FILOSOFIA MODERNA: Módulo 04 – Kant e a Crítica da Razão Pura
MÓDULO 4
Bloco 01
#PARA COMEÇAR
#QUESTÕES FILOSÓFICAS
Como conhecemos? Existem ideias
inatas? Como chegamos a conclusões gerais a partir do particular?
ILUMINISMO
O ILUMINISMO foi uma corrente
filosófica desenvolvida no século XVIII na EUROPA. Vem de iluminar, ou seja,
para os iluministas, a única luz que poderia guiar o ser humano rumo ao
progresso seria a razão humana. A fé e a religião medieval (fideísmo) haviam
conduzido o homem para as trevas da superstição e das crendices infundadas e
obscuras. Era preciso superar a IDADE MÉDIA através de um pensamento racional,
experimental e que progrediria de acordo com os ditames da ciência. Com a
expansão do SISTEMA CAPITALISTA e a ascensão da BURGUESIA, o ANTIGO REGIME
(sistema político-econômico que mesclava resquícios medievais, como os
estamentos e práticas modernas, tipo o ABSOLUTISMO, preservando privilégios e
regalias para a nobreza e o clero) começou a ser questionado e ver seus
alicerces ruírem. O RACIONALISMO (a razão é o princípio do conhecimento e a
única capaz de sustentar a cultura moderna) avançou e o fideísmo perdeu força.
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (introdução da máquina no processo produtivo) e o
SUCESSO DA CIÊNCIA vieram corroborar a defesa do RACIONALISMO. A preocupação
deixa de ser o mundo transcendente, espiritual e sobrenatural e se volta para
ESTE mundo no qual vivemos. A idéia de PROGRESSO vai marcar toda esta tradição
cultural. O ILUMINISMO foi denominado também ILUSTRAÇÃO e FILOSOFIA DA LUZES (o
século XVIII foi denominado século das luzes).
CARACTERÍSTICAS DO ILUMINISMO
Os pensadores de tal corrente
cultural e filosófica foram árduos defensores da LIBERDADE, IGUALDADE,
TOLERÂNCIA e da PROPRIEDADE PRIVADA. Foi a expressão dos interesses da
burguesia em relação ao COMÉRCIO (contra o mercantilismo e o intervenção dos
governos nas atividades comerciais). Os VALORES BURGUESES tiveram como
defensores os IDEÓLOGOS DA BURGUESIA (filósofos iluministas). Não pode ser
considerado um movimento uniforme, apesar de possuir bases comuns numa visão
generalizada, pois muitos de seus representantes eram arautos da CRÍTICA
SOCIAL.
ILUSTRAÇÃO E IDEOLOGIA BURGUESA
Contra os privilégios e regalias
do antigo regime, defenderam a IGUALDADE JURÍDICA (IGUALDADE DE TODOS PERANTE A
LEI), que ficou só no papel dos manifestos iluministas, pois depois do poder
arrebatado dos estamentos superiores, a burguesia continuou a praticar a
desigualdade de fato, pois o proletariado (nova classe surgida das revoluções
burguesas) não se viu amparado nos novos estados. Defenderam também a
TOLERÂNCIA RELIGIOSA OU FILOSÓFICA, mas somente para aqueles que expressavam os
interesses burgueses, visto que religiões de outras matrizes, que não a cristã
(religiosidades ameríndias, africanas e asiáticas continuaram a serem
perseguidas), e outras filosofias, que não a liberal (como o marxismo e o
anarquismo) permaneceram ou começaram a ser impedidos ou proibidos de se
manifestar. Posicionaram-se a favor da LIBERDADE PESSOAL E SOCIAL e CONTRA A
ESCRAVIDÃO, mas admitiram a exploração brutal e criminosa do capitalismo
industrial nascente. A PROPRIEDADE PRIVADA, bandeira do iluminismo, se
transformou num dispositivo legal de muitas constituições, mas o DIREITO À
PROPRIEDADE PRIVADA continuou a ser um privilégio de poucos capitalistas.
FILOSOFIA NAS RUAS E SALÕES
O pensamento filosófico tomou as
ruas das cidades européias e os salões onde se reuniam a nata econômica e
intelectual.
O ENCICLOPEDISMO
A ENCICLOPÉDIA (ensino
panorâmico, circular e integral) foi um dos maiores empreendimentos
iluministas. Seus maiores expoentes foram DENIS DIDEROT (1713-1784) e JEAN LE
ROND D’ALEMBERT (1717-1783). Ficaram conhecidos como ENCICLOPEDISTAS. Buscou
compendiar todo o conhecimento produzido até então nas enciclopédias. Defendiam
o RACIONALISMO, a INDEPENDÊNCIA DO ESTADO (frente à religião, ou seja, um
ESTADO laico) e a CONFIANÇA NO PROGRESSO como conseqüência dos avanços
científicos e tecnológicos. DIDEROT foi um defensor do CETICISMO (doutrina que
defende o duvidar como princípio filosófico) e um MATERIALISMO ATEU (tudo se
resume à matéria e não há um deus além da realidade material). Tinham AVERSÃO
aos GRANDES SISTEMAS FILOSÓFICOS e desenvolveram teorias com característica
acentuadamente eclética (mesclaram os mais diversos tipos de correntes
filosóficas modernas).
VOLTAIRE E A DEFESA DA TOLERÂNCIA
FRANÇOIS-MARIE AROUET (de
pseudônimo VOLTAIRE – 1694-1778) foi talvez o maior defensor da tolerância
durante o iluminismo. Partidário do despotismo esclarecido (onde um SOBERANDO
ESCLARECIDO governa de forma quase absoluta), o que acabou por mostrar certa
contradição com seu pensamento liberal. Defendia principalmente a LIBERDADE DE
PENSAMENTO e teve uma frase célebre a ele atribuída (apesar de ter sido
elaborada por sua biógrafa, mas que pode resumir perfeitamente sua posição
intelectual): “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você diz, mas
defenderei até a morte seu direito de dizê-las.”
ADAM SMITH E O LIVRE MERCADO
Defensor do LIBERALISMO ECONÔMICO
(não intervenção do ESTADO na economia), ADAM SMITH (1723-1790) afirmava que a
lei que deveria reger a economia seria aquela do JOGO LIVRE DA OFERTA E DA
PROCURA DE MERCADO, que poderia perfeitamente, através de uma mão invisível e
providencial, regular toda atividade econômica. A fonte da riqueza de uma nação
seria o TRABALHO e não as terras ou a natureza de um país (como defendiam os
fisiocratas).
IMMNUEL KANT
Filósofo alemão (1724-1804) que
realizou um EXAME CRÍTICO DA RAZÃO. Colocou-a num tribunal para passar pelo
crivo da investigação de seus limites e potenciais na obra CRÍTICA DA RAZÃO
PURA.
TIPOS DE CONHECIMENTO
O PROBLEMA DO CONHECIMENTO é
central na obra kantiana. Ele distinguiu dois modos do ATO DE CONHECER:
CONHECIMENTO EMPÍRICO (a posteriori),
que é POSTERIOR À EXPERIÊNCIA e depende dos sentidos e do JUÍZO deles emanado;
CONHECIMENTO PURO (A PRIORI), que é ANTERIOR À EXPERIÊNCIA e dela independe,
pois é fruto de uma OPERAÇÃO RACIONAL e tem como características ser NECESSÁRIO
E UNIVERSAL (a matemática e a geometria são exemplares clássicos e máximos
deste tipo puro de conhecimento). O conhecimento puro conduziria a JUÍZOS
UNIVERSAIS E NECESSÁRIOS (válidos em todos os tempos e lugares e que são de uma
maneira que jamais se pode admitir o contrário). A posteriori é tudo aquilo que decorre da percepção sensorial e a priori é tudo aquilo que precede e independe
da percepção sensível.
TIPOS DE JUÍZO
JUÍZO ANALÍTICO: O QUADRADO TEM
QUATRO LADOS. São juízos que analisam, por isso são denominados JUÍZOS DE
ELUCIDAÇÃO ou tautológicos (reprodução do mesmo, ou seja, o predicado já está
implícito e às vezes até explícito no sujeito); JUÍZO SINTÉTICO: “A mesa é
branca” é um exemplo. São JUÍZOS DE AMPLIAÇÃO, mas demasiadamente particulares
e subjetivos, pois o fato de perceber que esta mesa é branca não implica que
todas as mesas sejam brancas e a própria cor branca foi formulada através de um
juízo subjetivo. Ao dizer que “os corpos se movimentam”, por mais que se
analise o sujeito “CORPO”, não se pode inferir o predicado “SE MOVIMENTAM”,
apesar de ser algo predicável do sujeito, mas não necessário e universal, pois
há corpos que não se movimentam aparentemente.
