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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Quem será o filósofo?

Quem faz história é historiador, quem faz geografia é geógrafo, quem faz teologia é teólogo, quem faz filosofia é... Se enganou quem pensou que a lógica seria a mesma para a filosofia. Como disciplina questionadora, até quando o assunto é quem será o filósofo, temos dúvidas e questões a pensar e responder. Para os filósofos, que fazem filosofia, só pode ser considerado filósofo aquele que é reconhecido como tal pela sociedade ou comunidade filosófica. Então isso quer dizer que aquele que forma ou faz faculdade de filosofia não se tornará exatamente um filósofo, mas um professor ou pesquisador de filosofia. Só será reconhecido ou admitido entre o seleto clube de filósofos aquele que criar uma teoria ou um conceito original, diferente de todos os que o antecederam ou precederam. Ser filósofo então não é algo tão simples, mas coisa pra poucos. Isso se tomarmos como referência a filosofia tradicional, européia, dominadora, excludente. Essa filosofia é uma filosofia de elite, pra elite e com a elite. Não liberta o homem, mas o domina, o coloca sob o jugo do pensamento europeu e suas teorias da dominação. Inclusive tal elite ainda não reconhece o pensamento e filosofia produzida na periferia do mundo. A tem como ingênua produção de idéias primitivas. Mas um novo movimento filosófico gestado na periferia do mundo está tentando democratizar a filosofia e torná-la acessível para as pessoas comuns. Esse movimento é denominado filosofia da libertação, que visa libertar-nos da dominação filosófica euro-norte-americana e produzir um pensamento, teorias e conceitos próprios da periferia e dos povos marginalizados. O filósofo segundo a tradição elitista é um ser anacrônico, solitário, prolixo. Mas o novo modelo que se quer propor é mais acessível, dedicado às questões do nosso tempo, aos nossos problemas, com forte sentido de comunidade, que visa falar a língua e a linguagem do povo, popular, para tratar das questões da população, preferencialmente os excluídos e marginalizados, condenados à pobreza, à miséria, à falta de moradia, educação e saúde. Este novo ideal de filósofo é o que se faz urgente para a nossa realidade. Ele busca o reconhecimento de sua alteridade para debater e decidir os rumos do planeta, pois é também dele habitante.

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