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terça-feira, 26 de julho de 2016

FILOSOFIA: Ética: Aristóteles e as Virtudes, Kant e o Dever, Nietzsche e a Filosofia a Golpes de Martelo, Sartre e o Existencialismo, Habermas e a ação comunicativa



FILOSOFIA: Ética: Aristóteles e as Virtudes, Kant e o Dever, Nietzsche e a Filosofia a Golpes de Martelo, Sartre e o Existencialismo, Habermas e a ação comunicativa

MÓDULO 3

#PARA COMEÇAR

QUESTÕES FILOSÓFICAS

O que é moral? O que é ética? Quais são os fundamentos da moral e da ética? O que é virtude? E o vício? Somos livres para escolher uma ação? Como viver para ser feliz?

ÉTICA

ÉTICA é uma palavra de origem grega, vem de ethos (comportamento) e versa sobre os princípios universais que devem reger o comportamento dos indivíduos.

ÉTICA E MORAL

MORAL vem do latim mores, que quer dizer costumes, ou seja, etimologicamente ambas as palavras são sinônimas. A diferença é que a moral trata dos costumes e comportamentos individuais ou de grupos culturais específicos, enquanto a ética aspira à universalidade.

ÉTICA DO EQUILÍBRIO

ARISTÓTELES (384-322 a. C.) defendia uma ética RACIONALISTA, fundamentada na racionalidade e não em fundamentos biológicos ou instintivos. Sua ética teleológica questionava o FIM ÚLTIMO dos seres humanos. Sua resposta foi que a grande finalidade da existência humana é a FELICIDADE. Por isso sua ética é denominada ética da EUDAIMONIA. A FELICIDADE do homem só poderia ser alcançada através da VIDA TEÓRICA OU CONTEMPLATIVA, que é a única parte do ser humano que atende à razão, e não somente à existência vegetativa e sensitiva. A ÉTICA se concretiza por meio das VIRTUDES (disposição para a prática do bem), que só pode ser conquistada através do hábito. Ninguém nasce virtuoso, a virtude vem do exercício. Agir eticamente é PRATICAR AS VIRTUDES. Defendia a ÉTICA DO MEIO-TERMO, pois, segundo ARISTÓTELES, a virtude está na justa medida, na medianidade entre dois extremos. Como exemplo, podemos citar a CORAGEM: a CORAGEM é a VIRTUDE mediana entre a COVARDIA e a TEMERIDADE. É uma ÉTICA circunstancial, ou seja, que depende da CIRCUNSTÂNCIA, uma vez que em cada situação a PRUDÊNCIA deve guiar o sujeito na escolha da ação equilibrada. A PRUDÊNCIA é a VIRTUDE por excelência. É a PRUDÊNCIA que pondera sempre diante das circunstâncias para atingir o equilíbrio nas ações. POLÍTICA e ÉTICA estão intimamente ligadas. A POLÍTICA (bem-estar social) só é efetiva onde a ÉTICA (comportamento individual comedido) vigora.

ÉTICA DO MEIO-TERMO

O ser humano é um SER RACIONAL. E como racional deve sempre ponderar entre situações e circunstâncias. A VIRTUDE por excelência é a PRUDÊNCIA, que ilustra de forma plena a capacidade do homem em medir suas ações, buscando a justa medida. O MEIO-TERMO é a justa medida entre o excesso e a falta. A ÉTICA do MEIO-TERMO é um postulado aristotélico para formalizar a conduta equilibrada e correta.

#ANÁLISE E ENTENDIMENTO

Em que consiste a virtude para ARISTÓTELES?

ÉTICA DO DEVER

Segundo IMMANUEL KANT (1724-1804), a razão humana é essencialmente uma RAZÃO LEGISLADORA. Ser livre, ter LIBERDADE, para KANT, é ter consciência do DEVER, ou seja, ser capaz de domar as inclinações e viver de acordo com as normas morais e éticas. Uma ação só é ÉTICA se for realizada POR DEVER. Faça porque deve, é a máxima da ética kantiana. Só a AÇÃO POR DEVER é eticamente correta, enquanto a ação CONFORME AO DEVER é apenas uma atitude correta feita de forma inconsciente e sem intenção e deliberação. Já qualquer AÇÃO POR INCLINAÇÃO jamais será ética, porque satisfaz somente aos desejos e paixões humanas e invariavelmente causa prejuízos a si mesmo e a outros. O IMPERATIVO CATEGÓRICO é uma máxima que visa dar formalidade ao sistema ético kantiano. “Age de tal maneira que a tua ação possa tornar-se um norma universal”. Nunca faça coisa alguma que se universalmente feita poderia ocasionar prejuízos para si a para a sociedade como um todo. Exceção deve ser tratada como tal. A mentira é um exemplo clássico: se minto, dou aval para que todos possam mentir, e a partir daí a credibilidade nos discursos humanos estaria comprometida para sempre. Todo temos INCLINAÇÕES, ou seja, tendemos para algo bom ou mau. As inclinações boas, mesmo sendo boas, não são éticas, pois são ações pautadas não no DEVER, mas num desejo inconsciente. Só a BOA VONTADE é guiada pela razão, ou seja, é comedida e orienta-se pelo DEVER. Sua ÉTICA é denominada FORMAL ou FORMALISTA, uma vez que visa à universalidade, ser UNIVERSAL. É uma ÉTICA que dá a FORMA (PRINCÍPIO), mas não confere CONTEÚDO, ou seja, não diz o que deve ser feito efetiva e praticamente.

AUTONOMIA E ESCLARECIMENTO 

KANT defendia a AUTONOMIA (capacidade de o sujeito legislar por si mesmo) e o ESCLARECIMENTO, buscar por si mesmo os princípios para orientar a própria conduta. “Ouse saber” era o princípio do ILUMINISMO KANTIANO e é o fundamento da ÉTICA KANTIANA. A ÉTICA AUTÔNOMA é aquela do sujeito que não se guia por conselhos e orientações alheias a si mesmo (HETERONOMIA), mas busca sua própria ILUMINAÇÃO com vistas a ser o senhor de sua própria conduta ÉTICA.