VALOR DOS JUÍZOS
Cada tipo de juízo possui seu
VALOR, e ele destaca três que serão os mais importantes em escala ascendente:
JUÍZO ANALÍTICO (já retratado nos tipos de juízo acima); JUÍZO SINTÉTICO A
POSTERIORI (também já retratado nos tipos de juízo acima e é chamado a
posteriori por ser oriundo da percepção sensorial, ou seja, é posterior aos
sentidos, sensações e sua forma de captar os dados da realidade); JUÍZO
SINTÉTICO A PRIORI, que são os juízos universalmente e necessariamente válidos,
mas que não são tautológicos, pois transmitem conhecimentos que ampliam o saber
sobre o objeto em estudo. Exemplo: a água ferve a 100° C ao nível do mar; o
calor dilata os corpos. O predicado não analisa nem expressa algo que já esteja
contido no sujeito ou objeto de estudo, mas alarga o conhecimento sobre os
mesmos.
ESTRUTURAS DO SENTIR E CONHECER
O ser humano já nasce dotado de
estruturas que possibilitam a EXPERIÊNCIA (formas a priori da sensibilidade) e
determinam o ENTENDIMENTO (formas a priori do entendimento, que produzem o
conhecimento). É o que foi denominado APRIORISMO kantiano. As FORMAS A PRIORI
DA SENSIBILIDADE são o TEMPO e o ESPAÇO (pois tudo que percebemos pelos
sentidos, são percebidos no tempo e no espaço). São a intuições puras. Já as
intuições empíricas são aquelas extraídas diretamente dos sentidos no contato
com a realidade, como por exemplo, quando afirmo: o livro é verde. Eu sei que é
verde porque meus olhos viram e formulei tal juízo amparado nesta percepção. As
FORMAS A PRIORI DO ENTENDIMENTO são representadas pelas CATEGORIAS (CONCEITOS
PUROS) que existem a priori no sujeito cognoscente. São elas: quantidade,
unidade, pluralidade, totalidade, qualidade, realidade, negação, limitação,
relação, substância, causalidade, comunidade, modalidade, possibilidade,
existência e necessidade. Tanto as intuições puras e os conceitos puros
expressam o que há a priori (ou seja, presente no sujeito antes de qualquer
percepção). A priori não é o mesmo que inato, pois no inatismo se admite a
possibilidade de conhecimentos com os quais já nascemos. As intuições puras
manifestam as formas a priori da sensibilidade e os conceitos puros expressam
as formas a priori do entendimento. Já as intuições empíricas e conceitos
empíricos representam os juízos formulados a posteriori (ou seja, depois da
percepção e como formulação de conteúdo posterior). As intuições empíricas são
as percepções visuais, auditivas, olfativas, paladares e táteis. Os conceitos
empíricos são os conteúdos formulados após a percepção sensível, que funciona
como fornecedora de dados que são elaborados enquanto conhecimento pela razão.
LIMITES DO ENTENDIMENTO
Há limites para o entendimento
humano. Não podemos conhecer tudo. Para Kant não é possível conhecer AS COISAS
EM SI MESMAS (o ser em si ou noumenon),
mas somente AS COISAS TAL COMO AS PERCEBEMOS (o ser para nós ou phainoumenon). Não conhecemos as coisas
assim como elas são, mas somente a sua aparência, ou a representação que delas
fazemos. O conhecimento é um produto da razão humana, portanto, delimitado
pelas formas do homem perceber e elaborar o saber. Sua filosofia tentou ser uma
solução para o impasse entre racionalismo e empirismo. Tratou da SENSIBILIDADE,
que é a faculdade ou forma a priori responsável pelo fornecimento dos DADOS que
serão recebidos pelo ENTENDIMENTO, que os processará, criando uma representação
sobre o que foi percebido, e elaborando o que será PENSADO e transformado em
conhecimento.
REVOLUÇÃO COPERNICANA
Assim como COPÉRNICO revolucionou
a astronomia ao afirmar que não era o sol que girava em torno da TERRA, Kant
acreditava estar operando uma revolução similar no âmbito do conhecimento, pois
mudou o foco do objeto, que até então imprimia no sujeito aquilo que ele era,
sua realidade, para o sujeito, que passa a ser o produtor da representação do
objeto. O conhecimento não trata do que é o objeto, mas de como ele é percebido
e elaborado pelo sujeito.
IDEALISMO TRANSCENDENTAL
Seu idealismo transcendental se
expressa na forma como entende o conhecimento: como representação, idéia,
percepção do sujeito. Transcendental porque analisa as formas a priori que
antecedem a experiência e permitem ao sujeito elaborar uma compreensão do
mundo. Transcendente é o conhecimento da realidade que está fora dos domínios
da experiência.
#ANÁLISE E ENTENDIMENTO
Quais eram as características da
filosofia produzida durante o iluminismo? Quais eram os aspectos mais
relevantes do pensamento dos iluministas? Os iluministas eram os ideólogos da
burguesia? Por quê? O juízo sintético a posteriori
não expressa um conhecimento necessário e universal, e o juízo sintético a
priori sim: tal afirmação procede? O juízo analítico conduz a conhecimentos
novos? Por quê? Por que não podemos conhecer o ser em si, mas apenas o ser para
nós, segundo Kant? Em que sentido a revolução causada por Kant no âmbito da
filosofia pode ser comparada à causada por Copérnico na astronomia?
#CONVERSA FILOSÓFICA
O que é o progresso? No mundo de
hoje, você entende que o progresso é um mito? Em que sentido? Por quê? A
humanidade tem progredido? Em que termos? Quais são os valores mais necessários
para uma sociedade democrática?
#CONECTADO
História - Aula 10: Iluminismo
AULA HISTÓRIA ILUMINISMO - MAI 13 - PROF. GABRIEL FEITOSA
Hit's do Chico: Iluminismo - História Cantada
Immanuel Kant - O que é o Iluminismo (Esclarecimento)
Aula 23 - Filosofia - Immanuel Kant - Parte I
Ser Ou Não Ser - Immanuel Kant, Limite da Razão - Viviana Mosé - Globo - Fantástico
#EXERCÍCIOS
QUESTÃO 1 (Habilidade: Inferir o que foi apropriado de modo
reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: O que é Iluminismo.
O Iluminismo foi um movimento
político-cultural que expressou as necessidades e anseios da sociedade burguesa
do século XVIII, o “século das luzes”.
Do ponto de vista
político, o Iluminismo defende
(A) a crença no progresso contínuo do ser humano e na
razão como guia da sabedoria.
(B) a função dos governos de garantir a liberdade
econômica e a igualdade perante a lei.
(C) a isenção de impostos e de julgamentos por
tribunais comuns, aos nobres e clérigos.
(D) a preferência pela vida do homem civilizado, com
suas convenções artificiais e antiquadas.
(E) as formas de governo como criação da vontade
divina, independente das relações humanas.
GABARITO: B
Comentário: A igualdade jurídica e a
liberdade econômica são os alicerces do pensamento iluminista. Embora a alternativa C expresse uma característica
iluminista, apenas a letra B defende o iluminismo do ponto de vista político,
conforme pedido no enunciado.
QUESTÃO
2 (Habilidade: Ler textos
filosóficos de modo significativo e elaborar por escrito o que foi apropriado
de modo reflexivo.)
Nível
de dificuldade: Difícil.
Assunto: O que é
Iluminismo.
Sapere aude!
Tem
coragem de fazer uso de teu próprio entendimento,
tal é o lema do esclarecimento. [...] É tão cômodo ser menor. Se tenho um livro que faz as vezes de meu
entendimento, um diretor espiritual que por mim tem consciência, um médico que
por mim decide a respeito de minha dieta, etc., então não preciso esforçar-me
eu mesmo. Não tenho necessidade de pensar, quando posso simplesmente pagar;
outros se encarregarão em meu lugar, dos negócios desagradáveis.
KANT, Imamnuel. Resposta à pergunta: Que é esclarecimento? Textos
seletos. Tradução de Floriano de Sousa Fernandes. 3. ed. Petrópolis: Vozes,
2005. p. 63-71.
