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terça-feira, 26 de julho de 2016

FILOSOFIA MODERNA: René Descartes: o Racionalismo, o Método e as Ideias Inatas



FILOSOFIA MODERNA: René Descartes: o Racionalismo, o Método e as Ideias Inatas

MÓDULO 2

Bloco 01

#PARA COMEÇAR

#QUESTÕES FILOSÓFICAS

Qual é a realidade fundamental das coisas? Qual é o lugar do ser humano no universo? Quais são as bases de um conhecimento seguro? Deus é imanente ou transcendente?

NOVA CIÊNCIA E RACIONALISMO

A partir da modernidade uma NOVA CIÊNCIA emerge dos escombros do medievo. Um conhecimento agora que se fundamenta não mais na fé, e sim na razão e que não é só contemplativo, mas prático e empírico. É nesse contexto que se desenvolverá o RACIONALISMO (o conhecimento vem da razão) moderno.

IDADE MODERNA

Na IDADE MODERNA ocorreu A REVALORIZAÇÃO DO SER HUMANO E DA NATUREZA, que haviam sido deixados à parte na IDADE MÉDIA, que privilegiou o conhecimento de DEUS e da realidade espiritual. Em tal contexto se desenvolve também a transição do FEUDALISMO (regime econômico predominantemente rural) para o CAPITALISMO (regime econômico predominantemente urbano), com o despertar do COMÉRCIO, a descoberta de novas ROTAS COMERCIAIS, a preponderância do CAPITAL COMERCIAL e a ascensão da BURGUESIA (classe subserviente durante o FEUDALISMO). A nobreza começa a tomar as rédeas do poder, através dos reis, antes pertencente à IGREJA e ao clero, e começa a se formar os primeiros ESTADOS NACIONAIS MODERNOS, fruto da unificação de antigos e pequenos reinos feudais. O ABSOLUTISMO (poder absoluto concentrado nas mãos dos reis) é a forma característica deste primeiro momento, com o MERCANTILISMO (prática mercantil de controle sobre o comércio por parte das famílias reais), as GRANDES NAVEGAÇÕES e a EXPANSÃO COMERCIAL-MARÍTIMA, após a descoberta do NOVO MUNDO e a colonização das AMÉRICAS. A religião também sofre transformações e o predomínio medieval da IGREJA CATÓLICA começa a se arrefecer diante da REFORMA PROTESTANTE. O HUMANISMO (antropocentrismo=antropo+centrismo=ser humano no centro) emerge como ideologia que substitui o teocentrismo (Téo=DEUS+centrismo=centro) medieval. Uma nova CIÊNCIA NATURAL será moldada a partir das descobertas astronômicas. O desenvolvimento da IMPRENSA, com GUTEMBERG, proporcionou a popularização de obras escritas antes monopolizadas pela IGREJA, e trancada nos mosteiros (onde os monges copistas reproduziam à mão as grandes obras da antiguidade clássica e do período medieval). O RACIONALISMO acentuará a transição da visão TEOCÊNTRICA para a ANTROPOCÊNTRICA e a ascensão de uma FILOSOFIA LAICA (desvinculada da religião).

RENASCIMENTO

Foi o renascer da cultura clássica (Greco-romana) durante o início da modernidade. Influenciou e foi influenciado pelo HUMANISMO e exaltou a RAZÃO e a LIBERDADE humana. Ao incentivar uma MENTALIDADE RACIONALISTA, acabou favorecendo o espírito científico no século XVII. O grande lema era: PREVER para PROVER.

AMEAÇAS À NOVA MENTALIDADE

A IGREJA, instituição mais prejudicada com todo este movimento, não se aquartelou, mas partiu para cima daqueles que ousavam questionar seus dogmas. A INQUISIÇÃO (tribunal criado na IDADE MÉDIA para perseguir hereges) continuou a agir com o intuito de reprimir toda e qualquer manifestação contrária aos interesses de ROMA. 

