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terça-feira, 26 de julho de 2016

FILOSOFIA POLÍTICA: Maquiavel e Montesquieu: Estado e Política.



FILOSOFIA POLÍTICA: Maquiavel e Montesquieu: Estado e Política.

MÓDULO 1

#PARA COMEÇAR

Questões filosóficas: 

O que é poder? O que é ESTADO? Qual é a melhor forma de organização política? Qual é a relação entre a política e a ética?

POLÍTICA

Política é uma palavra de origem grega (vem de polis, que quer dizer CIDADE-ESTADO) e significava para os gregos a arte de administrar a cidade. As CIDADES-ESTADOS gregas foram assim denominadas por serem diferentes de nossa atual organização política, pois cada uma delas era autônoma em sua forma de ordenação e o seu aspecto comum era quase que somente a língua grega, pois cada uma delas adotou um modelo político diferente. A partir da modernidade o termo ganhou contornos diferentes e se ampliou, podendo ser resumido como instrumento de conquista e manutenção do poder a partir de MAQUIAVEL. 

ESTADO

O ESTADO, com o advento da era MODERNA, se transformou na instituição que administra o DIREITO e a FORÇA, ou seja, o responsável por fazer leis e garantir que as mesmas sejam cumpridas, mesmo que pra isso seja necessário o uso da violência, atributo monopolizado legalmente agora por tal organização. Também na MODERNIDADE o ESTADO e a POLÍTICA se tornam esferas autônomas em relação à ética e a religião, por isso se diz que o ESTADO é laico. Como se sabe, na IDADE MÉDIA, o ESTADO nada mais era que uma extensão da RELIGIÃO OFICIAL, ou seja, um instrumento do CATOLICISMO para manter a estrutura social reinante no medievo. Já na ANTIGUIDADE a POLÍTICA estava intimamente associada à ÉTICA, sendo a segunda um pressuposto para medir a qualidade da primeira. Tudo isso será questionado a partir dos filósofos políticos modernos.

MAQUIAVEL: A LÓGICA DO PODER

O italiano NICOLAU MAQUIAVEL (1469-1527) é considerado o primeiro grande filósofo político moderno. A partir de seus estudos de história política, chegou à conclusão que havia um abismo entre o ideal e a realidade. E mais: Chegou a defender que todos os políticos que ao longo da história tentaram formar governos ideais fracassaram. Por isso seu pensamento é denominado REALISMO POLÍTICO, pois tenta refletir o real modo de funcionamento eficaz da POLÍTICA. A função do governante seria administrar as lutas e tensões ocorrentes no seio social. O grande objetivo da POLÍTICA seria conquistar e manter o poder e para lograr êxito em tal empreendimento seria necessário usar de todos os expedientes possíveis, mesmo os abomináveis (para os moralistas), pois é assim a lógica que rege o universo político. O uso da força (violência) e a astúcia (se preciso for matar, roubar ou mentir, que assim seja feito) são fundamentais para conquistar e manter o poder. Fala de FORTUNA (sorte, destino, aquilo que não está em poder do governante fazer acontecer) e VIRTÚ (capacidade do PRÍNCIPE domar os eventos da FORTUNA, que se apresentam e muitas das vezes podem desestabilizar o poder político) e diferencia a VIRTÚ POLÍTICA da virtude cristã. Na virtude cristã o indivíduo deve sempre fazer o bem e seguir as orientações religiosas, na VIRTÚ POLÍTICA o governante tem que saber parecer ser bom, mas se necessário for, saber aplicar a maldade para punir e manter o medo em seus súditos (pois vale mais ser temido do que amado) para assim ter o controle social.

OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS

Tal frase nunca foi dita ou escrita por MAQUIAVEL, mas é apropriada para compreender a lógica de seu pensamento. Na política o importante não são os princípios, mas os resultados (apesar de muitos dizerem que tal modo de pensar justificava o ABSOLUTISMO [poder absoluto concentrado nas mãos dos reis], MAQUIAVEL era um REPUBLICANO [defendia que o ESTADO deveria ser uma coisa pública e pensar no bem comum e social]). Estava preocupado com a construção de um ESTADO FORTE, capaz de fazer frente às potências europeias de sua época. Tanto que defendeu no século XVI o que se concretizou só no século XIX, que foi a UNIFICAÇÃO ITALIANA, que MAQUIAVEL já dizia ser a única forma da ITÁLIA fazer frente aos ESTADOS-NAÇÕES EUROPEUS. Por sua obra, seu nome se tornou um adjetivo depreciativo (maquiavélico), sinal de alguém que trama às escuras o mal contra alguém. É atribuída à sua reflexão a responsabilidade de desvincular a POLÍTICA da ÉTICA e da RELIGIÃO, transformando-a em uma esfera autônoma.