A expressão sapere aude, do
latim, utilizada por Kant, pode ser traduzida como
A) Ouse
saber.
B) Saber
dos sentidos
C) Saber
da razão.
D) Saber
da fé.
E) Saber
e ouvir.
RESPOSTA: A
QUESTÃO 3 (Habilidade: Ler textos filosóficos de modo
significativo e elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo.).
Nível de dificuldade: Médio. Assunto:
O que é Iluminismo.
Esclarecimento (Aufklärung) é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele
próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer
uso de seu entendimento sem a
direção de outro indivíduo. O homem é
o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na
falta de entendimento, mas na falta de
decisão e coragem de servir-se de
si mesmo sem a direção de outrem.
KANT,
Imamnuel. Resposta à pergunta:
Que é esclarecimento? Textos Seletos. Tradução de Floriano de Sousa Fernandes. 3. ed.
Petrópolis: Vozes, 2005. p. 63-71.
Em contraposição ao estado de
menoridade, Kant propõe que o homem assuma sua maioridade, que representa
A) O
escurecimento da razão humana.
B) O
esclarecimento da razão humana.
C) A
culpabilidade inexorável do ser humano.
D) A
capacidade de fazer uso da fé humana.
E) O
entendimento do mito como superação humana.
RESPOSTA: B
QUESTÃO 4
Habilidade:Identificar a ideia
principal em um texto filosófico.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Iluminismo:
o pensamento de Kant
“Nenhum conhecimento em nós precede a
experiência, e todo conhecimento começa com ela. Mas embora todo conhecimento
comece com a experiência, nem por isso todo ele se origina justamente da
experiência. Pois poderia bem acontecer que mesmo o nosso conhecimento de
experiência seja um composto daquilo que recebemos por impressões e daquilo que
nossa própria faculdade de conhecimento [...] fornece de si mesma. [...] Tais
conhecimentos denominam-se a priori e distinguem-se dos empíricos, que possuem
suas fontes a posteriori, ou seja, na experiência.”
KANT, Immanuel, Crítica da Razão
Pura. São Paulo: Nova Cultural, 2000. (Coleção os Pensadores).
O conhecimento, segundo Kant, é
fruto
A) Da
fé e da razão.
B) Da
fé e da experiência.
C) Da
experiência e da razão.
D) Do
mito e da religião.
E) Do
mito e da razão.
RESPOSTA: C
QUESTÃO 5
Habilidade: Interpretar um texto
filosófico, destacando nele sua ideia principal.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Crítica à metafísica
“O que
podemos afirmar da crítica à metafísica formulada por Kant e outros pensadores
é que os filósofos modernos não negam a metafísica enquanto forma de
conhecimento. O que eles fazem é uma
releitura sobre os valores, a função e a validade desse conhecimento,
provocando um alargamento da visão da metafísica, que passa a não se ocupar
apenas da existência e da natureza do ser, mas também de outras questões
fundamentais ao conhecimento, como a distinção entre alma e corpo, a
imortalidade da alma e a liberdade.”
CHAUÍ,
Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000. (Fragmento).
Os
filósofos iluministas, em especial Immanuel Kant, são lembrados pela sua
crítica à metafísica e sua preocupação com as questões fundamentais do
conhecimento científico e da ética. O que esses filósofos pretendem é
A)
fundamentar os valores e a validade do conhecimento antigo como inspiração.
B)
inaugurar uma nova metafísica baseada na natureza e na existência do ser.
C)
reformular a metafísica e ocupá-la com questões essenciais ao conhecimento.
D)
romper com a metafísica antiga e propor uma nova metafísica mais objetiva.
E)
utilizar a metafísica antiga como inspiração e fundamento da ciência moderna.
RESPOSTA: C
COMENTÁRIO: Eles não descartam a
metafísica, apenas reformulam sua função. Ela passa a ser uma reflexão sobre
outras questões relacionadas ao conhecimento. Os modernos não perguntam mais
sobre a existência ou a natureza do ser, mas se perguntam sobre questões como a
relação mente e corpo, a liberdade, os limites do conhecimento, entre outras
questões.
QUESTÃO 6
Habilidade: Identificar as consequências do ideal iluminista para o ocidente.
Nível de dificuldade: Fácil
Assunto: Iluminismo
Desde
sempre o iluminismo, no sentido mais abrangente de um pensar que faz
progressos, perseguiu o objetivo de livrar os homens do medo e de fazer deles
senhores. Mas completamente iluminada, a terra resplandece sob o signo do
infortúnio triunfal. O programa do iluminismo era o de livrar o mundo do
feitiço. Sua pretensão, a de dissolver os mitos e anular a imaginação, por meio
do saber [...]. Na escravização da criatura ou na capacidade de oposição voluntária
aos senhores do mundo, o saber que é poder não conhece limites. Esse saber
serve aos empreendimentos de qualquer um, sem distinção de origem, assim como,
na fábrica e no campo de batalha, está a serviço de todos os fins da economia
burguesa.
HORKHEIMER e ADORNO. Conceito de
Iluminismo. São Paulo: Abril Cultural p. 89.
O
termo iluminismo faz referência à capacidade da razão em dissipar com sua luz
as trevas da ignorância referente à concepção de homem e de mundo medieval.
Contudo, o excesso de razão, como quase todo excesso, tem efeitos indesejados. O excesso de
luz prejudica a visão tanto quanto a cegueira.
O
texto faz uma crítica ao iluminismo, argumentado que sua atuação tinha como
finalidade
A)
a
adequação do conhecimento aos interesses burgueses em nome da emancipação
humana.
B)
a
capacidade da razão em livrar o homem da ignorância e do excesso de
conhecimento científico.
C)
a
escravidão imposta pela Europa aos países colonizados e a elitização do
conhecimento.
D)
a
falta de limites éticos para o conhecimento,
subordinado à ideologia capitalista.
E)
o
excesso de informação e o retorno às fontes da Idade Média como forma de
conhecimento.
RESPOSTA: A
COMENTÁRIO: O iluminismo foi patrocinado
pela burguesia para legitimar os interesses burgueses como propriedade
jurídica, tolerância religiosa. Por outro lado, o excesso de confiança do homem
moderno na razão trouxe como consequência a falta de limites éticos para a
sociedade moderna. Basta olhar as guerras, as armas, fruto da razão
instrumental.
QUESTÃO 7
Habilidade: Relacionar um pensamento
filosófico a um trecho de música.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Filosofia Moderna – Teoria do Conhecimento
“Tenha
coragem de usar o seu próprio entendimento.”
KANT, Immanuel. Resposta à pergunta. Que é ilustração? Petrópolis: Vozes, 1789. p.
100.
“Muda
que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente!
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro!”
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente!
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro!”
Disponível em:
. Acesso em: 11 mar. 2013.
Tanto a
música de Gabriel, o pensador quanto a frase de Kant, fazem um apelo
A)
à
coragem de lutar em nome de ideais e causas alheias.
B)
à
expectativa do homem e sua mudança frente ao futuro.
C)
à indignação da sociedade diante dos
problemas sociais.
D)
ao
academicismo como forma de combater os problemas cotidianos.
E)
ao
uso da razão como capacidade de pensar de forma autônoma.
RESPOSTA: E
COMENTÁRIO: A frase de Kant e a ideia presente na música apelam para o uso da
razão por parte do homem como forma de desalienação.
QUESTÃO 8
Habilidade: Relacionar ideias em tempos
históricos diferentes.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Iluminismo
“Age de tal maneira, que a máxima da tua ação possa valer,
sempre e ao mesmo tempo, como princípio de uma legislação universal”
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Tradução de Valerio Rohden e Udo Moosburger.
Coleção "Os Pensadores". São Paulo: Nova Cultural, 1991.
“Imagine se todos os políticos eleitos tivessem que colocar
seus filhos na escola pública?” Parece um sonho utópico, mas não para o senador
Cristovam Buarque (PDT-DF), que transformou a ideia no Projeto de Lei n°. 480 –
que obrigaria os filhos de todos os agentes públicos eleitos a serem
matriculados em escolas públicas. Cristovam Buarque defende que o objetivo
principal da lei é impor decoro aos parlamentares, pois somos responsáveis pelo
serviço público.
