SEGUNDA ETAPA
2º SEMESTRE (TEORIA DO
CONHECIMENTO)
FILOSOFIA MODERNA: Módulo 03 – David Hume: o
Empirismo e o Hábito
MÓDULO 3
Bloco 01
#PARA COMEÇAR
#QUESTÕES FILOSÓFICAS
Como conhecemos? Existem ideias
inatas? Como chegamos a conclusões gerais a partir do particular?
EMPIRISMO BRITÂNICO
Para o EMPIRISMO BRITÂNICO
(corrente filosófica que se destacou nos países anglo-saxões), O CONHECIMENTO
PARTE DA EXPERIÊNCIA (empereia em
grego). A preocupação com o CONHECIMENTO VERDADEIRO foi a tônica de
praticamente todo o período moderno da filosofia. A GNOSIOLOGIA (gnose=conhecimento+logia=estudo) foi o centro das discussões.
PROCESSO DE CONHECER
Algumas tradições filosóficas se
destacaram em tal contexto: A RACIONALISTA, que defendia que o conhecimento
parte da razão; A EMPIRISTA, que defendia que o conhecimento parte da
experiência; e a APRIORISTA, que é uma espécie de síntese entre racionalismo e
empirismo, defendendo que a capacidade de conhecer é inata (a priori), mas sem
o concurso da experiência e dos sentidos não há conhecimento.
IDEIAS INATAS
O INATISMO defendia a existência
de IDEIAS INATAS (que nascem com o sujeito).
REAÇÃO EMPIRISTA
Já os EMPIRISTAS defendiam que
todo conhecimento vem da EXPERIÊNCIA, dos SENTIDOS. Os principais EMPIRISTAS
BRITÂNICOS foram: FRANCIS BACON (CHICO TOUCINHO), THOMAS HOBBES, JOHN LOCKE e
DAVID HUME. Com a REVOLUÇÃO GLORIOSA e a ascensão da burguesia, o trabalho
empírico e ativo sobre o conhecimento (empreendimento laboral burguês)
substitui a contemplação teórica da nobreza do início da modernidade e do clero
medieval (que viviam do ócio contemplativo).
THOMAS HOBBES (1588-1679)
Segundo o pensamento hobbesiano,
a filosofia é a CIÊNCIA DOS CORPOS. Há dois tipos de corpos: Os CORPOS
NATURAIS, que são estudados pelas ciências da natureza; E os CORPOS
ARTIFICIAIS, que são invenções humanas, como o ESTADO, estudado pela filosofia
política.
MATERIALISMO E EMPIRISMO
Para HOBBES, tudo que existe se
resume a CORPOS em MOVIMENTO. Por isso seu pensamento foi denominado
MATERIALISTA (tudo é matéria, até mesmo a realidade espiritual seria uma forma
sutil de materialidade) e MECANICISTA (o universo e a natureza funcionam de
forma mecânica, como uma máquina e suas engrenagens, de forma previsível). Todo
conhecimento tem como origem a SENSAÇÃO. Nesta concepção não há espaço para o
ACASO e a LIBERDADE, pois tudo se resume na lei da causalidade (todo fenômeno
tem uma causa e um efeito), uma coisa leva a outra necessariamente.
JOHN LOCKE (1632-1704)
Nasceu em WRINGTON, na
INGLATERRA.
TÁBULA RASA
A teoria lockeana é completamente
avessa às IDEIAS INATAS (ideias que nascem com o sujeito). O ser humano quando
nasce é como uma TÁBULA RASA (ou seja, uma placa de madeira plana, lisa, uma
folha de papel em branco). Não há nada em nosso intelecto que não tenha nele
chegado senão por meio dos sentidos. O conhecimento se resume a dois tipos de
ideias: IDEIAS DA SENSAÇÃO, que provêm dos sentidos (imagens, sons, cheiros,
sabores e ductilidade); E IDEIAS DA REFLEXÃO, fruto do pensamento que opera e
reflete sobre as ideias da sensação.
DAVID HUME (1711-1776)
Segundo a concepção humeana, tudo
que conhecemos são percepções, que se dividem em: IMPRESSÕES, que são sensações
mediadas e percebidas pelos sentidos de forma instantânea (você agora está
tendo uma impressão visual deste texto); e IDEIAS, que são as representações
que ficam na memória após as sensações (você agora pode imaginar um elefante
porque possui uma representação de tal exemplar em sua memória por um dia ter
tido a impressão de um). Espero que a impressão que agora lhe é infundida por
este texto possa permanecer como idéia na sua memória quando necessitar desta
informação para resolver uma questão do ENEM ou de outro processo seletivo. As
operações mentais se resumem a ASSOCIAÇÃO DE IDEIAS. Há também inferências de
nossa mente sobre as sensações que provocam emoções e que são associadas às
ideias, quando lembradas. Os princípios de associação são: SEMELHANÇA, ou seja,
conheço os objetos inferindo sobre a similitude com outros; CONTIGUIDADE, pois
o conhecimento se dá por meio daquilo que está próximo, ou estabelecendo
proximidade entre objetos; e CAUSA E EFEITO, onde todo fenômeno possui algo que
o causou, assim como um efeito ou conseqüência de seu ocorrer. O conhecimento é
fruto do hábito, ou melhor, a associação entre causa e efeito se dá através do
hábito de associar uma idéia ou fenômeno àquilo que veio antes ou depois dele.