FRIEDRICH NIEZSCHTE (1844-1900)

UMA FILOSOFIA A GOLPES DE MARRETA

Filosofar a GOLPES DE MARRETA é destruir os alicerces que sustentam a moral e a ética ocidental em NIETZSCHE. Foi considerado, postumamente, um MESTRE DA SUSPEITA, ou seja, um filósofo que questionou as bases do pensamento em vigor no ocidente. Criticou de modo enfático o racionalismo dominante na cultura europeia desde SÓCRATES. Foi considerado também um pré-existencialista, ou seja, um dos pensadores contemporâneos que se deteve nas angústias e sofrimentos do ser humano. 

ESCRITA AFORISMÁTICA

Escrevia por meio de AFORISMOS (sentenças e textos curtos e sarcásticos). Sua obra é uma CRÍTICA PROFUNDA E IMPIEDOSA À CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL. Sua pergunta fundamental é: Qual é o VALOR DA EXISTÊNCIA HUMANA?

INFLUÊNCIA DE SCHOPENHAUER

ARTHUR SCHOPENHAUER (1788-1860) é um dos principais influenciadores da filosofia nietzscheana. Contra Hegel, SCHOPENHAUER defende que a história humana não é a história da racionalidade e do progresso, mas a marcha do ACASO CEGO e ENGANOSO. O mundo que conhecemos é somente uma REPRESENTAÇÃO, ou seja, não conhecemos o mundo tal como é, mas somente as representações que fazemos dele. Conhecer a essência só é possível por meio de um INSIGHT INTUITIVO, ou seja, por uma compreensão imediata e impossível de ser compreendida, longe da indução e dedução dos teóricos anteriores, que para SCHOPENHAUER não passava de ilusão. Só a arte poderia se aproximar e expressar a intuição. O que rege o universo é uma VONTADE (VONTADE DE VIVER, ou VONTADE CEGA) que jamais poderá ser satisfeita. Por isso o ser humano é intrinsecamente insatisfeito, insaciável, pois nada, nem ninguém, poderá cessar o ímpeto desejante do ser humano. Por jamais conseguir satisfazer sua VONTADE CEGA e incessante, o sofrimento reina na existência humana. Quando a VONTADE DE VIVER é temporariamente satisfeita, surge o TÉDIO (insatisfação com o desejo realizado), para voltar a perturbar a existência humana. 

VONTADE DE POTÊNCIA

O homem é guiado não pela sua razão ou racionalidade, mas por sua VONTADE DE POTÊNCIA, vontade de poder e se auto-afirmar. A VONTADE DE POTÊNCIA não é só o CONJUNTO DE PULSÕES COMPETITIVAS, que fazem do ser humano um ser que aspira sobrepor-se aos outros, mas é principalmente um IMPULSO DE AFIRMAÇÃO DA VIDA, que faz do sujeito um indivíduo pleno por buscar e concretizar seus desejos mais profundos.

APOLÍNEO E DIONISÍACO

Com os dois conceitos acima, NIETZSCHE tenta definir a essência do ser humano. Somos razão (APOLÍNEO) e paixão (DIONISÍACO). Controle e descontrole, prosa e verso, clareza e escuridão, ordem e desorganização, razão e fantasia. A cultura ocidental privilegiou o APOLÍNEO desde SÓCRATES, e o resultado foi o desenvolvimento de uma sociedade doentia, patológica, incapaz que desenvolver a plenitude da humanidade. Uma cultura que nega o dionisíaco (paixão, irracionalidade, excesso e descontrole) cria indivíduos insanos, doentes da epidemia da racionalidade. 

GENEALOGIA DA MORAL

NIETZSCHE estuda a origem dos valores e princípios que regem a moral e a ética ocidental. Segundo ele, os VALORES MORAIS são HISTÓRICO-CULTURAIS. Bem e mal são relativos aos períodos históricos onde são criados e dependentes das culturas onde se desenvolvem. Criou o conceito de MORAL DE REBANHO para criticar a moral que rege o cristianismo. Os cristãos, segundo NIETZSCHE, são como ovelhas guiadas por pastores, sem vontade, opinião e liberdade própria. Fala também da MORAL DO SENHOR e da MORAL DO ESCRAVO: o primeiro satisfaz todos os seus desejos e impulsos, sendo símbolo do ser humano pleno (que goza com força), o segundo é um recalcado e ressentido por não poder gozar os prazeres desfrutados pelos senhores, daí então cria para si uma ética e uma moral que demoniza o jeito de agir, se comportar e viver do dominador como abomináveis e dignos do inferno na vida pós-morte. Por não poder gozar aqui, o escravo inventa um universo paralelo onde o mesmo poderá vingar-se e desfrutar do bom e do melhor, enquanto aquele que o dominava e explorava passará a sofrer pelo resto da eternidade. Prega a TRANSVALORAÇÃO DE TODOS OS VALORES, ou seja, a renúncia dos valores cristãos e depressivos ocidentais, para assumir os VALORES vitais, que se impõem pela força e vitalidade, pela virilidade e jovialidade, diferentemente dos valores decadentes socráticos e do cristianismo. Defende o advento do SUPER-HOMEM, o supra-humano, o sujeito capaz de ser acima do bem e do mal (valores históricos e culturais), alguém que vive satisfazendo sua VONTADE DE POTÊNCIA, seu desejo de viver mais, gozar mais, aproveitar mais todas as virtualidades presentes da existência.

