FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA: HEGEL E MARX
MÓDULO 2
#PARA COMEÇAR
#QUESTÕES FILOSÓFICAS
As sociedades humanas evoluem? Existe
um princípio unificador da realidade? Como é a dinâmica das transformações do
real? O que é a história? O que é o bem e o mal?
PENSAMENTO DO SÉCULO XIX
Foi no SÉCULO XIX que se deu a
EXPANSÃO DO CAPITALISMO E OS NOVOS IDEAIS (oriundos da REVOLUÇÃO FRANCESA) de
liberdade igualdade e fraternidade. Com as revoluções burguesas, a BURGUESIA
ascende ao poder e passa a consolidar o sistema econômico hoje predominante no
mundo: o CAPITALISMO, que passou pelas fases comercial, industrial e hoje se
encontra em seu estágio financeiro.
PROGRESSO VERSUS DESUMANIZAÇÃO
Na medida em que a ciência progredia,
a exploração do homem sobre o homem atingia níveis cada vez maiores, sendo
possível ver no rosto e no corpo dos operários as marcas da opressão e do
descaso com quem produzia a riqueza do sistema. A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL foi o
marco moderno a iniciar esse processo.
AVANÇO TÉCNICO E CIENTÍFICO
INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS trouxeram as
maravilhas do aço, da locomotiva, da energia elétrica, do motor a gasolina, dos
automóveis, do avião, do telégrafo, do telefone, da fotografia, do cinema, do
rádio e muitas outras conquistas. Tudo isso somado criou o clima de fé no
progresso humano e na ciência como a portadora da força motriz de tal processo.
EXPLORAÇÃO DO TRABALHO HUMANO
Mas nem tudo eram rosas nesse jardim progressista. Os
espinhos logo se revelaram e encravando na pele do proletariado urbano, que foi
o responsável por ceder a sua força vital para alavancar o avanço industrial.
Diante de tal exploração, começaram a surgir as primeiras CORRENTES
SOCIALISTAS, que visavam defender os interesses das classes subalternas e
instalar um regime político e econômico mais solidário e fraterno. Outras
propostas também eclodiram, como: o ROMANTISMO e o POSITIVISMO.
ROMANTISMO
Foi um MOVIMENTO CULTURAL que influenciou as ARTES e a
FILOSOFIA.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Valorização do INDIVÍDUO, da NATUREZA e da PÁTRIA. O
importante para o movimento romântico eram as PAIXÕES e os SENTIMENTOS
VALOROSOS. A SUBJETIVIDADE era o ponto de referência. A NATUREZA era vista como
FORÇA VITAL. Buscava-se uma visão global, que abarcasse a TOTALIDADE e não mais
fragmentos da realidade. A visão racionalista do deísmo foi substituída pela
concepção MÍSTICA e EMOCIONAL de DEUS, que era visto como um ser que utilizava
como linguagem o amor e o CORAÇÃO. Foi defensor do NACIONALISMO, o amor à
pátria, e propagador do valor da LIBERDADE INDIVIDUAL.
ROMANTISMO NA FILOSOFIA
JEAN-JACQUES ROUSSEAU foi considerado um PENSADOR
PRÉ-ROMÂNTICO, pela sua valorização da natureza. Já o movimento em si
influenciou de forma bastante forte o IDEALISMO ALEMÃO.
POSITIVISMO
AUGUSTE COMTE (1798-1857 d. C.) foi o fundador da escola
positivista, que muita influência exerceu em toda EUROPA no século XIX,
chegando a flertar com movimentos reformistas republicanos brasileiros. Sua
empreitada megalomaníaca o levou, ao final da vida, a fundar uma seita, que ele
denominou RELIGIÃO DA HUMANIDADE, que seria uma espécie de credo científico.
Supervalorizou as CIÊNCIAS POSITIVAS (fundamentadas em conhecimentos concretos
e empíricos). Tal era sua FILOSOFIA POSITIVA. Seu pensamento é marcado pelo
CULTO DA CIÊNCIA e a SACRALIZAÇÃO DO MÉTODO CIENTÍFICO. Seu lema era: ORDEM
SOCIAL PARA O PROGRESSO ECONÔMICO, TECNOLÓGICO E CIENTÍFICO. Tal lema está
representado também na bandeira brasileira, que foi elaborada na época da
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA, liderada por militares inspirados pelos ideias
positivistas.
FORMULAÇÃO DE LEIS GERAIS
O universo trabalha e funciona de forma regular e é
possível depreender dele, através da observação, as LEIS GERAIS que regem a
natureza. Uma de suas leis era: VER PARA PREVER. Observar os fenômenos naturais
para prevê-los e assim poder dominá-los.
LEI DOS TRÊS ESTADOS
COMTE elabora, à sua maneira, uma teoria complementar da
EVOLUÇÃO da história cultural da humanidade. As sociedades humanas passaram por
TRÊS ESTADOS em seu processo evolutivo: O ESTADO TEOLÓGICO OU FICTÍCIO, que foi
o momento em que as explicações para os fenômenos que cerceavam o ser humano
vinham da fé, dos mitos e da religião, progredindo do POLITEÍSMO para o
MONOTEÍSMO; O ESTADO METAFÍSICO OU ABSTRATO, que é quando as explicações religiosas
começam a ser questionadas e novas respostas racionalizadas, mas ainda deveras
abstratas, começaram a surgir para tentar entender o universo em torno dos
homens; E o ESTADO CIENTÍFICO OU POSITIVO, que é o atual estágio das sociedades
européias, que buscavam explicar o universo fundamentado na ciência, nos
fenômenos concretos e nas experiências que comprovavam de forma cabal a teses
científicas.
REFORMA DA SOCIEDADE
COMTE não aspirava a uma revolução ou transformação
radical da sociedade, mas apenas uma reforma capaz de reparar os problemas
advindos do processo evolutivo da humanidade. Defendia uma REORGANIZAÇÃO
COMPLETA DA SOCIEDADE, junto com uma REESTRUTURAÇÃO INTELECTUAL e uma REFORMA
DAS INSTITUIÇÕES SOCIAIS. Inspirou-se nos socialistas franceses (SAINT-SIMON,
FOURIER e PROUDHON) que o precederam, mas não compartilhou o desejo de ver o
sistema capitalista superado, mas apenas reformado e revigorado. A meta do
POSITIVISMO era RESTABELECER A ORDEM para garantir o progresso.