#CONEXÕES

Você considera um bom conselho tal modo de pensar de MAQUIAVEL? Você votaria em um político ou política se soubesse que ele ou ela segue esse conselho? Não será o pensamento de MAQUIAVEL um manual político amplamente utilizado no mundo atual?

MONTESQUIEU: A SEPARAÇÃO DOS PODERES

CHARLES DE SECONDAT, ou barão de MONTESQUIEU é o grande defensor da divisão dos três poderes. No início da modernidade o ABSOLUTISMO reinava na EUROPA e o poder estava concentrado nas mãos dos reis. Luís XIV era o símbolo do PODER ABSOLUTO e teria formulado uma frase que se tornou célebre e representativa de tal modelo de governo: “O ESTADO sou eu”. Os reis faziam as leis, mandavam julgar e executar de acordo com seus humores. MONTESQUIEU discordava de tal ordenação política e dizia: “O poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente”. Para fazer frente a tal modo de operar político, defendeu que os poderes fossem autônomos, para que as três esferas tivessem cada uma a sua atribuição e controlassem umas às outras, para assim diminuir os abusos e poder administrar de modo mais justo a sociedade. O PODER LEGISLATIVO seria responsável por fazer as leis, o EXECUTIVO por executar as leis e o JUDICIÁRIO por julgar de acordo com as leis. Os três fiscalizariam uns aos outros para que nenhum se sobrepusesse aos outros. Acreditava que dessa forma estaria criando um governo menos centralizador e menos corrupto, livre da tirania.  

#CONEXÕES

Você concorda que a separação dos poderes pode diminuir a corrupção e transformar o ESTADO numa instituição mais eficaz? Por quê?

#CONECTADO

O Príncipe (Nicolau Maquiavel)

Curta-metragem - Montesquieu


EXERCÍCIOS

QUESTÃO 1 (Habilidade: Ler textos filosóficos de modo significativo e inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                                      Assunto: Nicolau Maquiavel.
O maquiavelismo é uma interpretação de O Príncipe, de Maquiavel, em particular, a interpretação segundo a qual a ação política, ou seja, a ação voltada para a conquista e conservação do Estado, é uma ação que não possui um fim próprio de utilidade e não deve ser julgada por meio de critérios diferentes dos de conveniência e oportunidade.
BOBBIO, Norberto. Direito e Estado no pensamento de Emanuel Kant. Tradução de Alfredo Fait. 3. ed. Brasília: Editora da UnB, 1984. p. 14.
Isso significa que, para Maquiavel, o poder político deve ser observado do ponto de vista da
(A) economia, pois sua manutenção depende de recursos materiais.                                             
(B) ética, pois governar implica no bem-estar de todos os governados.                                                                                (C) política como um fim em si mesma, independente da moral e da religião.                                                                   (D) religião, pois a autoridade verdadeira emana de Deus.                                                                      
(E) vontade popular, pois é ela que legitima o poder do príncipe.                                                                                                                                                                                                                                                                           
GABARITO: C
Comentário: Maquiavel mostra o poder político medido pela eficácia prática e pela utilidade social, independente dos padrões morais, afirmando a política como a arte da conquista e da manutenção do poder, separada da religião e da ética.
QUESTÃO 2
Habilidade: Ler textos filosóficos de modo significativo, elaborando o que foi apropriado de modo reflexivo.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: A política moderna- Nicolau Maquiavel
Entre o como se vive e o como se deveria viver há tamanha diferença que aquele que despreza o que se faz pelo que se deveria fazer aprende antes a trabalhar em prol da sua ruína do que da sua conservação. Na verdade, quem num mundo cheio de perversos pretende seguir em tudo os ditames da bondade, caminha inevitavelmente para a própria perdição. Daí se infere que um príncipe desejoso de conservar-se no poder tem de aprender os meios de não ser bom e fazer uso ou não deles, conforme as necessidades.
Maquiavel, Nicolau. O Príncipe. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. cap. XV.
Maquiavel afirma que um Príncipe, desejoso de manter-se no poder, deve governar usando como parâmetro
A)  a análise de como os homens deveriam ser.
B)  um modelo ético para seus governados.
C)  a utilização da coerção em todas as situações.
D)  a ação adequada à cada ocasião vivenciada.
E)  o uso da bondade como parâmetro para a política.
RESPOSTA:  D
COMENTÁRIO: O Príncipe deve ter como critério a forma como os homens vivem e não como eles devem viver e tomar medidas que independam da aceitação ética dos indivíduos, por isso ele precisa adequar a sua ação a cada ocasião, de acordo com a ação necessária a cada momento.
QUESTÃO 3
Habilidade: Problematizar ideias preconceituosas legitimadas pela tradição através da análise de um texto filosófico.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: A política moderna- Nicolau Maquiavel