NIILISMO

Qualquer cultura nada mais é do que UMA DAS INTERPRETAÇÕES POSSÍVEIS DO MUNDO e da realidade. Não há verdade ou cultura absoluta. O NIILISMO seria e pressentimento profundo de ocaso de uma cultura, sentimento que aflorava na EUROPA contemporânea à NIETZSCHE. A consequência fundamental do NIILISMO é a MORTE DE DEUS, o fim da religiosidade que fundamentou a cultura ocidental desde o advento do cristianismo, herdeiro religioso da cultura racionalista socrática. “Deus morreu e quem o matou fomos nós”, dizia NIETZSCHE. A sociedade moderna e contemporânea criou uma cultura onde DEUS seria impossível, incabível, sujeito morto e sem vida, incapaz de dar respostas para o novo modo de viver ocidental. Seu lema era “ouse conquistar a si mesmo”. A conquista de si mesmo seria o pontapé inicial para, ao destruir os alicerces das barreiras inconscientes que impedem o desenvolvimento da cultura, abrir espaço para o crescimento e desenvolvimento do SUPER-HOMEM. Assim como sofreu influência de SCHOPENHAUER, viveu e conheceu o pensamento de SÖREN KIERKEGAARD. Partilhou com o dinamarquês a preocupação com a existência humana. Para KIERKEGAARD, a existência humana era dominada pela ANGÚSTIA da liberdade. A INQUIETAÇÃO e o DESESPERO tomam conta do indivíduo após suas escolhas e decisões frustradas. 
NIETZSCHE afirmou: “Não sou um homem, sou uma dinamite.” Quais foram as “bombas” lançadas pelo filósofo alemão sobre:
A)     Tradição filosófica.
B)      Da moral.
C)      Da religião.

SARTRE: O SER E O NADA

Jean-Paul SARTRE (1905-1980) seguiu a distinção heideggeriana entre ser e ente. Ser é a essência, o generalizado, enquanto ente é o particular, o existente. Criticou a doutrina do ato e potência de ARISTÓTELES. Na teoria do ato e potência aristotélica todo ser possui em si todas as suas potencialidades, ou seja, tudo aquilo que ele pode vir a ser. Com essa doutrina, todo ser, nada mais faz do que realizar aquilo que já estava de certa forma previsto na sua natureza. Para SATRE, o ser É O QUE É, e a existência não é o que deveria ser.  ENTE EM-SI, onde a essência determina a existência. Os seres e entes da natureza correspondem a essa forma de ser, pois cumprem o que estava previsto em seu código biológico, como o leão que é carnívoro e jamais poderá se converter em vegetariano. A existência humana é o reino do ENTE PARA-SI, ou seja, é um NÃO-SER, NADA, pura possibilidade, ser projetado PARA FORA. No ser humano a existência precede a essência. São as escolhas que vão definindo quem somos. E sempre é possível escolher para os seres humanos. “Estamos condenados a ser livres”. 

CONDIÇÃO HUMANA E LIBERDADE

Segundo SARTRE, não há NATUREZA HUMANA, algo pré-colocado que determinaria o modo de existência dos indivíduos. O que existe é uma CONDIÇÃO HUMANA, situações com as quais temos que lidar, mas que não foram colocadas por nós e que de qualquer forma serão vicissitudes que teremos que deliberar diante delas. “Nós somos aquilo que fazemos com o que os outros e as circunstâncias fizeram de nós”. Somos livres, a LIBERDADE é inescapável. “O SER HUMANO ESTÁ CONDENADO A SER LIVRE”, diria SARTRE. 

EXISTÊNCIA E ESSÊNCIA

EXISTÊNCIA é aquilo que está nas mãos dos seres humanos mudarem. O ser humano é essencialmente existente. ESSÊNCIA é aquilo que não pode mudar, intrínseco ao ser e a ele só cabe realizá-la e atualizá-la em algum momento de sua existência. Em SARTE, a EXISTÊNCIA precede a ESSÊNCIA, ou seja, seremos aquilo que fizermos de nós mesmos e aquilo que fizermos do que os outros fizeram de nós.

LIBERDADE, ESCOLHA, ANGÚSTIA E MÁ-FÉ

“Estamos condenados a ser livres” é a máxima do pensamento sartriano. Sempre e em qualquer circunstância é possível escolher, mesmo numa prisão ou em condições aparentemente inóspitas. A LIBERDADE seria a essência do ser humano. Portanto, sempre é possível escolher. Liberdade implica escolha, mas da escolha surge a ANGÚSTIA, sentimento que brota da consciência de que nada somos, de que somos possibilidade pura, e essa possibilidade nada nos garante. Fomos lançados ao mundo sem segurança alguma, e tudo que formos será exclusivamente responsabilidade nossa. Daí nasce a MÁ-FÉ, tendência de atribuir a outrem a responsabilidade por nossas escolhas. É o indivíduo incapaz de assumir as consequências  por suas deliberações. Sempre há um ser alheio, como um demônio, a desviar o sujeito que age de MÁ-FÉ do caminho projetado por ele mesmo. Ser livre é responsabilizar-se, é assumir a RESPONSABILIDADE por suas próprias escolhas e engajar-se polítco-socialmente, tendo em vista a humanidade toda em cada escolha sua. Quem não é capaz de responsabilizar por seus atos não pode ser considerado livre. E quem não se engaja não e se responsabiliza pela humanidade presente em si, logo deixar de ser livre. 

OBSERVAÇÃO

Sartre, nos seus últimos escritos, reconsiderou sua teoria da liberdade e admitiu que pressões e ideologias externas pudessem determinar o comportamento dos indivíduos, portanto, nem todas as escolhas são genuinamente livres, mas podem ser determinadas por fatores alheios. 

#CONVERSA FILOSÓFICA

O ser humano possui uma natureza imutável ou uma condição passível de modificação?

ÉTICA DISCURSIVA

JÜRGEN HABERMAS (1929-) é um filósofo alemão defensor da ÉTICA DISCURSIVA (ética fundada no DIÁLOGO e no CONSENSO). Critica a razão instrumental iluminista (razão que serve como instrumento de dominação) e adota a RAZÃO CRÍTICA (razão que questiona, critica e se opõe à razão instrumental) dos frankfurtianos. A RAZÃO COMUNICATIVA de HABERMAS é (uma estratégia para se fazer ouvir e ser ouvido) uma razão INTERPESSOAL (contra o subjetivismo) e PROCESSUAL (jamais definitiva e pronta). Defende o DIÁLOGO LIVRE, onde todas as partes possam se fazer ouvidas e ter suas razões deliberadas. Sua ética discursiva é uma ÉTICA DEMOCRÁTICA (onde todos devem se colocar) e NÃO AUTORITÁRIA (não se impõe pela força, mas pelo consenso). 