#ANÁLISE E ENTENDIMENTO
Quais foram as características sociais, políticas e
econômicas que marcaram o século XIX e que tiveram repercussão no pensamento
filosófico desse período? De que maneira o movimento romântico pode ser
considerado uma reação ao ILUMINISMO? Quais são suas características gerais? O
que caracteriza e sintetiza, de forma contextualizada, a doutrina filosófica do
positivismo?
#CONVERSA FILOSÓFICA
Quais foram as propostas dos primeiros pensadores
socialistas, como SAINT-SIMON, FOURIER e PROUDHON? Qual é a diferença entre
elas e a defesa da reforma social idealizada por COMTE?
FRIEDRIH HEGEL
GEORG WILHELM FRIEDRICH HEGEL (1770-1831 d. C.) foi o
principal expoente do IDEALISMO ALEMÃO. Seu pensamento ficou conhecido como
IDEALISMO ABSOLUTO.
IDEALISMO ALEMÃO
O que é o IDEALISMO? Tal concepção na sua vertente
contemporânea tem suas raízes na filosofia kantiana, onde o referido filósofo
dizia: “DAS COISAS SÓ CONHECEMOS A PRIORI AQUILO QUE NÓS MESMOS COLOCAMOS
NELAS.” Surge assim aquilo que atualmente é conhecido como IDEALISMO ALEMÃO.
Para o IDEALISMO nós não podemos conhecer as coisas tais como elas são, mas
somente o PENSAMENTO que delas fazemos, ou a CONSCIÊNCIA que temos dos objetos.
A EXISTÊNCIA DO EU é o princípio do conhecimento. É o SUJEITO (EU) que torna
possível conhecer. JOHANN GOTTLIEB FICHTE (1726-1814) rompeu com a concepção
kantiana de NOUMENON (NÚMENO=coisa em si) e deteve-se no conceito de PHENOMENON
(FENÔMENO=aquilo que se apresenta para a consciência). O EU torna-se com FICHTE
o PRINCÍPIO CRIADOR DE TODA REALIDADE. A REALIDADE OBJETIVA SERIA PRODUTO DO
ESPÍRITO HUMANO, denominada pelo filósofo de NÃO-EU. FRIEDRICH SCHELLING
discordou de FICHTE e afirmou existir um ÚNICO PRINCÍPIO, uma INTELIGÊNCIA
criadora e garantidora da realidade enquanto idealidade.
RACIONALIDADE DO REAL
Hegel afirmava que O REAL É RACIONAL E O RACIONAL É REAL,
ou seja, o que chamamos de realidade é algo racional, passível de ser
percebido, racionalizado e idealizado pelo sujeito e a única realidade é o
universo racional constituído pelas ideais humanas. A realidade é ESPÍRITO
(entendido em HEGEL como idéia, razão ou cultura).
MOVIMENTO DIALÉTICO
A realidade é um SUJEITO com vida própria e que guia de
forma racional todas as coisas. É MOVIMENTO, PROCESSO, constante DEVIR. O
MOVIMENTO DIALÉTICO, segundo HEGEL, ocorre de forma dinâmica de três formas:
Como SER EM SI, a idéia fechada em si mesma; Como SER OUTRO ou FORA DE SI, a
idéia alienada, exteriorizada; E como SER PARA SI, a idéia que retorna a si de
forma consciente e realizada. Tal movimento se processa em ESPIRAL, ou seja, é
dinâmico e constante. Um exemplo concreto desta concepção seria aquilo que
percebemos na natureza, como a semente, que precisa deixar de ser semente para
se tornar planta, e precisa superar a planta para se tornar fruto, reiniciando
o processo com a semente que do fruto é extraída. Assim se dá com todas as
coisas, como por exemplo, no indivíduo, que se inicia como criança, mas que
precisa superar a infância para se tornar jovem, e necessita ultrapassar a juventude
para se tornar adulto. A cultura como forma de expressão máxima do sistema
hegeliano também funciona na mesma dinâmica, pois necessita exteriorizar-se
para concretizar-se em tal processo dialético.
SABER ABSOLUTO
Para compreender o MOVIMENTO DIALÉTICO, necessário se faz
sair da perspectiva comum e subjetiva e colocar-se do ponto de vista do
ABSOLUTO. A consciência que atinge o êxito em tal empreendimento tem acesso à
RAZÃO e ao SABER ABSOLUTO, pois SER e PENSAR coincidem. É uma relação complexa
e dinâmica entre o FINITO e o INFINITO. O saber da COISA EM SI é o conhecimento
de que a realidade se resume na fenomenologia do espírito (estudo e
conhecimento da realidade como fenômeno, como aquilo que aparece e é percebido
pela consciência em seu itinerário rumo à plena realização da idéia). Rompeu
com a concepção romântica da NATUREZA e adotou a ideia da superioridade do
espírito, que se concretiza na história através da liberdade, que marcha num
processo contínuo de auto-realização. No espírito também se processa o
MOVIMENTO DIALÉTICO da seguinte maneira: O ESPÍRITO SUBJETIVO, ou seja, a
consciência individual do sujeito; O ESPÍRITO OBJETIVO, que é o momento em que
o espírito sai de si e se concretiza nas instituições sociais como a família, a
sociedade civil e o ESTADO; O ESPÍRITO ABSOLUTO, que é o momento máximo da
marcha espiritual da consciência se manifestando na arte, na religião e na
filosofia, fazendo a idéia consciente de si mesma na história.
FILOSOFIA E HISTÓRIA
A história, assim como a natureza e tudo aquilo que
chamamos de realidade seguem um curso e um PLANO RACIONAL, ou seja, todos os
fenômenos fazem parte de um propósito racional universal. Didaticamente
atribuíram a HEGEL a concepção de que o movimento dialético se processa em
TESE, ANTÍTESE e SÍNTESE. Para ilustrar e compreender tal postura podemos usar
o exemplo histórico das concepções de ESTADO, que se desenvolveram modernamente
assim: TESE=ESTADO ABSOLUTISTA, ANTÍTESE=ESTADO LIBERAL e SÍNTESE=ESTADO
SOCIALISTA. São os momentos dialéticos de manifestação, progresso e
concretização do ESTADO e da idéia de liberdade.
