Módulo
01 – Filosofia Antiga
#PARA COMEÇAR
#QUESTÕES FILOSÓFICAS
Qual é o fundamento de todas as
coisas (a arché)? A realidade essencial é dinâmica ou estável? As coisas são
por acaso ou por necessidade?
PENSAMENTO PRÉ-SOCRÁTICO
A filosofia surgiu entre os
séculos VII e VI a. C. na Grécia. TALES DE MILETO é considerado o primeiro
filósofo. Os primeiros filósofos foram denominados pré-socráticos (que vieram
antes de Sócrates, considerado uma espécie de Jesus Cristo da filosofia grega,
que é dividida em antes e depois dele). O termo FILOSOFIA significa amor,
amizade (philia em grego) à sabedoria
(Sophia em grego). Segundo a
tradição, o primeiro a usar tal definição foi PITÁGORAS, para diferenciar o
filósofo (amigo do saber e que vive em busca do conhecimento) do sábio (aquele
que acredita tudo saber e ser o dono da verdade). Há três teorias sobre a
origem e o surgimento da filosofia: a primeira diz que o pensamento racional
nasce da ruptura entre o mito e o logos, o pensamento alegórico e o pensamento
racional. Tal teoria foi descartada pelos estudiosos, pois mesmo em fases
avançadas da filosofia, pensamentos mitológicos e racionais continuaram
coexistindo e muitas das vezes inclusive se servindo um do outro para explicar
suas doutrinas; Outra teoria também aventada foi a do milagre grego, que afirma
que a filosofia é uma invenção genuína da genialidade dos povos da GRÉCIA
ANTIGA. Tal teoria é também hoje refutada, apesar de se reconhecer o trabalho
original dos gregos sobre as heranças culturais de outros povos, transformando
de forma substancial o saber comunicado por outras culturas. Mas nada disso
seria possível sem o intercâmbio cultural e o privilégio da sociedade grega de
contatar tantas civilizações e ainda gozar de tempo livre (ócio) para
desenvolver tais conhecimentos rumo a um pensamento mais formal do que prático;
A teoria mais aceita hoje na academia (nas universidades e centros de altos
estudos filosóficos) é a da continuidade entre mito e logos, do mito noético (nous em grego = inteligência ordenadora)
e o surgimento político da filosofia. O mito possui uma racionalidade que lhe é
peculiar, assim como o logos detém um caráter mítico, sendo extremamente tênue
a linha que os divide. ARISTÓTELES afirmou que a filosofia nasce do ócio (tempo
livre), por isso é um saber elitizado, só cultivado por homens livres e
impossível para escravos e homens voltados para a vida prática. Sua origem se
dá com o espanto, segundo o estagirita, pois é nele que ocorre a perplexidade, que
alimenta a curiosidade da alma humana. Esta então se volta para a reflexão e
procura entender as causas primeiras e últimas de todas as coisas.
PÓLIS E FILOSOFIA
Segundo Jean-Pierre Vernant, a
filosofia é filha da PÓLIS (CIDADE-ESTADO). Cada cidade grega era praticamente
um ESTADO independente, pois possuía sua própria forma de organização política
(aristocracia, democracia, oligarquia, etc...) e nenhuma estava submetida (com
algumas exceções) ao arbítrio das outras, possuindo grande autonomia. É na PÓLIS
que se dá A PASSAGEM DO MITO (narração alegórica sobre as origens) AO LOGOS
(conhecimento racional), ou seja, foi na cidade que o pensamento racional
argumentativo começou a dar seus primeiros passos. O SABER MÍTICO (religioso,
fundamentado na fé e que apelava para o sobrenatural) começa a ceder espaço
para a reflexão lógica do PENSAMENTO RACIONAL. Com o surgimento e o
desenvolvimento das cidades gregas, um novo tipo de saber foi se desenvolvendo,
se desvencilhando aos poucos da religião e dos mitos. Foi na PÓLIS que o
ESPANTO diante do desconhecido começou a gerar uma reflexão racionalizada,
segundo ARISTÓTELES. As PÓLIS gregas desenvolveram um espaço que foi
fundamental para a ascensão do LOGOS. A ÁGORA (praça pública) era o espaço por
excelência da discussão e do questionamento de pautas relacionadas à política,
religião, ética e demais assuntos de interesse público.
