. Ensino Médio. v. 2. Belo Horizonte:
Educacional, 2013.
O
texto se refere à concepção de conhecimento conhecida como
(A) criticismo.
(B) empirismo.
(C) fenomenologia.
(D) idealismo.
(E) racionalismo.
GABARITO: E
Comentário: O texto é uma definição de
racionalismo.
QUESTÃO 8
Habilidade:Relacionar uma imagem a um
contexto histórico.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Renascimento
MICHELANGELO.
A Criação de Adão. 1511, Capela Sistina.
A
pintura de Michelângelo expressa, no contexto do Renascimento
A)
Uma
nova concepção da relação do homem com Deus.
B)
uma
divinização do homem, que alcança a condição divina.
C)
uma
superioridade do homem em relação a Deus.
D)
o
homem se separando física e espiritualmente de Deus.
E)
ohomem
permitindo-se à submissão a Deus.
RESPOSTA: A
COMENTÁRIO: A imagem
mostra o contato do homem com Deus, este contato demonstra a ruptura da ideia
de que Deus é intocável, portanto pode ser interpretada como a dessacralização
do acesso do homem a Deus.
QUESTÃO 9
Habilidade: Articular conhecimentos
filosóficos e diferentes formas de linguagem.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: O pensamento cartesiano
Os quadrinhos abaixo apresentam, de
forma irônica, o cogito cartesiano.
Disponível em:
.
Acesso em: 29 nov. 2012
A partir da leitura das imagens, o
pensamento de Descartes e o sujeito pensante
como fundamento da existência é
A)
contrariado,
afirmando que a existência humana é anterior ao pensamento.
B)
explicado,
apontando que os sentidos impedem confusões e enganos no conhecimento.
C)
justificado,
defendendo a superioridade da razão em relação aos sentidos.
D)
questionado,
demonstrando que se a realidade fosse ilusão o homem teria a sua vida
garantida.
E)
reforçado,
apontando a superioridade do pensamento em relação à matéria.
RESPOSTA: D
COMENTÁRIO:O quadrinho
ironiza a ideia cartesiana, mostrando que nenhum pensamento pode interromper a
realidade do mundo físico, como um ataque de canhão.
QUESTÃO 10
Habilidade:Articular conhecimentos
filosóficos e diferentes formas de linguagem.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: O pensamento moderno
Disponível
em:<http://ateotalamo.files.wordpress.com/2011/07/senso-cumum-2.jpg>. Acesso em: 29
nov. 2011.
A charge apresenta a homogeneidade de
vários rostos. E no meio deles, aparece alguém dizendo para todos “Divisão,
normalidade, documentos, por favor!” A charge mostra a “massa” uniforme de
indivíduos que possuem as mesmas características.
Diante
dessas informações, conclui-se que a charge é a expressão:
A)
da
autoridade política.
B)
da
organização dos trabalhadores.
C)
da
reflexão filosófica.
D)
do
conhecimento científico.
E)
do
senso comum.
RESPOSTA: E
COMENTÁRIO:Os vários
rostos amontoados uniformemente ilustram o senso comum, ou seja, um grupo
massificado de pessoas que pensam da mesma forma, que não possuem senso
crítico, identidade.
QUESTÃO 11
Habilidade: Ler textos
filosóficos de modo significativo e elaborar o que foi apropriado de modo
reflexivo.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: O pensamento cartesiano
O bom senso é a coisa do mundo melhor
partilhada, pois cada qual pensa estar tão bem provido dele, que mesmo os que
são mais difíceis de contentar em qualquer outra coisa não costumam desejar
tê-lo mais do que o têm. E não é verossímil que todos se enganem a tal
respeito; mas isso antes testemunha que o poder de bem julgar e distinguir o
verdadeiro do falso, que é propriamente o que se denomina o bom senso ou a
razão, é naturalmente igual em todos os homens; e, destarte, que a diversidade
de nossas opiniões não provém do fato de serem uns mais racionais do que
outros, mas somente de conduzirmos nossos pensamentos por vias diversas e não
considerarmos as mesmas coisas. Pois não é suficiente ter o espírito bom, o
principal é aplicá-lo bem. As maiores almas são capazes dos maiores vícios, tanto
quanto das maiores virtudes, e os que só andam muito lentamente podem avançar
muito mais, se seguirem sempre o caminho reto, do que aqueles que correm e dele
se distanciam.
DESCARTES, R. Discurso do Método, São
Paulo, Abril cultural, 1979, p.29
De
acordo com o texto, para Descartes, o bom senso ou razão significa
A)
adiversidade
de nossas opiniões.
B)
a
eliminação dos vícios e o aprendizado da virtude.
C)
o
poder de distinguir o verdadeiro do falso.
D)
a
possibilidade de ir mais longe, aos mais espertos.
E)
a
racionalidade como um dom inato, privilégio de poucos.
RESPOSTA: C
COMENTÁRIO:Descartes
coloca a razão como critério de verdade, a capacidade de distinguir o
verdadeiro do falso, critério fundamental para nos posicionarmos nas diversas
situações.
Questão 12
Habilidade:Identificar as ideias
principais de um texto filosófico.
Nível de dificuldade: Fácil
Assunto: Revolução científica
O homem perdeu seu lugar no mundo, ou,
mais exatamente, perdeu o próprio mundo que formava o quadro de sua existência
e o objeto do seu saber, e precisou transformar e substituir não somente suas
concepções fundamentais, mas as próprias estruturantes do seu pensamento.
KOYRÉ,
Alexandre. Do mundo fechado no universo infinito. Rio de Janeiro:
Forense-Universitária, 1986. (Fragmento).
O contexto histórico expresso no texto
de Koiré , proporcionou ao homem
A)
a busca do saber dos antigos, algo que
sustentasse suas dúvidas.
B) o isolamento do mundo por não compreendê-lo
nem explicá-lo.
C) o encontro do equilíbrio e coerência ao adquirir
novos conhecimentos.
D)
a ocasião para reestruturar suas
concepções de homem e de mundo.
E) o desequilíbrio diante da percepção de sua
ignorância.
RESPOSTA: D
COMENTÁRIO:Segundo
Koiré, a nova cosmologia no séc. XVII provocou a substituição do mundo
geocêntrico dos gregos e do mundo antropocêntrico da idade média por um
universo descentrado. O homem passou
então de espectador da natureza a seu mestre e possuidor.Deste modo, o homem
perdeu o seu lugar como centro do mundo, ou melhor, perdeu o mundo que formava
o quadro da sua existência e o objeto do seu saber, tendo sido obrigado a
modificar e adaptar as suas concepções fundamentais e as próprias estruturas de
pensamento.
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