DO ESTADO SURGE O INDIVÍDUO
HEGEL discorda da visão liberal de ESTADO que vê no
indivíduo um ser isolado, que segundo o alemão seria apenas uma ABSTRAÇÃO. O
ESTADO PRECEDE O INDIVÍDUO, e a sociedade é quem produz o sujeito, pois quando
este emerge, o faz diante de algo já estabelecido, que o antecede
historicamente. O ESTADO é fruto de um processo histórico, é uma idéia que se
concretiza ao longo da história, concretizando também a idéia de liberdade, que
se amplia e atinge seu máximo esplendor no ESTADO MODERNO. O ESTADO é a
instituição responsável por conciliar a UNIVERSALIDADE humana com os interesses
particulares e individuais da sociedade civil.
LEGADO DE HEGEL
Após a sua morte, seus seguidores se dividiram em duas
vertentes, os NEO-HEGELIANOS DE DIREITA, mais conservadores e ortodoxos, e os
NEO-HEGELIANOS DE ESQUERDA, progressistas e partidários de uma filosofia que
superasse o pensamento de HEGEL. MARX saiu das fileiras da vertente
neo-hegeliana de esquerda.
#CONEXÕES
É possível estabelecer uma relação entre a natureza e o
pensamento hegeliano? Como? Que exemplos da concepção de HEGEL sobre o
movimento que podem ser encontrados na realidade?
#ANÁLISE E ENTENDIMENTO
Como se vincula a filosofia de KANT com o idealismo
alemão? Em que diferem o princípio criador de FICHTE e o espírito único de
SCHELLING? A dialética de HEGEL é um método ou uma forma de pensar a realidade,
ou é a expressão do movimento do real (espírito) propriamente dito? Em que se
baseia a afirmação hegeliana de que para compreender a dialética da realidade é
necessário um trabalho árduo da razão, que deve se afastar do entendimento
comum e se colocar na perspectiva do absoluto? Como deveria se posicionar a
filosofia para interpretar os acontecimentos históricos, segundo HEGEL? Que
crítica faz HEGEL às concepções de HOBBES, LOCKE e ROUSSEAU?
#CONVERSA FILOSÓFICA
A concepção de HEGEL é uma noção racional e otimista dos
acontecimentos históricos ou revela mais um perigoso conformismo, como
entenderam seus críticos?
KARL MARX
MARX (1818-1883), fundador do MATERIALISMO HISTÓRICO E
DIALÉTICO, juntamente com FRIEDRICH ENGELS, foi o maior crítico do sistema
capitalista no século XIX e, quiçá, de toda contemporaneidade. Sua filosofia
ficou conhecida como MARXISMO.
CRÍTICA AO IDEALISMO HEGELIANO
MARX foi, ao lado de LUDWIG FEUERBACH (1804-1872),
integrante da esquerda hegeliana. FEUERBRACH defendia a necessidade de a
filosofia partir do SER concreto, material e do ser humano analisado como um
ser NATURAL e SOCIAL, e não como ser ideal, representacional e abstrato, visto
como manifestação da consciência e do espírito, como queria HEGEL. Iniciou-se
então a primeira concepção contemporânea estritamente MATERIALISTA, que acabou
por influenciar o pensamento marxista.
MATERIALISMO HISTÓRICO
MARX procurou analisar a história a partir das condições
materiais e sociais nas quais os seres humanos viviam e entendeu a consciência
e as ideias como fruto de tais circunstâncias, diferentemente de HEGEL, que via
nas condições materiais e sociais o reflexo das ideias e do espírito. Daí o
MATERIALISMO HISTÓRICO. Foi crítico do isolacionismo de FEUERBACH e do utopismo
de PROUDHON. “O modo de produção da vida material condiciona o processo geral
de vida social, política e espiritual.” (Para a crítica da economia política,
prefácio, KARL MARX)
CAPITAL E TRABALHO
A força de trabalho é transformada em mercadoria com duas
características principais: É uma mercadoria como outra qualquer, descartável e
pega pelo salário; É também a única mercadoria capaz de produzir valor e
REPRODUZIR O CAPITAL. O CAPITAL é acumulado através da mais-valia, ou seja, da
produção a mais efetivada pelo operário, que recebe aquém do que foi produzido,
configurando uma exploração do TRABALHO, concentrando o poder econômico e os
meios de produção e reprodução do CAPITAL nas mãos dos capitalistas burgueses.
DIALÉTICA MARXISTA
MARX utiliza os princípios da DIALÉTICA elaborada por
HEGEL, mas o coloca de ponta a cabeça, manifestando uma antítese direta ao
hegelianismo e representando a superação do mesmo. A dialética marxista revela
a dinâmica da realidade social como LUTA DE CLASSES.
MODO DE PRODUÇÃO
É a forma como se concretiza a produção material em
determinado período histórico. Está atrelada ao desenvolvimento das FORÇAS
PRODUTIVAS (força de trabalho, meios de produção, máquinas, ferramentas e
demais instrumentos produtivos) e da maneira como se dá as RELAÇÕES DE
PRODUÇÃO. Distinguiu diversos MODOS DE PRODUÇÃO ao longo da história, tais
como: O COMUNISMO primitivo, o ESCRAVISMO na antiguidade, o FEUDALISMO na IDADE
MÉDIA, o MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO e o CAPITALISMO na modernidade.
LUTA DE CLASSES
Segundo MARX, é dever da CLASSE SOCIAL REVOLUCIONÁRIA
(aquela que é oprimida e explorada) buscar libertar-se de suas correntes. A
LUTA DE CLASSES É O MOTOR DA HISTÓRIA, ou seja, desde que o ser humano é humano
que as relações antagônicas entre as classes produzem as transformações sociais
e a superação dos modelos econômicos de exploração. Cabe atualmente ao
PROLETARIADO a organização do movimento que superará o sistema capitalista,
instituindo um modelo mais justo, solidário e humano, ou a ditadura do
proletariado, que levaria as sociedades humanas à superação da exploração do homem
sobre o homem e ao advento do COMUNISMO, sistema social onde cada um produziria
conforme a sua capacidade e receberia conforme a sua necessidade.