MITOLOGIA GREGA
MITOLOGIA (mithos = narração sobre as origens + logia = estudo racional) é algo presente praticamente entre todos
os povos da antiguidade e seus reflexos se podem perceber ainda nos dias
atuais. Mas foram os gregos os pioneiros na arte de questionar o saber
transmitido pela religião e os mitos. A MITOLOGIA GREGA era rica em DEUSES,
HERÓIS e SEMIDEUSES. O caráter antropomórfico (antropos = homem + morphé
= forma) dos deuses e a expansão comercial dos gregos proporcionaram uma visão
laicizada da cultura, fazendo com que os mitos fossem aos poucos perdendo seu
status religioso dogmático (inquestionável). A dramaturgia, especialmente
desenvolvida pelo teatro (invenção grega), fez eclodir uma reflexão
desvinculada do caráter fantasioso da religião grega. Autores como SÓFOCLES
foram fundamentais para o desenvolvimento de tal forma de pensar. Os mitos
geralmente transmitiam TABUS (proibições), que raramente eram questionados no
mundo antigo.
A SAGA DE ÉDIPO
Na tragédia ÉDIPO REI, de
SÓFOCLES, é narrada A SAGA DE ÉDIPO, herói trágico (os gregos tinham uma visão
trágica do universo, vendo nele se manifestar forças antagônicas irracionais,
do CAOS primordial) que mata o pai e se casa com a mãe sem o saber. Esta saga
exemplifica a visão grega de mundo, junto com elementos e tradições culturais
da GRÉCIA ANTIGA, como o ORÁCULO (espécie de adivinhação religiosa em local
sagrado). Seres mitológicos se fazem presente na trama, como a ESFINGE (ser
metade leão e metade mulher, que lançava enigmas àqueles que compareciam diante
dela, devorando os que não conseguissem decifrar tais charadas). A profundidade
de tais mitos revela verdades profundas acerca do inconsciente humano e,
segundo FREUD, eles podem assessorar o ser humano na descoberta de neuroses e
complexos existentes na psique (mente) humana. A psicanálise mesma é quase toda
fundamentada no COMPLEXO DE ÉDIPO, conceito criado pelo pensamento freudiano
para explicar o desejo inconsciente do sujeito pelo progenitor do sexo oposto e
a hostilidade pelo do mesmo sexo. Desenvolve-se tal complexo entre os três e
cinco anos de idade e exerce papel fundamental na formação da personalidade e
orientação libidinal do ser humano na vida adulta.
PRÉ-SOCRÁTICOS
Os primeiros filósofos gregos
foram denominados pré-socráticos, pois vieram antes de SÓCRATES e desenvolveram
uma temática diferente da do grande baluarte da filosofia grega. São chamados
também de naturalistas, pois sua grande preocupação era a natureza, sua origem,
sustentabilidade e finalidade. Outra denominação recebida pelos PRÉ-SOCRÁTICOS
é a de cosmólogos (cosmos = mundo
ordenado + logia = estudo racional),
uma vez que buscaram explicar de forma racional a ordenação do mundo natural.
A BUSCA DA ARCHÉ
O grande objetivo dos primeiros
filósofos foi A BUSCA DA ARCHÉ (origem, princípio). Foram responsáveis pela
transição da COSMOGONIA (narrativas míticas sobre a origem do universo) para a
COSMOLOGIA (explicação racional para o surgimento do mundo ordenado). Buscaram
encontrar o PRINCÍPIO SUBSTANCIAL ou a SUBSTÂNCIAL PRIMORDIAL do cosmos.
PENSADORES DE MILETO
MILETO, antiga cidade grega
situada na região da Jônia, hoje localizada no litoral ocidental da ÁSIA MENOR
(TURQUIA), foi o berço dos primeiros FILÓSOFOS.
TALES: A ÁGUA
Para TALES DE MILETO (623-546 a.
C.), a arché era A ÁGUA, princípio universal de todas as coisas, dotada de ALMA
e de caráter DIVINO (concepção racionalizada, mas ainda detentora de resquícios
religiosos). A MULTIPLICIDADE de coisas existentes poderia ser resumida num
único princípio (MONISMO). Ele afirmou tal concepção fundamentado na percepção
do caráter primordial da água para a existência do cosmos (elemento abundante e
fundamental para os seres vivos).