Disponível em: <http://mtv.uol.com.br/memo/projeto-de-lei-que-obriga-politicos-a-colocarem-seus-filhos-em-escolas-publicas-ganha-forca-na-;
Acesso em: 12 mar. 2013
A partir do ponto de vista do Imperativo categórico Kantiano,
o projeto de lei do Senador Cristovam Buarque, pode ser considerado
A)
coerente; os políticos devem querer para seus filhos aquilo
que eles oferecem para os filhos de seus eleitores.
B)
correto; a educação pública possui boa qualidade e os filhos
dos políticos devem utilizá-la, dando credibilidade ao governo.
C)
inteligente; diminuiria o gasto que os políticos despendem
com a educação dos filhos em escolas particulares.
D)
justo; o serviço público, inclusive a educação pública, deve
ser utilizada por todos para compensar seus investimentos.
E)
válido; a política é
um espaço público e quem estiver ligado à política deve valorizar as
instituições públicas, como a escola.
RESPOSTA: A
COMENTÁRIO: O imperativo categórico
Kantiano afirma que a ação humana deve ter um valor universal. Se os políticos
constroem os serviços públicos, devem ser os primeiros a utilizá-los como prova
de credibilidade para seus eleitores, em relação à qualidade dos serviços
oferecidos para todos.
QUESTÃO 9
Habilidade: Explicar os elementos que
justificam a conclusão de um argumento.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: O pensamento moderno
Analise
os argumentos de Diderot para afirmar a materialidade do mundo.
“Se é que podemos acreditar que veremos quando não
tivermos olhos;
Que ouviremos quando não tivermos mais ouvidos;
Que pensaremos quando não tivermos mais cabeça;
Que sentiremos quando não tivermos mais coração;
Que existiremos quando não estivermos em parte alguma;
Então consinto. Ou seja, se é possível acreditar em
tamanhos absurdos,
então consinto que há algo além da matéria.
Tudo é matéria, pensa Diderot, e a matéria é a existência
do real.”
O texto acima representa o
A) Espiritualismo
de Diderot.
B) O
racionalismo de Diderot.
C) O
empirismo de Diderot.
D) O
materialismo ateu de Diderot.
E) O
idealismo ateu de Diderot.
RESPOSTA: D
QUESTÃO 1
Descritor: Perante um texto discursivo
e conceitual, de natureza filosófica ou científica, identificar o rigor
conceitual e as principais teses do texto.
Nível
de dificuldade: medio
Assunto:
Concepção de homem e de mundo
Leia o texto.
“Afinal, que é o
homem dentro da natureza? Nada, em relação ao infinito; tudo, em relação ao
nada; um ponto intermediário entre o tudo e o nada. Infinitamente incapaz de
compreender os extremos, tanto o fim das coisas quanto o seu princípio
permanecem ocultos num segredo impenetrável, e é-lhe igualmente impossível ver
o nada de onde saiu e o infinito que o envolve.”
PASCAL,
Blaise."Pensadores Franceses" da Coleção Clássicos
Jackson, volume XII. Fragmento.
No pensamento de Pascal, a idéia de universo infinito
produz sentimentos angustiantes no homem, fazendo do Renascimento, um período
de crise
a) política
b) religiosa
c) da consciência
d) econômica
e) social
QUESTÃO 2
Descritor:
Perante um texto discursivo e conceitual, de natureza filosófica ou científica,
identificar o rigor conceitual e as principais teses do texto.
Nível
de dificuldade: difícil
Assunto: Revolução
Científica
“A realidade é que a
ciência, como a concebemos hoje, somente
pôde surgir, e em verdade surge, com a vitória dos métodos da observação sobre
os métodos da pura especulação, de que se faz símbolo a famosa e legendária
experiência de Galileu na torre de Pisa. Nesse dia, encerram-se os “infindos
debates” da Idade Média e, assim como os gregos criaram o “critério racional”,
para a avaliação e a crítica das nossa idéias e intuições, Galileu cria o
“critério da experimentação”, para guiar a nossa observação e rever as nossas
intuições, conceitos, idéias e julgamentos.”
TEIXEIRA,
Anísio. IN: Educação e o Mundo Moderno,
São Paulo: Nacional, 1977, 2ª edição, p. 125-
A partir do texto podemos CONCLUIR que o valor da
ciência moderna é
a) teorético e contemplativo
b) especulativo
c) metafísico
d) empírico e técnico
e) revolucionario
QUESTÃO 3
Descritor:
Inferir informações, temas, assuntos e contextos em diferentes fontes históricas.
Nível
de dificuldade: médio
Assunto:
: Concepção de mundo e de homem
Na Filosofia medieval, o grande tema era o religioso, de
origem transcendental. No Renascimento, ocorre uma ruptura nessa concepção de
conhecimento e de pensamento.
Essa ruptura pode ser DEFINIDA como
a) a consciência do indivíduo ligado à totalidade da natureza.
b) a consciência do
indivíduo ligado à vida pública, valorizando o
coletivo.
c) a
filosofia aparece como um discurso humano, sem histórias e deuses.
d) a filosofia aparece como um discurso divino, retomando
temas míticos gregos.
e) a negação da influência da filosofia classica
greco-romano
QUESTÃO 4
Descritor:
Relacionar conceitos entre si, a fim de compreender os fenômenos e suas
relações no nível teórico.
Nível
de dificuldade: fácil
Assunto:
Concepção de mundo e de homem
“Que obra de arte é o homem!
Como é nobre em sua razão! Como é infinito em faculdades! Em forma e
movimentos, como é expressivo e maravilhoso! Nas ações, como se parece com um
anjo! Na inteligência, como se parece com um deus! A maravilha do mundo! O padrão
de todos os seres criados!”
Hamlet, William Shakespeare, trad., São Paulo: Martin Claret, 2002, p.47.
O texto de Shakespeare REFLETE ideias defendidas pelo
a) Ceticismo
b) Protestantismo
c) Humanismo
d) Hedonismo
e) Catolicismo
b) Protestantismo
c) Humanismo
d) Hedonismo
e) Catolicismo
QUESTÃO 5
Descritor: Saber
construir e reconstruir o conhecimento mediante problemas que exigem um raciocínio
e
um conhecimento mais
elaborado;
Nível
de dificuldade: fácil
Assunto:
Empirismo e racionalismo
Leia
o fragmento.
" Os pontos, as linhas, os círculos que cada um tem no espírito são
simples cópias dos pontos, linhas e círculos que conheceu na
experiência" ( Stuart Mill )
Para
os modernos, é muito claro que o conhecimento é um processo relacionado não
apenas com o sujeito que pensa, mas diz
respeito também à sua atuação prática na realidade vivenciada pelo homem. A
afirmativa de Stuart Mill expressa a
visão moderna de conhecimento DENOMINADA
a) racionalismo
b) empirismo
c) idealismo
d) materialismo
e) realismo
QUESTÃO 6
Descritor: Saber
construir e reconstruir o conhecimento mediante problemas que exigem um
raciocínio e um conhecimento mais elaborado;
Nível
de dificuldade: difícil
Assunto: Empirismo e racionalismo
O
que é a verdade, portanto? Um batalhão móvel de metáforas, metonímias,
antropomorfismos, enfim, uma soma de relações humanas, que foram enfatizadas
poética e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso,
parecem a um povo sólidas, canônicas e obrigatórias: as verdades são ilusões,
das quais se esqueceu que o são,
metáforas que se tornaram gastas e sem força sensível, moedas que
perderam sua efígie e agora, só entram
em consideração como metal, não mais como moedas.
NIETZSCHE, Frederico: "Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra-Moral". Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978, pp.43-52.
A partir das informações do
texto, podemos AFIRMAR que de acordo com a crítica de Nietzsche
I. o
conhecimento é uma ilusão útil à preservação da vida.
II.
o conhecimento, a moral e a metafísica são algo transcendente,
III. o conhecimento, a moral e a metafísica
são criados pelo próprio homem
IV. a verdade e a mentira são relativas,
válidas para o ponto de vista humano.
V. o homem
interpreta e dá sentido às coisas,a partir das suas experiências objetivas.