ESTADO COMO INSTRUMENTO DO DOMÍNIO DE CLASSE
MARX e ENGELS afirmavam que as sociedades primitivas não possuíam
CLASSES nem ESTADO. No decorrer da história as funções administrativas foram
apropriadas por um GRUPO SEPARADO DE PESSOAS, que passaram a impor a leis
sociais e coletivas. Neste momento surgiram as primeiras DESIGUALDADES DE
CLASSES, e com elas os conflitos entre EXPLORADORES E EXPLORADOS. Nasce então o
ESTADO como INSTRUMENTO DO DOMÍNIO DE CLASSE.
MANUTENÇÃO DA DESIGUALDADE
O ESTADO COMO INSTRUMENTO DE DOMÍNIO DE CLASSE produz as
CONDIÇÕES MATERIAIS de vida e existência nas sociedades. Ideologicamente a
concepção de ESTADO MODERNO afirma que tal instituição tem como finalidade
diminuir as desigualdades, mas de fato e analisando a configurações do mesmo ao
longo da história, chega-se a conclusão que o ESTADO NASCE DA DESIGUALDADE PARA
MANTER A DESIGUALDADE, pois surge de conflitos entre classes em circunstancias
desiguais, onde uma se sobrepõe à outra utilizando dos mecanismos legais
referendados pelas normas estatais.
#CONEXÕES
Que tipo de opressão e exploração se pode perceber hoje
em nossa sociedade? Qual é a sua crítica a tal sistema?
#ANÁLISE E ENTENDIMENTO
A que MARX se refere ao afirmar que HEGEL, em sua
interpretação da história, inverteu a relação entre o que é determinante e o
que é determinado? Qual é a concepção de MARX a esse respeito? Por que o método
marxista é a antítese direta do hegelianismo? O que é capital, trabalho, luta
de classes e proletariado em MARX? Por que a doutrina marxista foi denominada
materialismo histórico e dialético? Quais as semelhanças e as diferenças entre
a lei dos três estados de COMTE e a visão de MARX sobre as transformações nos
modos de produção econômica ao longo da história? Há idéia de evolução e
progresso da humanidade em ambas? A que esfera da existência humana se refere
cada uma das duas teorias? Como se posicionam MARX e ENGELS em relação à teoria
contratualista e liberal a respeito da origem e do papel do ESTADO?
#CONVERSA FILOSÓFICA
A humanidade tem progredido? Por quê? Há luta de classes
no BRASIL? Por quê? Que classes estariam em conflito? Haveria entre nós uma
classe revolucionária?
#PARA PENSAR
O que caracteriza a interpretação marxista de que o
ESTADO É UM INSTRUMENTO DE DOMINAÇÃO DE CLASSE? Você concorda? Ela exclui a
hipótese liberal do ESTADO ou a complementa, expondo seus limites?
QUESTÃO 1 (Habilidade:Articular
conhecimentos filosóficos e diferentes conteúdos nas artes.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Surrealismo e
filosofia.
Declarar
que a razão é a essência do homem significa já cortá-lo em dois, coisa que a
tradição clássica nunca deixou de fazer, ao separar no homem o que é a razão, e
por isso mesmo verdadeiramente humano, daquilo que o não é, ou seja, instintos
e sentimentos, assim considerados humanamente indignos.
ALQUIÉ,
Ferdinand. Humanismo surrealista e
existencialista. 1948. Disponível em:
. Acesso em: 10
out. 2013.
Do ponto de
vista filosófico, o artista surrealista
(A) apreende, a partir da
descoberta do inconsciente, uma nova concepção de natureza.
(B) defende a noção da
transcendência do estético e a sacralização da obra de arte.
(C) liberta-se das exigências lógicas e racionais, expressando o mundo do inconsciente. (D) valoriza a eficiência do
racionalismo e do positivismo como instrumentos do conhecimento.
(E) valoriza ideais burgueses
como pátria, família, transformando
a arte em recurso de afetividade.
GABARITO: C
Comentário: O surrealismo busca uma combinação do
representativo, do irreal e do inconsciente, afirmando que a arte deve
libertar-se das exigências da lógica e da razão e ir além da consciência cotidiana, procurando expressar
o mundo do inconsciente e dos sonhos.
QUESTÃO 2 (Habilidade: Articular
conhecimentos filosóficos e diferentes conteúdos nas artes.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Surrealismo e filosofia.
Segundo
Freud, os sonhos são traduções de nossos desejos e da realização destes. Eles
se apresentam com uma aparência ou sentido manifesto, mecanismo de que se vale
o superego, censor da nossa mente, que oculta seu significado, o sentido
latente, o conteúdo que realmente tem valor na compreensão da nossa psique e
dos nossos anseios. Este teor onírico reveste-se de símbolos, histórias
surreais que na verdade mascaram os desejos sufocados daquele que sonha. Para o
psicanalista, os sonhos oferecem ao Homem a possibilidade de conhecer a alma
humana.
Sonho. Disponível em:<
http://www.infoescola.com/psicologia/sonho/>. Acesso em: 7 nov. 2013.
Com
base na leitura de Freud, os surrealistas mergulharam na ideia de que a verdade
estava nos sonhos, uma forma de linguagem que nos abre o acesso
(A) à consciência.
(B) ao inconsciente.
(C) ao mistério.
(D) ao real.
(E) ao subconsciente.
GABARITO: B
Comentário: Para Freud, os sonhos nos
penetram no inconsciente, contribuindo para a compreensão de vários fenômenos
psíquicos.
QUESTÃO
3 (Habilidade: Articular conhecimentos filosóficos e diferentes
conteúdos nas artes.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Surrealismo e
filosofia.
O Contador Antropomórfico, 1936. Girafa
em Chamas, 1937.
Espanha, 1938.
Na pintura surrealista de Salvador Dali,
notam-se símbolos, como as gavetas secretas, inspiradas no
(A) existencialismo, de
Sartre.
(B) idealismo, de Hegel.
(C) imaterialismo, de
Berkeley.
(D) inconsciente, de Freud.
(E) materialismo histórico,
de Marx.
GABARITO: D
Comentário: As gavetas secretas são
inspiradas na teoria psicanalítica, de Freud, em especial, a teoria do
inconsciente, sugerindo algo que fica guardado, misterioso, inacessível.
QUESTÃO 4 (Habilidade:Inferir o que foi apropriado de modo
reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Mecanicismo.
