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terça-feira, 26 de julho de 2016

FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA: HEGEL E MARX



FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA: HEGEL E MARX

MÓDULO 2

#PARA COMEÇAR

#QUESTÕES FILOSÓFICAS

As sociedades humanas evoluem? Existe um princípio unificador da realidade? Como é a dinâmica das transformações do real? O que é a história? O que é o bem e o mal?

PENSAMENTO DO SÉCULO XIX

Foi no SÉCULO XIX que se deu a EXPANSÃO DO CAPITALISMO E OS NOVOS IDEAIS (oriundos da REVOLUÇÃO FRANCESA) de liberdade igualdade e fraternidade. Com as revoluções burguesas, a BURGUESIA ascende ao poder e passa a consolidar o sistema econômico hoje predominante no mundo: o CAPITALISMO, que passou pelas fases comercial, industrial e hoje se encontra em seu estágio financeiro. 

PROGRESSO VERSUS DESUMANIZAÇÃO

Na medida em que a ciência progredia, a exploração do homem sobre o homem atingia níveis cada vez maiores, sendo possível ver no rosto e no corpo dos operários as marcas da opressão e do descaso com quem produzia a riqueza do sistema. A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL foi o marco moderno a iniciar esse processo. 

AVANÇO TÉCNICO E CIENTÍFICO

INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS trouxeram as maravilhas do aço, da locomotiva, da energia elétrica, do motor a gasolina, dos automóveis, do avião, do telégrafo, do telefone, da fotografia, do cinema, do rádio e muitas outras conquistas. Tudo isso somado criou o clima de fé no progresso humano e na ciência como a portadora da força motriz de tal processo. 

EXPLORAÇÃO DO TRABALHO HUMANO

Mas nem tudo eram rosas nesse jardim progressista. Os espinhos logo se revelaram e encravando na pele do proletariado urbano, que foi o responsável por ceder a sua força vital para alavancar o avanço industrial. Diante de tal exploração, começaram a surgir as primeiras CORRENTES SOCIALISTAS, que visavam defender os interesses das classes subalternas e instalar um regime político e econômico mais solidário e fraterno. Outras propostas também eclodiram, como: o ROMANTISMO e o POSITIVISMO. 

ROMANTISMO

Foi um MOVIMENTO CULTURAL que influenciou as ARTES e a FILOSOFIA. 

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Valorização do INDIVÍDUO, da NATUREZA e da PÁTRIA. O importante para o movimento romântico eram as PAIXÕES e os SENTIMENTOS VALOROSOS. A SUBJETIVIDADE era o ponto de referência. A NATUREZA era vista como FORÇA VITAL. Buscava-se uma visão global, que abarcasse a TOTALIDADE e não mais fragmentos da realidade. A visão racionalista do deísmo foi substituída pela concepção MÍSTICA e EMOCIONAL de DEUS, que era visto como um ser que utilizava como linguagem o amor e o CORAÇÃO. Foi defensor do NACIONALISMO, o amor à pátria, e propagador do valor da LIBERDADE INDIVIDUAL.

ROMANTISMO NA FILOSOFIA

JEAN-JACQUES ROUSSEAU foi considerado um PENSADOR PRÉ-ROMÂNTICO, pela sua valorização da natureza. Já o movimento em si influenciou de forma bastante forte o IDEALISMO ALEMÃO.

POSITIVISMO

AUGUSTE COMTE (1798-1857 d. C.) foi o fundador da escola positivista, que muita influência exerceu em toda EUROPA no século XIX, chegando a flertar com movimentos reformistas republicanos brasileiros. Sua empreitada megalomaníaca o levou, ao final da vida, a fundar uma seita, que ele denominou RELIGIÃO DA HUMANIDADE, que seria uma espécie de credo científico. Supervalorizou as CIÊNCIAS POSITIVAS (fundamentadas em conhecimentos concretos e empíricos). Tal era sua FILOSOFIA POSITIVA. Seu pensamento é marcado pelo CULTO DA CIÊNCIA e a SACRALIZAÇÃO DO MÉTODO CIENTÍFICO. Seu lema era: ORDEM SOCIAL PARA O PROGRESSO ECONÔMICO, TECNOLÓGICO E CIENTÍFICO. Tal lema está representado também na bandeira brasileira, que foi elaborada na época da PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA, liderada por militares inspirados pelos ideias positivistas.

FORMULAÇÃO DE LEIS GERAIS

O universo trabalha e funciona de forma regular e é possível depreender dele, através da observação, as LEIS GERAIS que regem a natureza. Uma de suas leis era: VER PARA PREVER. Observar os fenômenos naturais para prevê-los e assim poder dominá-los.  

LEI DOS TRÊS ESTADOS

COMTE elabora, à sua maneira, uma teoria complementar da EVOLUÇÃO da história cultural da humanidade. As sociedades humanas passaram por TRÊS ESTADOS em seu processo evolutivo: O ESTADO TEOLÓGICO OU FICTÍCIO, que foi o momento em que as explicações para os fenômenos que cerceavam o ser humano vinham da fé, dos mitos e da religião, progredindo do POLITEÍSMO para o MONOTEÍSMO; O ESTADO METAFÍSICO OU ABSTRATO, que é quando as explicações religiosas começam a ser questionadas e novas respostas racionalizadas, mas ainda deveras abstratas, começaram a surgir para tentar entender o universo em torno dos homens; E o ESTADO CIENTÍFICO OU POSITIVO, que é o atual estágio das sociedades européias, que buscavam explicar o universo fundamentado na ciência, nos fenômenos concretos e nas experiências que comprovavam de forma cabal a teses científicas. 

REFORMA DA SOCIEDADE

COMTE não aspirava a uma revolução ou transformação radical da sociedade, mas apenas uma reforma capaz de reparar os problemas advindos do processo evolutivo da humanidade. Defendia uma REORGANIZAÇÃO COMPLETA DA SOCIEDADE, junto com uma REESTRUTURAÇÃO INTELECTUAL e uma REFORMA DAS INSTITUIÇÕES SOCIAIS. Inspirou-se nos socialistas franceses (SAINT-SIMON, FOURIER e PROUDHON) que o precederam, mas não compartilhou o desejo de ver o sistema capitalista superado, mas apenas reformado e revigorado. A meta do POSITIVISMO era RESTABELECER A ORDEM para garantir o progresso. 