Estão CORRETAS as afirmativas
a) I, II e III
b) I, III e IV
c) I, III, IV e V
d) III, IV e V
e) II, III, IV e V
QUESTÃO 7
Descritor: Analisar
o conjunto das ações/ relações humanas
em diferentes épocas e espaços
Nível
de dificuldade: médio
Assunto: Empirismo
e racionalismo
Por que será que espero ver a água ferver quando a aqueço? É porque, aquecimento e ebulição sempre estiveram associados em minha experiência. Se estabeleço "uma conclusão que projeta no futuro os casos passados de que tive experiência", é porque a imaginação, irresistivelmente arrastada pelo peso do costume, resvala de um evento dado àquele que comumente o acompanha. A necessidade é algo que existe no espírito, não nos objetos."
HUME, David. Investigações sobre o Entendimento Humano. Fragmento.
Segundo Hume, em nenhum setor da experiência, existe uma impressão concreta de causalidade que torne legítima essa idéia de causa que pretendemos ter: “a experiência externa me fornece apenas o depois, não me dá a origem do porquê”. Portanto, podemos AFIRMAR que, para Hume, a causalidade não existe nas coisas, mas numa crença, a partir
a) da experiência sensível
b) do hábito e da associação de idéias
c) do pensamento racional
d) da comprovação do fenômeno
e) da conexão entre pensar e fazer
QUESTÃO 8
Descritor:
Perante um texto discursivo e conceitual, de natureza filosófica ou científica,
identificar o rigor conceitual e as principais teses do texto.
Nível
de dificuldade: difícil
Assunto:
Revolução Científica
“E a nova Filosofia coloca tudo em dúvida,
O Elemento fogo é deixado de lado,
O sol está perdido, e também a Terra,
E nenhuma sabedoria humana é capaz de guiar essa
busca.
E livremente os homens confessam que este mundo se
esgotou,
Quando procuram nos Planetas e no Firmamento tanta
novidade
Vêem que tudo está de novo pulverizado em Átomos,
Tudo em pedaços, toda coerência se perdeu.”
DONNE, J. An Anatomy of the world (1611).
Nesse fragmento, John Donne,
poeta inglês do século XVII, expressa sua inquietação diante da dissolução do
cosmos aristotélico por Copérnico. Essa ruptura na forma de
conceber a Terra e o universo altera profundamente a percepção que o homem
antigo e medieval possuía de si mesmo e do mundo. Três momentos históricos marcam
definitivamente o nascimento dessa nova visão de mundo. São eles
I. o humanismo renascentista que coloca o homem
no centro do conhecimento
II.
a ampliação da influência européia civilizando
outras partes do planeta
III.
a valorização do individualismo e do espírito crítico pela Reforma Protestante
IV. a valorização dos fenômenos espirituais e imateriais
pela Reforma Protestante.
V. a
Revolução Científica e sua nova proposta de conhecimento
Estão CORRETAS
as afirmativas
a) I, II, III
b) I, III, IV
c) I, III, V
d) II, III, IV
e) II, IV, V
QUESTÃO 9
Descritor: Reconhecer
os diferentes sujeitos históricos e os lugares que eles ocupam na trama da
história.
Nível
de dificuldade: fácil
Assunto:
Concepção de mundo e de homem
Leia
o texto.
Podemos
chamá-los de bárbaros com relação às regras da razão, mas não com relação a
nós, que os sobrepujamos em toda espécie de barbárie. Sua guerra é totalmente
nobre e generosa, e tem tanta justificativa e beleza quanto pode receber essa
doença humana: seu único fundamento entre eles é o zelo pela virtude [Coragem,
valor pessoal].
MontaignE,
Michel de. Dos Canibais. Capítulo XXXI.
Os Ensaios - Editora: Martins Fontes
O pensador Montaigne em seu ensaio Dos
Canibais, tomando como referência os contatos entre as diferentes
culturas, por ocasião do descobrimento da America, denuncia nossa forma
preconceituosa de percebê-las, a partir dos parâmetros estabelecidos pela
sociedade européia. Denunciando preconceitos etnocêntricos europeus e considerando a antropofagia como prática
cultural, ele nos leva ao conceito
deOs Ensaios - Editora: Martins Fontes
a) xenofobia
b) genocídio
c) relativismo cultural
d)universalismo cultural
e) etnocídio
QUESTÃO 10
Descritor:
Relacionar conceitos entre si, a fim de compreender os fenômenos e suas
relações no nível teórico.
Nível
de dificuldade: médio
Assunto: Concepção de homem e de mundo
O período moderno é marcado por profundas rupturas que
acontecem lentamente, paralelas ao sistema feudal. Entre essas rupturas podemos
citar, EXCETO
a) a
visão do homem como um ser divino, prioriza o mundo espiritual sobre o material.
b) a separação entre ética e política inaugura novas
relações de poder e de política.
c) a ascensão da classe burguesa dá origem a novas
relações econômicas e sociais.
d) o heliocentrismo substitui o geocentrismo estimulando
o nascimento da ciência moderna.
e) a
visão sacralizada de mundo dos antigos, dá lugar a uma visão dessacralizada da
vida.
QUESTÃO 11
Descritor:
Relacionar conceitos entre si, a fim de compreender os fenômenos e suas
relações no nível teórico.
Nível
de dificuldade: médio
Assunto: Concepção de homem e de mundo
“ O
Renascimento foi um prodigioso desabrochar da vida sob todas as suas formas,
que teve de um modo geral suas maiores manifestações de 1490 a 1560, mas que não
está preso dentro destes limites. Então, um afluxo de vitalidade fez vibrar
toda a humanidade européia. Toda a civilização da Europa transformou-se em conseqüência. Em
sentido estreito, o Renascimento é esse elã vital nos trabalhos do
espírito. É menos uma doutrina, um sistema, que um conjunto de aspirações, uma
impulsão interior que transformou a vida da inteligência e a dos sentidos, o
saber e a arte”.
Mousnier, Roland. História Geral da Civilização. RJ Jorge Zahar editores, 1993, vol. 2.
Fragmento.
Entre
as características marcantes do pensamento renascentista podemos citar, EXCETO
a)
humanismo
b)
racionalismo
c)
individualismo
d)
dogmatismo
e)
relativismo
QUESTÃO
12
Descritor: Reconhecer a relação entre arte e filosofia
enquanto formas de conhecimento.
Nível
de dificuldade: médio
Assunto: Revolução Científica
As pinturas e os desenhos de anatomia expressam as
grandes preocupações da arte e da ciência do período renascentista, registradas
hoje como fatos históricos.
Leonardo da Vinci,
1510. Vesalius, 1543 Leonardo da Vinci.
1490 Leonardo da Vinci.
1492.
A partir das lições de anatomia desse período, podemos concluir
a) a profanação do
corpo, pelo olhar humano.
b) as questões materiais
passam a ser explicadas pela razão.
c) o humanismo
acentua o corpo, como sede da ação e da consciência.
d) o corpo é
sacralizado como objeto de investigação e dominação científica.
e) o olhar do
homem sobre o mundo, independente do componente religioso.
QUESTÃO 13
Descritor:
Perante um texto discursivo e conceitual, de natureza filosófica ou científica,
identificar o rigor conceitual e as principais teses do texto.
Nível
de dificuldade: fácil
Assunto: Empirismo e racionalismo
a) só a mente humana é capaz de conhecer a verdade.
b) o conhecimento inclui a existência de idéias inatas.
c) a experiência é anterior ao pensamento.
d) a razão é a essência da
realidade e da compreensão de mundo.
e) a razão deve ser priorizada em
relação aos sentidos.
QUESTÃO 14
Descritor: Reconhecer
os diferentes sujeitos históricos e os lugares que eles ocupam na trama da
história.
Nível
de dificuldade: médio
Assunto: Política Moderna
Maquiavel destitui o pensamento político idealizado pelos
antigos, inaugurando a visão moderna do homem e da política. Para ele, a
política deve ater-se ao real, à eficiência da ação e não teorizar sobre a
forma ideal de governo. Para Maquiavel, são objetivos da ação política
I. estabelecer a justiça e a igualdade social entre os
súditos
II. tomar decisões visando os resultados que se pretende
alcançar.
III. promover a solidariedade que torna possível o bem comum
III. promover a solidariedade que torna possível o bem comum
IV. cultivar a arte da
conquista e da conservação do poder
V. mudar com as
circunstâncias, para alcançar o domínio
sobre elas
Estão CORRETAS as
afirmativas
a) I, II
b) I, II, III
c) II, IIII
d) II, IIII, IV
e) II, IV, V
QUESTÃO 15
Descritor:
Reconhecer nas ações e relações humanas: uniformidades e rupturas, diferenças e
semelhanças, conflitos, contradições e solidariedades, igualdades e
/desigualdades.