TEORIA HELIOCÊNTRICA

O GEOCENTRISMO (geo=terra+centrismo=centro) se tornou cada dia mais difícil de ser referendado pelas novas descobertas da astronomia, principalmente a partir de NICOLAU COPÉRNICO (1473-1543), que desenvolveu o que depois foi denominado de revolução copernicana, que veio, através da TEORIA HELIOCÊNTRICA (hélio=sol+cêntrica=centro), substituir o GEOCENTRISMO antigo de PTOLOMEU e fundamentado em passagens da BÍBLIA. GIORDANO BRUNO foi outro grande pensador deste período a ser perseguido pela IGREJA (assim como GALILEU, mas com destino diferente). Acusado de PANTEÍSMO (pan=tudo+teísmo=DEUS) e de defender a visão HELIOCÊNTRICA, além de afirmar que o universo era infinito e o nosso sol era só um entre inúmeros sóis no espaço, acabou morto na fogueira (espetáculo comum e público na IDADE MÉDIA, onde bruxas, homossexuais e hereges eram supliciados aos domingos, antes da MISSA sagrada). A TERRA como antigo centro referencial da criação bíblica deixou seu status com a PERDA DO PONTO FIXO universal.

RAZÃO E EXPERIÊNCIA

RAZÃO E EXPERIÊNCIA passam a formar AS BASES DA CIÊNCIA MODERNA, fundamentada num saber racional, que havia sido inaugurado pelos gregos na antiguidade, através do conceito de COSMO (universo ordenado), mas que perdeu força diante do FIDEÍSMO (a fé como fonte de saber, conhecimento e salvação) medieval. O ser humano, obra prima da criação divina segundo a BÍBLIA, perde seu lugar e status no universo. Tal contexto propiciará a emergência de PROBLEMAS E CONCEITOS FUNDAMENTAIS para a filosofia moderna.

A BUSCA DE UM PONTO FIXO

Depois que a TERRA deixou de ser o centro do universo, com as descobertas científicas, a noção de espaço HIERARQUIZADO aristotélico (a progressão da hierarquia ia dos minerais – mais inferiores-, passando pelos vegetais, seres humanos, esferas celestes, até o primeiro motor imóvel – entidade suprema) também caiu em desuso, dando origem à visão do espaço HOMOGÊNO (todo igual e importante em qualquer de suas partes). Não há PONTO FIXO de onde se possa extrair uma hierarquização. O ser humano encontra então EM SI MESMO, na sua RAZÃO, sua própria razão de ser (visão ANTROPOCÊNTRICA).

O MUNDO COMO REPRESENTAÇÃO

A visão realista (o mundo se apresenta tal como é à mente humana), predominante da IDADE MÉDIA, cede lugar para a visão de que a realidade é REPRESENTADA pela mente, ou seja, o que chamamos de real, nada mais é que REPRESENTAÇÃO da consciência humana, uma IMAGEM, um OUTRO mundo, uma outra realidade elucubrada pelo homem. É através desta visão representativa do real que a ciência moderna privilegiará as RELAÇÕES MATEMÁTICO-GEOMÉTRICAS para explicar a natureza.

GRANDE RACIONALISMO

Para o GRANDE RACIONALISMO O CONHECIMENTO PARTE DA RAZÃO, ou seja, tudo que conhecemos, só o conhecemos graças à racionalidade.
RENÉ DESCARTES (1596-1650)
Francês de LA HAYE e filho de uma próspera família burguesa.

DÚVIDA METÓDICA

Segundo a teoria cartesiana, a DÚVIDA é o caminho certo (método) para se chegar a um conhecimento seguro. É uma dúvida HIPERBÓLICA (exagerada), pois chega a duvidar da própria existência, começando pelos sentidos, passando pelos conhecimentos e saberes adquiridos desde a mais tenra infância, por familiares, amigos e professores, até o postulado da existência como um sonho ou ilusão produzido por um deus ou demônio. É também uma dúvida PROVISÓRIA, pois não é o objetivo final do método. Até que chega a uma intuição indubitável (firme, certa e segura): COGITO, ERGO SUM (ou: penso, logo sou, existo). Tal é o PRINCÍPIO BÁSICO de sua filosofia, pois a única coisa impossível de se duvidar é o pensamento, pois duvidando já se está pensando. O PENSAMENTO é, portanto, a garantia da própria existência e a coisa mais real que podemos perceber. Tudo mais é duvidoso.  