#ANÁLISE E ENTENDIMENTO

Quais foram as características sociais, políticas e econômicas que marcaram o século XIX e que tiveram repercussão no pensamento filosófico desse período? De que maneira o movimento romântico pode ser considerado uma reação ao ILUMINISMO? Quais são suas características gerais? O que caracteriza e sintetiza, de forma contextualizada, a doutrina filosófica do positivismo? 

#CONVERSA FILOSÓFICA

Quais foram as propostas dos primeiros pensadores socialistas, como SAINT-SIMON, FOURIER e PROUDHON? Qual é a diferença entre elas e a defesa da reforma social idealizada por COMTE? 

FRIEDRIH HEGEL

GEORG WILHELM FRIEDRICH HEGEL (1770-1831 d. C.) foi o principal expoente do IDEALISMO ALEMÃO. Seu pensamento ficou conhecido como IDEALISMO ABSOLUTO.

IDEALISMO ALEMÃO

O que é o IDEALISMO? Tal concepção na sua vertente contemporânea tem suas raízes na filosofia kantiana, onde o referido filósofo dizia: “DAS COISAS SÓ CONHECEMOS A PRIORI AQUILO QUE NÓS MESMOS COLOCAMOS NELAS.” Surge assim aquilo que atualmente é conhecido como IDEALISMO ALEMÃO. Para o IDEALISMO nós não podemos conhecer as coisas tais como elas são, mas somente o PENSAMENTO que delas fazemos, ou a CONSCIÊNCIA que temos dos objetos. A EXISTÊNCIA DO EU é o princípio do conhecimento. É o SUJEITO (EU) que torna possível conhecer. JOHANN GOTTLIEB FICHTE (1726-1814) rompeu com a concepção kantiana de NOUMENON (NÚMENO=coisa em si) e deteve-se no conceito de PHENOMENON (FENÔMENO=aquilo que se apresenta para a consciência). O EU torna-se com FICHTE o PRINCÍPIO CRIADOR DE TODA REALIDADE. A REALIDADE OBJETIVA SERIA PRODUTO DO ESPÍRITO HUMANO, denominada pelo filósofo de NÃO-EU. FRIEDRICH SCHELLING discordou de FICHTE e afirmou existir um ÚNICO PRINCÍPIO, uma INTELIGÊNCIA criadora e garantidora da realidade enquanto idealidade. 

RACIONALIDADE DO REAL

Hegel afirmava que O REAL É RACIONAL E O RACIONAL É REAL, ou seja, o que chamamos de realidade é algo racional, passível de ser percebido, racionalizado e idealizado pelo sujeito e a única realidade é o universo racional constituído pelas ideais humanas. A realidade é ESPÍRITO (entendido em HEGEL como idéia, razão ou cultura). 

MOVIMENTO DIALÉTICO

A realidade é um SUJEITO com vida própria e que guia de forma racional todas as coisas. É MOVIMENTO, PROCESSO, constante DEVIR. O MOVIMENTO DIALÉTICO, segundo HEGEL, ocorre de forma dinâmica de três formas: Como SER EM SI, a idéia fechada em si mesma; Como SER OUTRO ou FORA DE SI, a idéia alienada, exteriorizada; E como SER PARA SI, a idéia que retorna a si de forma consciente e realizada. Tal movimento se processa em ESPIRAL, ou seja, é dinâmico e constante. Um exemplo concreto desta concepção seria aquilo que percebemos na natureza, como a semente, que precisa deixar de ser semente para se tornar planta, e precisa superar a planta para se tornar fruto, reiniciando o processo com a semente que do fruto é extraída. Assim se dá com todas as coisas, como por exemplo, no indivíduo, que se inicia como criança, mas que precisa superar a infância para se tornar jovem, e necessita ultrapassar a juventude para se tornar adulto. A cultura como forma de expressão máxima do sistema hegeliano também funciona na mesma dinâmica, pois necessita exteriorizar-se para concretizar-se em tal processo dialético.  

SABER ABSOLUTO

Para compreender o MOVIMENTO DIALÉTICO, necessário se faz sair da perspectiva comum e subjetiva e colocar-se do ponto de vista do ABSOLUTO. A consciência que atinge o êxito em tal empreendimento tem acesso à RAZÃO e ao SABER ABSOLUTO, pois SER e PENSAR coincidem. É uma relação complexa e dinâmica entre o FINITO e o INFINITO. O saber da COISA EM SI é o conhecimento de que a realidade se resume na fenomenologia do espírito (estudo e conhecimento da realidade como fenômeno, como aquilo que aparece e é percebido pela consciência em seu itinerário rumo à plena realização da idéia). Rompeu com a concepção romântica da NATUREZA e adotou a ideia da superioridade do espírito, que se concretiza na história através da liberdade, que marcha num processo contínuo de auto-realização. No espírito também se processa o MOVIMENTO DIALÉTICO da seguinte maneira: O ESPÍRITO SUBJETIVO, ou seja, a consciência individual do sujeito; O ESPÍRITO OBJETIVO, que é o momento em que o espírito sai de si e se concretiza nas instituições sociais como a família, a sociedade civil e o ESTADO; O ESPÍRITO ABSOLUTO, que é o momento máximo da marcha espiritual da consciência se manifestando na arte, na religião e na filosofia, fazendo a idéia consciente de si mesma na história. 

FILOSOFIA E HISTÓRIA

A história, assim como a natureza e tudo aquilo que chamamos de realidade seguem um curso e um PLANO RACIONAL, ou seja, todos os fenômenos fazem parte de um propósito racional universal. Didaticamente atribuíram a HEGEL a concepção de que o movimento dialético se processa em TESE, ANTÍTESE e SÍNTESE. Para ilustrar e compreender tal postura podemos usar o exemplo histórico das concepções de ESTADO, que se desenvolveram modernamente assim: TESE=ESTADO ABSOLUTISTA, ANTÍTESE=ESTADO LIBERAL e SÍNTESE=ESTADO SOCIALISTA. São os momentos dialéticos de manifestação, progresso e concretização do ESTADO e da idéia de liberdade. 