ANAXIMANDRO: O INDETERMINADO
Uma nova tradição também emerge
com o surgimento da filosofia, que é o caráter crítico, questionador e
contestador dos filósofos. ANAXIMANDRO (610-547 a. C.), discípulo de TALES,
discordou do mestre e defendeu que o verdadeiro princípio e origem de todas as
coisas não poderia ser um elemento determinado, finito e delimitado como a
água. Afirmou então que o ÁPEIRON (a
= partícula de negação na língua grega + peiron
= limite) deveria ser o elemento primordial de todas as coisas. O princípio
substancial deveria ser algo que não tivesse limitações. Por DIFERENCIAÇÃO
ENTRE CONTRÁRIOS e EVAPORAÇÃO seria formado tudo quanto existe no cosmos.
ANAXÍMENES: O AR
Discordou dos mestres que o
antecederam. Para ANAXÍMENES (588-524 a. C.) a água era um elemento muito
limitado e o apeíron um princípio muito vago. A origem de todas as coisas
deveria ser algo perceptível e ao mesmo tempo infinito. Tal elemento seria o
AR.
HERÁCLITO: FOGO E DEVIR
HERÁCLITO (535-475 a. C.)
escreveu seus pensamentos por meio de AFORISMOS (sentenças curtas e
enigmáticas). Nasceu na cidade de ÉFESO, na JÔNIA, refletiu sobre O QUE MUDA, a
realidade dinâmica dos cosmos. O SER NÃO É MAIS QUE VIR A SER. É impossível
entrar duas vezes no mesmo rio, pois na segunda tentativa, nem o sujeito, nem o
rio, serão mais os mesmos. Panta rhei
(tudo escorre em grego). Tudo muda e nada permanece o mesmo. Os OPOSTOS se
completam e formam a unidade da realidade. Desenvolveu uma concepção AGONÍSTICA
(a = não + gonia = origem, portanto, sem origem, mas também traduzível como
luta primordial entre os contrários). O universo é uma constante LUTA DE FORÇAS
CONTRÁRIAS, antagônicas (ant = contrário + gonia = princípio, origem). O
elemento primordial seria o FOGO, símbolo exemplar da mudança e contradição do
mundo. Sua teoria foi denominada MOBILISTA e é considerado o primeiro grande
representante do PENSAMENTO DIALÉTICO (dia = dois + lético = lógica, ou lógica
de opostos). A realidade é mudança constante, eterno fluxo, multiplicidade e
unidade dos seres mantida em harmonia pelo logos (fogo racional).
PITÁGORAS: OS NÚMEROS
PITÁGORAS DE SAMOS (570-490 a.
C.), grande matemático da antiguidade, foi também filósofo e defendeu a tese de
que a origem de todas as coisas seriam os NÚMEROS. Não o número em si, mas o
número como princípio FORMAL, que ordena e dá medida a todo o universo. Há um
MONISMO (um só princípio), mas também uma visão DUALISTA (dois princípios) na
concepção pitagórica, pois o indeterminado determinaria e daria LIMITE à
realidade. É considerado o primeiro a utilizar o termo FILOSOFIA (amor, amizade
à sabedoria) para diferenciar filósofos (amantes e amigos do saber, mas que não
o detém de forma absoluta) dos sábios (donos da verdade inquestionável). Dos
números derivam todas as coisas segundo relações harmônico-matemáticas no todo
e nas partes, segundo PITÁGORAS. Os reflexos de seu pensamento podem ser
percebidos hoje nas ciências da natureza, que buscam traduzir os fenômenos
naturais através dos números, quantificando-os, buscando compreender suas
regularidades.
PENSADORES DE ELEIA
A ESCOLA ELEÁTICA iniciou-se
provavelmente com XENÓFANES, que afirmava que a TERRA era o princípio e a
origem de todas as coisas. Era a TERRA que originava, sustentava e consumia
tudo quanto havia no universo. Tal concepção encontra diversos respaldos na
cultura antiga, principalmente religiosa, que afirmava a origem dos seres vivos
a partir do barro e elementos ligados a TERRA. Foi o primeiro filósofo grego a
criticar a concepção antropomórfica (antropo
= homem + morphé = forma) dos deuses,
afirmando que se os animais tivessem condições, também fariam seus deuses à sua
imagem e semelhança.