Nível
de dificuldade: fácil
Assunto: Política Moderna
Em relação
ao ethos do príncipe, Maquiavel adverte que a lógica do poder
a) rege-se
pela moral e pela ética.
b) desvincula-se das virtudes éticas dos
indivíduos.
c) rege-se pela ordem natural do poder
d) orienta-se pelo poder divino
e) estabelece-se pelo uso da força física
GABARITO DAS QUESTÕES
OBJETIVAS
QUESTÃO
01
|
C
|
QUESTÃO
09
|
C
|
|
QUESTÃO
02
|
D
|
QUESTÃO
10
|
A
|
|
QUESTÃO
03
|
C
|
QUESTÃO
11
|
D
|
|
QUESTÃO
04
|
C
|
QUESTÃO
12
|
D
|
|
QUESTÃO
05
|
B
|
QUESTÃO
13
|
C
|
|
QUESTÃO
06
|
B
|
QUESTÃO
14
|
E
|
|
QUESTÃO
07
|
B
|
QUESTÃO
15
|
B
|
|
QUESTÃO
08
|
C
|
QUESTÃO 1 (Descritor: Perante situações que envolvem o
entendimento, saber raciocinar e distinguir proposições universais, gerais e
particulares, compreendendo a totalidade de um fenômeno e reconhecendo visões
parciais e fragmentadas)
Nível de dificuldade: Difícil
Assunto: Concepção de mundo e de homem
Compare as imagens a
seguir:
(Madonna,
Cimabue, século XIII) (A Criação de Adão, Capela Sistina, Michelangelo, século XVI)
A primeira é uma
Madonna de Cimabue, pintor do século XIII e mestre de Giotto (sendo Giotto
considerado o primeiro pintor renascentista). A segunda imagem, ‘A Criação de
Adão’ (tema central do enorme afresco a cobrir o teto da Capela Sistina), é de
autoria de Michelangelo, pintor renascentista dos séculos XV-XVI. Na coluna da
esquerda, estão listados os nomes de ambos os pintores. Na coluna da direita,
estão listadas características que podem ser encontradas nas pinturas em
destaque. Correlacione as duas colunas numerando a coluna da direita
apropriadamente:
A. Cimabue 1.
( ) Imagem bidimensional
B. Michelangelo 2. ( ) Uso da perspectiva
3.
( ) Expressões humanas
particularizadas
4.
( ) Destaca-se como símbolo religioso
de adoração
5.
( ) Detalhamento da forma humana
RESPOSTA:
1. ( A ) Imagem bidimensional.
2. ( B ) Uso da perspectiva.
3. ( B ) Expressões humanas particularizadas.
4. ( A ) Destaca-se como símbolo religioso de
adoração.
5. ( B ) Detalhamento da forma humana.
QUESTÃO 2 (Descritor: Submeter as informações e os conhecimentos a
uma análise argumentativa, vislumbrando a estrutura dos argumentos que poderiam
corroborar para uma ordenação sistemática de tais informações)
Nível de dificuldade: Fácil
Assunto: Concepção de mundo e
de homem
Leia o trecho a
seguir:
“Se pudéssemos
contribuir para uma história da cultura em seu conjunto, é evidente que o
Renascimento ocuparia nela um capítulo maior. Não há qualquer dúvida, quer se
trate da literatura ou da arte, ou mesmo da vida e dos sentimentos religiosos,
de que o Renascimento encarna uma nova era e uma transformação profunda em
relação à época que o precedeu. Inclusive o termo ‘Renascimento’, que designa
esta nova época cujas fronteiras são fluidas, mas das quais se pode estimar que
ela recobre o período que vai do início do século XV até 1600, traduz a
consciência que tinham os protagonistas a respeito da obra que eles estavam em
vias de realizar e cuja posteridade iria cantar elogios nos séculos seguintes:
com a renovação da Antiguidade Clássica (considerada como modelo e paradigma
cultural), saída das ‘trevas’ e da ‘Idade Média’ onde ela tinha sido enterrada,
a cultura europeia tomava emprestado o caminho que iria conduzi-la à
Modernidade.”
(Miguel
Angel Granada em: História da Filosofia,
Ed. Vozes, 2011)
A análise do texto
permite inferir que
(A) a Idade Média deu
continuidade aos ideais da Antiguidade Clássica.
(B) a Idade Média,
como ‘idade das trevas’, trata-se de retrocesso como período marcadamente
vazio.
(C) o Renascimento e
a Idade Média são períodos complementares e denotam os mesmos valores.
(D) o Renascimento é
um movimento que independe do período que o precede: a Idade Média.
(E) o Renascimento
marca a passagem do teocentrismo ao antropocentrismo.
RESPOSTA: E
QUESTÃO 3 (Descritor: Julgar as informações criticamente,
ordenando-as e identificando os pressupostos a fim de construir uma posição
perante tais informações)
Nível de dificuldade: Média
Assunto: Concepção de mundo e de homem
Analise a imagem e o
texto seguintes:
(Pietro
Liberi, Homem Tombado Pelo Vício,
1650)
“Mais de um século
depois do fim do Renascimento, Liberi teve oportunidade de refletir sobre o
impacto desse movimento político e cultural sobre a sociedade daquela época.
Sua crítica ao humanismo como uma forma de excesso, uma força
desestabilizadora, não pode ser considerada excepcional. [...] O saber
humanista, como Liberi lembra, era o produto de ambientes sociais e políticos
específicos, cujo caráter ocioso era presumivelmente pagão em suas origens e
objetivos. O baralho, agitado acima do protagonista em queda, é símbolo das
forças que se combinam para empurrar o homem para o abismo, evoca as atividades
dominadas pelo vício, que definiam a cultura humanista.”
(Paula Findlen, “Humanismo, política e
pornografia no renascimento italiano”, em “A Invenção da Pornografia”, Ed.
Hedra, 1999)
A pintura de Liberi
põe em destaque, para além do baralho erguido pelo anão, a personificação da
luxúria (na forma da mulher voluptuosa a empurrar o homem com o pé) e do
excesso (na forma de uma persona orgiástica que espreme uvas por sobre o corpo
que cai). A imagem parece atribuir ao homem – e não às forças do além – a
origem dos vícios, estampados como culpa em braços que cobrem um rosto
envergonhado.
Pode-se dizer, a
respeito desta inversão em relação ao período medieval, que se trata de uma
inversão
(A) antropocêntrica.
(B) naturalista.
(C) nominalista.
(D) racionalista.
(E) teocêntrica.
RESPOSTA: A
QUESTÃO 4 (Descritor: Saber identificar teorias filosóficas e
científicas como interpretações do mundo e avaliá-las quanto ao grau de
argumentação por meio da qual são expostas)
Nível de dificuldade: Fácil
Assunto: Concepção de mundo e de homem
Leia o trecho
retirado do livro de Marilena Chauí.
“Na Renascença,
Giordano Bruno, que afirmara a imanência da Inteligência infinita ao mundo (‘o
Uno é forma e matéria, figura da natureza inteira, operando de seu interior’,
dizia ele), foi condenado à fogueira. Galileu, na época moderna, foi forçado a
abjurar suas teses sobre o movimento solar, as manchas lunares e solares e o
princípio da inércia, fundamento da mecânica clássica.”
(Marilena
Chauí, “Convite à Filosofia”, Editora Ática, 2010)
Na transição que se
opera entre Idade Média e Renascença, ganha destaque um conflito já observado
na Antiguidade Grega, aquele entre
(A) estoicismo e
epicurismo.
(B) filosofia e
sofística.
(C) mito e razão.
(D) nobres e povo.
(E) verdade e
opinião.
RESPOSTA: C
QUESTÃO 5 (Descritor: Saber identificar teorias filosóficas como
interpretações do mundo e avaliá-las quanto ao grau de argumentação por meio do
qual são expostas)
Nível de dificuldade: Fácil
Assunto: Empirismo e racionalismo
Leia o trecho
retirado do livro de Marilena Chauí.
“De onde vieram os
princípios racionais? De onde veio a capacidade para a intuição e para o
raciocínio? Nascemos com eles ou nos seriam dados pela educação e pelo costume?
Seriam algo próprio dos seres humanos, constituindo a natureza deles, ou seriam
adquiridos pela experiência? Durante séculos, a filosofia ofereceu duas
respostas a essas perguntas.”