DUALISMO

No mundo se destaca duas SUBSTÂNCIAS que podem ser percebidas pelo ser humano: a SUBSTÂNCIA PENSANTE (res cogitans = coisa pensante) e a SUBSTÂNCIA EXTENSA (res extensa = coisa material, corpórea). Postulou também a existência de uma SUBSTÂNCIA INFINITA (res infinita = coisa sem fim), que seria DEUS, fundamento de toda e qualquer substância existente. O DEUS cartesiano é TRANSCENDENTE (está fora do mundo e não atua sobre o mesmo, apesar de ser o seu CRIADOR).

IDEALISMO

Sua concepção IDEALISTA refere-se tanto à sua ontologia (ontos=ser+logia=estudo) quanto à sua epistemologia (episteme=ciência+logia=estudo). Tudo que percebemos são idéias, ou seja, o pensamento é a coisa mais real que há.

RACIONALISMO

Era um RACIONALISTA ortodoxo. A fonte e a origem do conhecimento para DESCARTES era a razão. A matemática e a geometria são as mais altas expressões da razão humana. Foi o inventor da GEOMETRIA ANALÍTICA e das COORDENADAS CARTESIANAS.

MÉTODO CARTESIANO

Todo conhecimento deve passar pelo crivo do MÉTODO CARTESIANO, que funciona segundo as seguintes REGRAS: REGRA DA EVIDÊNCIA – Só admitir como objeto do conhecimento algo evidente, que possui como característica a CLAREZA e DISTINÇÃO. Postulou a existência de IDEIAS INATAS (com as quais nascemos); REGRA DA ANÁLISE – Dividir o objeto de estudo em quantas PARTES forem possíveis e necessárias para se conhecer cada minúcia; REGRA DA SÍNTESE – Juntar todas as partes divididas pela análise e observar como elas funcionam no todo, juntas; REGRA DA ENUMERAÇÃO (REVISÃO) – Verificar e enumerar todos os dados obtidos nos processos anteriores e rever todos os processos com o intuito de analisar se não houve falhas ou lapsos durantes os procedimentos.

A TEORIA DAS IDEIAS: ADVENTÍCIAS, FICTÍCIAS E INATAS

Há três tipos de idéias: adventícias (que tem como origem os sentidos, pois são nossas percepções sensoriais de visão, audição, olfato, paladar e tato, como a idéia de cavalo e de pássaro); fictícias (inventadas pela mente através das idéias adventícias, como a idéia de pégaso, o mitológico cavalo alado, que é fruto da junção de duas idéias adventícias – a de cavalo e a de asas); inatas (que nascemos com elas, pois não advieram dos sentidos, nem muito menos são ficcionais ou inventadas através da junção de ideias sensoriais e adventícias, como as ideias de DEUS, INFINITO, PERFEIÇÃO, e a própria matemática e a geometria com suas formas lógicas presentes na alma humana desde o nascimento). As ideias mais elevadas são as inatas, pois foram colocadas na alma humana desde o início pelo próprio DEUS com a finalidade de nos ajudar a chegar à verdade e ao conhecimento verdadeiro sobre a realidade que nos cerca. As ideias mais inferiores são as que surgem a partir dos sentidos, que são fontes extremamente suspeitas e enganosas de conhecimento. As fictícias como ideias de imaginação, devem ser reconhecidas como tal, inventadas, e jamais serem tomadas como ideias reais. 

HERANÇA CARTESIANA

O pensamento de DESCARTES influenciou toda uma geração posterior de pensadores, que com ele ou contra ele se posicionaram.