DO ESTADO SURGE O INDIVÍDUO

HEGEL discorda da visão liberal de ESTADO que vê no indivíduo um ser isolado, que segundo o alemão seria apenas uma ABSTRAÇÃO. O ESTADO PRECEDE O INDIVÍDUO, e a sociedade é quem produz o sujeito, pois quando este emerge, o faz diante de algo já estabelecido, que o antecede historicamente. O ESTADO é fruto de um processo histórico, é uma idéia que se concretiza ao longo da história, concretizando também a idéia de liberdade, que se amplia e atinge seu máximo esplendor no ESTADO MODERNO. O ESTADO é a instituição responsável por conciliar a UNIVERSALIDADE humana com os interesses particulares e individuais da sociedade civil.    

LEGADO DE HEGEL

Após a sua morte, seus seguidores se dividiram em duas vertentes, os NEO-HEGELIANOS DE DIREITA, mais conservadores e ortodoxos, e os NEO-HEGELIANOS DE ESQUERDA, progressistas e partidários de uma filosofia que superasse o pensamento de HEGEL. MARX saiu das fileiras da vertente neo-hegeliana de esquerda.

#CONEXÕES

É possível estabelecer uma relação entre a natureza e o pensamento hegeliano? Como? Que exemplos da concepção de HEGEL sobre o movimento que podem ser encontrados na realidade?

#ANÁLISE E ENTENDIMENTO

Como se vincula a filosofia de KANT com o idealismo alemão? Em que diferem o princípio criador de FICHTE e o espírito único de SCHELLING? A dialética de HEGEL é um método ou uma forma de pensar a realidade, ou é a expressão do movimento do real (espírito) propriamente dito? Em que se baseia a afirmação hegeliana de que para compreender a dialética da realidade é necessário um trabalho árduo da razão, que deve se afastar do entendimento comum e se colocar na perspectiva do absoluto? Como deveria se posicionar a filosofia para interpretar os acontecimentos históricos, segundo HEGEL? Que crítica faz HEGEL às concepções de HOBBES, LOCKE e ROUSSEAU?

#CONVERSA FILOSÓFICA    

A concepção de HEGEL é uma noção racional e otimista dos acontecimentos históricos ou revela mais um perigoso conformismo, como entenderam seus críticos?

KARL MARX

MARX (1818-1883), fundador do MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO, juntamente com FRIEDRICH ENGELS, foi o maior crítico do sistema capitalista no século XIX e, quiçá, de toda contemporaneidade. Sua filosofia ficou conhecida como MARXISMO. 

CRÍTICA AO IDEALISMO HEGELIANO

MARX foi, ao lado de LUDWIG FEUERBACH (1804-1872), integrante da esquerda hegeliana. FEUERBRACH defendia a necessidade de a filosofia partir do SER concreto, material e do ser humano analisado como um ser NATURAL e SOCIAL, e não como ser ideal, representacional e abstrato, visto como manifestação da consciência e do espírito, como queria HEGEL. Iniciou-se então a primeira concepção contemporânea estritamente MATERIALISTA, que acabou por influenciar o pensamento marxista. 

MATERIALISMO HISTÓRICO

MARX procurou analisar a história a partir das condições materiais e sociais nas quais os seres humanos viviam e entendeu a consciência e as ideias como fruto de tais circunstâncias, diferentemente de HEGEL, que via nas condições materiais e sociais o reflexo das ideias e do espírito. Daí o MATERIALISMO HISTÓRICO. Foi crítico do isolacionismo de FEUERBACH e do utopismo de PROUDHON. “O modo de produção da vida material condiciona o processo geral de vida social, política e espiritual.” (Para a crítica da economia política, prefácio, KARL MARX)

CAPITAL E TRABALHO

A força de trabalho é transformada em mercadoria com duas características principais: É uma mercadoria como outra qualquer, descartável e pega pelo salário; É também a única mercadoria capaz de produzir valor e REPRODUZIR O CAPITAL. O CAPITAL é acumulado através da mais-valia, ou seja, da produção a mais efetivada pelo operário, que recebe aquém do que foi produzido, configurando uma exploração do TRABALHO, concentrando o poder econômico e os meios de produção e reprodução do CAPITAL nas mãos dos capitalistas burgueses.

DIALÉTICA MARXISTA

MARX utiliza os princípios da DIALÉTICA elaborada por HEGEL, mas o coloca de ponta a cabeça, manifestando uma antítese direta ao hegelianismo e representando a superação do mesmo. A dialética marxista revela a dinâmica da realidade social como LUTA DE CLASSES.

MODO DE PRODUÇÃO

É a forma como se concretiza a produção material em determinado período histórico. Está atrelada ao desenvolvimento das FORÇAS PRODUTIVAS (força de trabalho, meios de produção, máquinas, ferramentas e demais instrumentos produtivos) e da maneira como se dá as RELAÇÕES DE PRODUÇÃO. Distinguiu diversos MODOS DE PRODUÇÃO ao longo da história, tais como: O COMUNISMO primitivo, o ESCRAVISMO na antiguidade, o FEUDALISMO na IDADE MÉDIA, o MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO e o CAPITALISMO na modernidade. 

LUTA DE CLASSES

Segundo MARX, é dever da CLASSE SOCIAL REVOLUCIONÁRIA (aquela que é oprimida e explorada) buscar libertar-se de suas correntes. A LUTA DE CLASSES É O MOTOR DA HISTÓRIA, ou seja, desde que o ser humano é humano que as relações antagônicas entre as classes produzem as transformações sociais e a superação dos modelos econômicos de exploração. Cabe atualmente ao PROLETARIADO a organização do movimento que superará o sistema capitalista, instituindo um modelo mais justo, solidário e humano, ou a ditadura do proletariado, que levaria as sociedades humanas à superação da exploração do homem sobre o homem e ao advento do COMUNISMO, sistema social onde cada um produziria conforme a sua capacidade e receberia conforme a sua necessidade.  

