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terça-feira, 26 de julho de 2016

FILOSOFIA MODERNA: Módulo 04 – Kant e a Crítica da Razão Pura



FILOSOFIA MODERNA: Módulo 04 – Kant e a Crítica da Razão Pura

MÓDULO 4

Bloco 01

#PARA COMEÇAR

#QUESTÕES FILOSÓFICAS

Como conhecemos? Existem ideias inatas? Como chegamos a conclusões gerais a partir do particular?

ILUMINISMO

O ILUMINISMO foi uma corrente filosófica desenvolvida no século XVIII na EUROPA. Vem de iluminar, ou seja, para os iluministas, a única luz que poderia guiar o ser humano rumo ao progresso seria a razão humana. A fé e a religião medieval (fideísmo) haviam conduzido o homem para as trevas da superstição e das crendices infundadas e obscuras. Era preciso superar a IDADE MÉDIA através de um pensamento racional, experimental e que progrediria de acordo com os ditames da ciência. Com a expansão do SISTEMA CAPITALISTA e a ascensão da BURGUESIA, o ANTIGO REGIME (sistema político-econômico que mesclava resquícios medievais, como os estamentos e práticas modernas, tipo o ABSOLUTISMO, preservando privilégios e regalias para a nobreza e o clero) começou a ser questionado e ver seus alicerces ruírem. O RACIONALISMO (a razão é o princípio do conhecimento e a única capaz de sustentar a cultura moderna) avançou e o fideísmo perdeu força. A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (introdução da máquina no processo produtivo) e o SUCESSO DA CIÊNCIA vieram corroborar a defesa do RACIONALISMO. A preocupação deixa de ser o mundo transcendente, espiritual e sobrenatural e se volta para ESTE mundo no qual vivemos. A idéia de PROGRESSO vai marcar toda esta tradição cultural. O ILUMINISMO foi denominado também ILUSTRAÇÃO e FILOSOFIA DA LUZES (o século XVIII foi denominado século das luzes).

CARACTERÍSTICAS DO ILUMINISMO

Os pensadores de tal corrente cultural e filosófica foram árduos defensores da LIBERDADE, IGUALDADE, TOLERÂNCIA e da PROPRIEDADE PRIVADA. Foi a expressão dos interesses da burguesia em relação ao COMÉRCIO (contra o mercantilismo e o intervenção dos governos nas atividades comerciais). Os VALORES BURGUESES tiveram como defensores os IDEÓLOGOS DA BURGUESIA (filósofos iluministas). Não pode ser considerado um movimento uniforme, apesar de possuir bases comuns numa visão generalizada, pois muitos de seus representantes eram arautos da CRÍTICA SOCIAL.

ILUSTRAÇÃO E IDEOLOGIA BURGUESA

Contra os privilégios e regalias do antigo regime, defenderam a IGUALDADE JURÍDICA (IGUALDADE DE TODOS PERANTE A LEI), que ficou só no papel dos manifestos iluministas, pois depois do poder arrebatado dos estamentos superiores, a burguesia continuou a praticar a desigualdade de fato, pois o proletariado (nova classe surgida das revoluções burguesas) não se viu amparado nos novos estados. Defenderam também a TOLERÂNCIA RELIGIOSA OU FILOSÓFICA, mas somente para aqueles que expressavam os interesses burgueses, visto que religiões de outras matrizes, que não a cristã (religiosidades ameríndias, africanas e asiáticas continuaram a serem perseguidas), e outras filosofias, que não a liberal (como o marxismo e o anarquismo) permaneceram ou começaram a ser impedidos ou proibidos de se manifestar. Posicionaram-se a favor da LIBERDADE PESSOAL E SOCIAL e CONTRA A ESCRAVIDÃO, mas admitiram a exploração brutal e criminosa do capitalismo industrial nascente. A PROPRIEDADE PRIVADA, bandeira do iluminismo, se transformou num dispositivo legal de muitas constituições, mas o DIREITO À PROPRIEDADE PRIVADA continuou a ser um privilégio de poucos capitalistas.

FILOSOFIA NAS RUAS E SALÕES

O pensamento filosófico tomou as ruas das cidades européias e os salões onde se reuniam a nata econômica e intelectual.

O ENCICLOPEDISMO

A ENCICLOPÉDIA (ensino panorâmico, circular e integral) foi um dos maiores empreendimentos iluministas. Seus maiores expoentes foram DENIS DIDEROT (1713-1784) e JEAN LE ROND D’ALEMBERT (1717-1783). Ficaram conhecidos como ENCICLOPEDISTAS. Buscou compendiar todo o conhecimento produzido até então nas enciclopédias. Defendiam o RACIONALISMO, a INDEPENDÊNCIA DO ESTADO (frente à religião, ou seja, um ESTADO laico) e a CONFIANÇA NO PROGRESSO como conseqüência dos avanços científicos e tecnológicos. DIDEROT foi um defensor do CETICISMO (doutrina que defende o duvidar como princípio filosófico) e um MATERIALISMO ATEU (tudo se resume à matéria e não há um deus além da realidade material). Tinham AVERSÃO aos GRANDES SISTEMAS FILOSÓFICOS e desenvolveram teorias com característica acentuadamente eclética (mesclaram os mais diversos tipos de correntes filosóficas modernas).

VOLTAIRE E A DEFESA DA TOLERÂNCIA

FRANÇOIS-MARIE AROUET (de pseudônimo VOLTAIRE – 1694-1778) foi talvez o maior defensor da tolerância durante o iluminismo. Partidário do despotismo esclarecido (onde um SOBERANDO ESCLARECIDO governa de forma quase absoluta), o que acabou por mostrar certa contradição com seu pensamento liberal. Defendia principalmente a LIBERDADE DE PENSAMENTO e teve uma frase célebre a ele atribuída (apesar de ter sido elaborada por sua biógrafa, mas que pode resumir perfeitamente sua posição intelectual): “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-las.” 

ADAM SMITH E O LIVRE MERCADO

Defensor do LIBERALISMO ECONÔMICO (não intervenção do ESTADO na economia), ADAM SMITH (1723-1790) afirmava que a lei que deveria reger a economia seria aquela do JOGO LIVRE DA OFERTA E DA PROCURA DE MERCADO, que poderia perfeitamente, através de uma mão invisível e providencial, regular toda atividade econômica. A fonte da riqueza de uma nação seria o TRABALHO e não as terras ou a natureza de um país (como defendiam os fisiocratas). 

IMMNUEL KANT

Filósofo alemão (1724-1804) que realizou um EXAME CRÍTICO DA RAZÃO. Colocou-a num tribunal para passar pelo crivo da investigação de seus limites e potenciais na obra CRÍTICA DA RAZÃO PURA. 

TIPOS DE CONHECIMENTO

O PROBLEMA DO CONHECIMENTO é central na obra kantiana. Ele distinguiu dois modos do ATO DE CONHECER: CONHECIMENTO EMPÍRICO (a posteriori), que é POSTERIOR À EXPERIÊNCIA e depende dos sentidos e do JUÍZO deles emanado; CONHECIMENTO PURO (A PRIORI), que é ANTERIOR À EXPERIÊNCIA e dela independe, pois é fruto de uma OPERAÇÃO RACIONAL e tem como características ser NECESSÁRIO E UNIVERSAL (a matemática e a geometria são exemplares clássicos e máximos deste tipo puro de conhecimento). O conhecimento puro conduziria a JUÍZOS UNIVERSAIS E NECESSÁRIOS (válidos em todos os tempos e lugares e que são de uma maneira que jamais se pode admitir o contrário). A posteriori é tudo aquilo que decorre da percepção sensorial e a priori é tudo aquilo que precede e independe da percepção sensível. 

