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terça-feira, 26 de julho de 2016

FILOSOFIA MODERNA: Módulo 03 – David Hume: o Empirismo e o Hábito



SEGUNDA ETAPA

2º SEMESTRE (TEORIA DO CONHECIMENTO)

FILOSOFIA MODERNA: Módulo 03 – David Hume: o Empirismo e o Hábito

MÓDULO 3

Bloco 01

#PARA COMEÇAR

#QUESTÕES FILOSÓFICAS

Como conhecemos? Existem ideias inatas? Como chegamos a conclusões gerais a partir do particular? 

EMPIRISMO BRITÂNICO

Para o EMPIRISMO BRITÂNICO (corrente filosófica que se destacou nos países anglo-saxões), O CONHECIMENTO PARTE DA EXPERIÊNCIA (empereia em grego). A preocupação com o CONHECIMENTO VERDADEIRO foi a tônica de praticamente todo o período moderno da filosofia. A GNOSIOLOGIA (gnose=conhecimento+logia=estudo) foi o centro das discussões.

PROCESSO DE CONHECER

Algumas tradições filosóficas se destacaram em tal contexto: A RACIONALISTA, que defendia que o conhecimento parte da razão; A EMPIRISTA, que defendia que o conhecimento parte da experiência; e a APRIORISTA, que é uma espécie de síntese entre racionalismo e empirismo, defendendo que a capacidade de conhecer é inata (a priori), mas sem o concurso da experiência e dos sentidos não há conhecimento.

IDEIAS INATAS

O INATISMO defendia a existência de IDEIAS INATAS (que nascem com o sujeito).

REAÇÃO EMPIRISTA

Já os EMPIRISTAS defendiam que todo conhecimento vem da EXPERIÊNCIA, dos SENTIDOS. Os principais EMPIRISTAS BRITÂNICOS foram: FRANCIS BACON (CHICO TOUCINHO), THOMAS HOBBES, JOHN LOCKE e DAVID HUME. Com a REVOLUÇÃO GLORIOSA e a ascensão da burguesia, o trabalho empírico e ativo sobre o conhecimento (empreendimento laboral burguês) substitui a contemplação teórica da nobreza do início da modernidade e do clero medieval (que viviam do ócio contemplativo). 

THOMAS HOBBES (1588-1679)

Segundo o pensamento hobbesiano, a filosofia é a CIÊNCIA DOS CORPOS. Há dois tipos de corpos: Os CORPOS NATURAIS, que são estudados pelas ciências da natureza; E os CORPOS ARTIFICIAIS, que são invenções humanas, como o ESTADO, estudado pela filosofia política.

MATERIALISMO E EMPIRISMO

Para HOBBES, tudo que existe se resume a CORPOS em MOVIMENTO. Por isso seu pensamento foi denominado MATERIALISTA (tudo é matéria, até mesmo a realidade espiritual seria uma forma sutil de materialidade) e MECANICISTA (o universo e a natureza funcionam de forma mecânica, como uma máquina e suas engrenagens, de forma previsível). Todo conhecimento tem como origem a SENSAÇÃO. Nesta concepção não há espaço para o ACASO e a LIBERDADE, pois tudo se resume na lei da causalidade (todo fenômeno tem uma causa e um efeito), uma coisa leva a outra necessariamente.

JOHN LOCKE (1632-1704)

Nasceu em WRINGTON, na INGLATERRA.

TÁBULA RASA

A teoria lockeana é completamente avessa às IDEIAS INATAS (ideias que nascem com o sujeito). O ser humano quando nasce é como uma TÁBULA RASA (ou seja, uma placa de madeira plana, lisa, uma folha de papel em branco). Não há nada em nosso intelecto que não tenha nele chegado senão por meio dos sentidos. O conhecimento se resume a dois tipos de ideias: IDEIAS DA SENSAÇÃO, que provêm dos sentidos (imagens, sons, cheiros, sabores e ductilidade); E IDEIAS DA REFLEXÃO, fruto do pensamento que opera e reflete sobre as ideias da sensação.

DAVID HUME (1711-1776)

Segundo a concepção humeana, tudo que conhecemos são percepções, que se dividem em: IMPRESSÕES, que são sensações mediadas e percebidas pelos sentidos de forma instantânea (você agora está tendo uma impressão visual deste texto); e IDEIAS, que são as representações que ficam na memória após as sensações (você agora pode imaginar um elefante porque possui uma representação de tal exemplar em sua memória por um dia ter tido a impressão de um). Espero que a impressão que agora lhe é infundida por este texto possa permanecer como idéia na sua memória quando necessitar desta informação para resolver uma questão do ENEM ou de outro processo seletivo. As operações mentais se resumem a ASSOCIAÇÃO DE IDEIAS. Há também inferências de nossa mente sobre as sensações que provocam emoções e que são associadas às ideias, quando lembradas. Os princípios de associação são: SEMELHANÇA, ou seja, conheço os objetos inferindo sobre a similitude com outros; CONTIGUIDADE, pois o conhecimento se dá por meio daquilo que está próximo, ou estabelecendo proximidade entre objetos; e CAUSA E EFEITO, onde todo fenômeno possui algo que o causou, assim como um efeito ou conseqüência de seu ocorrer. O conhecimento é fruto do hábito, ou melhor, a associação entre causa e efeito se dá através do hábito de associar uma idéia ou fenômeno àquilo que veio antes ou depois dele. É um recurso deveras frágil para fundamentar um conhecimento sólido e seguro, pois carece de uma constituição a priori.