O
mecanicismo foi, certamente, o grande movimento intelectual do século XVII, do
qual, com exceção dos escolásticos remanescentes, fizeram parte praticamente
todos os grandes filósofos e cientistas da época. Ele foi uma espécie de
mentalidade, de visão de mundo, uma espécie de “paradigma” partilhado pela
maioria dos sábios setecentistas, ainda que muitos deles não tenham aceitado
essa ou aquela de suas teses centrais.
BATTISTI,
César Augusto. A Natureza do Mecanicismo
Cartesiano. Disponível em:
. Acesso
em: 7 nov. 2013.
Sobre
a concepção mecanicista cartesiana, podemos afirmar que
(A) a concepção é fortemente
ancorada em pressupostos teológicos.
(B) a conexão entre o homem e
a natureza e sua rede de relações com a totalidade.
(C) a visão é do mundo como objeto, captado pelo sentimento e pela observação.
(D) o conhecimento do universo torna-se imprevisível, fora do controle humano.
(E) o todo pode ser conhecido por meio da análise das partes que o compõem.
(C) a visão é do mundo como objeto, captado pelo sentimento e pela observação.
(D) o conhecimento do universo torna-se imprevisível, fora do controle humano.
(E) o todo pode ser conhecido por meio da análise das partes que o compõem.
GABARITO: E
Comentário:
Descartes
divide um todo complexo, metodicamente em suas partes progressivamente, cada
vez mais simples, até obter uma ideia indivisível. As ideias que ainda
continuam compostas, não poderão ser evidentes senão na dependência das mais
simples. Este modo de dividir a questão pelas partes constitutivas do objeto,
visto sob o prisma de sua constituição essencial, é também o processo aplicado
na analítica dos matemáticos, que dividem, por exemplo, uma linha em infinitas
partes. Em consequência, o método essencialista de Descartes também se pode
denominar matemático.
QUESTÃO
5 (Habilidade: Contextualizar
conhecimentos filosóficos, no plano de sua origem histórico e cultural.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Niilismo.
O niilismo foi uma
corrente filosófica que exerceu grande influência na arte, na moral, na
literatura e em outras esferas da vida humana e da sociedade contemporânea, em
especial, o século XX. É a desvalorização e a morte do sentido da existência humana, a ausência de
finalidade e de respostas aos valores tradicionais. As verdades estabelecidas
se diluem e o homem perde a esperança e a segurança. Tudo se relativiza, se
desencanta.
AMORIM, Maria de Fátima. Filosofia. Ensino Médio. v. 3. Belo
Horizonte: Educacional, 2013.
Contribuíram para esse
desencantamento do mundo
(A) a afirmação da ciência e do método científico como conhecimento
seguro.
(B) a consciência da liberdade
e responsabilidade do homem por suas ações.
(C) a renovação dos valores
tradicionais e verdades estabelecidas.
(D) o dogmatismo da época e suas certezas inabaláveis.
(E) o mecanicismo e suas
explicações racionais e exatas.
GABARITO: B
Comentário: A consciência da liberdade e
da responsabilidade que implica a existência, após experiências históricas
assustadoras, a quebra do encanto com o racionalismo e suas promessas, a perda
da credibilidade nas instituições e seus valores, o desamparo da liberdade
diante da solidão humana como única alternativa, promove o desencantamento do
mundo e de si mesmo, a perda de sentido do existir.
QUESTÃO
6 (Articular
conhecimentos filosóficos e diferentes formas de linguagem.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Niilismo.
O automóvel corre, a lembrança morre
O suor escorre e molha a calçada
Há verdade na rua, há verdade no povo
A mulher toda nua, mais nada de novo
A revolta latente que ninguém vê
E nem sabe se sente, pois é, pra quê?
O suor escorre e molha a calçada
Há verdade na rua, há verdade no povo
A mulher toda nua, mais nada de novo
A revolta latente que ninguém vê
E nem sabe se sente, pois é, pra quê?
O imposto, a conta, o
bazar barato
O relógio aponta o momento exato
O relógio aponta o momento exato
[...] Pra andar ligeiro, sem
ter porque
Sem ter prá onde, pois é, pra quê?
Sem ter prá onde, pois é, pra quê?
Pois é, pra quê? Sidney Miller, 1981.
A música de Sidney Miller
aponta um pessimismo contemporâneo, que se inicia no título da música e na
pergunta que se repete a cada refrão: “pois é, pra quê?” Esse encontro com o
nada, levando consequentemente a uma perda de sentido da existência, reflete
uma corrente filosófica contemporânea, conhecida como
(A) Existencialismo.
(B) Fenomenologia.
(C) Materialismo.
(D) Niilismo.
(E) Realismo.
(B) Fenomenologia.
(C) Materialismo.
(D) Niilismo.
(E) Realismo.
GABARITO: D
Comentário: O pessimismo em relação aos
valores tradicionais, as instituições, o desencanto perante a existência e o
questionamento sobre a capacidade de ação humana refletem a corrente niilista
que influenciou profundamente a concepção de homem e mundo contemporânea.
QUESTÃO 7 (Habilidade:Inferir o que foi apropriado de modo
reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Positivismo.
O avanço científico europeu do início do século XIX, decorrente da
Primeira Revolução Industrial, fez com que o homem acreditasse em seu completo
domínio da natureza. O positivismo surgiu nessa época como uma corrente de
pensamento que afirmava o predomínio da ciência e do método empírico sobre os
devaneios metafísicos da religião. Nesse sentido, o movimento intelectual
erigido por Isidore-Auguste-Marie-François-Xavier Comte, ou simplesmente Auguste
Comte (1798-1857), defendia que todo saber do mundo físico advinha de fenômenos
“positivos” (reais) da experiência, e eles seriam os únicos objetivos de
investigação do conhecimento.
Ordem e Progresso. Disponível
em: .
Acesso em: 7 nov. 2013.
O Positivismo
é um conceito que abrange vários
significados, englobando visões filosóficas e científicas do século XIX.
Caracterizando as concepções positivistas, podemos afirmar que
(B) atribui o progresso da humanidade, única e exclusivamente, aos avanços científicos.
(D) incorpora a teologia e a metafísica fundando uma filosofia da história.
(C) provoca uma ruptura com o mecanicismo cartesiano.
(A) subordina a observação à imaginação no processo cognitivo.
(E) valoriza a subjetividade, limitando a experiência humana ao mundo sensível.
(D) incorpora a teologia e a metafísica fundando uma filosofia da história.
(C) provoca uma ruptura com o mecanicismo cartesiano.