ESTADO COMO INSTRUMENTO DO DOMÍNIO DE CLASSE

MARX e ENGELS afirmavam que as sociedades primitivas não possuíam CLASSES nem ESTADO. No decorrer da história as funções administrativas foram apropriadas por um GRUPO SEPARADO DE PESSOAS, que passaram a impor a leis sociais e coletivas. Neste momento surgiram as primeiras DESIGUALDADES DE CLASSES, e com elas os conflitos entre EXPLORADORES E EXPLORADOS. Nasce então o ESTADO como INSTRUMENTO DO DOMÍNIO DE CLASSE. 

MANUTENÇÃO DA DESIGUALDADE

O ESTADO COMO INSTRUMENTO DE DOMÍNIO DE CLASSE produz as CONDIÇÕES MATERIAIS de vida e existência nas sociedades. Ideologicamente a concepção de ESTADO MODERNO afirma que tal instituição tem como finalidade diminuir as desigualdades, mas de fato e analisando a configurações do mesmo ao longo da história, chega-se a conclusão que o ESTADO NASCE DA DESIGUALDADE PARA MANTER A DESIGUALDADE, pois surge de conflitos entre classes em circunstancias desiguais, onde uma se sobrepõe à outra utilizando dos mecanismos legais referendados pelas normas estatais.  

#CONEXÕES

Que tipo de opressão e exploração se pode perceber hoje em nossa sociedade? Qual é a sua crítica a tal sistema?

#ANÁLISE E ENTENDIMENTO

A que MARX se refere ao afirmar que HEGEL, em sua interpretação da história, inverteu a relação entre o que é determinante e o que é determinado? Qual é a concepção de MARX a esse respeito? Por que o método marxista é a antítese direta do hegelianismo? O que é capital, trabalho, luta de classes e proletariado em MARX? Por que a doutrina marxista foi denominada materialismo histórico e dialético? Quais as semelhanças e as diferenças entre a lei dos três estados de COMTE e a visão de MARX sobre as transformações nos modos de produção econômica ao longo da história? Há idéia de evolução e progresso da humanidade em ambas? A que esfera da existência humana se refere cada uma das duas teorias? Como se posicionam MARX e ENGELS em relação à teoria contratualista e liberal a respeito da origem e do papel do ESTADO?

#CONVERSA FILOSÓFICA

A humanidade tem progredido? Por quê? Há luta de classes no BRASIL? Por quê? Que classes estariam em conflito? Haveria entre nós uma classe revolucionária?

#PARA PENSAR

O que caracteriza a interpretação marxista de que o ESTADO É UM INSTRUMENTO DE DOMINAÇÃO DE CLASSE? Você concorda? Ela exclui a hipótese liberal do ESTADO ou a complementa, expondo seus limites?

  QUESTÃO 1 (Habilidade:Articular conhecimentos filosóficos e diferentes conteúdos nas artes.)
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                   Assunto: Surrealismo e filosofia.
Declarar que a razão é a essência do homem significa já cortá-lo em dois, coisa que a tradição clássica nunca deixou de fazer, ao separar no homem o que é a razão, e por isso mesmo verdadeiramente humano, daquilo que o não é, ou seja, instintos e sentimentos, assim considerados humanamente indignos.
ALQUIÉ, Ferdinand. Humanismo surrealista e existencialista. 1948. Disponível em: . Acesso em: 10 out. 2013.
Do ponto de vista filosófico, o artista surrealista
(A) apreende, a partir da descoberta do inconsciente, uma nova concepção de natureza.
(B) defende a noção da transcendência do estético e a sacralização da obra de arte.
(C) liberta-se das exigências lógicas e racionais, expressando o mundo do inconsciente.                                        (D) valoriza a eficiência do racionalismo e do positivismo como instrumentos do conhecimento.                                        (E) valoriza ideais burgueses como pátria, família, transformando a arte em recurso de afetividade.                                                                         
GABARITO: C
Comentário: O surrealismo busca uma combinação do representativo, do irreal e do inconsciente, afirmando que a arte deve libertar-se das exigências da lógica e da razão e ir além da consciência cotidiana, procurando expressar o mundo do inconsciente e dos sonhos.
QUESTÃO 2  (Habilidade: Articular conhecimentos filosóficos e diferentes conteúdos nas artes.)
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                   Assunto: Surrealismo e filosofia.
Segundo Freud, os sonhos são traduções de nossos desejos e da realização destes. Eles se apresentam com uma aparência ou sentido manifesto, mecanismo de que se vale o superego, censor da nossa mente, que oculta seu significado, o sentido latente, o conteúdo que realmente tem valor na compreensão da nossa psique e dos nossos anseios. Este teor onírico reveste-se de símbolos, histórias surreais que na verdade mascaram os desejos sufocados daquele que sonha. Para o psicanalista, os sonhos oferecem ao Homem a possibilidade de conhecer a alma humana.
Sonho. Disponível em:< http://www.infoescola.com/psicologia/sonho/>. Acesso em: 7 nov. 2013.

Com base na leitura de Freud, os surrealistas mergulharam na ideia de que a verdade estava nos sonhos, uma forma de linguagem que nos abre o acesso
(A) à consciência.                                                                                                                                            (B) ao inconsciente.                                                                                                                                         (C) ao mistério.                                                                                                                                               (D) ao real.                                                                                                                                                  
(E) ao subconsciente.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  
GABARITO: B
Comentário: Para Freud, os sonhos nos penetram no inconsciente, contribuindo para a compreensão de vários fenômenos psíquicos.
QUESTÃO 3 (Habilidade: Articular conhecimentos filosóficos e diferentes conteúdos nas artes.)
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                                Assunto: Surrealismo e filosofia.
   
O Contador Antropomórfico, 1936.            Girafa em Chamas, 1937.                        Espanha, 1938.