TIPOS DE JUÍZO

JUÍZO ANALÍTICO: O QUADRADO TEM QUATRO LADOS. São juízos que analisam, por isso são denominados JUÍZOS DE ELUCIDAÇÃO ou tautológicos (reprodução do mesmo, ou seja, o predicado já está implícito e às vezes até explícito no sujeito); JUÍZO SINTÉTICO: “A mesa é branca” é um exemplo. São JUÍZOS DE AMPLIAÇÃO, mas demasiadamente particulares e subjetivos, pois o fato de perceber que esta mesa é branca não implica que todas as mesas sejam brancas e a própria cor branca foi formulada através de um juízo subjetivo. Ao dizer que “os corpos se movimentam”, por mais que se analise o sujeito “CORPO”, não se pode inferir o predicado “SE MOVIMENTAM”, apesar de ser algo predicável do sujeito, mas não necessário e universal, pois há corpos que não se movimentam aparentemente. 

VALOR DOS JUÍZOS

Cada tipo de juízo possui seu VALOR, e ele destaca três que serão os mais importantes em escala ascendente: JUÍZO ANALÍTICO (já retratado nos tipos de juízo acima); JUÍZO SINTÉTICO A POSTERIORI (também já retratado nos tipos de juízo acima e é chamado a posteriori por ser oriundo da percepção sensorial, ou seja, é posterior aos sentidos, sensações e sua forma de captar os dados da realidade); JUÍZO SINTÉTICO A PRIORI, que são os juízos universalmente e necessariamente válidos, mas que não são tautológicos, pois transmitem conhecimentos que ampliam o saber sobre o objeto em estudo. Exemplo: a água ferve a 100° C ao nível do mar; o calor dilata os corpos. O predicado não analisa nem expressa algo que já esteja contido no sujeito ou objeto de estudo, mas alarga o conhecimento sobre os mesmos. 

ESTRUTURAS DO SENTIR E CONHECER

O ser humano já nasce dotado de estruturas que possibilitam a EXPERIÊNCIA (formas a priori da sensibilidade) e determinam o ENTENDIMENTO (formas a priori do entendimento, que produzem o conhecimento). É o que foi denominado APRIORISMO kantiano. As FORMAS A PRIORI DA SENSIBILIDADE são o TEMPO e o ESPAÇO (pois tudo que percebemos pelos sentidos, são percebidos no tempo e no espaço). São a intuições puras. Já as intuições empíricas são aquelas extraídas diretamente dos sentidos no contato com a realidade, como por exemplo, quando afirmo: o livro é verde. Eu sei que é verde porque meus olhos viram e formulei tal juízo amparado nesta percepção. As FORMAS A PRIORI DO ENTENDIMENTO são representadas pelas CATEGORIAS (CONCEITOS PUROS) que existem a priori no sujeito cognoscente. São elas: quantidade, unidade, pluralidade, totalidade, qualidade, realidade, negação, limitação, relação, substância, causalidade, comunidade, modalidade, possibilidade, existência e necessidade. Tanto as intuições puras e os conceitos puros expressam o que há a priori (ou seja, presente no sujeito antes de qualquer percepção). A priori não é o mesmo que inato, pois no inatismo se admite a possibilidade de conhecimentos com os quais já nascemos. As intuições puras manifestam as formas a priori da sensibilidade e os conceitos puros expressam as formas a priori do entendimento. Já as intuições empíricas e conceitos empíricos representam os juízos formulados a posteriori (ou seja, depois da percepção e como formulação de conteúdo posterior). As intuições empíricas são as percepções visuais, auditivas, olfativas, paladares e táteis. Os conceitos empíricos são os conteúdos formulados após a percepção sensível, que funciona como fornecedora de dados que são elaborados enquanto conhecimento pela razão. 

LIMITES DO ENTENDIMENTO

Há limites para o entendimento humano. Não podemos conhecer tudo. Para Kant não é possível conhecer AS COISAS EM SI MESMAS (o ser em si ou noumenon), mas somente AS COISAS TAL COMO AS PERCEBEMOS (o ser para nós ou phainoumenon). Não conhecemos as coisas assim como elas são, mas somente a sua aparência, ou a representação que delas fazemos. O conhecimento é um produto da razão humana, portanto, delimitado pelas formas do homem perceber e elaborar o saber. Sua filosofia tentou ser uma solução para o impasse entre racionalismo e empirismo. Tratou da SENSIBILIDADE, que é a faculdade ou forma a priori responsável pelo fornecimento dos DADOS que serão recebidos pelo ENTENDIMENTO, que os processará, criando uma representação sobre o que foi percebido, e elaborando o que será PENSADO e transformado em conhecimento.

REVOLUÇÃO COPERNICANA

Assim como COPÉRNICO revolucionou a astronomia ao afirmar que não era o sol que girava em torno da TERRA, Kant acreditava estar operando uma revolução similar no âmbito do conhecimento, pois mudou o foco do objeto, que até então imprimia no sujeito aquilo que ele era, sua realidade, para o sujeito, que passa a ser o produtor da representação do objeto. O conhecimento não trata do que é o objeto, mas de como ele é percebido e elaborado pelo sujeito. 

IDEALISMO TRANSCENDENTAL 

Seu idealismo transcendental se expressa na forma como entende o conhecimento: como representação, idéia, percepção do sujeito. Transcendental porque analisa as formas a priori que antecedem a experiência e permitem ao sujeito elaborar uma compreensão do mundo. Transcendente é o conhecimento da realidade que está fora dos domínios da experiência.

#ANÁLISE E ENTENDIMENTO

Quais eram as características da filosofia produzida durante o iluminismo? Quais eram os aspectos mais relevantes do pensamento dos iluministas? Os iluministas eram os ideólogos da burguesia? Por quê? O juízo sintético a posteriori não expressa um conhecimento necessário e universal, e o juízo sintético a priori sim: tal afirmação procede? O juízo analítico conduz a conhecimentos novos? Por quê? Por que não podemos conhecer o ser em si, mas apenas o ser para nós, segundo Kant? Em que sentido a revolução causada por Kant no âmbito da filosofia pode ser comparada à causada por Copérnico na astronomia?

#CONVERSA FILOSÓFICA

O que é o progresso? No mundo de hoje, você entende que o progresso é um mito? Em que sentido? Por quê? A humanidade tem progredido? Em que termos? Quais são os valores mais necessários para uma sociedade democrática?

#CONECTADO

História - Aula 10: Iluminismo

AULA HISTÓRIA ILUMINISMO - MAI 13 - PROF. GABRIEL FEITOSA

Hit's do Chico: Iluminismo - História Cantada

Immanuel Kant - O que é o Iluminismo (Esclarecimento)

Aula 23 - Filosofia - Immanuel Kant - Parte I

Ser Ou Não Ser - Immanuel Kant, Limite da Razão - Viviana Mosé - Globo - Fantástico


#EXERCÍCIOS

QUESTÃO 1 (Habilidade: Inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: O que é Iluminismo.
O Iluminismo foi um movimento político-cultural que expressou as necessidades e anseios da sociedade burguesa do século XVIII, o “século das luzes”.
Do ponto de vista político, o Iluminismo defende
(A) a crença no progresso contínuo do ser humano e na razão como guia da sabedoria.                     
(B) a função dos governos de garantir a liberdade econômica e a igualdade perante a lei.                            
(C) a isenção de impostos e de julgamentos por tribunais comuns, aos nobres e clérigos.                         
(D) a preferência pela vida do homem civilizado, com suas convenções artificiais e antiquadas.                             
(E) as formas de governo como criação da vontade divina, independente das relações humanas.
GABARITO: B
Comentário: A igualdade jurídica e a liberdade econômica são os alicerces do pensamento iluminista. Embora a alternativa C expresse uma característica iluminista, apenas a letra B defende o iluminismo do ponto de vista político, conforme pedido no enunciado.
QUESTÃO 2 (Habilidade: Ler textos filosóficos de modo significativo e elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo.)                                           
Nível de dificuldade: Difícil.                                                                                                                                    Assunto: O que é Iluminismo.
Sapere aude! Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. [...] É tão cômodo ser menor. Se tenho um livro que faz as vezes de meu entendimento, um diretor espiritual que por mim tem consciência, um médico que por mim decide a respeito de minha dieta, etc., então não preciso esforçar-me eu mesmo. Não tenho necessidade de pensar, quando posso simplesmente pagar; outros se encarregarão em meu lugar, dos negócios desagradáveis.