(Marilena
Chauí, “Convite à Filosofia”, Editora Ática, 2010)
No período da
história da filosofia denominado ‘moderno’, as duas respostas a que o texto se
refere são comumente retradas pelas doutrinas de René Descartes e David Hume.
Estas respostas ficaram conhecidas respectivamente como:
(A)
Construtivismo e Behaviorismo.
(B)
Idealismo e Cientificismo.
(C)
Positivismo e Naturalismo.
(D)
Racionalismo e Empirismo.
(E)
Realismo e Fundacionalismo.
RESPOSTA: D
QUESTÃO 6 (Descritor: Submeter as informações e os conhecimentos a
uma análise argumentativa, vislumbrando a estrutura dos argumentos que poderiam
corroborar para uma ordenação sistemática de tais informações)
Nível de dificuldade:
Média
Assunto: Empirismo e racionalismo
Leia um trecho da
obra “Introdução para a obra ‘Pascal’”.
“O século XVII
representa a vitória do racionalismo filosófico e de seu corolário, o
mecanicismo científico, contra a filosofia e a física aristorélico-tomista que
preponderaram na Idade Média, e contra a filosofia animista que reinara durante
o Renascimento. No período iniciado no século XVI, que se prolonga através do
XVII, ocorre uma verdadeira revolução espiritual, que já foi chamada de ‘crise
da consciência europeia’. O desenvolvimento de uma nova cosmologia substitui o
mundo geocêntrico dos gregos e o mundo antropomórfico da Idade Média pelo
universo descentrado da astronomia moderna. Ao mesmo tempo, como assinalam alguns
historiadores, a ‘ciência contemplativa’ foi substituída pela ‘ciência ativa’ –
o que fez com que o homem se transformasse de espectador em possuidor e senhor
da natureza.”
(Marilena
Chauí, introdução para a obra “Pascal”, Coleção Pensadores, Ed. Nova Cultural
1999)
A filosofia do século
XVII é marcada pelo crescente interesse com que seus representantes se ocupam
de problemas naturais deste mundo, em oposição à abordagem metafísica de sua
contraparte medieval.
Deste interesse nasce
também uma nova preocupação, presente, por exemplo, nas obras de Descartes,
Bacon e Hume – esta preocupação é
(A) o mito.
(B) o método.
(C) a religião.
(D) a moral.
(E) a filosofia.
RESPOSTA: B
QUESTÃO 7 (Descritor: Perante teorias filosóficas ou de cunho
científico, construir e reconstruir análises conceituais; relacionar conceitos
entre si, a fim de compreender os fenômenos e suas relações no nível teórico)
Nível de dificuldade: Difícil
Assunto: Empirismo e racionalismo
Leia o trecho a
seguir:
“A filosofia de René
Descartes é dominada pelo projeto de ancorar firmemente a ciência num
fundamento que poderia legitimar a pretensão de conhecer o mundo exterior em
toda a sua verdade. Ele é um defensor da nova ciência, que privilegia as
matemáticas como instrumentos de conhecimento dos fenômenos naturais. À
diferença de outros eruditos e filósofos de sua época, mas em concordância com
Galileu, ele pretende que as matemáticas descrevam o mundo como ele é na
realidade e não somente como ele aparece ao espírito humano ou como a ciência
chega a interpretá-lo.”
(Emanuela
Scribano em: “História da Filosofia”, Ed. Vozes, 2011)
Em seu “Discurso do
Método”, Descartes discorre sobre o método que deverá nortear seus
questionamentos filosóficos. O problema da dúvida surge ali em sua forma
embrionária – seu acabamento surgirá mais tarde em suas “Meditações
Metafísicas”.
Nesta obra, Descartes
acredita ter ancorado o conhecimento num primeiro princípio autoevidente, sendo
ele
(A) a Alma.
(B) a Dúvida.
(C) a Natureza.
(D) o Eu.
(E) o Mundo.
RESPOSTA: D
QUESTÃO 8 (Descritor: Perante um texto discursivo e conceitual, de
natureza filosófica, identificar as principais teses do texto)
Nível de dificuldade: Fácil
Assunto: Empirismo e racionalismo
Leia o aforismo a
seguir:
“Só há e pode haver
duas vias para a investigação e para a descoberta da verdade. Uma, que consiste
no saltar-se das sensações e das coisas particulares aos axiomas mais gerais e,
a seguir, descobrirem-se os axiomas intermediários a partir desses princípios e
de sua inamovível verdade. Esta é a que ora se segue. A outra, que recolhe os
axiomas dos dados dos sentidos e particulares, ascendendo contínua e
gradualmente até alcançar, em último lugar, os princípios de máxima
generalidade. Este é o verdadeiro caminho, porém não ainda instaurado.”
(Bacon,
“”Novum Organum”, em “Bacon”, Editora Nova Cultural, 1999)
Bacon propõe, para
driblar os ídolos que embaçam o conhecimento científico, a adoção de um método
que viria a se tornar o princípio moderno da investigação científica. Este
método ficou conhecido como
(A) dedução.
(B) falsificação.
(C) indução.
(D) lógica.
(E) silogismo.
RESPOSTA: C
QUESTÃO 9 (Descritor: Perante situações que envolvem o
entendimento, saber raciocinar e distinguir proposições universais, gerais e
particulares, compreendendo a totalidade de um fenômeno e reconhecendo visões
parciais e fragmentadas)
Nível de dificuldade:
Média
Assunto: Empirismo e racionalismo
Leia o trecho seguinte:
“Todas as ideias,
especialmente as abstratas, são naturalmente fracas e obscuras: o intelecto as
apreende apenas precariamente, elas tendem a se confundir com outras ideias
assemelhadas, e mesmo quando algum termo está desprovido de um significado
preciso, somos levados a imaginar, quando o empregamos com frequência, que a
ele corresponde uma ideia determinada. Ao contrário, todas as impressões, isto
é, todas as sensações, tanto as provenientes do exterior quanto as provenientes
do interior, são fortes e vívidas; os limites entre elas estão mais
precisamente definidos, e não é fácil, além disso, incorrer em qualquer erro ou
engano relativamente a elas. Portanto, sempre que alimentarmos alguma suspeita
de que um termo filosófico esteja sendo empregado sem nenhum significado ou
ideia associada (como com frequência ocorre), precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia?
E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão, isso servirá para
confirmar nossa suspeita. Ao expor as ideias a uma luz tão clara, podemos
alimentar uma razoável esperança de eliminar todas as controvérsias que podem
surgir acerca de sua natureza e realidade.”
(David Hume,
“Investigações sobre o entendimento humano e sobre os princípios da moral”, Ed.
UNESP, 2003)
Hume assume que todas
as ideias derivam direta ou indiretamente de alguma impressão advinda dos
sentidos. A partir daí, desenvolve um teste simples para a verificação da
natureza de uma proposição – se uma dada ideia não remete a uma impressão
verificável na realidade, ela trata-se de
(A) um axioma.
(B) um falsificável.
(C) uma metafísica.
(D) uma prova.
(E) uma verdade.
RESPOSTA: C
QUESTÃO 10 (Descritor: Na construção do conhecimento filosófico,
reconhecer sua relação com o mundo da vida cotidiana, não separando a posição
filosófica defendida e compreendendo as relações aí existentes)
Nível de dificuldade: Difícil
Assunto: Empirismo e racionalismo
“Todos os objetos da
razão ou investigação humanas podem ser naturalmente divididos em dois tipos, a
saber, relações de ideias e questões de fato. Do primeiro tipo são
as ciências da geometria, álgebra e aritmética, e, em suma, toda afirmação que
é intuitiva ou demonstrativamente certa. [...] Questões de fato, que são o
segundo tipo de objetos da razão humana, não são apuradas da mesma maneira, e
tampouco nossa evidência de sua verdade, por grande que seja, é da mesma
natureza que a precedente. O contrário de toda questão de fato permanece sendo
possível, porque não pode jamais implicar contradição, e a mente o concebe com
a mesma facilidade e clareza como algo perfeitamente ajustável à realidade.”
(David
Hume, “Investigações sobre o entendimento humano e sobre os princípios da
moral”, Ed. UNESP, 2003)
A passagem de David
Hume procura estabelecer a diferença entre dois conceitos filosóficos caros ao
autor: as relações de ideias e as questões de fato. Pode-se afirmar, a
partir da leitura do trecho citado e a respeito das questões de fato, que
(A) a afirmação de
que o sol não nascerá amanhã não contradiz em si a afirmação de que ele
nascerá.