BARUCH ESPINOSA (1632-1677)

Desenvolveu um RACIONALISMO RADICAL, com uma forte CRÍTICA ÀS SUPERSTIÇÕES religiosas, políticas e filosóficas. Seu pensamento tendeu para um PANTEÍSMO, visão que via na realidade a manifestação e expressão de DEUS. Toda superstição é fruto da IMAGINAÇÃO que nos faz acreditar num DEUS TRANSCENDENTE E VOLUNTARIOSO. Sua principal obra é a ÉTICA, uma DEMONSTRAÇÃO GEOMÉTRICA da natureza racional de DEUS. DEUS SIVE NATURA (ou seja, DEUS é a natureza). DEUS e natureza se confundem e são uma única e mesma realidade. DEUS é IMANENTE (está no mundo e se resume no mesmo).

MONISMO ESPINOSANO

Assim como DESCARTES trabalhou com o conceito de SUBSTÂNCIA, mas numa vertente diferente, vendo na realidade a existência de um único substrato para o universo. SUBSTÂNCIA é AQUILO QUE NÃO PRECISA DE NADA FORA DE SI MESMO PARA EXISTIR. Somente a TOTALIDADE DAS COISAS pode ser causa de si e independente de tudo o mais, enquanto as partes são modos e atributos da SUBSTÂNCIA ÚNICA. A TOTALIDADE DE TUDO É UMA ÚNICA SUBSTÂNCIA, daí sua concepção MONISTA (do grego mono=um). DEUS É INFINITO, portanto a natureza também. INFINITUDE é um atributo DIVINO. DEUS É como a versão bíblica no tetragrama YHWH (JEOVÁ, JAVÉ OU IAVÉ, dependendo da tradução, que significa: EU SOU AQUELE QUE SOU, ou simplesmente EU SOU). 

DEUS IMANENTE

Tudo que existe são EFEITOS da potência criadora infinita de DEUS (ou melhor, MODOS DA SUBSTÂNCIA, que é DEUS). Podemos compreender DEUS ou a NATUREZA sob dois aspectos: NATUREZA NATURANTE, que são os atributos do poder infinito causador da realidade e; NATUREZA NATURADA, que são os modos, ou efeitos, de como DEUS se manifesta no universo. DEUS = NATUREZA seria a IDEIA ADEQUADA de DEUS. Tudo o que existe é NECESSÁRIO, ou seja, é assim e não pode ser de outra maneira, porque faz parte do plano racional de DEUS que é a natureza. Não há espaço para acaso ou liberdade no pensamento. Liberdade, neste contexto, seria a consciência da necessidade universal. 

UNIÃO CORPO E ALMA

O corpo e alma são dois MODOS DISTINTOS de uma única e mesma substância que é DEUS ou a natureza. NÃO há uma RELAÇÃO HIERÁRQUICA (onde um teria supremacia sobre o outro) entre corpo e alma. Rompe assim com longa tradição cultivada desde PLATÃO, que considerava a alma a parte superior e mais nobre do ser humano.

PASCAL: UM PENSADOR CONTRA A CORRENTE

BLAISE PASCAL (1623-1662) foi um filósofo original. Nascido numa cultura racionalista, mas ao mesmo tempo atormentada pela derrocada da religião, acabou sendo influenciado por tal contexto. Foi um racionalista em matéria de ciência, mas apontou para os limites da razão. Uma frase sua ilustra bem sua descrença com o poder da razão de tudo explicar: “O coração tem razões que a própria razão desconhece.” A razão humana também é impotente para conhecer ou provar a existência de DEUS, sendo necessária a concorrência da FÉ. A ESSÊNCIA DO SER HUMANO não é sua razão exclusivamente. O homem, miserável e excelso ao mesmo tempo, frágil e poderoso, é um poço de contradições e um ser que não se resume à racionalidade, mas que também é composto de sentimentos, em especial o mais nobre dos sentimentos que é a fé. Criticou o DEUS DOS FILÓSOFOS, estritamente racional e que não fala a língua sentimental do coração, que segundo PASCAL seria a verdadeira linguagem DIVINA.