PARMÊNIDES: O SER
É considerado o fundador da
ONTOLOGIA (ontos = ser + logia = estudo racional) e da LÓGICA
(estudo da forma correta de raciocinar). Principal expoente da ESCOLA ELEÁTICA,
PARMÊNIDES DE ELEIA (510-470 a. C.) questionava o saber oriundo dos SENTIDOS.
Tais instrumentos não são fontes seguras de conhecimento, pois são enganosos e
nos iludem com freqüência. Há três caminhos que podem ser seguidos pelos homens
rumo ao conhecimento da verdade: O primeiro é o da verdade pura, caminho da
RAZÃO, que proclama O SER, que é, que existe. O SER É E O NÃO SER NÃO É, ou
seja, o ser existe e o não ser não existe, pois é nada e o nada não pode sequer
ser pensado (a própria palavra nada já é alguma coisa e não pode designar
aquilo que ela quer dizer). O SER É ETERNAMENTE (não tem princípio nem fim),
IMUTÁVEL (não muda) e IMÓVEL (não se move). O SER É A ARCHÉ DE PARMÊNIDES. É
UNO (um só), PLENO (possui tudo em si mesmo), CONTÍNUO (permanece sempre o
mesmo) e ABSOLUTO (realidade suprema, fundamental e independente de todas as
coisas, aquilo que não se dissolve); A segunda via é a das opiniões erradas dos
mortais. O NÃO SER NÃO É, ou seja, não existe, é nada e não pode sequer ser
pensando, mas é ignorado pelos ignorantes. A MUDANÇA é uma ilusão, um não ser
impossível, pois se houvesse mudança o ser deixaria de ser e se tornaria não
ser. É um princípio lógico conhecido como PRINCÍPIO DE IDENTIDADE (o ser é) e
DE NÃO CONTRADIÇÃO (o ser é e não pode não ser). As opiniões são sempre
contraditórias e não podem jamais expressar o que é o ser; A terceira via é a
da opinião plausível, que se move de modo correto entre as aparências. A
mudança é aparente, percebida pelos sentidos que são ilusórios, enganadores,
fontes não confiáveis de saber. Sem as sensações só restaria a racionalidade,
única capaz de compreender o ser e seu caráter imutável. O ser é o princípio e
fora do princípio nada existe. A rigor não existe nenhum principiado (acosmismo
= sem origem), enquanto o devir testemunhado pelos sentidos não existe. Afirma
a imobilidade do ser e a identidade entre o ser e o pensar, em oposição à
aparência, que é fruto das opiniões formadas pelos homens a partir dos
sentidos, que são enganosos.
ZENÃO
ZENÃO DE ELEIA (488-430 a. C.)
buscou demonstrar a impossibilidade do MOVIMENTO. Elaborou alguns argumentos
que ficaram conhecidos como PARADOXOS (opiniões problemáticas) DE ZENÃO, como o
da corrida de Aquiles contra a tartaruga e o da flecha e do alvo. Desenvolveu
demonstrações por absurdo das teses do eleatismo. Aquiles, numa corrida contra
uma tartaruga que larga na frente, jamais poderia alcançá-la, assim como uma
flecha lançada num alvo jamais atingiria sua meta, pois o espaço pode ser
dividido infinitamente, assim como o tempo e não é possível analisar espaço e
tempo de forma sincronizada (o que nos leva à ilusão de movimento). Seus raciocínios foram considerados FALÁCIAS
(raciocínios logicamente equivocados e de conclusão errônea), mas ainda hoje
tal concepção representa um problema, principalmente para área das ciências
contemporâneas, que trabalham com a teoria da relatividade e da física
quântica.
MELISSO DE SAMOS
Defendeu a eternidade do ser, sua
infinitude e o caráter de uno-todo como essencial. É considerado o sistematizador
do ELEATISMO.
EMPÉDOCLES: OS QUATRO ELEMENTOS
Segundo EMPÉDOCLES (490-430 a.
C.) os QUATRO ELEMENTOS (FOGO, TERRA, ÁGUA e AR) são os princípios substanciais
de todas as coisas. O AMOR (philia=amor/amizade)
seria o responsável por unir os elementos e gerar tudo quanto existe. O ÓDIO (neikos, em grego) é o elemento
desagregador e destruidor, que faz cessar todos os seres existentes.