KANT, Imamnuel. Resposta à pergunta: Que é esclarecimento? Textos seletos. Tradução de Floriano de Sousa Fernandes. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2005. p. 63-71.
A expressão sapere aude, do latim, utilizada por Kant, pode ser traduzida como
A)     Ouse saber.
B)      Saber dos sentidos
C)      Saber da razão.
D)     Saber da fé.
E)      Saber e ouvir.
RESPOSTA: A
QUESTÃO 3 (Habilidade: Ler textos filosóficos de modo significativo e elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo.).                                        
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                      Assunto: O que é Iluminismo.
Esclarecimento (Aufklärung) é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem.

KANT, Imamnuel. Resposta à pergunta: Que é esclarecimento? Textos Seletos. Tradução de Floriano de Sousa Fernandes. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2005. p. 63-71.
Em contraposição ao estado de menoridade, Kant propõe que o homem assuma sua maioridade, que representa
A)     O escurecimento da razão humana.
B)      O esclarecimento da razão humana.
C)      A culpabilidade inexorável do ser humano.
D)     A capacidade de fazer uso da fé humana.
E)      O entendimento do mito como superação humana.
RESPOSTA: B
QUESTÃO 4
Habilidade:Identificar a ideia principal em um texto filosófico.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Iluminismo: o pensamento de Kant
“Nenhum conhecimento em nós precede a experiência, e todo conhecimento começa com ela. Mas embora todo conhecimento comece com a experiência, nem por isso todo ele se origina justamente da experiência. Pois poderia bem acontecer que mesmo o nosso conhecimento de experiência seja um composto daquilo que recebemos por impressões e daquilo que nossa própria faculdade de conhecimento [...] fornece de si mesma. [...] Tais conhecimentos denominam-se a priori e distinguem-se dos empíricos, que possuem suas fontes a posteriori, ou seja, na experiência.”
KANT, Immanuel, Crítica da Razão Pura. São Paulo: Nova Cultural, 2000. (Coleção os Pensadores).
O conhecimento, segundo Kant, é fruto
A)     Da fé e da razão.
B)      Da fé e da experiência.
C)      Da experiência e da razão.
D)     Do mito e da religião.
E)      Do mito e da razão.
RESPOSTA: C
QUESTÃO 5

Habilidade: Interpretar um texto filosófico, destacando nele sua ideia principal.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Crítica à metafísica

“O que podemos afirmar da crítica à metafísica formulada por Kant e outros pensadores é que os filósofos modernos não negam a metafísica enquanto forma de conhecimento. O que eles fazem é uma releitura sobre os valores, a função e a validade desse conhecimento, provocando um alargamento da visão da metafísica, que passa a não se ocupar apenas da existência e da natureza do ser, mas também de outras questões fundamentais ao conhecimento, como a distinção entre alma e corpo, a imortalidade da alma e a liberdade.”

CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000. (Fragmento).

Os filósofos iluministas, em especial Immanuel Kant, são lembrados pela sua crítica à metafísica e sua preocupação com as questões fundamentais do conhecimento científico e da ética. O que esses filósofos pretendem é

A) fundamentar os valores e a validade do conhecimento antigo como inspiração.
B) inaugurar uma nova metafísica baseada na natureza e na existência do ser.
C) reformular a metafísica e ocupá-la com questões essenciais ao conhecimento.
D) romper com a metafísica antiga e propor uma nova metafísica mais objetiva.
E) utilizar a metafísica antiga como inspiração e fundamento da ciência moderna.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIO: Eles não descartam a metafísica, apenas reformulam sua função. Ela passa a ser uma reflexão sobre outras questões relacionadas ao conhecimento. Os modernos não perguntam mais sobre a existência ou a natureza do ser, mas se perguntam sobre questões como a relação mente e corpo, a liberdade, os limites do conhecimento, entre outras questões.
QUESTÃO 6

Habilidade: Identificar as consequências do ideal iluminista para o ocidente.
Nível de dificuldade: Fácil
Assunto: Iluminismo

Desde sempre o iluminismo, no sentido mais abrangente de um pensar que faz progressos, perseguiu o objetivo de livrar os homens do medo e de fazer deles senhores. Mas completamente iluminada, a terra resplandece sob o signo do infortúnio triunfal. O programa do iluminismo era o de livrar o mundo do feitiço. Sua pretensão, a de dissolver os mitos e anular a imaginação, por meio do saber [...]. Na escravização da criatura ou na capacidade de oposição voluntária aos senhores do mundo, o saber que é poder não conhece limites. Esse saber serve aos empreendimentos de qualquer um, sem distinção de origem, assim como, na fábrica e no campo de batalha, está a serviço de todos os fins da economia burguesa.

HORKHEIMER e ADORNO. Conceito de Iluminismo. São Paulo: Abril Cultural p. 89.


Disponível em: <http://www.escrevercinema.com/Crer_para_ver.htm>. Acesso em: 09 fev. 2013.

O termo iluminismo faz referência à capacidade da razão em dissipar com sua luz as trevas da ignorância referente à concepção de homem e de mundo medieval. Contudo, o excesso de razão, como quase todo excesso, tem efeitos indesejados. O excesso de luz prejudica a visão tanto quanto a cegueira.

O texto faz uma crítica ao iluminismo, argumentado que sua atuação tinha como finalidade

A)     a adequação do conhecimento aos interesses burgueses em nome da emancipação humana.
B)     a capacidade da razão em livrar o homem da ignorância e do excesso de conhecimento científico.
C)    a escravidão imposta pela Europa aos países colonizados e a elitização do conhecimento.
D)    a falta de limites éticos para o conhecimento,  subordinado à ideologia capitalista.
E)     o excesso de informação e o retorno às fontes da Idade Média como forma de conhecimento.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIO: O iluminismo foi patrocinado pela burguesia para legitimar os interesses burgueses como propriedade jurídica, tolerância religiosa. Por outro lado, o excesso de confiança do homem moderno na razão trouxe como consequência a falta de limites éticos para a sociedade moderna. Basta olhar as guerras, as armas, fruto da razão instrumental.
QUESTÃO 7

Habilidade: Relacionar um pensamento filosófico a um trecho de música.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Filosofia Moderna – Teoria do Conhecimento

“Tenha coragem de usar o seu próprio entendimento.”

KANT, Immanuel. Resposta à pergunta. Que é ilustração? Petrópolis: Vozes, 1789. p. 100.

“Muda que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente!
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro!”

Disponível em: . Acesso em: 11 mar. 2013.

Tanto a música de Gabriel, o pensador quanto a frase de Kant, fazem um apelo

A)     à coragem de lutar em nome de ideais e causas alheias.
B)     à expectativa do homem e sua mudança frente ao futuro.
C)    à indignação da sociedade diante dos problemas sociais.
D)    ao academicismo como forma de combater os problemas cotidianos.
E)     ao uso da razão como capacidade de pensar de forma autônoma.


RESPOSTA: E
COMENTÁRIO: A frase de Kant e a ideia presente na música apelam para o uso da razão por parte do homem como forma de desalienação.
QUESTÃO 8

Habilidade: Relacionar ideias em tempos históricos diferentes. 
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: Iluminismo

“Age de tal maneira, que a máxima da tua ação possa valer, sempre e ao mesmo tempo, como princípio de uma legislação universal”
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Tradução de Valerio Rohden e Udo Moosburger.                                                    Coleção "Os Pensadores". São Paulo: Nova Cultural, 1991.
“Imagine se todos os políticos eleitos tivessem que colocar seus filhos na escola pública?” Parece um sonho utópico, mas não para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que transformou a ideia no Projeto de Lei n°. 480 – que obrigaria os filhos de todos os agentes públicos eleitos a serem matriculados em escolas públicas. Cristovam Buarque defende que o objetivo principal da lei é impor decoro aos parlamentares, pois somos responsáveis pelo serviço público.