#ANÁLISE E ENTENDIMENTO

Quais eram os valores dominantes na IDADE MÉDIA? Quais eram os valores, atitudes e características da mentalidade da IDADE MODERNA? Como se expressou a revalorização do ser humano e da natureza no campo do pensamento durante o RENASCIMENTO? Qual foi a novidade trazida pelo modelo cosmológico de NICOLAU COPÉRNICO? Que descontentamento causou entre a comunidade eclesiástica? O que a concepção de espaço infinito provocou nos pensadores modernos? Em que consistiu a dúvida metódica de DESCARTES? Qual era o seu objetivo ao aplicá-la? O que foi o cogito e qual foi o seu corolário (conseqüência lógica, necessária) mais imediato? Que regras propõe DESCARTES para dirigir o espírito na busca da verdade? O que diferencia as superstições religiosas da ideia correta de DEUS, segundo a concepção de ESPINOSA? Como ESPINOSA entende a SUBSTÂNCIA? Quais são os dois aspectos pelos quais DEUS pode ser compreendido? Como ESPINOSA entende o ser humano no contexto da sua ontologia? Qual DEUS é mais verossímil para você: o de ESPINOSA ou o de PASCAL? Por que se diz que PASCAL foi um filósofo contra a corrente?

#CONVERSA FILOSÓFICA

O ser humano é essencialmente razão? Como você a vê a si mesmo e às pessoas que conhece? São mais razão ou emoção? O que quer dizer a expressão DEUS DOS FILÓSOFOS? Por que PASCAL critica o DEUS DOS FILÓSOFOS? 

#CONECTADO

 O Racionalismo Descartes

Aula 17 - Filosofia - René Descartes

01 - Filosofia (René Descartes) - aula 01

Filosofia - Aula 13 - Conceitos Cartesianos (René Descartes)

Descartes

Descartes - Filme Completo


#EXERCÍCIOS

QUESTÃO 1 (Habilidade: Inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Fácil.                                                                                                                                                     Assunto: Uma nova visão de mundo.
A passagem da ciência medieval para a modernidade ocorreu com o Renascimento. Esse movimento, que teve início na Itália no século XV, trouxe uma nova concepção para as artes e a ciência, gerando uma nova compreensão sobre o Universo e o papel do homem. Vários pensadores, como Nicolau Copérnico, falavam de suas teorias como hipóteses, para fugir da rejeição e perseguição da Igreja Católica através da Inquisição.
AMORIM, Maria de Fátima. Filosofia.  Ensino Médio. v. 2. Belo Horizonte: Educacional, 2013.
Assim, Copérnico simplifica o sistema astronômico medieval baseado na teoria de
(A) Aristóteles.                                                                                                                                                       (B) Galileu.                                                                                                                                                    (C) Giordano Bruno.                                                                                                                                                                 (D) Kepler.                                                                                                                                                              (E) Ptolomeu.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                   
GABARITO: E
Comentário: A teoria do Heliocentrismo, de Copérnico, que colocou o Sol como o centro do Sistema Solar, contrariou a Teoria Geocêntrica vigente à época (que considerava a Terra como o centro), é considerada como uma das mais importantes hipóteses científicas de todos os tempos, tendo constituído o ponto de partida da astronomia moderna.
QUESTÃO 2 (Habilidade:.Articular conhecimentos filosóficos e diferentes conteúdos nas artes.)

Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: A dessacralização dos corpos.
                   Feto no útero, 1492 Da Vinci,      Homem vitruviano, 1490, Da Vinci           Lições de anatomia, 1632, Rembrandt

O Renascimento, marcado como o período de renovação da ciência, reativou a busca pelo conhecimento e engrenou os estudos da anatomia humana, centralizando o interesse nos métodos e técnicas de dissecação em lugar de avançar no conhecimento do corpo humano.

AMORIM, Maria de Fátima. Filosofia.  Ensino Médio. v. 2. Belo Horizonte: Educacional, 2013.