PLURALISTAS (há muitos princípios
semelhantes ao ser eleático)
ANAXÁGORAS: AS RAÍZES OU
HOMEOMERIAS (SEMENTES)
ANAXÁGORAS (500-428 a. C.)
defendia que a arché são as HOMEOMERIAS (sementes, raízes) que nascem e morrem
a partir da agregação ou desagregação regida por uma inteligência cósmica
denominada NOUS, que ordena todo o cosmos. Tal inteligência ordenadora seria
responsável pelo movimento racional presente na natureza.
LEUCIPO E DEMÓCRITO: OS ÁTOMOS
DEMÓCRITO (460-370 a. C.),
segundo a tradição, teria sido discípulo de LEUCIPO, provável fundador da
escola atomista, responsável pela doutrina do ATOMISMO. Os ÁTOMOS (a=partícula de negação na língua grega +
tomo = divisão) seriam PARTÍCULAS
INVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS. A realidade é composta de ÁTOMOS e VAZIO (por onde
se movimentam os átomos). Algumas características dos ÁTOMOS, segundo a escola
atomista: HOMOGÊNEOS (iguais entre si e de uma única e mesma origem), INFINITOS
(inúmeros em quantidade e qualidade), HETEROGÊNEOS (pode parecer contraditório,
mas o heterogêneo aqui se refere ao fato dos átomos não se misturarem e
diferirem, mesmo sendo iguais entre si e possuírem uma mesma origem). Daí a
perspectiva PLURALISTA (de plural, muitos) da doutrina do ATOMISMO. Há também
uma espécie de DUALISMO (dois princípios) quando se fala que tudo é composto de
ÁTOMOS e VAZIO. Eles se movimentam ao ACASO, por não haver um propósito ou
finalidade programada, mas tal teoria se assemelha ao MECANICISMO (o universo
funciona como uma grande máquina previsível, de acordo com as leis de causa e
efeito – causalidade) moderno ao postular o caráter NECESSÁRIO do movimento
(regido por leis eternas e imutáveis). É da união e separação dos ÁTOMOS que
são gerados todos os DISTINTOS CORPOS existentes. Todo ÁTOMO possui: FIGURA
(forma geométrica), ORDEM (organização) e POSIÇÃO (localização espacial).
Segundo DEMÓCRITO: “TUDO O QUE EXISTE NO UNIVERSO NASCE DO ACASO OU DA
NECESSIDADE” (contradição apenas aparente).
FÍSICOS ECLÉTICOS (O PRINCÍPIO É
ÚNICO E DEDUZIDO DA NATUREZA)
DIÓGENES DE APOLÔNIA E ARQUELAU
DE ATENAS: O AR INFINITO E INTELIGENTE
A teoria naturalista dos
filósofos acima é uma espécie de síntese das filosofias anteriores, por isso a
atribuição de ECLÉTICOS aos mesmos. Se valem do AR INFINITO de ANAXÍMENES e da
noção de INTELIGÊNCIA ordenadora de ANAXÁGORAS. Tal princípio é ao mesmo tempo
ARCHÉ (origem) e causa final de todas as coisas.
PERÍODO COSMOLÓGICO DA FILOSOFIA
GREGA
Como se pode perceber acima, a
FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA sempre esteve, desde seus primórdios, encharcada de
MITO, do pensamento alegórico, mesmo representando uma transição para um modo
de pensar mais racional e argumentativo e menos fideísta, mitológico, religioso
e fantasioso. A FILOSOFIA, desde seus primórdios, caminhou de mãos dadas com a
CIDADANIA, conceito e noção grega, que foi se aprimorando e desenvolvendo com o
tempo. As obras ILÍADA (obra que narra a guerra de TROIA – Ílion, para os
gregos) e ODISSEIA (as aventures de ODISSEU – ULISSES para romanos e nós hoje –
após o término da guerra de TROIA e sua tentativa de regressar para casa) de
HOMERO e TEOGONIA (obra que narra o nascimento dos deuses gregos) e OS
TRABALHOS E OS DIAS (obra que narra o cotidiano grego permeado pela
interferência dos deuses) de HESÍODO, foram fundamentais para a dessacralização
do pensamento e o posterior desenvolvimento da filosofia. Os PRÉ-SOCRÁTICOS
podem ser considerados os inauguradores da CIÊNCIA, pois foi a partir do
questionamento das respostas mitológicas e a tentativa de dar respostas mais
racionais e plausíveis com fundamentação natural, que a mesma iniciou sua
marcha na história humana. TODA CIÊNCIA SE INICIA COM PROBLEMAS, ou seja, no momento
em que formas de responder aos fenômenos que nos cercam já não mais satisfazem
ao anseio humano por soluções cada vez mais abrangentes e completas sobre o
universo à nossa volta.