A partir do ponto de vista do Imperativo categórico Kantiano, o projeto de lei do Senador Cristovam Buarque, pode ser considerado

A)     coerente; os políticos devem querer para seus filhos aquilo que eles oferecem para os filhos de seus eleitores.
B)     correto; a educação pública possui boa qualidade e os filhos dos políticos devem utilizá-la, dando credibilidade ao governo.
C)    inteligente; diminuiria o gasto que os políticos despendem com a educação dos filhos em escolas particulares.
D)    justo; o serviço público, inclusive a educação pública, deve ser utilizada por todos para compensar seus investimentos.
E)     válido;  a política é um espaço público e quem estiver ligado à política deve valorizar as instituições públicas, como a escola.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIO: O imperativo categórico Kantiano afirma que a ação humana deve ter um valor universal. Se os políticos constroem os serviços públicos, devem ser os primeiros a utilizá-los como prova de credibilidade para seus eleitores, em relação à qualidade dos serviços oferecidos para todos.
QUESTÃO 9

Habilidade: Explicar os elementos que justificam a conclusão de um argumento.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: O pensamento moderno

Analise os argumentos de Diderot para afirmar a materialidade do mundo.

“Se é que podemos acreditar que veremos quando não tivermos olhos;
Que ouviremos quando não tivermos mais ouvidos;
Que pensaremos quando não tivermos mais cabeça;
Que sentiremos quando não tivermos mais coração;
Que existiremos quando não estivermos em parte alguma;
Então consinto. Ou seja, se é possível acreditar em tamanhos absurdos,
então consinto que há algo além da matéria.
Tudo é matéria, pensa Diderot, e a matéria é a existência do real.”

Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/73691425/Scan-Doc0043. Acesso em: 10 fev. 2013.

O texto acima representa o
A)     Espiritualismo de Diderot.
B)      O racionalismo de Diderot.
C)      O empirismo de Diderot.
D)     O materialismo ateu de Diderot.
E)      O idealismo ateu de Diderot.
RESPOSTA: D
QUESTÃO 1

Descritor:  Perante um texto discursivo e conceitual, de natureza filosófica ou científica, identificar o rigor conceitual e as principais teses do texto.
Nível de dificuldade: medio
Assunto:  Concepção de homem e de mundo
Leia o texto.
“Afinal, que é o homem dentro da natureza? Nada, em relação ao infinito; tudo, em relação ao nada; um ponto intermediário entre o tudo e o nada. Infinitamente incapaz de compreender os extremos, tanto o fim das coisas quanto o seu princípio permanecem ocultos num segredo impenetrável, e é-lhe igualmente impossível ver o nada de onde saiu e o infinito que o envolve.”
PASCAL, Blaise."Pensadores Franceses" da Coleção                                                                                                        Clássicos Jackson, volume XII. Fragmento.
No pensamento de Pascal, a idéia de universo infinito produz sentimentos angustiantes no homem, fazendo do Renascimento, um período de crise

a) política
b) religiosa
c) da consciência
d) econômica
e) social
QUESTÃO 2

Descritor: Perante um texto discursivo e conceitual, de natureza filosófica ou científica, identificar o rigor conceitual e as principais teses do texto.
Nível de dificuldade: difícil
Assunto:  Revolução Científica
“A realidade é que a ciência, como  a concebemos hoje, somente pôde surgir, e em verdade surge, com a vitória dos métodos da observação sobre os métodos da pura especulação, de que se faz símbolo a famosa e legendária experiência de Galileu na torre de Pisa. Nesse dia, encerram-se os “infindos debates” da Idade Média e, assim como os gregos criaram o “critério racional”, para a avaliação e a crítica das nossa idéias e intuições, Galileu cria o “critério da experimentação”, para guiar a nossa observação e rever as nossas intuições, conceitos, idéias e julgamentos.”

TEIXEIRA, Anísio. IN: Educação e o Mundo Moderno, São Paulo: Nacional, 1977, 2ª edição, p. 125-

A partir do texto podemos CONCLUIR  que o valor da ciência moderna é
a) teorético e contemplativo
b) especulativo 
c) metafísico
d) empírico e técnico
e) revolucionario
QUESTÃO 3

Descritor: Inferir informações, temas, assuntos e contextos em  diferentes fontes históricas.
Nível de dificuldade: médio
Assunto: :  Concepção de mundo e de homem
Na Filosofia medieval, o grande tema era o religioso, de origem transcendental. No Renascimento, ocorre uma ruptura nessa concepção de conhecimento e de pensamento.
Essa ruptura pode ser DEFINIDA como
a)  a consciência do indivíduo ligado à  totalidade da natureza.
b) a consciência do indivíduo ligado à vida pública, valorizando o  coletivo.
c) a filosofia aparece como um discurso humano, sem histórias e deuses.
d) a filosofia aparece como um discurso divino, retomando temas míticos gregos.
e) a negação da influência da filosofia classica greco-romano
QUESTÃO 4

Descritor: Relacionar conceitos entre si, a fim de compreender os fenômenos e suas relações no nível teórico.
Nível de dificuldade: fácil
Assunto: Concepção de mundo e de homem
“Que obra de arte é o homem! Como é nobre em sua razão! Como é infinito em faculdades! Em forma e movimentos, como é expressivo e maravilhoso! Nas ações, como se parece com um anjo! Na inteligência, como se parece com um deus! A maravilha do mundo! O padrão de todos os seres criados!”

                             Hamlet, William Shakespeare, trad., São Paulo: Martin Claret, 2002, p.47.

O texto de Shakespeare REFLETE ideias defendidas pelo

a) Ceticismo
b) Protestantismo
c) Humanismo
d) Hedonismo
e) Catolicismo
QUESTÃO 5

Descritor: Saber construir e reconstruir o conhecimento mediante problemas que exigem um raciocínio e
um conhecimento mais elaborado;
Nível de dificuldade: fácil
Assunto: Empirismo e racionalismo
Leia o fragmento.
" Os pontos, as linhas, os círculos que cada um tem no espírito são simples cópias dos pontos, linhas e círculos que conheceu na experiência"   ( Stuart Mill )
Para os modernos, é muito claro que o conhecimento é um processo relacionado não apenas com o sujeito que pensa, mas  diz respeito também à sua atuação prática na realidade vivenciada pelo homem.  A afirmativa de Stuart Mill  expressa a visão moderna de conhecimento DENOMINADA

a) racionalismo
b) empirismo
c) idealismo
d) materialismo
e) realismo
QUESTÃO 6

Descritor: Saber construir e reconstruir o conhecimento mediante problemas que exigem um raciocínio e um conhecimento mais elaborado;
Nível de dificuldade: difícil
Assunto: Empirismo e racionalismo

O que é a verdade, portanto? Um batalhão móvel de metáforas, metonímias, antropomorfismos, enfim, uma soma de relações humanas, que foram enfatizadas poética e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso, parecem a um povo sólidas, canônicas e obrigatórias: as verdades são ilusões, das quais se esqueceu que o são,  metáforas que se tornaram gastas e sem força sensível, moedas que perderam sua efígie e agora,  só entram em consideração como metal, não mais como moedas.

NIETZSCHE, Frederico: "Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra-Moral".                                                                           Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978, pp.43-52.
A partir das informações do texto, podemos AFIRMAR que de acordo com a crítica de Nietzsche

I.  o conhecimento é uma ilusão útil à preservação da vida. 
II.  o conhecimento, a moral e a metafísica são algo transcendente,
III. o conhecimento, a moral e a metafísica são criados pelo próprio homem
IV. a verdade e a mentira são relativas, válidas para o ponto de vista humano.                                                                              V.  o homem interpreta e dá sentido às coisas,a partir das suas experiências objetivas.

Estão CORRETAS  as afirmativas
a)  I, II e III
b)  I, III e IV
c)  I, III, IV e V
d)  III, IV e V
e)  II, III, IV e V
QUESTÃO 7

Descritor: Analisar o conjunto das ações/ relações  humanas em diferentes épocas e espaços
Nível de dificuldade: médio
Assunto:  Empirismo e racionalismo

David Hume questiona, da seguinte maneira, a origem do princípio de causalidade:

Por que será que espero ver a água ferver quando a aqueço? É porque, aquecimento e ebulição sempre estiveram associados em minha experiência.  Se estabeleço "uma conclusão que projeta no futuro os casos passados de que tive experiência", é porque a imaginação, irresistivelmente arrastada pelo peso do costume, resvala de um evento dado àquele que comumente o acompanha.  A necessidade é algo que existe no espírito, não nos objetos." 