Esse interesse pelos estudos de anatomia no período nos mostra que, ao estudar o corpo, percebe-se sua plasticidade ao ser referente em diferentes contextos e produções discursivas como a religião, a arte, a política. Essa constatação nos leva a concluir

(A) a impossibilidade de uma explicação totalizante do corpo.
(B) a metáfora para delimitar o que é normal e o que está fora do padrão nas sociedades.
(C) a pressão da Igreja Cristã como estagnadora das atividades médicas no período.
(D) a visão naturalizada do corpo humano visto apenas como objeto.
(E) o corpo como um objeto histórico pensado e construído socialmente.

GABARITO: E
Comentário: O corpo humano não é um dado eterno e imutável. Cada época lhe atribui um significado, constrói e o reconstrói, o decora e o desvela. Mas, também, o destrói, o deforma e o mutila. Isso significa que os modos de utilizar e de dispor do corpo refletem as normas e os valores da dinâmica cultural da sociedade em questão; e isso de estudar o corpo não pode ser feito sem levar em conta os códigos sociais, as concepções de higiene, a arte, a poesia. Ou seja, o corpo possui também uma dimensão política, como bem o mostra Foucault em sua História da sexualidade.
QUESTÃO 3 (Habilidade: Articular conhecimentos filosóficos e diferentes formas de linguagem.)

Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                     Assunto: A Revolução Científica.
 
                                                                                             

Do ponto de vista da ciência, as imagens expressam uma mudança na concepção de mundo no período renascentista, determinante na eclosão da Revolução Científica do século XVII, simbolizando a passagem

(A) do geocentrismo ao antropocentrismo.
(B) do geocentrismo ao heliocentrismo.
(C) do geocentrismo ao humanismo.
(D) do heliocentrismo ao geocentrismo.
(E) do heliocentrismo ao humanismo.
GABARITO: B
Comentário: A primeira imagem mostra o geocentrismo (a terra no centro) e a segunda representa o heliocentrisno (o sol no centro).
QUESTÃO 4 (Habilidade: Articular conhecimentos filosóficos e diferentes formas de linguagem.)

Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                                   Assunto: A Revolução Científica.
No decurso do tempo, a humanidade teve de agüentar, das mãos da ciência, duas grandes ofensas a seu ingênuo amor-próprio. A primeira foi quando percebeu que a terra não era o centro do universo, mas apenas um pontinho num sistema de magnitude dificilmente compreensível. A segunda, foi quando a pesquisa biológica roubou-lhe o privilégio de ter sido criado especialmente, e relegou o homem a um descendente do mundo animal.

FREUD, Sigmund. O mal estar na civilização. Tradução de J. Abreu. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
Para Freud, o movimento que vai do teocentrismo ao antropocentrismo se dá através de um tipo de

(A) animalização do homem.
(B) biologização do homem.
(C) centramento do homem.
(D) descentramento do homem.
(E) objetivação do homem.
GABARITO: D
Comentário: O texto fala do antropocentrismo e do consequente descentramento do homem, devido à perda de status como centro do conhecimento. Tanto o heliocentrismo, retirando a terra do centro, quanto a pesquisa biológica contribuíram para esse descentramento, pois diminuem a importância do homem perante o universo.
QUESTÃO 5 (Habilidade: Ler textos filosóficos de modo significativo e inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                          Assunto: Revolução Científica.
[...] ao pensar comigo mesmo, como aqueles que afirmam ser confirmada pelo julgamento de muitos séculos, a opinião de que a terra está imóvel no meio do céu e aí está colocada servindo-lhe de centro, haviam de considerar uma cantilena absurda defender eu, pelo contrário, que é a terra que se move; hesitei comigo durante muito tempo se havia de dar lume a meus comentários escritos para a demonstração desse movimento.

