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domingo, 18 de janeiro de 2015

ATESTADO DE ÓBITO
Venho, por meio desta, declarar o falecimento de uma geração. Depois dos últimos eventos, fotos e vídeos postados, tivemos uma sensação de mal-estar que acabou nos levando a óbito. Os guerreiros da infantilidade e da imortalidade perceberam que a situação não se encontrava nada fácil e viram o fim se aproximar com ligeireza.
E tentar insistir ou persistir é resistir ao inexorável. É melhor admitir que perdemos para o tempo, guerreiro implacável e inflexível, que devora a todos. Fomos quase imortais, mas o passar dos anos revelou o calcanhar de AQUILES de cada um de nós. E foi nesse ponto fraco que perdemos a batalha para o inimigo, o espaço/tempo (nossa barreira intransponível).
A teoria da relatividade diz que nada é absoluto, assim, também nós, não o somos, ou qualquer outro ser que esteja sob esta perspectiva. Findou-se um ciclo... Encerrou-se uma era... Acabou-se uma geração... E outros, maiores e melhores do que nós, nos sucederão!!! Este é o ciclo universal.
Peter Pan, o menino que fugiu porque não queria envelhecer, mas ser eternamente criança, acabou sendo vítima de seu desejo. Ironia do destino. O tempo passou, a vida mudou e a infância não é mais a mesma, aliás, a infância praticamente já não existe. As crianças de hoje adultecem muito rápido, não vivem mais a melhor fase da vida porque são induzidas desde muito cedo a desejar serem adultas.
Wendy não é a culpada!!! Apesar de grande parte das mitologias e lendas atribuírem à mulher a responsabilidade pelo paraíso perdido, neste conto ela não é a responsável, mas também não é inocente, talvez cúmplice. É ela que nos alerta para compreendermos que o tempo passou e que o capitão Gancho nunca deixou de ser um inimigo infantil, pueril... Os adversários agora são outros, não estão fora de nós e não são exclusivamente adultos. São sim inimigos internos, demônios que habitam o mais íntimo de nosso EU e que possuem o poder de nos destruir, se os alimentarmos e não os resistirmos, a fim de fazer a criança que há em nós amadurecer de forma plena e saudável.
A ILHA DO NUNCA jamais existiu, a não ser na cabeça da geração que viveu nas décadas de 80 e 90. Mas nós podemos construir o planeta do sempre e do nunca, não do sempiterno, que permanece eternamente, nem do efêmero, que muda muito rápido e não nos deixa aproveitar cada momento. O SEMPRE buscar ser melhor e o NUNCA nos deixar esmorecer. Assim poderemos tornar real o lugar onde a constância possa coexistir com a mudança, a inocência e a magia da infância atrelada à maturidade e a experiência dos adultos.
GERAÇÃO PETER PAN

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