#ANÁLISE E ENTENDIMENTO
O que é logos? E mito? Por que se
pode dizer que o surgimento da filosofia foi engendrado em praça pública? Qual
era a preocupação central dos filósofos de MILETO e o que cada um encontrou em
sua busca? Que aspecto mais formal na explicação da realidade o pensamento de
PITÁGORAS introduziu, pela primeira vez na história da filosofia ocidental?
Qual é a concepção de realidade contida nesta frase de Heráclito: A luta é a
mãe, rainha e princípio de todas as coisas? Quais eram as divergências
fundamentais entre PARMÊNIDES e HERÁCLITO sobre a realidade do ser? Qual o
objetivo de ZENÃO de ELEIA ao criar o célebre argumento da corrida de AQUILES
com uma tartaruga? Como EMPÉDOCLES tentou conciliar as concepções de PARMÊNIDES
e HERÁCLITO? De que maneira o pensamento de DEMÓCRITO também formula uma
solução que concilia a imobilidade do ser com o movimento do mundo?
#CONVERSA FILOSÓFICA
Quais são os mitos do mundo
atual? Que elementos míticos você pode identificar no pensamento dos filósofos
pré-socráticos? Seria possível cada cidadão, como um filósofo, voltar a expressar
e discutir suas opiniões em espaço público? O que precisaria mudar?
#CONEXÕES
Qual é a quantidade de água que
há no planeta e no corpo humano? É possível estabelecer um paralelo com a
cosmologia de TALES DE MILETO? Seria possível estabelecer alguma relação entre
o pensamento de PITÁGORAS e a ciência moderna? Por quê? Observando a vida, você
consegue perceber que nossa experiência cotidiana, o que vemos, ouvimos,
sentimos, seja um fluxo permanente de impressões que nunca são totalmente
iguais? Por quê?
#PARA PENSAR
Que relação há entre o início da
filosofia e o início da ciência? Como se deu a evolução da filosofia grega em
seus primórdios? Quais são as razões para levarmos a sério a proposição de
TALES de que a água é a origem e a matriz de todas as coisas? O ser é sempre
dinâmico? Por quê? Heráclito retira o universo da tranqüilidade e da
estabilidade? Por quê? A ciência sente-se apertada dentro do conceito
parmenídico da realidade? Por quê? Como a física tem compreendido a realidade
física através do tempo? A ciência do ser humano não se encaixa de maneira
nenhuma no conceito parmenídico da realidade? Por quê? O que significa assumir
uma concepção não estática da vida? Você acha que existe algo de permanente e
eterno, que nunca muda nem deve mudar?
#CONECTADO
Os Pré-Socráticos
Os Pré-Socráticos
Filosofia: Os Filósofos Pré Socráticos -
Parte 1
#EXERCÍCIOS
QUESTÃO 1 (Habilidade: Articular
conhecimentos filosóficos e diferentes conteúdos nas artes.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Considerações
sobre arte e filosofia.
Traduzir-se (Ferreira Gullar)
Uma parte de mim é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
uma parte de mim é multidão:
outra parte estranheza e solidão.
(...)
Traduzir-se uma parte na outra parte
- que é uma questão de vida ou morte -
será arte?
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
uma parte de mim é multidão:
outra parte estranheza e solidão.
(...)
Traduzir-se uma parte na outra parte
- que é uma questão de vida ou morte -
será arte?
GULLAR, Ferreira. In: Toda Poesia. Rio de Janeiro: José
Olimpio, 1991.
Do
ponto de vista filosófico, podemos afirmar que o poema de Ferreira Gullar
expressa a arte como uma síntese humana que se compõe na (A) contradição.
(B) diversidade.
(C) dualidade.
(D) integração.
(E) negação.