                                              HUME, David. Investigações sobre o Entendimento Humano. Fragmento.

Segundo Hume, em nenhum setor da experiência, existe uma impressão concreta de causalidade que torne legítima essa idéia de causa que pretendemos ter: “a experiência externa me fornece apenas o depois, não me dá a origem do porquê”. Portanto, podemos AFIRMAR que, para Hume, a causalidade não existe nas coisas, mas numa crença, a partir

a) da experiência sensível
b) do hábito e da associação de idéias
c) do pensamento racional
d) da comprovação do fenômeno
e) da conexão entre pensar e fazer
QUESTÃO 8

Descritor: Perante um texto discursivo e conceitual, de natureza filosófica ou científica, identificar o rigor conceitual e as principais teses do texto.
Nível de dificuldade: difícil
Assunto:  Revolução Científica

“E a nova Filosofia coloca tudo em dúvida,
O Elemento fogo é deixado de lado,
O sol está perdido, e também a Terra,
E nenhuma sabedoria humana é capaz de guiar essa busca.
E livremente os homens confessam que este mundo se esgotou,
Quando procuram nos Planetas e no Firmamento tanta novidade
Vêem que tudo está de novo pulverizado em Átomos,
Tudo em pedaços, toda coerência se perdeu.”

                                                                 DONNE, J. An Anatomy of the world (1611).

Nesse fragmento, John Donne, poeta inglês do século XVII, expressa sua inquietação diante da dissolução do cosmos aristotélico por Copérnico. Essa ruptura na forma de conceber a Terra e o universo altera profundamente a percepção que o homem antigo e medieval possuía de si mesmo e do mundo. Três momentos históricos marcam definitivamente o nascimento dessa nova visão de mundo. São eles

I.  o humanismo renascentista que coloca o homem no centro do conhecimento
II. a ampliação da influência européia civilizando  outras partes do planeta
III. a valorização do individualismo e do espírito crítico pela Reforma Protestante
IV. a valorização dos fenômenos espirituais e imateriais pela Reforma Protestante.
V. a Revolução Científica e sua nova proposta de conhecimento

Estão CORRETAS as afirmativas

a) I, II, III
b) I, III, IV
c) I, III, V
d) II, III, IV
e) II, IV, V
QUESTÃO 9

Descritor: Reconhecer os diferentes sujeitos históricos e os lugares que eles ocupam na trama da história.
Nível de dificuldade: fácil
Assunto: Concepção de mundo e de homem

Leia o texto.

Podemos chamá-los de bárbaros com relação às regras da razão, mas não com relação a nós, que os sobrepujamos em toda espécie de barbárie. Sua guerra é totalmente nobre e generosa, e tem tanta justificativa e beleza quanto pode receber essa doença humana: seu único fundamento entre eles é o zelo pela virtude [Coragem, valor pessoal].

MontaignE, Michel de. Dos Canibais. Capítulo XXXI.
Os Ensaios - Editora: Martins Fontes
O pensador Montaigne em seu ensaio Dos Canibais, tomando como referência os contatos entre as diferentes culturas, por ocasião do descobrimento da America, denuncia nossa forma preconceituosa de percebê-las, a partir dos parâmetros estabelecidos pela sociedade européia. Denunciando preconceitos etnocêntricos europeus e  considerando a antropofagia como prática cultural, ele nos leva  ao conceito de

a) xenofobia
b) genocídio
c) relativismo cultural
d)universalismo cultural
e) etnocídio
QUESTÃO 10

Descritor: Relacionar conceitos entre si, a fim de compreender os fenômenos e suas relações no nível teórico.
Nível de dificuldade: médio
Assunto: Concepção de homem e de mundo
O período moderno é marcado por profundas rupturas que acontecem lentamente, paralelas ao sistema feudal. Entre essas rupturas podemos citar, EXCETO

a) a visão do homem como um ser divino, prioriza o mundo espiritual sobre o material.
b) a separação entre ética e política inaugura novas relações de poder e de política.
c) a ascensão da classe burguesa dá origem a novas relações econômicas e sociais.
d) o heliocentrismo substitui o geocentrismo estimulando o nascimento da ciência moderna.
e) a visão sacralizada de mundo dos antigos, dá lugar a uma visão dessacralizada da vida. 
QUESTÃO 11

Descritor: Relacionar conceitos entre si, a fim de compreender os fenômenos e suas relações no nível teórico.
Nível de dificuldade: médio
Assunto: Concepção de homem e de mundo

“ O Renascimento foi um prodigioso desabrochar da vida sob todas as suas formas, que teve de um modo geral suas maiores manifestações de 1490 a 1560, mas que não está preso dentro destes limites. Então, um afluxo de vitalidade fez vibrar toda a humanidade européia. Toda a civilização da Europa transformou-se em conseqüência. Em sentido estreito, o Renascimento é esse elã vital nos trabalhos do espírito. É menos uma doutrina, um sistema, que um conjunto de aspirações, uma impulsão interior que transformou a vida da inteligência e a dos sentidos, o saber e a arte”.
Mousnier, Roland. História Geral da Civilização. RJ Jorge Zahar editores, 1993, vol. 2. Fragmento.
Entre as características marcantes do pensamento renascentista podemos citar, EXCETO

a)     humanismo
b)    racionalismo
c)     individualismo
d)    dogmatismo
e)     relativismo

QUESTÃO 12


Descritor: Reconhecer a relação entre arte e filosofia enquanto formas de conhecimento.
Nível de dificuldade: médio
Assunto: Revolução Científica

As pinturas e os desenhos de anatomia expressam as grandes preocupações da arte e da ciência do período renascentista, registradas hoje como fatos históricos.                                                                                                                                                                         Leonardo da Vinci, 1510.                         Vesalius, 1543                      Leonardo da Vinci. 1490                Leonardo da Vinci. 1492.
A partir das lições de anatomia desse período, podemos concluir

a)  a profanação do corpo, pelo olhar humano.
b)  as questões materiais passam a ser explicadas pela razão.
c)  o humanismo acentua o corpo, como sede da ação e da consciência.
d)  o corpo é sacralizado como objeto de investigação e dominação científica.
e)  o olhar do homem sobre o mundo, independente do componente religioso.
QUESTÃO 13

Descritor: Perante um texto discursivo e conceitual, de natureza filosófica ou científica, identificar o rigor conceitual e as principais teses do texto.
Nível de dificuldade: fácil
Assunto: Empirismo e racionalismo

Os racionalistas, não negam o empirismo, mas acreditam que ele não possui valor científico limitando-se a uma simples opinião, enquanto o verdadeiro conhecimento é aquele que for logicamente necessário e universalmente válido. Entre as características do racionalismo podemos destacar, EXCETO

a) só a mente humana é capaz de conhecer a verdade.
b) o conhecimento inclui a existência de idéias inatas.
c) a experiência é anterior ao pensamento.
d) a razão é a essência da realidade e da compreensão de mundo.
e) a razão deve ser priorizada em relação aos sentidos.
QUESTÃO 14

Descritor: Reconhecer os diferentes sujeitos históricos e os lugares que eles ocupam na trama da história.
Nível de dificuldade: médio
Assunto: Política Moderna

Maquiavel destitui o pensamento político idealizado pelos antigos, inaugurando a visão moderna do homem e da política. Para ele, a política deve ater-se ao real, à eficiência da ação e não teorizar sobre a forma ideal de governo. Para Maquiavel, são objetivos da ação política

I. estabelecer a justiça e a igualdade social entre os súditos
II. tomar decisões visando os resultados que se pretende alcançar.
III. promover a solidariedade que torna possível o bem comum
IV. cultivar a arte da conquista e da conservação do poder
V.  mudar com as circunstâncias, para alcançar  o domínio sobre elas

Estão CORRETAS as afirmativas
a) I, II
b) I, II, III
c) II, IIII
d) II, IIII, IV
e) II, IV, V
QUESTÃO 15