É um recurso deveras frágil para fundamentar um conhecimento sólido e seguro,
pois carece de uma constituição a priori.
CRÍTICA À INDUÇÃO
A INDUÇÃO ou o RACIOCÍNIO
INDUTIVO é um tipo de inferência que se inicia com conhecimentos particulares
para fundamentar uma tese, teoria, lei ou hipótese geral. Segundo HUME, a
CONCLUSÃO INDUTIVA jamais poderá alcançar um FUNDAMENTO LÓGICO. O salto de
conhecimentos particulares para a generalização é sempre temerário e fruto da
CRENÇA e do HÁBITO. Não é porque sempre tenho visto o sol nascer que tal
fenômeno se reproduzirá indefinidamente. Para a concepção humeana, somente o
RACIOCÍNIO DEDUTIVO (utilizado na matemática, que parte de fórmulas universais
para compreender aspectos particulares) possui fundamentação lógica e racional.
LEGADO EPISTEMOLÓGICO
Seu pensamento é considerado um
CETICISMO TEÓRICO (que duvida das teorias fundamentadas na indução), pois a
suposta racionalidade que confirma o conhecimento é muito mais fruto da crença
e do hábito do que a rigorosidade do saber. Não é porque todos os japoneses que
vi têm olhos puxados que posso afirmar que todo japonês tem olhos puxados. As
teses científicas fundamentadas na indução trabalham com PROBABILIDADES, jamais
com a exatidão ou certezas infalíveis. Demonstra assim o LIMITE DAS TESES
CIENTÍFICAS.
#ANÁLISE E ENTENDIMENTO
Em que discordavam racionalistas
e empiristas na discussão sobre o processo de conhecimento? Qual é a relação
entre a ascensão da burguesia e o empirismo? Por que no pensamento de HOBBES
não há lugar para a liberdade? A mente humana, no instante do nascimento, é uma
tabula rasa? Como se pode explicar o empirismo de LOCKE? Um cego de nascença
poderia ter uma idéia de cor segundo HUME? Por quê? É o hábito que fundamenta
muitas ideias consideradas verdadeiras sobre a realidade e os fatos, conforme
afirma HUME? Por quê?
#CONVERSA FILOSÓFICA
Qual é a diferença entre
probabilidade e certeza? Você acredita que nosso conhecimento é provável ou é
certo, seguro e indubitável?
#CONECTADO
Empirismo e Ceticismo - David Hume
Série Teo-Filos - Teólogos e Filósofos: David Hume - Ceticismo e Empirismo
Aula 19 -
Filosofia - David Hume
Aula David Hume 1 de 3 - Prof Paulo Irineu
#EXERCÍCIOS
QUESTÃO 1 (Habilidade: Ler textos filosóficos de modo significativo
e inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: A Revolução
Científica.
Aqueles
que se entregam à prática sem ciência são como o navegador que embarca em um
navio sem leme nem bússola. Sempre a prática deve fundamentar-se em boa teoria.
Antes de fazer de um caso uma regra geral, experimente-o duas ou três vezes e
verifique se as experiências produzem os mesmos efeitos. Nenhuma investigação
humana pode-se considerar verdadeira ciência se não passa por demonstrações
matemáticas.
VINCI, Leonardo da. Carnets.
O argumento defendido no texto de Da Vinci, acerca do conhecimento, pode ser traduzido como a
(A) autonomia do homem em face de Deus como
fundamento do conhecer.
(B) autonomia do homem face à natureza como base
do processo cognitivo.
(C) autonomia do mundo natural no processo
científico. (D)
importância da verificação experimental na busca do conhecimento
científico.
(E) submissão do
conhecimento à investigação e ao método científico.
GABARITO: DO argumento defendido no texto de Da Vinci, acerca do conhecimento, pode ser traduzido como a
Comentário: Da Vinci mostra, no texto, sua preocupação com a exatidão do
conhecimento apontando a importância da verificação experimental na busca da
ciência.
QUESTÃO 2 (Habilidade:
Ler textos filosóficos de modo significativo e inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de
dificuldade: Médio. Assunto: O empirismo de David Hume.