Na pintura surrealista de Salvador Dali, notam-se símbolos, como as gavetas secretas, inspiradas no

(A) existencialismo, de Sartre.
(B) idealismo, de Hegel.
(C) imaterialismo, de Berkeley.
(D) inconsciente, de Freud.
(E) materialismo histórico, de Marx.
GABARITO: D
Comentário: As gavetas secretas são inspiradas na teoria psicanalítica, de Freud, em especial, a teoria do inconsciente, sugerindo algo que fica guardado, misterioso, inacessível.
QUESTÃO 4 (Habilidade:Inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                                Assunto: Mecanicismo.
O mecanicismo foi, certamente, o grande movimento intelectual do século XVII, do qual, com exceção dos escolásticos remanescentes, fizeram parte praticamente todos os grandes filósofos e cientistas da época. Ele foi uma espécie de mentalidade, de visão de mundo, uma espécie de “paradigma” partilhado pela maioria dos sábios setecentistas, ainda que muitos deles não tenham aceitado essa ou aquela de suas teses centrais.
BATTISTI, César Augusto. A Natureza do Mecanicismo Cartesiano. Disponível em: . Acesso em: 7 nov. 2013.

Sobre a concepção mecanicista cartesiana, podemos afirmar que
(A) a concepção é fortemente ancorada em pressupostos teológicos.                                                                                              (B) a conexão entre o homem e a natureza e sua rede de relações com a totalidade.
(C) a visão é do mundo como objeto, captado pelo sentimento e pela observação.
(D) o conhecimento do universo torna-se imprevisível, fora do controle humano.
(E) o todo pode ser conhecido por meio da análise das partes que o compõem.
                                                                           
GABARITO: E
Comentário: Descartes divide um todo complexo, metodicamente em suas partes progressivamente, cada vez mais simples, até obter uma ideia indivisível. As ideias que ainda continuam compostas, não poderão ser evidentes senão na dependência das mais simples. Este modo de dividir a questão pelas partes constitutivas do objeto, visto sob o prisma de sua constituição essencial, é também o processo aplicado na analítica dos matemáticos, que dividem, por exemplo, uma linha em infinitas partes. Em consequência, o método essencialista de Descartes também se pode denominar matemático.
QUESTÃO 5 (Habilidade: Contextualizar conhecimentos filosóficos, no plano de sua origem histórico e cultural.)
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                                     Assunto: Niilismo.
O niilismo foi uma corrente filosófica que exerceu grande influência na arte, na moral, na literatura e em outras esferas da vida humana e da sociedade contemporânea, em especial, o século XX. É a desvalorização e a morte do sentido da existência humana, a ausência de finalidade e de respostas aos valores tradicionais. As verdades estabelecidas se diluem e o homem perde a esperança e a segurança. Tudo se relativiza, se desencanta.
AMORIM, Maria de Fátima. Filosofia. Ensino Médio. v. 3. Belo Horizonte: Educacional, 2013.
Contribuíram para esse desencantamento do mundo
(A) a afirmação da ciência e do método científico como conhecimento seguro.                                                                      (B) a consciência da liberdade e responsabilidade do homem por suas ações.                                                                                                   (C) a renovação dos valores tradicionais e verdades estabelecidas.                                                        
(D) o dogmatismo da época e suas certezas inabaláveis.                                                                                                            (E) o mecanicismo e suas explicações racionais e exatas.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 
GABARITO: B
Comentário: A consciência da liberdade e da responsabilidade que implica a existência, após experiências históricas assustadoras, a quebra do encanto com o racionalismo e suas promessas, a perda da credibilidade nas instituições e seus valores, o desamparo da liberdade diante da solidão humana como única alternativa, promove o desencantamento do mundo e de si mesmo, a perda de sentido do existir.
QUESTÃO 6 (Articular conhecimentos filosóficos e diferentes formas de linguagem.)
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                           Assunto: Niilismo.
O automóvel corre, a lembrança morre
O suor escorre e molha a calçada
verdade na rua, há verdade no povo
A mulher toda nua, mais nada de novo
A revolta latente que ninguém vê
E nem sabe se sente, pois é, pra quê?
O imposto, a conta, o bazar barato
O relógio aponta o momento exato
[...] Pra andar ligeiro, sem ter porque
Sem ter prá onde, pois é, pra quê?
                                             Pois é, pra quê? Sidney Miller, 1981.
A música de Sidney Miller aponta um pessimismo contemporâneo, que se inicia no título da música e na pergunta que se repete a cada refrão: “pois é, pra quê?” Esse encontro com o nada, levando consequentemente a uma perda de sentido da existência, reflete uma corrente filosófica contemporânea, conhecida como
(A) Existencialismo.
(B) Fenomenologia.
(C) Materialismo.
(D) Niilismo.
(E) Realismo.
GABARITO: D
Comentário: O pessimismo em relação aos valores tradicionais, as instituições, o desencanto perante a existência e o questionamento sobre a capacidade de ação humana refletem a corrente niilista que influenciou profundamente a concepção de homem e mundo contemporânea.
QUESTÃO 7 (Habilidade:Inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                           Assunto: Positivismo.
O avanço científico europeu do início do século XIX, decorrente da Primeira Revolução Industrial, fez com que o homem acreditasse em seu completo domínio da natureza. O positivismo surgiu nessa época como uma corrente de pensamento que afirmava o predomínio da ciência e do método empírico sobre os devaneios metafísicos da religião. Nesse sentido, o movimento intelectual erigido por Isidore-Auguste-Marie-François-Xavier Comte, ou simplesmente Auguste Comte (1798-1857), defendia que todo saber do mundo físico advinha de fenômenos “positivos” (reais) da experiência, e eles seriam os únicos objetivos de investigação do conhecimento.
Ordem e Progresso. Disponível em: . Acesso em: 7 nov. 2013.