GABARITO: C
Comentário: Dualismo é uma concepção
filosófica ou teológica do mundo baseada na presença de dois princípios ou duas
substâncias ou duas realidades opostas e inconciliáveis, irredutíveis entre si
e incapazes de uma síntese final ou de recíproca subordinação. Para Gullar, só através
da arte pode ser possível traduzir uma parte na outra, compondo essa síntese.
QUESTÃO 2 (Habilidade:
inferir
o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Fácil.
Assunto: Filósofos da natureza.
Os primeiros filósofos gregos tentaram entender o mundo através do
uso da razão, sem recorrer à autoridade ou à tradição. Refletiram sobre a
natureza do mundo procurando explicá-lo e seu pensamento foi considerado o
ponto de partida para o entendimento racional do mundo, constituindo a base
para o nascimento da filosofia.
AMORIM,
Maria de Fátima. Filosofia. v. 1.
Ensino Médio. Belo Horizonte: Educacional, 2013.
O texto se refere aos pensadores
(A) Helenistas.
(B) Platônicos.
(C) Pré-socráticos.
(D) Socráticos.
(E) Sofistas.
GABARITO: C
Comentário: Os pré-socráticos são
pensadores naturalistas, que inauguram o pensamento filosófico ocidental,
tomando como referência a compreensão do cosmo através da observação e da
análise da natureza, em oposição à religião e à autoridade, base do
conhecimento no período.
QUESTÃO 3 (Habilidade: ler textos filosóficos de modo significativo e
inferir o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Difícil. Assunto:
Mito e razão.
Toda crise existencial põe de novo em questão, a realidade do
Mundo e a presença do homem no Mundo: em suma, a crise existencial é
“religiosa”. (...) Portanto, a religião
é a solução exemplar de toda crise existencial, não apenas porque é
indefinidamente repetível, mas também porque é considerada de origem
transcendental e, portanto, valorizada como revelação recebida de um outro mundo, trans-humano. A solução
religiosa não somente resolve a crise, mas, ao mesmo tempo, torna a existência
“aberta” a valores que não são contingentes nem particulares, permitindo assim
ao homem ultrapassar as situações pessoais e, no fim das contas, alcançar o
mundo do espírito.
ELIADE,
Mircea. O sagrado e o profano. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 171 p.
O texto de Eliade valoriza o mito e a
religião como saída da crise existencial por considerá-los
(A) construções ideológicas
com finalidade econômica.
(B) criações arbitrárias com
fins políticos de manobra.
(C) narrativas da vivência do humano em
busca de sentido.
(D) recursos para conhecermos os limites
humanos.
(E) reflexos de sujeitos e situações históricas
existenciais.
GABARITO: C
Comentário: A religião e o
mito, através de suas narrativas e de seus rituais, contribuem para a solução
de crises existenciais, ao oferecer ao homem a segurança e o sentimento de
estar ancorado em algo superior a ele, que o sustenta. Na raiz de cada religião
está a experiência do mistério, promovendo uma religação com o transcendente,
levando ao homem segurança e confiança diante das dificuldades existenciais.
QUESTÃO 4 (Habilidade: Articular
conhecimentos filosóficos e diferentes formas de linguagem.)
Nível de dificuldade: Fácil.
Assunto: Mito e razão.
Numa luta de gregos e
troianos,
Por Helena, a mulher de Menelau,
Conta a história de um cavalo de pau,
Terminava uma guerra de dez anos.
Menelau, o maior dos espartanos
Venceu Páris, o grande sedutor,
Humilhando a família de Heitor
Em defesa da honra caprichosa.
Mulher nova, bonita e carinhosa
Faz o homem gemer sem sentir dor.
Por Helena, a mulher de Menelau,
Conta a história de um cavalo de pau,
Terminava uma guerra de dez anos.
Menelau, o maior dos espartanos
Venceu Páris, o grande sedutor,
Humilhando a família de Heitor
Em defesa da honra caprichosa.
Mulher nova, bonita e carinhosa
Faz o homem gemer sem sentir dor.
RAMALHO, Zé; BATISTA, Otacílio. Mulher nova, bonita e carinhosa.
O trecho da música cantada por Amelinha
retrata cenas da guerra de Troia, contadas no poema
(A) A Divina Comédia, de
Dante.
(B) Ilíada, de Homero.
(C) O Trabalho e os Dias, de
Hesíodo.
(D) Odisseia, de Hesíodo.
(E) Odisseia, de Homero.