O poder do príncipe deve ser superior ao dos grandes e estar a serviço do povo. O príncipe pode ser monarca ou hereditário ou por conquista; pode ser todo um povo que conquista, pela força, o poder. Qualquer desses regimes políticos será legítimo se for uma república e não despotismo ou tirania, isto é, só é legítimo o regime no qual o poder não está a serviço dos desejos e interesses de um particular ou de um grupo social.
Maquiavel, Nicolau. O Príncipe. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. (fragmento).   
Maquiavel foi considerado “maquiavélico”, por uma avaliação precipitada ou tendenciosa da tradição, associando a sua filosofia e a sua pessoa como déspota e amoral, o que se contradiz no texto, quando ele
A)     afirma que os interesses pessoais devem sobreporem-se aos interesses coletivos.
B)     sugere a alternância na conquista e no exercício do poder.
C)    apresenta o poder político do Príncipe como bom em si mesmo.
D)    elabora uma teoria que defende o domínio do povo na política.
E)     mostra que a finalidade do poder é defender os interesses coletivos.

RESPOSTA: E                         
COMENTÁRIO: Maquiavel defende que a finalidade do poder é defender o interesse coletivo. Como afirma no texto: “só é legítimo, o regime no qual o poder não está a serviço dos desejos e interesses de um particular ou de um grupo social”.
QUESTÃO 4
Habilidade: Interpretar um texto filosófico,  identificando suas ideias principais.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: A política moderna - Nicolau Maquiavel
É melhor ser amado ou temido ou vice-versa? Responder-se-á que desejaria ser uma e outra coisa; mas como é difícil reunir ao mesmo tempo as qualidades que dão aqueles resultados, é muito mais seguro ser temido que amado, quando se tenha que falhar numa das duas. É que os homens geralmente são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ambiciosos de dinheiro, e enquanto lhes fizerem bem, todos estão contigo, oferecendo-te sangue, bens, vida, filhos, como disse acima, desde que a necessidade esteja longe de ti. Mas, quando ela se avizinha, voltam-se para outra parte. E o príncipe, se confiou plenamente em palavras e não tomou precauções, está arruinado.
Maquiavel, Nicolau. O Príncipe. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. (fragmento).   
Para MAQUIAVEL é mais seguro ser temido que amado e a atitude do político para domar as circunstâncias que se apresentam é denominado
A)    Virtú.
B)    Fortuna.
C)    Virtude.
D)    Poder.
E)    Destino.
RESPOSTA: A
QUESTÃO 5
“Falei de como a natureza do governo republicano consiste no fato de que o povo como um todo, ou algumas famílias, aí gozam do supremo poder; como no governo monárquico é o príncipe que exerce esse poder, mas como ele o usa segundo certas leis estabelecidas; e, finalmente, como no governo despótico um só governa segundo seus caprichos e vontades. Não preciso de mais nada para encontrar os três princípios dos governos citados; eles daí derivam naturalmente. Começarei pelo governo republicano e antes falarei do democrático.”
REALE, GIOVANNI. HISTÓRIA DA FILOSOFIA: PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA, V.2 / GIOVANNI REALE, DARIO ANTISERI ; [TRADUÇÃO IVO STORNIOLO]. – SÃO PAULO : PAULUS, 2003 PÁG. 274
No trecho acima MONTESQUIEU trata dos modelos de governos que ele pretende analisar em sua obra O ESPÍRITO DAS LEIS. Nesta obra, MONTESQUIEU critica de forma frontal a concepção de ESTADO
A)     LIBERAL.
B)      ABSOLUTISTA.
C)      SOCIALISTA.
D)     CAPITALISTA.
E)      FEUDALISTA.
RESPOSTA: B

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