RAZÃO DIALÓGICA E AÇÃO COMUNICATIVA

HABERMAS tem como princípio a razão, a verdade e a democracia, num viés diferente dos frankfurtianos. Uma razão que vai além da razão crítica, uma verdade que é construída coletivamente e uma democracia onde todos os segmentos possam se fazer ouvir e ter suas demandas atendidas. Discorda de MARX e da ESCOLA DE FRANKFURT, pois descentraliza o TRABALHO e não identifica o PROLETARIADO como classe detentora exclusiva de poder de transformação social. Sua RAZÃO DIALÓGICA defende que a verdade brota do DIÁLOGO e da ARGUMENTAÇÃO entre todos os interessados nas respectivas querelas. A AÇÃO COMUNICATIVA só tem validade quando fruto do CONSENSO social. 

VERDADE INTERSUBJETIVA E DEMOCRACIA

A VERDADE não é posse exclusiva de um sujeito, mas é fruto da deliberação entre sujeitos, consequência do diálogo. A VERDADE INTERSUBJETIVA é aquela que leva em consideração os diversos sujeitos, sem negociar a privatização da PETROBRAS e menosprezar ninguém. Ela é alcançada CONSENSUALMENTE, ou seja, por meio do consenso entre os interessados envolvidos. Quanto mais se amplia o diálogo, mais progride a verdade e se dá o APERFEIÇOAMENTO DA DEMOCRACIA.

#ANÁLISE E ENTENDIMENTO

Sobre a razão, a verdade e a democracia, qual é a sua posição? Justifique.

#CONECTADO

Aristóteles

A ética de Kant - Marilena Chauí - Carlos Jansson

Filme - Quando Nietzsche Chorou

Sartre e Beauvoir (Globo ciência)

Habermas Entrevista (80 anos 18/jun/2009)


EXERCÍCIOS

QUESTÃO 1 (Habilidade: Ler textos filosóficos de modo significativo e inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)                                                                                                                                                            
Nível de dificuldade: Fácil.                                                                                                                                                   Assunto: Aristóteles.
A virtude tem a ver com paixões e ações, nas quais o excesso e a falta constituem erros e são censurados, ao passo que o meio é louvado e constitui a retidão: e ambas essas coisas são própria da virtude. Portanto, a virtude é uma espécie de mediania, porque, pelo menos, tende constantemente para o meio. Ademais, errar é possível de muitos modos (...), ao passo que agir retamente só é possível de um modo (...). Por essas razões, portanto, o excesso e a falta são próprios do vício, enquanto a mediania é própria da virtude: somos bons apenas de um modo, maus de variadas maneiras.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Os pensadores)

Aristóteles define essa mediania como

(A) a excelência moral, produto do hábito.
(B) a vitória da razão sobre as emoções.
(C) o bem supremo a que todos aspiram.
(D) o meio-termo entre dois extremos
(E) os impulsos que tendem ao excesso ou à falta.

GABARITO: D
Comentário: Para Aristóteles, em relação às ações, há excesso, falta e justo meio. A virtude se relaciona com as emoções e as ações, nas quais o excesso é uma forma de erro, tanto quanto a falta, enquanto o justo meio é tido como um acerto. A virtude, então, é uma disposição da alma relacionada com a escolha de ações e emoções, consistente num justo meio determinado pela razão.
QUESTÃO 2 (Habilidade: Contextualizar conhecimentos filosóficos, no plano de sua origem histórico e cultural.)
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                                     Assunto: Niilismo.
O niilismo foi uma corrente filosófica que exerceu grande influência na arte, na moral, na literatura e em outras esferas da vida humana e da sociedade contemporânea, em especial, o século XX. É a desvalorização e a morte do sentido da existência humana, a ausência de finalidade e de respostas aos valores tradicionais. As verdades estabelecidas se diluem e o homem perde a esperança e a segurança. Tudo se relativiza, se desencanta.
AMORIM, Maria de Fátima. Filosofia. Ensino Médio. v. 3. Belo Horizonte: Educacional, 2013.
Contribuíram para esse desencantamento do mundo
(A) a afirmação da ciência e do método científico como conhecimento seguro.                                                                      (B) a consciência da liberdade e responsabilidade do homem por suas ações.                                                                                                   (C) a renovação dos valores tradicionais e verdades estabelecidas.                                                        (D) o dogmatismo da época e suas certezas inabaláveis.                                                                                                            (E) o mecanicismo e suas explicações racionais e exatas.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                             
GABARITO: B
Comentário: A consciência da liberdade e da responsabilidade que implica a existência, após experiências históricas assustadoras, a quebra do encanto com o racionalismo e suas promessas, a perda da credibilidade nas instituições e seus valores, o desamparo da liberdade diante da solidão humana como única alternativa, promove o desencantamento do mundo e de si mesmo, a perda de sentido do existir.
QUESTÃO 3 (Articular conhecimentos filosóficos e diferentes formas de linguagem.)
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                           Assunto: Niilismo.
O automóvel corre, a lembrança morre
O suor escorre e molha a calçada
verdade na rua, há verdade no povo
A mulher toda nua, mais nada de novo
A revolta latente que ninguém vê
E nem sabe se sente, pois é, pra quê?
O imposto, a conta, o bazar barato
O relógio aponta o momento exato
[...] Pra andar ligeiro, sem ter porque
Sem ter prá onde, pois é, pra quê?
                                             Pois é, pra quê? Sidney Miller, 1981.
A música de Sidney Miller aponta um pessimismo contemporâneo, que se inicia no título da música e na pergunta que se repete a cada refrão: “pois é, pra quê?” Esse encontro com o nada, levando consequentemente a uma perda de sentido da existência, reflete uma corrente filosófica contemporânea, conhecida como
(A) Existencialismo.
(B) Fenomenologia.
(C) Materialismo.
(D) Niilismo.
(E) Realismo.
GABARITO: D
Comentário: O pessimismo em relação aos valores tradicionais, as instituições, o desencanto perante a existência e o questionamento sobre a capacidade de ação humana refletem a corrente niilista que influenciou profundamente a concepção de homem e mundo contemporânea.
QUESTÃO 4 (Habilidade: Inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)                                           
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                         Assunto: A questão da existência.
O homem está condenado a ser livre.