(B) a nossa
experiência acerca das mesmas independe do hábito.
(C) elas revelam
verdades científicas mediante experimentação.
(D) nossas percepções
são ilusões diante das quais é impossível extrair regras gerais.
(E) uma única
experiência sensível deve garantir que um fato vá sempre se dar da mesma
maneira.
RESPOSTA: A
QUESTÃO 11 (Descritor: Perante um texto discursivo e conceitual, de
natureza filosófica, identificar as principais teses do texto)
Nível de dificuldade: Fácil
Assunto: Empirismo e racionalismo
Leia os trechos seguintes:
“Suponhamos, então, a
mente como sendo, como dizemos, um papel branco e vazio de todos os caracteres,
sem quaisquer idéias. Como ela vem a
se tornar equipada? De onde vem aquele vasto armazém que a imaginação ocupada e
ilimitada do homem pintou sobre ela com uma variedade quase sem fim? De onde
tem ela todos os materiais da razão e do conhecimento?.”
“Examine alguém os
próprios pensamentos e busque profundamente no próprio entendimento e, então,
deixe que ele me diga se todas as idéias
originais que ele tem ali são diferentes que dos objetos dos seus sentidos, ou das operações da sua mente,
consideradas como objetos da sua reflexão
(...).”
(John
Locke, “Um Ensaio Sobre o Entendimento Humano”, em: “Filosofia, textos
fundamentais comentados”, Ed. Artmed, 2010)
Ambos os trechos
foram retirados do “Um Ensaio Sobre o Entendimento Humano”, do filósofo John
Locke. Pode-se inferir, a partir dos trechos selecionados,
(A) o argumento
básico do empirismo conceitual.
(B) o argumento
básico do fenomenalismo.
(C) o argumento
básico do idealismo.
(D) o argumento
básico do inatismo.
(E) o argumento
básico do realismo direto.
RESPOSTA: A
QUESTÃO 12 (Descritor: Perante teorias filosóficas ou de cunho
científico, construir e reconstruir análises conceituais; relacionar conceitos
entre si, a fim de compreender os fenômenos e suas relações no nível teórico)
Nível de dificuldade: Média
Assunto: Empirismo e racionalismo
Leia a passagem da
obra de Descartes:
“Por essa razão, do
fato de que eu sei que existo, e que ao mesmo tempo julgo que obviamente
nenhuma outra coisa pertence à minha natureza ou essência exceto que sou uma
coisa que pensa, concluo corretamente que a minha essência consiste
inteiramente no meu ser uma coisa pensante. E embora, talvez (ou melhor,
seguramente, como direi em breve), eu tenha um corpo que é muito estreitamente
ligado a mim, contudo, porque por um lado eu tenho uma ideia clara e distinta
de mim mesmo, na medida em que sou meramente uma coisa pensante e não uma coisa
extensa, e porque por outro lado tenho uma idéia distinta de um corpo, na
medida em que ele é meramente uma coisa extensa e não uma coisa pensante, é
certo que sou realmente distinto do meu corpo e posso existir sem ele.”
(Descartes,
“Meditações sobre filosofia primeira”, em: “Filosofia, textos fundamentais
comentados”, Ed. Artmed, 2010)
Essa passagem ficou
famosa nos trâmites da filosofia analítica norte-americana – particularmente,
nas discussões que viriam a resultar no nascimento da filosofia da mente. A
partir dela torna-se prontamente identificável o seguinte problema filosófico:
(A) A petição de
princípio.
(B) A suspensão do
juízo.
(C) As antinomias da
razão.
(D) O dualismo
mente-corpo.
(E) O princípio da
razão suficiente.
RESPOSTA: D
QUESTÃO 13 (Descritor: Submeter as informações e os conhecimentos a
uma análise argumentativa, vislumbrando a estrutura dos argumentos que poderiam
corroborar para uma ordenação sistemática de tais informações)
Nível de dificuldade: Fácil
Assunto: A política moderna
Sobre
os principados conquistados pelo crime, Maquiavel dirá em sua obra “O
Príncipe”:
“Causa
surpresa a muitos o fato de Agátocles e similares, após tantas traições e
perfídias, conseguissem viver em paz e a salvo em suas pátrias, bem como
defender-se dos inimigos externos e impedir que os cidadãos não tramassem
contra eles – considerando ainda que vários outros foram incapazes, pela
crueldade, de manter o poder, nem na paz, nem nos dias duvidosos de guerra.
Julgo que isso é resultado do modo como os atos de crueldade são bem ou mal
praticados. Pode-se chamar bem empregados [...] os que são executados de uma só
vez, por causa da necessidade de cuidar da própria segurança, e que são depois
colocados de lado, tornando-se, tanto quanto possível, benefícios para os
súditos. Mal empregados são aqueles que, embora de início poucos, aumentam em
vez de extinguir-se com o tempo.”
(“Maquiavel”, Ed.Abril Cultural, 1999)
A
passagem marca uma ruptura com a tradição filosófica – admite-se agora o ‘bom
uso da crueldade’, e os deveres e responsabilidades do governante e do súdito
são cindidos.
A
obra de Maquiavel inaugura a política moderna ao separar
A)
ética e política.
B)
fortuna e virtú.
C)
governantes e súditos.
D)
verdade e falsidade.
E)
virtude e vício.
RESPOSTA: A
QUESTÃO 14 (Descritor: Perante teorias filosóficas ou de cunho
científico, construir e reconstruir análises conceituais; relacionar conceitos
entre si, a fim de compreender os fenômenos e suas relações no nível teórico)
Nível de dificuldade: Média
Assunto: A
política moderna
Leia
o trecho:
“A
experiência mostra, segundo ele [Maquiavel], que a vida social é constituída
por um conflito fundamental entre dois grupos sociais – os grandes e o povo. O
que define os grandes é o desejo de governar e oprimir o povo. O que define o
povo é o desejo de não ser governado e oprimido pelos grandes. ‘Em todas as cidades se encontram estas duas
tendências diversas’, escreve Maquiavel no capítulo IX d’O Príncipe, o que indica que ele concebe
essa oposição como constitutiva da vida política.”
(Maria Isabel Limongi, Ética e Política n’O Príncipe de
Maquiavel, em: “Seis filósofos na sala de aula”, Ed.Berlendis & Vertecchia,
2006)
Em
vista do conflito originário da vida social, o Príncipe deve, segundo Maquiavel
(A)
exterminar as partes conflitantes.
(B)
governar à deriva do conflito.
(C)
institucionalizar o conflito.
(D)
preferir a desordem ao conflito.
(E)
suprimir o conflito.
RESPOSTA: C
QUESTÃO 15 (Descritor: Saber identificar teorias filosóficas como
interpretações do mundo e avaliá-las quanto ao grau de argumentação por meio do
qual são expostas)
Nível de dificuldade: Média
Assunto: A política moderna
Leia a seguinte passagem:
“Tradicionalmente, pensava-se a força como um expediente
excepcional, ao qual o governante poderia ou não recorrer ao falharem os
recursos regulares do governo, como a persuasão e o exemplo de sua própria
virtude. Mas Maquiavel, inovando nisso também, quer mostrar que a ação política
requer o uso permanente da força, ponto sobre o qual insiste ao longo dessa
primeira parte, mostrando através de exemplos e repetindo constantemente que um
príncipe tem ‘a necessidade de ofender’.”
(Maria Isabel Limongi, Ética e Política n’O Príncipe de
Maquiavel, em: “Seis filósofos na sala de aula”, Ed.Berlendis & Vertecchia,
2006)
Indique a afirmativa que justifica ‘a necessidade de ofender’ que
tem o príncipe.
A) A virtude do príncipe está em se aproveitar da ocasião, a
fortuna, para cometer atos criminosos.
B) O estado de natureza de ‘todos contra todos’ obriga a
instituição de um governo autoritário.
C) O príncipe como mediador de conflitos fica impedido de agradar
a todos em todos os momentos.
D) O príncipe, para se manter, deve ser cruel e praticar toda a
crueldade de uma só vez.
E) Os fins justificam os meios, portanto, o príncipe deve se valer
de quaisquer expedientes para alcançar qualquer fim.
RESPOSTA: C
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