GABARITO: B
Comentário: O trecho da música retrata
cenas da Guerra de Troia, escrita por Homero no poema Ilíada.
QUESTÃO 5 (Habilidade: Inferir
o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Considerações
sobre a pólis grega.
A civilização ocidental tem suas raízes
políticas na pólis grega. A concepção do cidadão como parte da pólis coloca o
homem na condição de pertença. É essa qualidade de pertencimento que esclarece
a natureza do regime e busca a harmonia na cidade.
AMORIM,
Maria de Fátima. Filosofia. Ensino
Médio. v. 1. Belo Horizonte: Educacional, 2013.
A relação
do indivíduo, enquanto parte, com a pólis, enquanto todo,vai traduzir-se
(A) pela oratória persuasiva.
(B) pelas convenções estabelecidas.
(C) pelo caráter divino das leis.
(D) pelo uso da força física.
(E) pelos ideais de justiça.
GABARITO: E
Comentário: A justiça é o valor que
fundamenta as relações entre os homens na pólis, produzindo a harmonia
necessária ao convívio.
QUESTÃO 6 (Habilidade: Ler
textos filosóficos de modo significativo e inferir o que foi apropriado de modo
reflexivo.)
Nível de dificuldade: Médio.
Assunto: Considerações
sobre a pólis grega.
A história política de
Atenas, entre o séc. VIII e IV, caracteriza-se por um crescente processo de
alargamento das prerrogativas políticas entre o grupo dos homens livres,
resultando no regime democrático ateniense, denominado pelos mesmos não como
democracia, mas como isonomía – a garantia da igualdade perante a lei.
CASTORIADIS, Corneliu. A pólis grega e a criação da democracia.
In: Filosofia Política 3. Porto Alegre: L&PM, Unicamp/UFRGS, 1986.
A peculiaridade desse regime político é
instaurar
(A) a ampliação das fronteiras entre governante e governado, deixando
claro o papel político e as funções de cada um.
(B) a concentração de poder independente da vontade pública, fazendo
com que ele fosse exercido em nome do interesse de particulares.
(C) a justiça da maioria dos cidadãos, em especial das classes menos
favorecidas – escravos, estrangeiros e mulheres.
(D) o exercício da justiça por delegação divina, através de leis
estabelecidas pela tradição e transmitidas oralmente.
(E) um complexo sistema de circulação, rotatividade e controle do
poder, assegurando maiores níveis de participação.
GABARITO: E
Comentário: A base da democracia é a
igualdade de todos os cidadãos. Igualdade perante a lei (isonomia), e igualdade
de poder se pronunciar na assembleia (isagoria), quer dizer, direito à palavra.
Assegurar
maiores níveis de participação, evita a concentração de poder, submetendo-o à
vontade pública e fazendo com que ele seja exercido não em nome do interesse de
particulares, mas em prol da maioria dos cidadãos.
QUESTÃO 7 (Habilidade:
Ler textos filosóficos de modo significativo e inferir
por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo.)
Nível
de dificuldade: Difícil.
Assunto: Paideia grega.
Na pólis do séc. IV a.C. o conceito
de Paideia supera a vinculação limitada à instrução da criança. Trata-se de uma
reflexão sobre a formação do homem para a vida racional na pólis. Aplica-se à
vida adulta, à formação e a cultura, à sociedade e ao universo
espiritual da condição humana. A construção histórica deste mundo da cultura
atinge o seu apogeu no momento em que se chega à idéia consciente de educação.
JAEGER, Werner. Paidéia.
São Paulo: Martins Fontes, 1986, p. 244-246.
Os gregos da época clássica formulam uma concepção ética derivada
da vida coletiva (pólis) e, com Sócrates, inserem a transferência da imagem da
cidade para a "alma" do homem. Transfere-se uma "Paideia"
centrada no Estado para uma Paideia
(A)
discursiva, baseada no manejo das palavras, argumento, convencimento.
(B) exterior, baseada nas
experiências individuais e generalizadas.
(C) interior, ética, derivada
da consciência da natureza moral do homem.
(D) técnica, mais dirigida à
produção do que à ação, à prática.
(E) teórica, constituindo um tipo superior de atividade humana.
GABARITO: C
Comentário: Com Sócrates, entra em questão
o problema da alma, da consciência, influenciando os objetivos da educação que
também se volta para as questões éticas, do interior do homem.
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