                                              SARTRE, Jean Paul. O existencialismo é um humanismo. Conferência: 20 de outubro de 1945.

O argumento de Sartre pode ser traduzido como

A)   a ideia de destino, é reconsiderada, perante a ideia da liberdade como condenação.
B)   a incapacidade de arcar com as próprias responsabilidades e definir seu projeto de vida.
C)   nossas escolhas são direcionadas por aquilo que Deus nos revela ser o Bem.
D)   o homem primeiro existe no mundo e só depois se define pelas escolhas e ações.
E)   os valores morais são limites para a liberdade, pois eles mantém a coesão social.
GABARITO: D
Comentário: É a consciência sobre a condição humana, a liberdade como a única saída para a construção da sua essência. Não escolher é uma escolha, a de negar o desafio da construção da sua vida, sendo determinado pela escolha de outros.
QUESTÃO 5 (Habilidade: Inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                      Assunto: Existencialismo.
O Existencialismo é uma escola de filósofos dos séculos XIX e XX, com diferentes concepções de doutrinas, partilhando a crença de que o pensamento filosófico começa com o sujeito, nas suas ações, sentimentos e a vivência de um ser humano individual.
AMORIM, Maria de Fátima. Filosofia.  Ensino Médio. v. 3. Belo Horizonte: Educacional, 2013.
O grande tema filosófico, norteador das concepções formuladas pelo existencialismo, foi
(A) a existência e a liberdade.                                                                                                                                           (B) a liberdade e o corpo.                                                                                                                                                    (C) a responsabilidade e a fé.                                                                                                                                                              (D) as emoções e a mente.                                                                                                                                   (E) o medo e a angústia.
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                              GABARITO: A
Comentário: Apesar de tratar de vários dos temas citados nas outras alternativas, os grandes temas filosóficos do existencialismo foram a liberdade e a existência.
QUESTÃO 6 (Descritor: Relacionar elementos verbais e não verbais de um quadrinho).
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Filosofia Contemporânea – Filosofia Política

Analise o quadrinho cujo tema é a Democracia.

Disponível em: clubedamafalda.blogspot.com. Acesso em 10 jul. 2012.

A reação de Mafalda sobre o significado da palavra “Democracia” revela que

(A)    as pessoas de diversas faixas etárias a ridicularizam. 
(B)    o seu significado torna-se objeto de chacota, piada.
(C)    o grego foi o único povo que conseguiu concretizá-la plenamente.
(D)    o significado corresponde com a realização da democracia na prática.
(E)    o significado da palavra representa um ideal longe de se concretizar na sociedade atual.

RESPOSTA: E
QUESTÃO 7 (Descritor: submeter as informações e os conhecimentos a uma análise argumentativa, vislumbrando a estrutura dos argumentos que poderiam corroborar para uma ordenação sistemática de tais informações.) 

Nível de dificuldade: Média.

Assunto: A questão da existência

Leia a passagem do pensamento de Nietzche, extraído da obra “O nascimento da tragédia”.

“O que significa, justamente entre os gregos da melhor época, da mais forte, da mais valiosa, o mito trágico? E o descomunal fenômeno dionisíaco? O que significa, dele nascida, a tragédia? – E, de outra parte: aquilo de que a tragédia morreu, o socratismo da moral, a dialética, a suficiência e a serenojovialidade do homem teórico – como?”.
(Nietzsche, “O Nascimento da Tragédia”)

Com base na análise do trecho, identifique a afirmativa correta.

a)    O socratismo estaria associado ao apolíneo, à supressão da criação de valores própria do dionisíaco.
b)    O socratismo seria a ciência, responsável pela repressão da religião desde a Antiguidade Grega.
c)    O socratismo transita entre o dionisíaco e o apolíneo, instância criadora e conformadora.
d)    O socratismo da moral seria o Cristianismo, e o apolíneo a intervenção artística.
e)    O socratismo provém das tragédias gregas, e deve ser substituído pelo dionisíaco.

RESPOSTA: A
QUESTÃO 8 (Descritor: Sintetizar ideias de um texto filosófico em busca de uma definição geral.)
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Filosofia Moderna: Epistemologia

Analise o trecho em que Kant explica o que é o iluminismo ou ilustração.

“Ilustração é a saída do homem de sua culpada minoridade. Menoridade é a incapacidade de servir-se de sua própria inteligência sem a direção de um outro. (...) Supere aude! Tem a coragem para servir-te de tua própria razão é, pois, o tema da ilustração. (...) Porém, para esta ilustração nada se exige a não ser liberdade; e em verdade a mais inofensiva entre todas as que possam ser chamadas de liberdade, a saber, a de fazer um uso público de sua razão em todos os aspectos. Mas eu ouço exclamar de todos os lados: não raciocineis.”
KANT, Immanuel. Resposta à pergunta “O que é Esclarecimento”. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. p. 95.

A ilustração ou iluminismo tem como causa a razão e a liberdade humanas.
Nesse sentido, a ilustração acontece quando

(A)    a autonomia da razão e a liberdade de usar publicamente a razão forem alcançadas pelo homem.
(B)    a inteligência humana for capaz de direcionar-se para os interesses públicos.
(C)    a sociedade abrir espaço para o pensamento livre e espontâneo.
(D)    as pessoas assumirem a liberdade de debater publicamente as questões sociais.
(E)    o homem adquirir a capacidade de usar sua razão, mediado pela orientação de outrem.

RESPOSTA: A

QUESTÃO 1
Habilidade: Interpretar um pensamento filosófico.
Nível de dificuldade: Fácil
Assunto: Crítica à razão


“O coração tem razões que a própria razão desconhece.”