(A) subordina a observação à imaginação no processo cognitivo.
(E) valoriza a subjetividade, limitando a experiência humana ao mundo sensível.
GABARITO: A
Comentário: O positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a
única forma de conhecimento verdadeiro, e somente podemos afirmar que uma
teoria é verdadeira se ela foi comprovada através de método científico válido.
QUESTÃO 8 (Habilidade:Inferir o que foi apropriado de modo
reflexivo.)
Nível de dificuldade: Fácil.
Assunto: Crítica ao
mecanicismo.
[...] Vocês não podem olhar em separado os problemas globais tentando
entendê-los e resolvê-los. Claro que podem consertar uma peça, mas ela vai
quebrar de novo em um segundo, porque se ignorou o que se conecta a ela.
Precisamos mudar tudo de uma vez, ao mesmo tempo. Os ideais, as instituições,
os valores. Todas essas novas tecnologias, comunicações e banco de dados causam
mais problemas do que os resolvem. A medicina, por exemplo, avançou
espantosamente em tecnologia, mas o seu custo subiu igualmente. Tornou-se
medicina para ricos. E a saúde pública não melhorou muito, embora pudesse
melhorar se apenas mudássemos nossos hábitos alimentares.
Igor
Ribeiro. Diálogo do filme Ponto de Mutação, dirigido por Bernt Capra.
Disponível em: .
Acesso em: 2 abr. 2013. (Fragmento)
Podemos classificar esse argumento como uma
crítica
(A) à ciência.
(B) ao econômico.
(C) à linguagem.
(D) à natureza.
(E) ao político.
GABARITO: A
Comentário: O texto faz uma crítica à
ciência moderna, questionando a validade das ideias e das teorias científicas, crítica
essa, amparada pelas novas descobertas na Biologia, na Matemática e na Física,
como a Teoria da Relatividade e a Teoria Quântica. As novas descobertas,
análises e investigações históricas mostram que essas ideias e teorias são, em
grande parte, de natureza subjetiva, ou seja, fruto das conclusões de emoções,
sentimentos e percepções do homem diante dos fenômenos. Vários pensadores se organizam
numa tentativa de salvar os direitos da vida e da pessoa humana, e de toda a
vida consciente, inclusive a razão, reduzidos às leis da evolução dos seres
vivos, inclusive por Capra, neste filme e no livro, Ponto de mutação, de onde o
texto foi retirado.
QUESTÃO 9 (Habilidade: Inferir o que foi apropriado de modo
reflexivo.)
Nível de dificuldade: Fácil.
Assunto: Thomas Kuhn e a
teoria dos paradigmas.
Thomas Kuhn, em especial, A
Estrutura das Revoluções Científicas, nos
mostra que a ciência é o produto de uma época, de seus valores e de
suas capacidades interpretativas. Com efeito, para Kuhn, não há propriamente
uma “verdade científica” na medida em que toda “objetividade” é vista a partir dos valores internos à cultura e à época na qual a
comunidade científica está inserida. Toda visão de mundo é, assim, construída
dentro dessa perspectiva, desse conjunto de valores que, em uma dada época,
constitui a visão de mundo de uma determinada comunidade regendo, a partir daí,
suas práticas científicas.
CONDÉ, Mauro Lúcio
Leitão. De Galileu a Armstrong, as várias
faces da lua. FAFICH, UFMG.
Disponível em: .
Acesso em: 15 out. 2013.
A esse
conjunto de valores determinantes da visão de mundo, Kuhn denominou
(A) Revolução Científica.
(B) Revolução Copernicana.
(C) Revolução Cultural.
(D) Teoria dos Paradigmas.
(E) Teoria Sistêmica.
GABARITO: D
Comentário: Ao conjunto de valores
propostos na teoria de Kuhn, denominamos
Teoria dos Paradigmas.
QUESTÃO 10 (Habilidade: Inferir o que foi apropriado de modo
reflexivo.)
Nível de dificuldade: Fácil.
Assunto: Cultura.
Denominamos cultura todas as criações humanas que formam o
conjunto dos bens culturais: as coisas, os objetos, os saberes, os costumes e
os valores de um povo. Cultura seria, portanto, a forma que o homem constrói na
tentativa de relacionar-se com o mundo, o que inclui tudo o que ele faz e
pensa.
AMORIM,
Maria de Fátima. Filosofia. Ensino Médio. v. 3. Belo Horizonte:
Educacional, 2013.
Baseando-nos no texto, podemos concluir a
cultura como o conjunto dos bens
(A) científicos e
tecnológicos.
(B) habituais e costumeiros.
(C) materiais e imateriais.
(D) religiosos e míticos.
(E) técnicos e artesanais.
GABARITO: C
Comentário: As expressões explicativas do
que são os bens culturais (objetos, saberes, etc.) e o que inclui os bens que
ele constrói (o que ele faz e pensa) dão a resposta à pergunta. A cultura são
bens materiais (objetos) e imateriais (as ideias, os valores).
QUESTÃO 11 (Habilidade: Inferir o que foi apropriado de modo
reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Cultura.
Todas as culturas são
relativas, mas o relativismo cultural, enquanto atitude filosófica, é incorreto.
Todas as culturas aspiram a preocupações e valores universais, mas o
universalismo cultural, enquanto atitude filosófica, é incorreto. Contra o
universalismo há que propor diálogos interculturais sobre preocupações
isomórficas. Contra o relativismo há que desenvolver critérios políticos para
distinguir uma política progressista de política conservadora, capacitação de
desarme, emancipação de regulação.
SANTOS, Boaventura de Souza. Para uma concepção multicultural dos
Direitos Humanos. 1997. Disponível em:
.
Acesso em: 12 out. 2013.
O
texto de Santos demonstra
(A) a desigualdade de forças econômicas e políticas que regulam o
acesso das culturas ao desenvolvimento material.
(B) a inexistência de uma real consciência a respeito da problemática
cultural, tanto em âmbito nacional quanto planetário.
(C) a liberdade de decidir o futuro, aberta apenas para as culturas
que controlam as alternativas e não são obrigados a aceitar imposições.
(D) a preocupação em integrar a pluralidade cultural com o processo
de desenvolvimento econômico.
(E) o princípio da igualdade material e jurídica como premissa para o
desenvolvimento de instituições democráticas.