CRÍTICA À INDUÇÃO

A INDUÇÃO ou o RACIOCÍNIO INDUTIVO é um tipo de inferência que se inicia com conhecimentos particulares para fundamentar uma tese, teoria, lei ou hipótese geral. Segundo HUME, a CONCLUSÃO INDUTIVA jamais poderá alcançar um FUNDAMENTO LÓGICO. O salto de conhecimentos particulares para a generalização é sempre temerário e fruto da CRENÇA e do HÁBITO. Não é porque sempre tenho visto o sol nascer que tal fenômeno se reproduzirá indefinidamente. Para a concepção humeana, somente o RACIOCÍNIO DEDUTIVO (utilizado na matemática, que parte de fórmulas universais para compreender aspectos particulares) possui fundamentação lógica e racional. 

LEGADO EPISTEMOLÓGICO

Seu pensamento é considerado um CETICISMO TEÓRICO (que duvida das teorias fundamentadas na indução), pois a suposta racionalidade que confirma o conhecimento é muito mais fruto da crença e do hábito do que a rigorosidade do saber. Não é porque todos os japoneses que vi têm olhos puxados que posso afirmar que todo japonês tem olhos puxados. As teses científicas fundamentadas na indução trabalham com PROBABILIDADES, jamais com a exatidão ou certezas infalíveis. Demonstra assim o LIMITE DAS TESES CIENTÍFICAS.

#ANÁLISE E ENTENDIMENTO

Em que discordavam racionalistas e empiristas na discussão sobre o processo de conhecimento? Qual é a relação entre a ascensão da burguesia e o empirismo? Por que no pensamento de HOBBES não há lugar para a liberdade? A mente humana, no instante do nascimento, é uma tabula rasa? Como se pode explicar o empirismo de LOCKE? Um cego de nascença poderia ter uma idéia de cor segundo HUME? Por quê? É o hábito que fundamenta muitas ideias consideradas verdadeiras sobre a realidade e os fatos, conforme afirma HUME? Por quê?

#CONVERSA FILOSÓFICA

Qual é a diferença entre probabilidade e certeza? Você acredita que nosso conhecimento é provável ou é certo, seguro e indubitável?

#CONECTADO

Empirismo e Ceticismo - David Hume

Série Teo-Filos - Teólogos e Filósofos: David Hume - Ceticismo e Empirismo

Aula 19 - Filosofia - David Hume

Aula David Hume 1 de 3 - Prof Paulo Irineu


#EXERCÍCIOS

QUESTÃO 1 (Habilidade: Ler textos filosóficos de modo significativo e inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                                      Assunto: A Revolução Científica.
Aqueles que se entregam à prática sem ciência são como o navegador que embarca em um navio sem leme nem bússola. Sempre a prática deve fundamentar-se em boa teoria. Antes de fazer de um caso uma regra geral, experimente-o duas ou três vezes e verifique se as experiências produzem os mesmos efeitos. Nenhuma investigação humana pode-se considerar verdadeira ciência se não passa por demonstrações matemáticas.
VINCI, Leonardo da. Carnets.