PASCAL, Blaise. Pensamentos. Coleção Os Pensadores. Nova Cultural, São Paulo, 1999.
Esta frase de Pascal revela que a razão deve ser reconhecida como

A)   absoluta, por ser capaz de compreender os sentimentos humanos.
B)   limitada, por não ser capaz de determinar a lógica dos sentimentos.
C)   ilimitada, pela sua capacidade de conhecer todos os fenômenos.
D)   imprescindível,por ser facilitadora da felicidade do homem.
E)   limitada, por seu entendimento estar reduzido às emoções.
RESPOSTA:B
COMENTÁRIO:As razões do coração não são acessíveis à razão, pois os sentimentos possuem sua própria lógica.
QUESTÃO 2
Habilidade:Associar uma imagem a um conceito filosófico.
Nível de dificuldade: Fácil
Assunto: Crítica à razão
MAGRITTE, René. O terapeuta, 1937
A pintura de Magritte, com todos os elementos que a compõe, revela que, a capa racional que envolve o homem esconde
A)   um interior cheio de paz e harmonia.
B)   um ser vazio e prisioneiro em si mesmo.
C)   um vazio preenchido por significados existenciais.
D)   uma essência preenchida de sentido.
E)   uma pessoa em busca da liberdade.
RESPOSTA:B
COMENTÁRIO:A gaiola, no interior do homem, com pássaros presos, revela que ele é essencialmente prisioneiro de seus dramas e medos e que nenhum sentido existencial é capaz de preencher esse vazio.
QUESTÃO 3
Habilidade:Identificar as condições favoráveis para o surgimento da Filosofia.
Nível de dificuldade: Difícil
Assunto: O pensamento hegeliano
“A filosofia começou quando um povo saiu da sua vida concreta, quando vão surgindo divisões e diferenciações nas classes; quando o povo se aproxima do acaso; quando vai se cavando um abismo entre as tendências internas e a realidade externa, e as formas antiquadas da religião, etc. Já não satisfazem quando o espírito se manifesta indiferente pela sua existência real, ou então, permanecendo nela, só experimenta insatisfação e incômodo, e a sua vida moral se vai dissolvendo.”

HEGEL. Introdução à história da filosofia. Trad. Antonio Pinto de Carvalho.
 São Paulo: Nova Cultural, 1989. (Coleção “Os Pensadores).
De acordo com o pensamento hegeliano, a filosofia teve sua origem quando

A)arealidade interna do pensamento coincidiu com a realidade externa das instituições.
B)avida precisou de nova orientação diante de estruturas obsoletas e desiguais.
C)a identidade cultural foi afirmada, solucionando a questão das diferenças de classes.
D)ocotidiano foi revisto, reafirmando a diversidade e o respeito às diferenças.
E)oespírito humano se fundamentou a partir dos valores das antigasinstituições.
RESPOSTA:B
COMENTÁRIO:Para Hegel, a Filosofia surge a partir do conflito, que aparece exigindo novas orientações e posicionamentos perante as instituições, os valores, a vida.
QUESTÃO 4
Habilidade:Identificar a ideologia que criou a inscrição na bandeira do Brasil.
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Positivismo

Bandeira do Brasil.
Disponível em: .
 Acesso em 12 out. 2012.

O Positivismo é uma corrente de pensamento que acredita na ciência, como principal ferramenta do conhecimento objetivo e a única capaz de trazer progresso para a humanidade, graças à ordem que se instala pela sua aplicação, advinda da própria racionalidade científica. A inscrição na bandeira do Brasil, “Ordem e Progresso”,é uma ilustração dessa forma de pensar e de sua influência sobre a concepção de sociedade da época em que foi criada.
De acordo com as informações do texto e a imagem, o positivismo concebe a ciência como
A) dispensável, já queo homem sobreviveu sem ela por muito tempo, sendo apenas um complemento.
B) limitada, pois o progresso e emancipação humana vãomuito além do conhecimento técnico-científico.
C) neutra, por ser apenas um meio, para alcançar o fim da vida humana que é a felicidade.
D) imprescindível, pois acredita que ela proporcionará a organização social e o progresso para as pessoas.
E) razoável, pois,usada com bom senso, pode oferecer à humanidade os meios para o seu progresso.
RESPOSTA:D
COMENTÁRIO:O positivismo crê de forma incondicional na razão científica que traria o progresso e, consequentemente, a felicidade para a vida das pessoas.
QUESTÃO 5
Habilidade:Identificar a evolução do espírito humano a partir de um texto filosófico.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Positivismo
“O espírito humano, até hoje, fez uma trajetória que se iniciou nas superstições e nas crenças infantis, passando por idealismos juvenis e finalmente culmina no espírito positivo.”

COMTE, Auguste. Curso de Filosofia Positiva. Primeira lição. Coleção Os pensadores.
(Trad.) Jose A. Giannoti. São Paulo. Nova cultural. 1991. p.17.
Para o filósofo Auguste Comte, o espírito humano
A)associou crenças antigas com as crenças do positivismo.
B)começou com o espírito positivo rumo às verdades científicas.
C)iniciou seu trajeto com as superstições da contemporaneidade.
D)passou por um processo de evolução até culminar no espírito positivo.
E)teve seu auge no idealismo típico da juventude.
RESPOSTA: D
COMENTÁRIO:O trecho mostra apenas que o espírito humano passou por um processo de evolução, até culminar no espírito positivo.
QUESTÃO 6
Habilidade:Interpretar uma canção através da análise dos elementos que a compõem.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Crítica à ciência


Se toda coincidência
Tende a que se entenda
E toda lenda
Quer chegar aqui
A ciência não se aprende
A ciência apreende
A ciência em si
Se toda estrela cadente
Cai pra fazer sentido
E todo mito
Quer ter carne aqui
A ciência não se ensina
A ciência insemina
A ciência em si



Se o que se pode ver, ouvir, pegar, medir, pesar
Do avião a jato ao jaboti
Desperta o que ainda não, não se pôde pensar
Do sono eterno ao eterno devir
Como a órbita da terra abraça o vácuo devagar
Para alcançar o que já estava aqui
Se a crença quer se materializar
Tanto quanto a experiência quer se abstrair
A ciência não avança
A ciência alcança
A ciência em si



ANTUNES, Arnaldo. A ciência em si. Disponível em: .
Acesso em:11 out. 2012.