GABARITO: E
Comentário: Do ponto de vista filosófico,
tanto o relativismo, quanto o universalismo são incorretos no sentido em que
tendem à exclusão cultural. O universalismo, tentando impor sua concepção de
verdades ditas universais a todo planeta, o relativismo, particularizando,
isolando as culturas. O princípio da igualdade material e jurídica como
premissa para o desenvolvimento de instituições democráticas é o pilar para
equilibrara essas relações.
QUESTÃO 12 (Habilidade: Inferir o que foi apropriado de modo
reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Cultura.
Vinda do verbo latino
colere, que significa cultivar, criar, tomar conta e cuidar. Cultura
significava o cuidado do homem com a Natureza. Donde: agricultura significava,
também, cuidado dos homens com os deuses. Donde: culto significava ainda, o
cuidado com a alma e o corpo das crianças, com sua educação e formação. Donde:
puericultura (em latim, puer significa menino; puera, menina). A
Cultura era o cultivo ou a educação do espírito das crianças para tornarem-se
membros excelentes ou virtuosos da sociedade pelo aperfeiçoamento e refinamento
das qualidades naturais (caráter, índole, temperamento).
CHAUÍ,
Marilena de Souza. Convite à filosofia. 12. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
p.127.
Pelo texto, podemos definir a Cultura como
(A) a educação do espírito
pela religião e seus rituais.
(B) a educação do intelecto
pelas informações acumuladas.
(C) a formação das crianças
pela alfabetização.
(D) a iniciação à
coletividade pelo aprendizado da religião.
(E) o desenvolvimento da
condição humana pela educação.
GABARITO: E
Comentário: A condição humana em educação
se dá pela socialização, num processo
contínuo, através do qual o indivíduo se integra, adquirindo, adaptando suas crenças,
modelos, hábitos e valores. É através da socialização que o indivíduo pode
desenvolver a sua personalidade e ser admitido na sociedade.
QUESTÃO 13 (Habilidade: Saber identificar teorias filosóficas como interpretações do mundo
e avaliá-las quanto ao grau de argumentação por meio do qual são expostas.)
Nível de dificuldade: Difícil.
Assunto: O Mal-estar na
civilização.
Na obra O mal-estar na
civilização, Freud discute o conceito de
civilização como resultado do controle sobre os instintos agressivos do ser
humano e do conflito entre duas forças características da natureza humana:
Eros, a força que leva à integração entre os homens, à formação da família e da
sociedade, e Tânatos, o instinto de morte, que explica a agressividade e a
destruição provocadas pelo homem.
MARCONDES,
Danilo. Textos básicos de ética – de
Platão a Foucault. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 127.
Para Freud, o fato de a cultura produzir um mal-estar nos seres
humanos, ocorre devido à existência de um antagonismo intransponível entre
(A) a força do instinto e as
da agressividade.
(B) a fusão entre a construção e a destruição.
(C) as exigências da pulsão e as da civilização.
(D) as frustrações do instinto e as da sexualidade.
(E) o conflito entre o amor e o ódio.
GABARITO: C
(B) a fusão entre a construção e a destruição.
(C) as exigências da pulsão e as da civilização.
(D) as frustrações do instinto e as da sexualidade.
(E) o conflito entre o amor e o ódio.
GABARITO: C
Comentário: Esse antagonismo
intransponível se expressa pelo conflito entre as exigências das pulsões e a
civilização. Só existe civilização se houver repressão. Para que a civilização
possa se desenvolver, o homem tem que renunciar à satisfação das pulsões,
prejudicando a sexualidade e a agressividade. O indivíduo é oprimido em suas
pulsões vivendo o que Freud denominou o mal-estar civilizatório.
QUESTÃO
14 (Habilidade: Contextualizar
conhecimentos filosóficos, no plano de sua origem histórico e cultural.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Karl Marx e a questão da
ideologia.
Essa corrente de
pensamento vê a classe trabalhadora como despossuída, oprimida e geradora da
riqueza social sem dela desfrutar. Para ela, os teóricos imaginam uma nova
sociedade onde não exista a propriedade privada, o
lucro dos capitalistas, a exploração do trabalho e a desigualdade econômica,
social e política.
CHAUÍ,
Marilena. Convite à filosofia. São
Paulo: Ática, 2003. p. 408.
O
texto se refere aos fundamentos do pensamento
(B) Anarquista.
(C) Comunista. (E) Fascista.
(A) Liberal.
(D) Socialista.
GABARITO: E
Comentário: As características apontadas no
texto se referem ao socialismo, que pregava a socialização dos meios de
produção, de Karl Marx.
QUESTÃO 15 (Habilidade: Inferir o que foi apropriado de modo
reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: A questão da
existência.
O homem está condenado a ser livre.
SARTRE, Jean Paul. O existencialismo é um humanismo. Conferência: 20 de outubro de
1945.
O argumento de Sartre pode ser traduzido como
(A) a ideia de destino, é reconsiderada, perante a ideia da liberdade como
condenação.
(B) a incapacidade de arcar com as próprias responsabilidades e definir seu
projeto de vida.
(C)
nossas
escolhas são direcionadas por aquilo que Deus nos revela ser o Bem.
(D)
o homem
primeiro existe no mundo e só depois se define pelas escolhas e ações.
(E) os valores morais são limites para a liberdade, pois eles mantém a coesão
social.
GABARITO: D
Comentário: É a consciência sobre a
condição humana, a liberdade como a única saída para a construção da sua
essência. Não escolher é uma escolha, a de negar o desafio da construção da sua
vida, sendo determinado pela escolha de outros.
QUESTÃO
16 (Habilidade: Inferir o que
foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível
de dificuldade: Médio.
Assunto: Existencialismo.
O Existencialismo é uma escola de filósofos dos séculos XIX e XX, com diferentes concepções
de doutrinas, partilhando a crença de que o pensamento filosófico
começa com o sujeito, nas suas ações, sentimentos e a vivência de um ser humano
individual.
AMORIM,
Maria de Fátima. Filosofia. Ensino Médio. v. 3. Belo Horizonte:
Educacional, 2013.
O grande tema filosófico, norteador das
concepções formuladas pelo existencialismo, foi
(A) a existência e a
liberdade.
(B) a liberdade e o corpo. (C) a responsabilidade e a fé.
(D) as emoções e a mente.
(E) o medo e a angústia.