COPÉRNICO, Nicolau. As Revoluções dos Orbes Celestes. p. 5.
O texto se refere à seguinte teoria:

(A) Androcentrismo.
(B) Antropocentrismo.
(C) Geocentrismo.
(D) Heliocentrismo.
(E) Teocentrismo.
GABARITO: D
Comentário: O texto é uma definição de heliocentrismo.
QUESTÃO 6 (Habilidade: Ler textos filosóficos de modo significativo e inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                                      Assunto: O racionalismo de René Descartes.
[...] Enquanto queria pensar que tudo era falso, era preciso, necessariamente, que eu, que tinha tal pensamento, fosse alguma coisa; e, observando que essa verdade “Penso, logo existo” (Cogito ergo sum) era tão sólida e tão certa, que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não eram capazes de derrubá-la, considerei que podia recebê-la sem escrúpulo como primeiro princípio da filosofia que eu procurava.
DESCARTES, René. Meditações metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Os pensadores)
Em relação ao conhecimento, podemos atribuir a Descartes o seguinte argumento:
(A) A essência do homem consiste na experiência humana sensível justificada pela razão.
(B) A hegemonia da razão sobre os instintos e as paixões, é fundamento da moral cartesiana.
(C) A ideia de que Deus não existe; se existisse, teríamos a ideia de perfeição que existe nele.

(D) A objetividade e seus recursos são os fundamentos que alicerçam o conhecimento humano.
(E) O único conhecimento válido é o que se encontra inato na alma e não provém dos sentidos.
                         
GABARITO: E
Comentário: Para Descartes, o único conhecimento válido é o que se encontra intacto na alma e não provém dos sentidos, contrariando todas as outras alternativas.
QUESTÃO 7 (Habilidade: Inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Fácil.
Assunto: Racionalismo.
O ato de conhecer resulta de uma operação racional, estando a realidade no universo das idéias, de modo que o conhecimento é criação do ser pensante e nele se esgota, e nada existe fora do pensamento, sendo o conhecimento regido por princípios universais, necessários e imutáveis, válidos para todos os homens em todo tempo e lugar.
AMORIM, Maria de Fátima. Filosofia.  Ensino Médio. v. 2. Belo Horizonte: Educacional, 2013.
O texto se refere à concepção de conhecimento conhecida como
(A) criticismo.                                                                                                                                                  (B) empirismo.                                                                                                                                                                   (C) fenomenologia.                                                                                                                                              (D) idealismo.                                                                                                                                                                              (E) racionalismo.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 
GABARITO: E
Comentário: O texto é uma definição de racionalismo.
QUESTÃO 8
Habilidade:Relacionar uma imagem a um contexto histórico.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Renascimento

MICHELANGELO. A Criação de Adão. 1511, Capela Sistina.


A pintura de Michelângelo expressa, no contexto do Renascimento

A)     Uma nova concepção da relação do homem com Deus.
B)     uma divinização do homem, que alcança a condição divina.
C)    uma superioridade do homem em relação a Deus.
D)    o homem se separando física e espiritualmente de Deus.
E)     ohomem permitindo-se à submissão a Deus.
RESPOSTA: A
COMENTÁRIO: A imagem mostra o contato do homem com Deus, este contato demonstra a ruptura da ideia de que Deus é intocável, portanto pode ser interpretada como a dessacralização do acesso do homem a Deus.
QUESTÃO 9
Habilidade: Articular conhecimentos filosóficos e diferentes formas de linguagem.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: O pensamento cartesiano

Os quadrinhos abaixo apresentam, de forma irônica, o cogito cartesiano.
Disponível em: . Acesso em: 29 nov. 2012
A partir da leitura das imagens, o pensamento de Descartes e  o sujeito pensante como fundamento da existência é
A)     contrariado, afirmando que a existência humana é anterior ao pensamento.
B)     explicado, apontando que os sentidos impedem confusões e enganos no conhecimento.
C)    justificado, defendendo a superioridade da razão em relação aos sentidos.
D)    questionado, demonstrando que se a realidade fosse ilusão o homem teria a sua vida garantida.
E)     reforçado, apontando a superioridade do pensamento em relação à matéria.
RESPOSTA: D
COMENTÁRIO:O quadrinho ironiza a ideia cartesiana, mostrando que nenhum pensamento pode interromper a realidade do mundo físico, como um ataque de canhão.
QUESTÃO 10
Habilidade:Articular conhecimentos filosóficos e diferentes formas de linguagem.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: O pensamento moderno
Disponível em:<http://ateotalamo.files.wordpress.com/2011/07/senso-cumum-2.jpg>. Acesso em: 29 nov. 2011.