O papel e o significado da ciência, concebidos na letra da música, revelam que
A)a ciência é, em si mesma, objeto imprescindível de compreensão do mundo na contemporaneidade.
B)aciência se impõe como uma verdade em si, sem levar em consideração outros conhecimentos.
C)  omundo desmistificado é a grande contribuição que a ciência pode oferecer para a humanidade.
D)  aexperiência, o cotidiano e os costumes, são conhecimentos superados pelo conhecimento científico.
E)  os sentidos dos acontecimentos físicos ou míticos dependem da interpretação da ciência.
RESPOSTA:B
COMENTÁRIO:A música defende a ideia de que a ciência só se preocupa com ela e que o mundo possui sentido mesmo que não justificado pela ciência.
QUESTÃO 7
Habilidade:Relacionar o poema com a concepção grega de Paideia.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Formação grega
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

PESSOA, Fernando. Odes de Ricardo Reis. Disponível em: .
 Acesso em 11 out. 2012.
A educação grega baseava-se na formação integral dos cidadãos da polis. Os gregos criaram um modelo de educação que formava o indivíduo do ponto de vista intelectual, espiritual, político efísico.

A formação grega e o poema de Fernando Pessoa possuem uma relação de

A)alteridade, a formação escolar é resultado da formação poética das pessoas.
B)  concordância, a educação grega é fruto do esforço individual de cada um.
C)  convergência, pois o poema  e a cultura grega retratam a formação escolar.
D)exclusão, pois concebem o homem através de perspectivas diferentes.
E)  reciprocidade, por afirmarem a grandeza do homem,  fruto da sua completude.
RESPOSTA:E
COMENTÁRIO: O poema e a Paideia grega possuem em comum a ideia de que o homem precisa ser integral, ser inteiro e completo.
QUESTÃO8
Habilidade:Identificar em um texto não filosófico um pensamento filosófico.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Cultura


A cultura
a civilização
elas que se danem
ou não
somente me interessam
contanto que me deixem meu licor de jenipapo
o papo
das noites de São João
somente me interessam
contanto que me deixem meu cabelo belo
meu cabelo belo
como a juba de um leão
contanto que me deixem
ficar na minha
contanto que me deixem
ficar com minha vida na mão
minha vida na mão
minha vida
a cultura
a civilização
elas que se danem
ou não
eu gosto mesmo
é de comer com coentro
eu gosto mesmo
é de ficar por dentro
como eu estive algum tempo
na barriga de Claudina
uma velha baianacem por cento.



GIL, Gilberto. Cultura e Civilização.
Disponível em: http://letras.mus.br/gilberto-gil/335536/. Acesso em 10 out. 2012.
A cultura e a civilização, do ponto de vista da canção, é
A) um entrave para a liberdade humana, pois aniquilam qualquer possibilidade humana de liberdade.
B) um problema, tratado com indiferença, para que não seja um empecilho para o homem viver livre.
C) uma condição para a felicidade humana, quesó pode existir, inserida dentro da civilização ou da cultura.
D) uma condição prévia para o homem atender suas necessidades, independente de contextos.
E) uma mola propulsora para o homem alcançar a liberdade, pois sem a cultura o homem é pura fantasia.
RESPOSTA:D
COMENTÁRIO:A música mostra que a cultura e a civilização não podem deixar que o homem usufrua das coisas que ele necessita, que formam o que ele é, sua identidade.
QUESTÃO9
Habilidade:Identificar a ideia principal do texto filosófico.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Crítica à ciência – Karl Popper
“Não exigirei de um sistema científico que seja capaz de ser escolhido, em sentido positivo, de uma vez por todas, mas exigirei que sua forma lógica seja tal que ele possa ser posto em evidência, por meio de verificações empíricas. Em sentido negativo: um sistema empírico deve poder ser refutado pela experiência”.

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia: de Freud à atualidade. vol. 7.
Tradução Ivo Storniolo. São Paulo: Paulus, 2006.
Segundo Karl Popper, a escolha de um sistema científico deve ter como critério

A)  acapacidade da teoria científica suportar as verificações empíricas.
B)  acoerência interna de determinado sistema científico.
C)  oacolhimento social e político da teoria científica.
D)oreconhecimento científico de determinada teoria científica.
E)  oreconhecimento do cientista que elaborou determinada teoria científica.
RESPOSTA:A
COMENTÁRIO:Para Karl Popper nenhuma teoria científica deve se pretender inquestionável, pois será a própria verificação empírica que validará ou invalidará tal teoria.
QUESTÃO 10
Habilidade:Identificar o conceito de cultura implícito na charge.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Cultura e consumo

Disponível em: . Acesso em 15 out. 2012.
Na charge de Quino, o diálogo é construído a partir da ideia de cultura e consumo. O conceito de cultura que Mafalda defende,como sendo melhor que a compra de roupas,se refere
A)à coleção de obras de artes e a erudição intelectual.
B) à concepção de poder de compra como utilidade para a vida.
C) àsinformações e ao legado do conhecimento erudito.
D) àtolerância e o diálogo como representantes de valores éticos.
E) ao acesso às obras de arte e ao conhecimento erudito.
RESPOSTA:C
COMENTÁRIO:O conceito de cultura implícito na charge de Quino é o de Erudição, ou seja, do cultivo de conhecimento erudito.       
QUESTÃO 11
Habilidade:Relacionar a ideia de natureza e de cultura em um poema.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Cultura
Nós pedimos com insistência:
Não digam nunca: isso é natural!
Diante dos acontecimentos de cada dia.
Numa época em que
Reina a confusão.
Em que corre sangue,
Em que se ordena desordem,
Em que o arbitrário tem
Força de lei,
Em que a humanidade
Se desumaniza.
Não diga nunca:
Isso é natural!