GABARITO: A
Comentário: Apesar de tratar de vários dos
temas citados nas outras alternativas, os grandes temas filosóficos do
existencialismo foram a liberdade e a existência.
QUESTÃO 17 (Habilidade: Articular conhecimentos filosóficos e
diferentes formas de linguagem.)
Nível de dificuldade: Difícil.
Assunto: Indústria cultural.
O consumismo é uma espécie de desdobramento do ato do consumo, e
de certa forma um exagero, uma necessidade, uma demanda, um desejo e o
reconhecimento do desejo. O termo consumo, à primeira vista nos ilude e nos faz
pensar que haveria um sujeito consumidor e um objeto consumido, mas a
experiência do sujeito imerso na cultura do consumo contínuo nos mostra que ele
não pode parar.
THURMAN,
Robert. Revolução interior. Rio de Janeiro: Fissus. Disponível
em:
Sobre o consumismo, podemos afirmar que
(A) a era do consumismo está singularizando as pessoas fazendo-as
mais modernas, felizes e realizadas.
(B) o consumismo atende às necessidades materiais dos homens
estimulando-o a lutar cada vez mais, para conseguir ter e renovar sua
individualidade.
(C) o consumismo
contribui para sermos capazes de ressignificar os valores éticos e as mudanças culturais
da sociedade.
(D) o problema do consumo não é o fato em si, mas a sua falta, pois o
não consumo pode prejudicar o acesso à vida confortável que todos aspiram.
(E) os modismos estimulados pelo
consumismo nos oportuniza experiências de diversidade de estilos nos ensinando
a conviver na pluralidade.
GABARITO: B
Comentário: Ao atender as expectativas e
desejos do indivíduo, o consumo cria novas necessidades num ciclo interminável,
fazendo acreditar que o ter renova e é determinante no indivíduo.
QUESTÃO 18 (Habilidade: Contextualizar conhecimentos
filosóficos, no plano de sua origem histórico e cultural.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Ócio também é
cultura.
[...]
No passado havia uma pequena classe
ociosa e uma grande classe trabalhadora. A classe ociosa desfrutava de
vantagens para as quais não havia base em justiça social; isto necessariamente
as fez opressivas, limitou sua simpatia, e levou à invenção de teorias para
justificar seus privilégios. Isto fez diminuir enormemente a sua excelência,
mas apesar disto elas contribuíram com quase tudo do que chamamos de
civilização. Ela cultivou as artes e descobriu as ciências; escreveu os livros,
inventou as filosofias, e refinou as relações sociais. Mesmo a libertação dos
oprimidos foi geralmente iniciada de cima. Sem a classe ociosa, a humanidade
nunca teria emergido da barbárie.
RUSSEL,
Bertrand. Elogio ao ócio. São Paulo:
Sextante, 2002.
De acordo com o texto, o ócio
(A) contribuiu para a
ineficiência da classe ociosa, acomodada diante dos privilégios
alcançados. (B) foi improdutivo, por ser praticado
apenas pela minoria dos indivíduos.
(C) foi uma prática justa,
garantidora de privilégios e conquistas para a maioria dos indivíduos. (D) limitou a simpatia e a generosidade das camadas ociosas,
tornando-as opressoras.
(E) proporcionou as condições
civilizatórias, refinando a forma de pensar e as relações sociais.
GABARITO: E
Comentário: Apesar de ser atributo de uma
minoria, o ócio é imprescindível para o processo de criação. Foi esse o fator
determinante, que favoreceu o cultivo das artes, descobriu as ciências;
escreveu livros, inventou filosofias, e refinou as relações sociais. Sem a
classe ociosa, a humanidade nunca teria emergido da barbárie.
QUESTÃO
19 (Habilidade: Articular
conhecimentos filosóficos e diferentes formas de linguagem.)
Nível
de dificuldade: Fácil.
Assunto: Reinventando a
democracia.
A
charge denuncia
(A) a democracia e a
participação política popular.
(B) a ignorância do povo em relação à política.
(C) a impertinência do povo diante da autoridade.
(D) a preocupação política nos interesses do
povo.
(E) o descaso do político com
as questões públicas.
GABARITO: E
Comentário: A charge mostra o descaso do
político com o povo, ironizando, banalizando a democracia no contexto
apresentado.
QUESTÃO 20 (Habilidade: Contextualizar conhecimentos
filosóficos, no plano de sua origem histórico e cultural.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Reinventando a
democracia.
Thomas
Hobbes escreveu no século XVII: a única coisa que nenhum Estado, nem mesmo o
Leviatã, pode é obrigar as pessoas a matarem ou estarem dispostas a ser mortas.
No entanto, os Estados modernos conseguiram fazer exatamente isso e não poucas
vezes. Embora muitas vezes tenham conseguido isso por alistamento compulsório,
também o fizeram apelando a cada cidadão e convencendo-o de que, se ele se
identificasse com a coletividade devendo estar pronto para o ato supremo de
abdicar de sua liberdade de vida. A obediência voluntária ao Estado foi um
elemento essencial na capacidade de mobilizar as populações [...] Esse processo desenrolou-se ao longo dos
séculos e alcançou seu ápice em 1960, quando todos os países do mundo, até
mesmo os de capitalismo mais avançado, estruturam-se sob a forma de Estados
dotados dos mais amplos poderes. Essa tendência parece ter chegado ao seu
limite.
HOBSBAWN,
Eric. O novo século. Entrevista com
Antônio Polito. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
A partir das ideias do texto, podemos concluir que, para Hobsbawn,
as restrições ao poder do Estado, ocorreu devido
(A) à
diluição do seu poder político dividido com o terceiro setor.
(B) à perda do monopólio
sobre os meios de coerção. (C) à privatização das empresas
estatais.
(D) ao aumento das rebeliões
populares.
(E) ao descaso com as
questões públicas.
GABARITO: B
Comentário: De acordo com a teoria
liberal, do ponto de vista jurídico, o Estado detém os meios de coerção. Sob
justificativa de proteção, tornou-se o meio mais eficaz de alcançar a
obediência voluntária e a mobilização da população. A partir dos anos 60, os
abusos do poder do Estado, geram movimentos e questionamentos sobre a validade
e legitimidade desse poder, somados a atitudes da sociedade civil, no sentido
de diminuição e intimidação do uso da força pelo Estado.
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