O Positivismo é um conceito que abrange vários significados, englobando visões filosóficas e científicas do século XIX. Caracterizando as concepções positivistas, podemos afirmar que
(B) atribui o progresso da humanidade, única e exclusivamente, aos avanços científicos.
(D) incorpora a teologia e a metafísica fundando uma filosofia da história.
(C) provoca uma ruptura com o mecanicismo cartesiano.
(A) subordina a observação à imaginação no processo cognitivo.
(E) valoriza a subjetividade,
limitando a experiência humana ao mundo sensível.
GABARITO: A
Comentário: O positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro, e somente podemos afirmar que uma teoria é verdadeira se ela foi comprovada através de método científico válido.
QUESTÃO 8 (Habilidade:Inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Fácil.                                                                                                                                                   Assunto: Crítica ao mecanicismo.
[...] Vocês não podem olhar em separado os problemas globais tentando entendê-los e resolvê-los. Claro que podem consertar uma peça, mas ela vai quebrar de novo em um segundo, porque se ignorou o que se conecta a ela. Precisamos mudar tudo de uma vez, ao mesmo tempo. Os ideais, as instituições, os valores. Todas essas novas tecnologias, comunicações e banco de dados causam mais problemas do que os resolvem. A medicina, por exemplo, avançou espantosamente em tecnologia, mas o seu custo subiu igualmente. Tornou-se medicina para ricos. E a saúde pública não melhorou muito, embora pudesse melhorar se apenas mudássemos nossos hábitos alimentares.

Igor Ribeiro. Diálogo do filme Ponto de Mutação, dirigido por Bernt Capra. Disponível em: . Acesso em: 2 abr. 2013. (Fragmento)

Podemos classificar esse argumento como uma crítica

(A) à ciência.
(B) ao econômico.
(C) à linguagem.
(D) à natureza.
(E) ao político.
GABARITO: A
Comentário: O texto faz uma crítica à ciência moderna, questionando a validade das ideias e das teorias científicas, crítica essa, amparada pelas novas descobertas na Biologia, na Matemática e na Física, como a Teoria da Relatividade e a Teoria Quântica. As novas descobertas, análises e investigações históricas mostram que essas ideias e teorias são, em grande parte, de natureza subjetiva, ou seja, fruto das conclusões de emoções, sentimentos e percepções do homem diante dos fenômenos. Vários pensadores se organizam numa tentativa de salvar os direitos da vida e da pessoa humana, e de toda a vida consciente, inclusive a razão, reduzidos às leis da evolução dos seres vivos, inclusive por Capra, neste filme e no livro, Ponto de mutação, de onde o texto foi retirado.
QUESTÃO 9 (Habilidade: Inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Fácil.                                                                                                                                                   Assunto: Thomas Kuhn e a teoria dos paradigmas.
Thomas Kuhn, em especial, A Estrutura das Revoluções Científicas, nos mostra que a ciência é o produto de uma época, de seus valores e de suas capacidades interpretativas. Com efeito, para Kuhn, não há propriamente uma “verdade científica” na medida em que toda “objetividade” é vista a partir dos valores internos à cultura e à época na qual a comunidade científica está inserida. Toda visão de mundo é, assim, construída dentro dessa perspectiva, desse conjunto de valores que, em uma dada época, constitui a visão de mundo de uma determinada comunidade regendo, a partir daí, suas práticas científicas.

CONDÉ, Mauro Lúcio Leitão. De Galileu a Armstrong, as várias faces da lua. FAFICH, UFMG.
Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2013.
  
A esse conjunto de valores determinantes da visão de mundo, Kuhn denominou

(A) Revolução Científica.
(B) Revolução Copernicana.
(C) Revolução Cultural.
(D) Teoria dos Paradigmas.
(E) Teoria Sistêmica.

GABARITO: D
Comentário: Ao conjunto de valores propostos na teoria de Kuhn, denominamos Teoria dos Paradigmas.
QUESTÃO 10 (Habilidade: Inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Fácil.                                                                                                                                                   Assunto: Cultura.
Denominamos cultura todas as criações humanas que formam o conjunto dos bens culturais: as coisas, os objetos, os saberes, os costumes e os valores de um povo. Cultura seria, portanto, a forma que o homem constrói na tentativa de relacionar-se com o mundo, o que inclui tudo o que ele faz e pensa.

AMORIM, Maria de Fátima. Filosofia.  Ensino Médio. v. 3. Belo Horizonte: Educacional, 2013.

Baseando-nos no texto, podemos concluir a cultura como o conjunto dos bens

(A) científicos e tecnológicos.
(B) habituais e costumeiros.
(C) materiais e imateriais.
(D) religiosos e míticos.
(E) técnicos e artesanais.
GABARITO: C
Comentário: As expressões explicativas do que são os bens culturais (objetos, saberes, etc.) e o que inclui os bens que ele constrói (o que ele faz e pensa) dão a resposta à pergunta. A cultura são bens materiais (objetos) e imateriais (as ideias, os valores).
QUESTÃO 11 (Habilidade: Inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                   Assunto: Cultura.
Todas as culturas são relativas, mas o relativismo cultural, enquanto atitude filosófica, é incorreto. Todas as culturas aspiram a preocupações e valores universais, mas o universalismo cultural, enquanto atitude filosófica, é incorreto. Contra o universalismo há que propor diálogos interculturais sobre preocupações isomórficas. Contra o relativismo há que desenvolver critérios políticos para distinguir uma política progressista de política conservadora, capacitação de desarme, emancipação de regulação.
SANTOS, Boaventura de Souza. Para uma concepção multicultural dos Direitos Humanos. 1997. Disponível em: . Acesso em: 12 out. 2013.
O texto de Santos demonstra
(A) a desigualdade de forças econômicas e políticas que regulam o acesso das culturas ao desenvolvimento material.
(B) a inexistência de uma real consciência a respeito da problemática cultural, tanto em âmbito nacional quanto planetário.
(C) a liberdade de decidir o futuro, aberta apenas para as culturas que controlam as alternativas e não são obrigados a aceitar imposições.
(D) a preocupação em integrar a pluralidade cultural com o processo de desenvolvimento econômico.
(E) o princípio da igualdade material e jurídica como premissa para o desenvolvimento de instituições democráticas.
GABARITO: E
Comentário: Do ponto de vista filosófico, tanto o relativismo, quanto o universalismo são incorretos no sentido em que tendem à exclusão cultural. O universalismo, tentando impor sua concepção de verdades ditas universais a todo planeta, o relativismo, particularizando, isolando as culturas. O princípio da igualdade material e jurídica como premissa para o desenvolvimento de instituições democráticas é o pilar para equilibrara essas relações.
QUESTÃO 12 (Habilidade: Inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                                       Assunto: Cultura.
Vinda do verbo latino colere, que significa cultivar, criar, tomar conta e cuidar. Cultura significava o cuidado do homem com a Natureza. Donde: agricultura significava, também, cuidado dos homens com os deuses. Donde: culto significava ainda, o cuidado com a alma e o corpo das crianças, com sua educação e formação. Donde: puericultura (em latim, puer significa menino; puera, menina). A Cultura era o cultivo ou a educação do espírito das crianças para tornarem-se membros excelentes ou virtuosos da sociedade pelo aperfeiçoamento e refinamento das qualidades naturais (caráter, índole, temperamento).