PEIXOTO, Fernando. Brecht, Vida e Obra. Editora Paz e Terra, 1968.
No plano da natureza reina a necessidade e a imutabilidade. A cultura, por outro lado, é construção humana e pode ser reinventada. Segundo o poema, afirmar que é natural aquilo que pertence à ordem da cultura, ou do ser humano é
A) bom, porque a natureza e a cultura traduzem uma mesma realidade.
B) comum, pois as coisas ocorrem como deveriam acontecer.
C) equivocado, pois pode legitimar a desumanização da sociedade.
D) importante, pois a sociedade deve ser regrada pelas leis da natureza.
E) ruim, devido à superioridade da cultura sobre a natureza.
RESPOSTA:C
COMENTÁRIO:Naturalizar o que é cultural impede a mudança das estruturas que estão erradas, impedindo o desenvolvimento da capacidade de julgar de forma ética, que é a característica distintiva do humano, podendo levar à desumanização.
QUESTÃO 12
Habilidade:Reconhecer a crítica à racionalidade presente na música.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Razão



Hoje eu tô jogando tudo fora
Tudo que não presta mais
Todo o lixo que juntei
Nos meus becos e quintais

Tô falando de loucura
Tô falando de viver
Aura clara, sorte escura
Descobrir o que se é, e ser

Pois é preciso ser honesto
Se cada dia é diferente
Sou um anjo e não presto
Sou só eu no meio desta gente

Tô cansado de bancar
O herói de mim ou do bem
Abro a porta, eu quero mais
Eu quero ser sincero com alguém

Deixe que eu respire o ar livre da rua
Sem parar pra discutir
Deixe que eu passeie minha loucura
Gentilmente por aí

SKANK. Gentil loucura. Disponível em: . Acesso em: 03 dez. 201



A música sugere uma crítica à razão como forma de conhecimento, que pode ser observada através

A) da apologia à loucura sobre a razão como conhecimento.
B) da crítica à vida simples e sem moderação.
C) da crítica ao heroísmo do homem moderno.
D) do apelo a uma vida mais despreocupada e intensa.
E) do elogio à simplicidade através do conhecimento de si.
RESPOSTA:E
COMENTÁRIO:A música mostra que é preciso que o homem se importe menos com a vida equilibrada e racional, regrada, apelando para outros valores como a simplicidade, em busca do conhecimento de si mesmo e do sentido da vida.
QUESTÃO 13
Habilidade:Relacionar uma imagem a um conceito filosófico.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Crítica à razão
                                         GOYA. O sono da razão produz monstros. Disponível em: . Acesso em 10 out.2012.
Esta obra de arte propõe que a razão deve estar sempre em estado de vigília. Pela imagem e seu título conclui-se que a razão, que evitaria a criação de monstros, a que se refere Goya,é denominada
A) científica,ligada às descobertas e aplicação dos conhecimentos científicos.
B) contemplativa, criada pelos gregos como forma de contemplar as verdades imutáveis.
C) crítica, questionadora das verdades e modos de vida impostos como verdadeiros.
D) dogmática, que se estabelece a partir de verdades absolutas e imutáveis.
E) instrumental, que serve como aplicação de conhecimentos produzidos.
RESPOSTA:C
COMENTÁRIO: A razão, quando dorme, permite a criação de monstros.É a razão crítica ou filosófica evitaria isso, ao colocar-se em vigília, questionando os valores pré-estabelecidos.
QUESTÃO 14
Habilidade:Identificar o pressuposto filosófico que prevalece na música.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Consumismo


[...]
Não me diga que me ama
Não me queira não me afague
Sentimento pegue e pague
emoção compre em tablete
Mastigue como chiclete
jogue fora na sarjeta
Compre um lote do futuro
cheque para trinta dias
Nosso plano de seguro
cobre a sua carência
Eu perdi o paraíso
mas ganhei inteligência
Demência, felicidade,
propriedade privada
Não se prive não se prove
Don't tell me peace and love
Tome logo um engov
pra curar sua ressaca
Da modernidade essa armadilha
Matilha de cães raivosos e assustados
O presente não devolve o troco do passado
Sofrimento não é amargura
Tristeza não é pecado
Lugar de ser feliz não é supermercado
[...]




BALEIRO, Zeca. Piercing. Disponível em: http://letras.mus.br/. Acesso em 11 out. 2012.

A letra da música de Zeca Baleiro apresenta uma crítica ao estilo de vida do homem moderno, que vive em função do consumo, à base de remédios, em busca de uma felicidade forjada e manipulada.
O trecho da letra da música que comprova essa visãoé:
A) “Da modernidade essa armadilha”, “ Matilha de cães raivosos”
B) “Eu perdi o paraíso, mas ganhei inteligência”
C) “Não me diga que me ama”, “sentimento pegue e pague”
D) “O presente não devolve o troco do passado”
E) “Tristeza não é pecado”,” Lugar de ser feliz não é supermercado.”
RESPOSTA:E
COMENTÁRIO:A música apresenta a ideia de que o consumo não traz a felicidade e que valores como a tristeza devem ser reavaliados, não precisando abafá-los, ou reprimi-los, pois fazem parte da nossa condição humana.
QUESTÃO 15
Habilidade:Relacionar uma imagem a um pensamento filosófico.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Crítica à consciência: a teoria do inconsciente freudiano


                                          Disponível em:< http://fotos.sapo.pt/olharparaomundo/fotos/?uid=T8dgfiBFWyoTizAPZ2C4>. Acesso em 12 out. 2012.


Freud, em sua teoria psicanalítica, apresenta a ideia de que nosso conhecimento, ações e escolhas não são determinados necessariamente pela nossa razão, mas por impulsos escondidos no fundo de nosso inconsciente.
A imagem e a teoria Freudiana se convergem porque ambas
A) afirmam que a aparência não édeterminada apenas por uma compreensão das percepções.
B)  afirmam que o homem é definido por suas ações de acordo com aquilo que aparenta ser.
C)  apresentam a ideia de que,aquilo queé visível determina o que é invisível.
D)  mostram que é possível enxergar o nosso interior, e definir nossas emoções e sentimentos.
E)  revelam que o que está dentro (inconsciência) corresponde ao que está fora (consciência).
RESPOSTA:A
COMENTÁRIO:A imagem e a teoria freudiana apresentam a ideia de que a consciência é, de alguma forma, determinada por aquilo que não é visível, aparente, mas por forças desconhecidas denominadas por Freud, inconsciente.

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