Descritor: Reconhecer nas ações e relações humanas: uniformidades e rupturas, diferenças e semelhanças, conflitos, contradições e solidariedades, igualdades e /desigualdades.
Nível de dificuldade: fácil
Assunto: Política Moderna


Em relação ao ethos do príncipe, Maquiavel adverte que a lógica do poder

a)  rege-se  pela  moral  e pela ética.
b)  desvincula-se das virtudes éticas dos indivíduos.
c)  rege-se pela ordem natural do poder
d)  orienta-se pelo poder divino
e)  estabelece-se  pelo uso da força física
















GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS


QUESTÃO 01
C

QUESTÃO 09
C
QUESTÃO 02
D

QUESTÃO 10
A
QUESTÃO 03
C

QUESTÃO 11
D
QUESTÃO 04
C

QUESTÃO 12
D
QUESTÃO 05
B

QUESTÃO 13
C
QUESTÃO 06
B

QUESTÃO 14
E
QUESTÃO 07
B

QUESTÃO 15
B
QUESTÃO 08
C































QUESTÃO 1 (Descritor: Perante situações que envolvem o entendimento, saber raciocinar e distinguir proposições universais, gerais e particulares, compreendendo a totalidade de um fenômeno e reconhecendo visões parciais e fragmentadas)

Nível de dificuldade: Difícil

Assunto: Concepção de mundo e de homem

Compare as imagens a seguir:

           (Madonna, Cimabue, século XIII)                   (A Criação de Adão, Capela Sistina, Michelangelo, século XVI)


A primeira é uma Madonna de Cimabue, pintor do século XIII e mestre de Giotto (sendo Giotto considerado o primeiro pintor renascentista). A segunda imagem, ‘A Criação de Adão’ (tema central do enorme afresco a cobrir o teto da Capela Sistina), é de autoria de Michelangelo, pintor renascentista dos séculos XV-XVI. Na coluna da esquerda, estão listados os nomes de ambos os pintores. Na coluna da direita, estão listadas características que podem ser encontradas nas pinturas em destaque. Correlacione as duas colunas numerando a coluna da direita apropriadamente:

A. Cimabue                                          1. (    ) Imagem bidimensional
B. Michelangelo                                   2. (    ) Uso da perspectiva
                                                           3. (    ) Expressões humanas particularizadas
                                                           4. (    ) Destaca-se como símbolo religioso de adoração
                                                           5. (    ) Detalhamento da forma humana

RESPOSTA:

1. ( A ) Imagem bidimensional.
2. ( B ) Uso da perspectiva.
3. ( B ) Expressões humanas particularizadas.
4. ( A ) Destaca-se como símbolo religioso de adoração.
5. ( B ) Detalhamento da forma humana.

QUESTÃO 2 (Descritor: Submeter as informações e os conhecimentos a uma análise argumentativa, vislumbrando a estrutura dos argumentos que poderiam corroborar para uma ordenação sistemática de tais informações) 

Nível de dificuldade: Fácil

Assunto: Concepção de mundo e de homem

Leia o trecho a seguir:

“Se pudéssemos contribuir para uma história da cultura em seu conjunto, é evidente que o Renascimento ocuparia nela um capítulo maior. Não há qualquer dúvida, quer se trate da literatura ou da arte, ou mesmo da vida e dos sentimentos religiosos, de que o Renascimento encarna uma nova era e uma transformação profunda em relação à época que o precedeu. Inclusive o termo ‘Renascimento’, que designa esta nova época cujas fronteiras são fluidas, mas das quais se pode estimar que ela recobre o período que vai do início do século XV até 1600, traduz a consciência que tinham os protagonistas a respeito da obra que eles estavam em vias de realizar e cuja posteridade iria cantar elogios nos séculos seguintes: com a renovação da Antiguidade Clássica (considerada como modelo e paradigma cultural), saída das ‘trevas’ e da ‘Idade Média’ onde ela tinha sido enterrada, a cultura europeia tomava emprestado o caminho que iria conduzi-la à Modernidade.”
(Miguel Angel Granada em: História da Filosofia, Ed. Vozes, 2011)

A análise do texto permite inferir que

(A) a Idade Média deu continuidade aos ideais da Antiguidade Clássica.
(B) a Idade Média, como ‘idade das trevas’, trata-se de retrocesso como período marcadamente vazio.
(C) o Renascimento e a Idade Média são períodos complementares e denotam os mesmos valores.
(D) o Renascimento é um movimento que independe do período que o precede: a Idade Média.
(E) o Renascimento marca a passagem do teocentrismo ao antropocentrismo.

RESPOSTA: E

QUESTÃO 3 (Descritor: Julgar as informações criticamente, ordenando-as e identificando os pressupostos a fim de construir uma posição perante tais informações)  

Nível de dificuldade: Média

Assunto: Concepção de mundo e de homem

Analise a imagem e o texto seguintes:

(Pietro Liberi, Homem Tombado Pelo Vício, 1650)

“Mais de um século depois do fim do Renascimento, Liberi teve oportunidade de refletir sobre o impacto desse movimento político e cultural sobre a sociedade daquela época. Sua crítica ao humanismo como uma forma de excesso, uma força desestabilizadora, não pode ser considerada excepcional. [...] O saber humanista, como Liberi lembra, era o produto de ambientes sociais e políticos específicos, cujo caráter ocioso era presumivelmente pagão em suas origens e objetivos. O baralho, agitado acima do protagonista em queda, é símbolo das forças que se combinam para empurrar o homem para o abismo, evoca as atividades dominadas pelo vício, que definiam a cultura humanista.”

(Paula Findlen, “Humanismo, política e pornografia no renascimento italiano”, em “A Invenção da Pornografia”, Ed. Hedra, 1999)

A pintura de Liberi põe em destaque, para além do baralho erguido pelo anão, a personificação da luxúria (na forma da mulher voluptuosa a empurrar o homem com o pé) e do excesso (na forma de uma persona orgiástica que espreme uvas por sobre o corpo que cai). A imagem parece atribuir ao homem – e não às forças do além – a origem dos vícios, estampados como culpa em braços que cobrem um rosto envergonhado.

Pode-se dizer, a respeito desta inversão em relação ao período medieval, que se trata de uma inversão

(A) antropocêntrica.
(B) naturalista.
(C) nominalista.
(D) racionalista.
(E) teocêntrica.

RESPOSTA: A

QUESTÃO 4 (Descritor: Saber identificar teorias filosóficas e científicas como interpretações do mundo e avaliá-las quanto ao grau de argumentação por meio da qual são expostas) 

Nível de dificuldade: Fácil

Assunto: Concepção de mundo e de homem

Leia o trecho retirado do livro de Marilena Chauí.

“Na Renascença, Giordano Bruno, que afirmara a imanência da Inteligência infinita ao mundo (‘o Uno é forma e matéria, figura da natureza inteira, operando de seu interior’, dizia ele), foi condenado à fogueira. Galileu, na época moderna, foi forçado a abjurar suas teses sobre o movimento solar, as manchas lunares e solares e o princípio da inércia, fundamento da mecânica clássica.”

(Marilena Chauí, “Convite à Filosofia”, Editora Ática, 2010)

Na transição que se opera entre Idade Média e Renascença, ganha destaque um conflito já observado na Antiguidade Grega, aquele entre

(A) estoicismo e epicurismo.
(B) filosofia e sofística.
(C) mito e razão.
(D) nobres e povo.
(E) verdade e opinião.

RESPOSTA: C

QUESTÃO 5 (Descritor: Saber identificar teorias filosóficas como interpretações do mundo e avaliá-las quanto ao grau de argumentação por meio do qual são expostas) 

Nível de dificuldade: Fácil

Assunto: Empirismo e racionalismo

Leia o trecho retirado do livro de Marilena Chauí.