CHAUÍ, Marilena de Souza. Convite à filosofia. 12. ed. São Paulo: Atlas, 1999. p.127.

Pelo texto, podemos definir a Cultura como

(A) a educação do espírito pela religião e seus rituais.
(B) a educação do intelecto pelas informações acumuladas.
(C) a formação das crianças pela alfabetização.
(D) a iniciação à coletividade pelo aprendizado da religião.                                                                                     (E) o desenvolvimento da condição humana pela educação.                                                                                 
GABARITO: E
Comentário: A condição humana em educação se dá pela socialização, num processo contínuo, através do qual o indivíduo se integra, adquirindo, adaptando suas crenças, modelos, hábitos e valores. É através da socialização que o indivíduo pode desenvolver a sua personalidade e ser admitido na sociedade.
QUESTÃO 13 (Habilidade: Saber identificar teorias filosóficas como interpretações do mundo e avaliá-las quanto ao grau de argumentação por meio do qual são expostas.)
Nível de dificuldade: Difícil.                                                                                                                                                           Assunto: O Mal-estar na civilização.
Na obra O mal-estar na civilização, Freud discute o conceito de civilização como resultado do controle sobre os instintos agressivos do ser humano e do conflito entre duas forças características da natureza humana: Eros, a força que leva à integração entre os homens, à formação da família e da sociedade, e Tânatos, o instinto de morte, que explica a agressividade e a destruição provocadas pelo homem.
MARCONDES, Danilo. Textos básicos de ética – de Platão a Foucault. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 127.
Para Freud, o fato de a cultura produzir um mal-estar nos seres humanos, ocorre devido à existência de um antagonismo intransponível entre
(A) a força do instinto e as da agressividade.
(B) a fusão entre a construção e a destruição.
(C) as exigências da pulsão e as da civilização.
(D) as frustrações do instinto e as da sexualidade.
(E) o conflito entre o amor e o ódio.

GABARITO: C
Comentário: Esse antagonismo intransponível se expressa pelo conflito entre as exigências das pulsões e a civilização. Só existe civilização se houver repressão. Para que a civilização possa se desenvolver, o homem tem que renunciar à satisfação das pulsões, prejudicando a sexualidade e a agressividade. O indivíduo é oprimido em suas pulsões vivendo o que Freud denominou o mal-estar civilizatório.

QUESTÃO 14 (Habilidade: Contextualizar conhecimentos filosóficos, no plano de sua origem histórico e cultural.)
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                   Assunto: Karl Marx e a questão da ideologia.
Essa corrente de pensamento vê a classe trabalhadora como despossuída, oprimida e geradora da riqueza social sem dela desfrutar. Para ela, os teóricos imaginam uma nova sociedade onde não exista a propriedade privada, o lucro dos capitalistas, a exploração do trabalho e a desigualdade econômica, social e política.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2003. p. 408.
O texto se refere aos fundamentos do pensamento
(B) Anarquista.                                                                                                                                                                   (C) Comunista.                                                                                                                                                                (E) Fascista.                                                                                                                                                              (A) Liberal.                                                                                                                                                                   (D) Socialista.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          
GABARITO: E
Comentário: As características apontadas no texto se referem ao socialismo, que pregava a socialização dos meios de produção, de Karl Marx.
QUESTÃO 15 (Habilidade: Inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)                                           
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                         Assunto: A questão da existência.
O homem está condenado a ser livre.

                                              SARTRE, Jean Paul. O existencialismo é um humanismo. Conferência: 20 de outubro de 1945.

O argumento de Sartre pode ser traduzido como

(A) a ideia de destino, é reconsiderada, perante a ideia da liberdade como condenação.
(B) a incapacidade de arcar com as próprias responsabilidades e definir seu projeto de vida.
(C) nossas escolhas são direcionadas por aquilo que Deus nos revela ser o Bem.
(D) o homem primeiro existe no mundo e só depois se define pelas escolhas e ações.
(E)  os valores morais são limites para a liberdade, pois eles mantém a coesão social.
GABARITO: D
Comentário: É a consciência sobre a condição humana, a liberdade como a única saída para a construção da sua essência. Não escolher é uma escolha, a de negar o desafio da construção da sua vida, sendo determinado pela escolha de outros.
QUESTÃO 16 (Habilidade: Inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                      Assunto: Existencialismo.
O Existencialismo é uma escola de filósofos dos séculos XIX e XX, com diferentes concepções de doutrinas, partilhando a crença de que o pensamento filosófico começa com o sujeito, nas suas ações, sentimentos e a vivência de um ser humano individual.
AMORIM, Maria de Fátima. Filosofia.  Ensino Médio. v. 3. Belo Horizonte: Educacional, 2013.
O grande tema filosófico, norteador das concepções formuladas pelo existencialismo, foi
(A) a existência e a liberdade.                                                                                                                                           (B) a liberdade e o corpo.                                                                                                                                                    (C) a responsabilidade e a fé.                                                                                                                                                              (D) as emoções e a mente.                                                                                                                                   (E) o medo e a angústia.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       
GABARITO: A
Comentário: Apesar de tratar de vários dos temas citados nas outras alternativas, os grandes temas filosóficos do existencialismo foram a liberdade e a existência.
QUESTÃO 17 (Habilidade: Articular conhecimentos filosóficos e diferentes formas de linguagem.)                                          
Nível de dificuldade: Difícil.                                                                                                                                   Assunto: Indústria cultural.
O consumismo é uma espécie de desdobramento do ato do consumo, e de certa forma um exagero, uma necessidade, uma demanda, um desejo e o reconhecimento do desejo. O termo consumo, à primeira vista nos ilude e nos faz pensar que haveria um sujeito consumidor e um objeto consumido, mas a experiência do sujeito imerso na cultura do consumo contínuo nos mostra que ele não pode parar.