O hábito é, pois, o
grande guia da vida humana. É aquele princípio único que faz com que nossa
experiência nos seja útil e nos leve a esperar, no futuro, uma sequência de
acontecimentos semelhante às que se verificaram no passado. Sem a ação do
hábito, ignoraríamos completamente toda questão de fato, além do que está
imediatamente presente à memória ou aos sentidos. Jamais saberíamos como adequar os meios aos fins ou como utilizar
os nossos poderes naturais na produção de um efeito qualquer. Seria o fim
imediato de toda a ação, assim como da maior parte da especulação.
HUME, David. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril
Cultural, 1973. p. 145-146. (Os Pensadores)
Segundo Hume, os objetos da razão acerca do entendimento humano
podem ser classificados a partir da relação de causa e efeito fundada no
hábito, a partir de
(A) costumes
e convenções.
(B) imaginação tirada da
razão.
(C) inferência empírica e psicológica.
(D) pesquisa teórica. (E) raciocínios a priori.
GABARITO: C
Comentário: Hume faz uma análise psicológica do
entendimento humano. Segundo ele, nossas ideias não são apenas cópias das
impressões que temos das sensações (trazidas pelas nossas experiências
externas), mas também das emoções que experimentamos diante dessas sensações.
QUESTÃO 3 (Habilidade: Inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Fácil.
Assunto: Empirismo.
O conhecimento nasce do próprio
objeto, o qual se apresenta no mundo como realmente é, cabendo ao sujeito
somente exercer papel de mero espectador da realidade posta, sendo suficiente
para atingir a verdade que o sujeito se ache preparado para descrever o objeto
tal como ele é, nada lhe acrescentando , atuando como observador neutro,
objetivo e exato.
AMORIM, Maria de Fátima. Filosofia. Ensino Médio. v.
2. Belo Horizonte: Educacional, 2013.
O texto se refere à concepção de conhecimento conhecida
como
(A) criticismo.
(B) empirismo.
(C) fenomenologia.
(D) idealismo.
(E) racionalismo.
GABARITO: B
Comentário: O texto é uma definição de
empirismo.
Questão 4
Habilidade: Identificar no texto um
conceito filosófico.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto:
Analise o trecho da música “Semáforo”
da banda Vanguart.
Só acredito no
semáforo
Só acredito no avião
Eu acredito no relógio
Só acredito
Eu só acredito
Só acredito no avião
Eu acredito no relógio
Só acredito
Eu só acredito
O empirismo se caracteriza por
acreditar que a primazia do conhecimento seja proveniente dos sentidos e da
experiência. Assim, o trecho da música “Semáforo” e a concepção empirista se
relacionam quando
A)
associam
o desenvolvimento científico à aplicação da experiência.
B)
resumem
o desenvolvimento do conhecimento aos sentidos.
C)
elegem
a tecnologia como critério de certeza no conhecimento.
D)
entendema
razão como avaliador das percepções dos sentidos.
E)
fundamentam
os sentidos como reveladores da realidade como ela é.
RESPOSTA: E
COMENTÁRIO: A música
revela a crença no que pode ser visto, mensurado, tocado, e o empirismo
acredita que o conhecimento obtido pelos sentidos são confiáveis, por serem
mais verdadeiros.
Questão
5
Habilidade:Compreender textos
filosóficos, inferindo suas mensagens.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: O empirismo de David Hume
Mas,
embora nosso pensamento pareça possuir essa liberdade ilimitada, um exame mais
cuidadoso nos mostrará que ele está, na verdade, confinado a limites bastante
estreitos, e que todo esse poder criador da mente consiste na capacidade de
compor, transpor, aumentar ou diminuir os materiais que os sentidos e a
experiência humana fornecem. Quando pensamos em uma montanha de ouro, estamos
apenas juntando duas ideias consistentes, ouro e montanha com as quais estamos
anteriormente familiarizados. Em suma, todos os materiais do pensamento são
derivados das sensações externa ou interna e a mente e a vontade compete apenas
em misturar e compor esses materiais. Ou para expressar-me em linguagem filosófica,
todas as nossas ideias, ou percepções mais tênues, são cópia de nossas
impressões ou percepções mais vividas.
HUME, David. Investigação sobre o
entendimento humano. Seção 2. Da origem das ideias. (Trad)
Oscar de A. Marques. São Paulo:
Edistora UNESP. 1999.
A
partir do texto, infere-se as seguintes
ideias de Hume sobre o conhecimento:
A)
As percepções são cópias exclusivas das ideias inatas.
B)
A razão é o fundamento e origem de todo
conhecimento.
C) A razão é livre na produção do conhecimento.
D) As ideias são cópias das percepções e
impressões vividas.
E) As ideias são inatas e independem da
experiência.
RESPOSTA:D
COMENTÁRIO:
David Hume demonstra que a ideia é fruto da composição das
impressões sensoriais. Conforme citado no texto: “para expressar-me em
linguagem filosófica, todas as nossas ideias, ou percepções mais tênues, são
cópia de nossas impressões ou percepções mais vividas”.
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