“De onde vieram os princípios racionais? De onde veio a capacidade para a intuição e para o raciocínio? Nascemos com eles ou nos seriam dados pela educação e pelo costume? Seriam algo próprio dos seres humanos, constituindo a natureza deles, ou seriam adquiridos pela experiência? Durante séculos, a filosofia ofereceu duas respostas a essas perguntas.”
(Marilena Chauí, “Convite à Filosofia”, Editora Ática, 2010)

No período da história da filosofia denominado ‘moderno’, as duas respostas a que o texto se refere são comumente retradas pelas doutrinas de René Descartes e David Hume. Estas respostas ficaram conhecidas respectivamente como:

(A) Construtivismo e Behaviorismo.
(B) Idealismo e Cientificismo.
(C) Positivismo e Naturalismo.
(D) Racionalismo e Empirismo.
(E) Realismo e Fundacionalismo.

RESPOSTA: D
QUESTÃO 6 (Descritor: Submeter as informações e os conhecimentos a uma análise argumentativa, vislumbrando a estrutura dos argumentos que poderiam corroborar para uma ordenação sistemática de tais informações)

Nível de dificuldade: Média

Assunto: Empirismo e racionalismo

Leia um trecho da obra “Introdução para a obra ‘Pascal’”.

“O século XVII representa a vitória do racionalismo filosófico e de seu corolário, o mecanicismo científico, contra a filosofia e a física aristorélico-tomista que preponderaram na Idade Média, e contra a filosofia animista que reinara durante o Renascimento. No período iniciado no século XVI, que se prolonga através do XVII, ocorre uma verdadeira revolução espiritual, que já foi chamada de ‘crise da consciência europeia’. O desenvolvimento de uma nova cosmologia substitui o mundo geocêntrico dos gregos e o mundo antropomórfico da Idade Média pelo universo descentrado da astronomia moderna. Ao mesmo tempo, como assinalam alguns historiadores, a ‘ciência contemplativa’ foi substituída pela ‘ciência ativa’ – o que fez com que o homem se transformasse de espectador em possuidor e senhor da natureza.”

(Marilena Chauí, introdução para a obra “Pascal”, Coleção Pensadores, Ed. Nova Cultural 1999)

A filosofia do século XVII é marcada pelo crescente interesse com que seus representantes se ocupam de problemas naturais deste mundo, em oposição à abordagem metafísica de sua contraparte medieval.
Deste interesse nasce também uma nova preocupação, presente, por exemplo, nas obras de Descartes, Bacon e Hume – esta preocupação é

(A) o mito.
(B) o método.
(C) a religião.
(D) a moral.
(E) a filosofia.

RESPOSTA: B

QUESTÃO 7 (Descritor: Perante teorias filosóficas ou de cunho científico, construir e reconstruir análises conceituais; relacionar conceitos entre si, a fim de compreender os fenômenos e suas relações no nível teórico) 

Nível de dificuldade: Difícil

Assunto: Empirismo e racionalismo

Leia o trecho a seguir:

“A filosofia de René Descartes é dominada pelo projeto de ancorar firmemente a ciência num fundamento que poderia legitimar a pretensão de conhecer o mundo exterior em toda a sua verdade. Ele é um defensor da nova ciência, que privilegia as matemáticas como instrumentos de conhecimento dos fenômenos naturais. À diferença de outros eruditos e filósofos de sua época, mas em concordância com Galileu, ele pretende que as matemáticas descrevam o mundo como ele é na realidade e não somente como ele aparece ao espírito humano ou como a ciência chega a interpretá-lo.”

(Emanuela Scribano em: “História da Filosofia”, Ed. Vozes, 2011)

Em seu “Discurso do Método”, Descartes discorre sobre o método que deverá nortear seus questionamentos filosóficos. O problema da dúvida surge ali em sua forma embrionária – seu acabamento surgirá mais tarde em suas “Meditações Metafísicas”.


Nesta obra, Descartes acredita ter ancorado o conhecimento num primeiro princípio autoevidente, sendo ele

(A) a Alma.
(B) a Dúvida.
(C) a Natureza.
(D) o Eu.
(E) o Mundo.

RESPOSTA: D

QUESTÃO 8 (Descritor: Perante um texto discursivo e conceitual, de natureza filosófica, identificar as principais teses do texto) 

Nível de dificuldade: Fácil

Assunto: Empirismo e racionalismo

Leia o aforismo a seguir:

“Só há e pode haver duas vias para a investigação e para a descoberta da verdade. Uma, que consiste no saltar-se das sensações e das coisas particulares aos axiomas mais gerais e, a seguir, descobrirem-se os axiomas intermediários a partir desses princípios e de sua inamovível verdade. Esta é a que ora se segue. A outra, que recolhe os axiomas dos dados dos sentidos e particulares, ascendendo contínua e gradualmente até alcançar, em último lugar, os princípios de máxima generalidade. Este é o verdadeiro caminho, porém não ainda instaurado.”
(Bacon, “”Novum Organum”, em “Bacon”, Editora Nova Cultural, 1999)

Bacon propõe, para driblar os ídolos que embaçam o conhecimento científico, a adoção de um método que viria a se tornar o princípio moderno da investigação científica. Este método ficou conhecido como

(A) dedução.
(B) falsificação.
(C) indução.
(D) lógica.
(E) silogismo.

RESPOSTA: C

QUESTÃO 9 (Descritor: Perante situações que envolvem o entendimento, saber raciocinar e distinguir proposições universais, gerais e particulares, compreendendo a totalidade de um fenômeno e reconhecendo visões parciais e fragmentadas)

Nível de dificuldade: Média

Assunto: Empirismo e racionalismo

Leia o trecho seguinte:

“Todas as ideias, especialmente as abstratas, são naturalmente fracas e obscuras: o intelecto as apreende apenas precariamente, elas tendem a se confundir com outras ideias assemelhadas, e mesmo quando algum termo está desprovido de um significado preciso, somos levados a imaginar, quando o empregamos com frequência, que a ele corresponde uma ideia determinada. Ao contrário, todas as impressões, isto é, todas as sensações, tanto as provenientes do exterior quanto as provenientes do interior, são fortes e vívidas; os limites entre elas estão mais precisamente definidos, e não é fácil, além disso, incorrer em qualquer erro ou engano relativamente a elas. Portanto, sempre que alimentarmos alguma suspeita de que um termo filosófico esteja sendo empregado sem nenhum significado ou ideia associada (como com frequência ocorre), precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão, isso servirá para confirmar nossa suspeita. Ao expor as ideias a uma luz tão clara, podemos alimentar uma razoável esperança de eliminar todas as controvérsias que podem surgir acerca de sua natureza e realidade.”
(David Hume, “Investigações sobre o entendimento humano e sobre os princípios da moral”, Ed. UNESP, 2003)

Hume assume que todas as ideias derivam direta ou indiretamente de alguma impressão advinda dos sentidos. A partir daí, desenvolve um teste simples para a verificação da natureza de uma proposição – se uma dada ideia não remete a uma impressão verificável na realidade, ela trata-se de

(A) um axioma.
(B) um falsificável.
(C) uma metafísica.
(D) uma prova.
(E) uma verdade.

RESPOSTA: C

QUESTÃO 10 (Descritor: Na construção do conhecimento filosófico, reconhecer sua relação com o mundo da vida cotidiana, não separando a posição filosófica defendida e compreendendo as relações aí existentes)

Nível de dificuldade: Difícil

Assunto: Empirismo e racionalismo

“Todos os objetos da razão ou investigação humanas podem ser naturalmente divididos em dois tipos, a saber, relações de ideias e questões de fato. Do primeiro tipo são as ciências da geometria, álgebra e aritmética, e, em suma, toda afirmação que é intuitiva ou demonstrativamente certa. [...] Questões de fato, que são o segundo tipo de objetos da razão humana, não são apuradas da mesma maneira, e tampouco nossa evidência de sua verdade, por grande que seja, é da mesma natureza que a precedente. O contrário de toda questão de fato permanece sendo possível, porque não pode jamais implicar contradição, e a mente o concebe com a mesma facilidade e clareza como algo perfeitamente ajustável à realidade.”