THURMAN, Robert. Revolução interior. Rio de Janeiro: Fissus. Disponível em:
Acesso em: 16 out. 2013.


Sobre o consumismo, podemos afirmar que

(A) a era do consumismo está singularizando as pessoas fazendo-as mais modernas, felizes e realizadas.
(B) o consumismo atende às necessidades materiais dos homens estimulando-o a lutar cada vez mais, para conseguir ter e renovar sua individualidade.
(C) o consumismo contribui para sermos capazes de ressignificar os valores éticos e as mudanças culturais da sociedade.
(D) o problema do consumo não é o fato em si, mas a sua falta, pois o não consumo pode prejudicar o acesso à vida confortável que todos aspiram.
(E) os modismos estimulados pelo consumismo nos oportuniza experiências de diversidade de estilos nos ensinando a conviver na pluralidade.

GABARITO: B
Comentário: Ao atender as expectativas e desejos do indivíduo, o consumo cria novas necessidades num ciclo interminável, fazendo acreditar que o ter renova e é determinante no indivíduo.
QUESTÃO 18 (Habilidade: Contextualizar conhecimentos filosóficos, no plano de sua origem histórico e cultural.)
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                                            Assunto: Ócio também é cultura.
[...] No passado havia uma pequena classe ociosa e uma grande classe trabalhadora. A classe ociosa desfrutava de vantagens para as quais não havia base em justiça social; isto necessariamente as fez opressivas, limitou sua simpatia, e levou à invenção de teorias para justificar seus privilégios. Isto fez diminuir enormemente a sua excelência, mas apesar disto elas contribuíram com quase tudo do que chamamos de civilização. Ela cultivou as artes e descobriu as ciências; escreveu os livros, inventou as filosofias, e refinou as relações sociais. Mesmo a libertação dos oprimidos foi geralmente iniciada de cima. Sem a classe ociosa, a humanidade nunca teria emergido da barbárie.
RUSSEL, Bertrand. Elogio ao ócio. São Paulo: Sextante, 2002.
De acordo com o texto, o ócio

(A) contribuiu para a ineficiência da classe ociosa, acomodada diante dos privilégios alcançados.                            (B) foi improdutivo, por ser praticado apenas pela minoria dos indivíduos.                                      
(C) foi uma prática justa, garantidora de privilégios e conquistas para a maioria dos indivíduos.                        (D) limitou a simpatia e a generosidade das camadas ociosas, tornando-as opressoras.                                                                      (E) proporcionou as condições civilizatórias, refinando a forma de pensar e as relações sociais.                                                                                                                                            
GABARITO: E
Comentário: Apesar de ser atributo de uma minoria, o ócio é imprescindível para o processo de criação. Foi esse o fator determinante, que favoreceu o cultivo das artes, descobriu as ciências; escreveu livros, inventou filosofias, e refinou as relações sociais. Sem a classe ociosa, a humanidade nunca teria emergido da barbárie.
QUESTÃO 19 (Habilidade: Articular conhecimentos filosóficos e diferentes formas de linguagem.)                                          
Nível de dificuldade: Fácil.                                                                                                                                 Assunto: Reinventando a democracia.

A charge denuncia

(A) a democracia e a participação política popular.
(B) a ignorância do povo em relação à política.
(C) a impertinência do povo diante da autoridade.
(D) a preocupação política nos interesses do povo.                                                                                              (E) o descaso do político com as questões públicas.                                                                                        
                                          
GABARITO: E
Comentário: A charge mostra o descaso do político com o povo, ironizando, banalizando a democracia no contexto apresentado.
QUESTÃO 20 (Habilidade: Contextualizar conhecimentos filosóficos, no plano de sua origem histórico e cultural.)
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                   Assunto: Reinventando a democracia.
Thomas Hobbes escreveu no século XVII: a única coisa que nenhum Estado, nem mesmo o Leviatã, pode é obrigar as pessoas a matarem ou estarem dispostas a ser mortas. No entanto, os Estados modernos conseguiram fazer exatamente isso e não poucas vezes. Embora muitas vezes tenham conseguido isso por alistamento compulsório, também o fizeram apelando a cada cidadão e convencendo-o de que, se ele se identificasse com a coletividade devendo estar pronto para o ato supremo de abdicar de sua liberdade de vida. A obediência voluntária ao Estado foi um elemento essencial na capacidade de mobilizar as populações [...] Esse processo desenrolou-se ao longo dos séculos e alcançou seu ápice em 1960, quando todos os países do mundo, até mesmo os de capitalismo mais avançado, estruturam-se sob a forma de Estados dotados dos mais amplos poderes. Essa tendência parece ter chegado ao seu limite.
HOBSBAWN, Eric. O novo século. Entrevista com Antônio Polito. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
A partir das ideias do texto, podemos concluir que, para Hobsbawn, as restrições ao poder do Estado, ocorreu devido
(A) à diluição do seu poder político dividido com o terceiro setor.                                                                                                                            (B) à perda do monopólio sobre os meios de coerção.                                                                                                       (C) à privatização das empresas estatais.                                                                                                       (D) ao aumento das rebeliões populares.                                                                                                                            (E) ao descaso com as questões públicas.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      GABARITO: B
Comentário: De acordo com a teoria liberal, do ponto de vista jurídico, o Estado detém os meios de coerção. Sob justificativa de proteção, tornou-se o meio mais eficaz de alcançar a obediência voluntária e a mobilização da população. A partir dos anos 60, os abusos do poder do Estado, geram movimentos e questionamentos sobre a validade e legitimidade desse poder, somados a atitudes da sociedade civil, no sentido de diminuição e intimidação do uso da força pelo Estado.

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