A charge apresenta a homogeneidade de vários rostos. E no meio deles, aparece alguém dizendo para todos “Divisão, normalidade, documentos, por favor!” A charge mostra a “massa” uniforme de indivíduos que possuem as mesmas características.
Diante dessas informações, conclui-se que a charge é a expressão:

A)     da autoridade política.
B)     da organização dos trabalhadores.
C)    da reflexão filosófica.
D)    do conhecimento científico.
E)     do senso comum.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIO:Os vários rostos amontoados uniformemente ilustram o senso comum, ou seja, um grupo massificado de pessoas que pensam da mesma forma, que não possuem senso crítico, identidade.
QUESTÃO 11

Habilidade: Ler textos filosóficos de modo significativo e elaborar o que foi apropriado de modo reflexivo.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: O pensamento cartesiano

O bom senso é a coisa do mundo melhor partilhada, pois cada qual pensa estar tão bem provido dele, que mesmo os que são mais difíceis de contentar em qualquer outra coisa não costumam desejar tê-lo mais do que o têm. E não é verossímil que todos se enganem a tal respeito; mas isso antes testemunha que o poder de bem julgar e distinguir o verdadeiro do falso, que é propriamente o que se denomina o bom senso ou a razão, é naturalmente igual em todos os homens; e, destarte, que a diversidade de nossas opiniões não provém do fato de serem uns mais racionais do que outros, mas somente de conduzirmos nossos pensamentos por vias diversas e não considerarmos as mesmas coisas. Pois não é suficiente ter o espírito bom, o principal é aplicá-lo bem. As maiores almas são capazes dos maiores vícios, tanto quanto das maiores virtudes, e os que só andam muito lentamente podem avançar muito mais, se seguirem sempre o caminho reto, do que aqueles que correm e dele se distanciam.
DESCARTES, R. Discurso do Método, São Paulo, Abril cultural, 1979, p.29

De acordo com o texto, para Descartes, o bom senso ou razão significa

A)     adiversidade de nossas opiniões.
B)     a eliminação dos vícios e o aprendizado da virtude.
C)    o poder de distinguir o verdadeiro do falso.
D)    a possibilidade de ir mais longe, aos mais espertos.
E)     a racionalidade como um dom inato, privilégio de poucos.


RESPOSTA: C
COMENTÁRIO:Descartes coloca a razão como critério de verdade, a capacidade de distinguir o verdadeiro do falso, critério fundamental para nos posicionarmos nas diversas situações.
Questão 12
Habilidade:Identificar as ideias principais de um texto filosófico.
Nível de dificuldade: Fácil
Assunto: Revolução científica

O homem perdeu seu lugar no mundo, ou, mais exatamente, perdeu o próprio mundo que formava o quadro de sua existência e o objeto do seu saber, e precisou transformar e substituir não somente suas concepções fundamentais, mas as próprias estruturantes do seu pensamento.
KOYRÉ, Alexandre. Do mundo fechado no universo infinito. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1986. (Fragmento).
O contexto histórico expresso no texto de Koiré , proporcionou ao homem
A)  a busca do saber dos antigos, algo que sustentasse suas dúvidas.
B)  o isolamento do mundo por não compreendê-lo nem explicá-lo.
C)  o encontro do equilíbrio e coerência ao adquirir novos conhecimentos.
D)  a ocasião para reestruturar suas concepções de homem e de mundo.
E)  o desequilíbrio diante da percepção de sua ignorância.
RESPOSTA: D
COMENTÁRIO:Segundo Koiré, a nova cosmologia no séc. XVII provocou a substituição do mundo geocêntrico dos gregos e do mundo antropocêntrico da idade média por um universo descentrado.  O homem passou então de espectador da natureza a seu mestre e possuidor.Deste modo, o homem perdeu o seu lugar como centro do mundo, ou melhor, perdeu o mundo que formava o quadro da sua existência e o objeto do seu saber, tendo sido obrigado a modificar e adaptar as suas concepções fundamentais e as próprias estruturas de pensamento.

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