(David Hume, “Investigações sobre o entendimento humano e sobre os princípios da moral”, Ed. UNESP, 2003)

A passagem de David Hume procura estabelecer a diferença entre dois conceitos filosóficos caros ao autor: as relações de ideias e as questões de fato. Pode-se afirmar, a partir da leitura do trecho citado e a respeito das questões de fato, que

(A) a afirmação de que o sol não nascerá amanhã não contradiz em si a afirmação de que ele nascerá.
(B) a nossa experiência acerca das mesmas independe do hábito.
(C) elas revelam verdades científicas mediante experimentação.
(D) nossas percepções são ilusões diante das quais é impossível extrair regras gerais.
(E) uma única experiência sensível deve garantir que um fato vá sempre se dar da mesma maneira.

RESPOSTA: A

QUESTÃO 11 (Descritor: Perante um texto discursivo e conceitual, de natureza filosófica, identificar as principais teses do texto) 

Nível de dificuldade: Fácil

Assunto: Empirismo e racionalismo

Leia os trechos seguintes:
“Suponhamos, então, a mente como sendo, como dizemos, um papel branco e vazio de todos os caracteres, sem quaisquer idéias. Como ela vem a se tornar equipada? De onde vem aquele vasto armazém que a imaginação ocupada e ilimitada do homem pintou sobre ela com uma variedade quase sem fim? De onde tem ela todos os materiais da razão e do conhecimento?.”

“Examine alguém os próprios pensamentos e busque profundamente no próprio entendimento e, então, deixe que ele me diga se todas as idéias originais que ele tem ali são diferentes que dos objetos dos seus sentidos, ou das operações da sua mente, consideradas como objetos da sua reflexão (...).”

(John Locke, “Um Ensaio Sobre o Entendimento Humano”, em: “Filosofia, textos fundamentais comentados”, Ed. Artmed, 2010)

Ambos os trechos foram retirados do “Um Ensaio Sobre o Entendimento Humano”, do filósofo John Locke. Pode-se inferir, a partir dos trechos selecionados,

(A) o argumento básico do empirismo conceitual.
(B) o argumento básico do fenomenalismo.
(C) o argumento básico do idealismo.
(D) o argumento básico do inatismo.
(E) o argumento básico do realismo direto.

RESPOSTA: A

QUESTÃO 12 (Descritor: Perante teorias filosóficas ou de cunho científico, construir e reconstruir análises conceituais; relacionar conceitos entre si, a fim de compreender os fenômenos e suas relações no nível teórico)

Nível de dificuldade: Média

Assunto: Empirismo e racionalismo

Leia a passagem da obra de Descartes:

“Por essa razão, do fato de que eu sei que existo, e que ao mesmo tempo julgo que obviamente nenhuma outra coisa pertence à minha natureza ou essência exceto que sou uma coisa que pensa, concluo corretamente que a minha essência consiste inteiramente no meu ser uma coisa pensante. E embora, talvez (ou melhor, seguramente, como direi em breve), eu tenha um corpo que é muito estreitamente ligado a mim, contudo, porque por um lado eu tenho uma ideia clara e distinta de mim mesmo, na medida em que sou meramente uma coisa pensante e não uma coisa extensa, e porque por outro lado tenho uma idéia distinta de um corpo, na medida em que ele é meramente uma coisa extensa e não uma coisa pensante, é certo que sou realmente distinto do meu corpo e posso existir sem ele.”

(Descartes, “Meditações sobre filosofia primeira”, em: “Filosofia, textos fundamentais comentados”, Ed. Artmed, 2010)

Essa passagem ficou famosa nos trâmites da filosofia analítica norte-americana – particularmente, nas discussões que viriam a resultar no nascimento da filosofia da mente. A partir dela torna-se prontamente identificável o seguinte problema filosófico:

(A) A petição de princípio.
(B) A suspensão do juízo.
(C) As antinomias da razão.
(D) O dualismo mente-corpo.
(E) O princípio da razão suficiente.

RESPOSTA: D

QUESTÃO 13 (Descritor: Submeter as informações e os conhecimentos a uma análise argumentativa, vislumbrando a estrutura dos argumentos que poderiam corroborar para uma ordenação sistemática de tais informações) 

Nível de dificuldade: Fácil

Assunto: A política moderna

Sobre os principados conquistados pelo crime, Maquiavel dirá em sua obra “O Príncipe”:

“Causa surpresa a muitos o fato de Agátocles e similares, após tantas traições e perfídias, conseguissem viver em paz e a salvo em suas pátrias, bem como defender-se dos inimigos externos e impedir que os cidadãos não tramassem contra eles – considerando ainda que vários outros foram incapazes, pela crueldade, de manter o poder, nem na paz, nem nos dias duvidosos de guerra. Julgo que isso é resultado do modo como os atos de crueldade são bem ou mal praticados. Pode-se chamar bem empregados [...] os que são executados de uma só vez, por causa da necessidade de cuidar da própria segurança, e que são depois colocados de lado, tornando-se, tanto quanto possível, benefícios para os súditos. Mal empregados são aqueles que, embora de início poucos, aumentam em vez de extinguir-se com o tempo.”

(“Maquiavel”, Ed.Abril Cultural, 1999)

A passagem marca uma ruptura com a tradição filosófica – admite-se agora o ‘bom uso da crueldade’, e os deveres e responsabilidades do governante e do súdito são cindidos.
A obra de Maquiavel inaugura a política moderna ao separar

A) ética e política.
B) fortuna e virtú.
C) governantes e súditos.
D) verdade e falsidade.
E) virtude e vício.

RESPOSTA: A

QUESTÃO 14 (Descritor: Perante teorias filosóficas ou de cunho científico, construir e reconstruir análises conceituais; relacionar conceitos entre si, a fim de compreender os fenômenos e suas relações no nível teórico)

Nível de dificuldade: Média

Assunto: A política moderna

Leia o trecho:

“A experiência mostra, segundo ele [Maquiavel], que a vida social é constituída por um conflito fundamental entre dois grupos sociais – os grandes e o povo. O que define os grandes é o desejo de governar e oprimir o povo. O que define o povo é o desejo de não ser governado e oprimido pelos grandes. ‘Em todas as cidades se encontram estas duas tendências diversas’, escreve Maquiavel no capítulo IX d’O Príncipe, o que indica que ele concebe essa oposição como constitutiva da vida política.”

(Maria Isabel Limongi, Ética e Política n’O Príncipe de Maquiavel, em: “Seis filósofos na sala de aula”, Ed.Berlendis & Vertecchia, 2006)

Em vista do conflito originário da vida social, o Príncipe deve, segundo Maquiavel

(A) exterminar as partes conflitantes.
(B) governar à deriva do conflito.
(C) institucionalizar o conflito.
(D) preferir a desordem ao conflito.
(E) suprimir o conflito.

RESPOSTA: C

QUESTÃO 15 (Descritor: Saber identificar teorias filosóficas como interpretações do mundo e avaliá-las quanto ao grau de argumentação por meio do qual são expostas) 

Nível de dificuldade: Média

Assunto: A política moderna

Leia a seguinte passagem:

“Tradicionalmente, pensava-se a força como um expediente excepcional, ao qual o governante poderia ou não recorrer ao falharem os recursos regulares do governo, como a persuasão e o exemplo de sua própria virtude. Mas Maquiavel, inovando nisso também, quer mostrar que a ação política requer o uso permanente da força, ponto sobre o qual insiste ao longo dessa primeira parte, mostrando através de exemplos e repetindo constantemente que um príncipe tem ‘a necessidade de ofender’.”

(Maria Isabel Limongi, Ética e Política n’O Príncipe de Maquiavel, em: “Seis filósofos na sala de aula”, Ed.Berlendis & Vertecchia, 2006)

Indique a afirmativa que justifica ‘a necessidade de ofender’ que tem o príncipe.

A) A virtude do príncipe está em se aproveitar da ocasião, a fortuna, para cometer atos criminosos.
B) O estado de natureza de ‘todos contra todos’ obriga a instituição de um governo autoritário.
C) O príncipe como mediador de conflitos fica impedido de agradar a todos em todos os momentos.
D) O príncipe, para se manter, deve ser cruel e praticar toda a crueldade de uma só vez.
E) Os fins justificam os meios, portanto, o príncipe deve se valer de quaisquer expedientes para alcançar qualquer fim.

RESPOSTA: C

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