O argumento defendido no texto de Da Vinci, acerca do conhecimento, pode ser traduzido como a
(A)  autonomia do homem em face de Deus como fundamento do conhecer.                                                                                                                            (B)  autonomia do homem face à natureza como base do processo cognitivo.                                                                                                     (C)  autonomia do mundo natural no processo científico.                                                                                                                  (D)  importância da verificação experimental na busca do conhecimento científico.                                                                                                           (E)  submissão do conhecimento à investigação e ao método científico.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         GABARITO: D
Comentário: Da Vinci mostra, no texto, sua preocupação com a exatidão do conhecimento apontando a importância da verificação experimental na busca da ciência.
QUESTÃO 2 (Habilidade: Ler textos filosóficos de modo significativo e inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.                                                                                                                                                      Assunto: O empirismo de David Hume.
O hábito é, pois, o grande guia da vida humana. É aquele princípio único que faz com que nossa experiência nos seja útil e nos leve a esperar, no futuro, uma sequência de acontecimentos semelhante às que se verificaram no passado. Sem a ação do hábito, ignoraríamos completamente toda questão de fato, além do que está imediatamente presente à memória ou aos sentidos. Jamais saberíamos como adequar os meios aos fins ou como utilizar os nossos poderes naturais na produção de um efeito qualquer. Seria o fim imediato de toda a ação, assim como da maior parte da especulação.
HUME, David. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 145-146. (Os Pensadores)
Segundo Hume, os objetos da razão acerca do entendimento humano podem ser classificados a partir da relação de causa e efeito fundada no hábito, a partir de
(A) costumes e convenções.                                                                                                                                                (B) imaginação tirada da razão.                                                                                                                 (C) inferência empírica e psicológica.                                                                                                                                     (D) pesquisa teórica.                                                                                                                                          (E) raciocínios a priori.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  
GABARITO: C
Comentário: Hume faz uma análise psicológica do entendimento humano. Segundo ele, nossas ideias não são apenas cópias das impressões que temos das sensações (trazidas pelas nossas experiências externas), mas também das emoções que experimentamos diante dessas sensações.
QUESTÃO 3 (Habilidade: Inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Fácil.                                                                                                                                                Assunto: Empirismo.
O conhecimento nasce do próprio objeto, o qual se apresenta no mundo como realmente é, cabendo ao sujeito somente exercer papel de mero espectador da realidade posta, sendo suficiente para atingir a verdade que o sujeito se ache preparado para descrever o objeto tal como ele é, nada lhe acrescentando , atuando como observador neutro, objetivo e exato.
AMORIM, Maria de Fátima. Filosofia.  Ensino Médio. v. 2. Belo Horizonte: Educacional, 2013.
O texto se refere à concepção de conhecimento conhecida como
(A) criticismo.                                                                                                                                                  (B) empirismo.                                                                                                                                                                   (C) fenomenologia.                                                                                                                                              (D) idealismo.                                                                                                                                                                              (E) racionalismo.
GABARITO: B
Comentário: O texto é uma definição de empirismo.
Questão 4
Habilidade: Identificar no texto um conceito filosófico.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto:

Analise o trecho da música “Semáforo” da banda Vanguart.
Só acredito no semáforo
Só acredito no avião
Eu acredito no relógio
Só acredito
Eu só acredito
Disponível em:<http://letras.mus.br/vanguart/552105/>. Acesso em 05 de out. de 2012.

O empirismo se caracteriza por acreditar que a primazia do conhecimento seja proveniente dos sentidos e da experiência. Assim, o trecho da música “Semáforo” e a concepção empirista se relacionam quando
A)     associam o desenvolvimento científico à aplicação da experiência.
B)     resumem o desenvolvimento do conhecimento aos sentidos.
C)    elegem a tecnologia como critério de certeza no conhecimento.
D)    entendema razão como avaliador das percepções dos sentidos.
E)     fundamentam os sentidos como reveladores da realidade como ela é.


RESPOSTA: E
COMENTÁRIO: A música revela a crença no que pode ser visto, mensurado, tocado, e o empirismo acredita que o conhecimento obtido pelos sentidos são confiáveis, por serem mais verdadeiros.
Questão 5
Habilidade:Compreender textos filosóficos, inferindo suas mensagens.
Nível de dificuldade: Médio
Assunto: O empirismo de David Hume

Mas, embora nosso pensamento pareça possuir essa liberdade ilimitada, um exame mais cuidadoso nos mostrará que ele está, na verdade, confinado a limites bastante estreitos, e que todo esse poder criador da mente consiste na capacidade de compor, transpor, aumentar ou diminuir os materiais que os sentidos e a experiência humana fornecem. Quando pensamos em uma montanha de ouro, estamos apenas juntando duas ideias consistentes, ouro e montanha com as quais estamos anteriormente familiarizados. Em suma, todos os materiais do pensamento são derivados das sensações externa ou interna e a mente e a vontade compete apenas em misturar e compor esses materiais. Ou para expressar-me em linguagem filosófica, todas as nossas ideias, ou percepções mais tênues, são cópia de nossas impressões ou percepções mais vividas.

HUME, David. Investigação sobre o entendimento humano. Seção 2. Da origem das ideias. (Trad)
Oscar de A. Marques. São Paulo: Edistora UNESP. 1999.

A partir do texto, infere-se  as seguintes ideias de Hume sobre o conhecimento:

A) As percepções são cópias exclusivas das ideias inatas.
B) A  razão é o fundamento e origem de todo conhecimento.
C)  A razão é livre na produção do conhecimento.
D)  As ideias são cópias das percepções e impressões vividas.
E)  As ideias são inatas e independem da experiência.

RESPOSTA:D
COMENTÁRIO: David Hume demonstra que a ideia é fruto da composição das impressões sensoriais. Conforme citado no texto: “para expressar-me em linguagem filosófica, todas as nossas ideias, ou percepções mais tênues, são cópia de nossas impressões ou percepções mais vividas”.

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